Ep.6 - Estabilização em crise | Plano Real: A moeda que mudou o Brasil

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Inteligência Financeira
Neste episódio, a equipe da Inteligência Financeira conversa com o economista Pérsio Arida, um dos c...
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a essa altura depois de tantos episódios juntos Acho que você já tem uma boa ideia do meu trabalho eu sou jornalista quase 30 anos e há muito tempo cubro assuntos de Economia Eu também falei por aqui que para mim a sensação é que 94 nunca acabou o eclipse não foi apenas um espetáculo de beleza e emoção aconteceu muita coisa importante Alelo batida muito forte coisas que até hoje repercutem na minha cabeça e no meu trabalho e também na história do Brasil vai partir vai que é sua Tafarel essa questão de quando 94 realmente acabou não
é uma reflexão só minha e aí é claro eu tô falando de um 94 metafórico se a gente pegar o plano real por exemplo que foi concebido em 1993 e implementado em 1994 o que que você diria que depois de 94 o plano acabou essa é uma bola de dividida depois de inflação controlada moeda valorizada e preços baixos acabou é assim que a gente conclui a história do plano é só isso pois eu acho que tem bem mais falar de 94 sem falar de 95 de 96 7 e 8 é contar uma história incompleta é
tipo narrar história da Chapeuzinho Vermelho até a parte em que o Caçador mata o lobo que comeu a vovozinha e ignorar que depois ela sai viva de dentro do bicho tudo bem que essa não é a cena mais bonita de imaginar mas ela muda todo o final da história o Era Uma Vez do plano real também não teve um final muito fácil de digerir Depois de tanto trabalho para fazer nascer o plano A equipe Econômica ainda ia mergulhar num emaranhado de crises e confusões e tentar de alguma forma sair viva de lá 94 foi de
muita sorte para eles apesar de tudo que aconteceu na economia foi um ano relativamente calmo tanto no Brasil quanto lá fora mas existe sempre o imponderável [Música] são as boas e as más surpresas que surgem para testar as nossas estruturas e revelar o que a gente nem sempre tava vendo nos anos seguintes a equipe Econômica teria que enfrentar pelo menos uma grande crise por ano e com isso eu quero dizer grande crise mesmo dessas que quebra meio mundo e às vezes a até mais de uma delas por ano essa é uma história importante de contar
até porque esse período de 4 anos depois do Real explica como a gente moldou o futuro da economia e porque isso tudo importa hoje mesmo 30 anos [Música] depois o Ministro Fernando Henrique Cardoso anunciou as três etapas do plano econômico Tudo começa com o ajuste fiscal [Música] eu sou Daniel Fernandes e conto tudo isso para você com ajuda do economista Pércio Arida o Pércio é pai da proposta larida e viu essa história muito de perto como presidente do BNDS em 1993 e como presidente do Banco Central A partir de 1995 e esse é o plano
real a moeda que mudou o Brasil uma produção da Inteligência financeira com esto novelo e Patrocínio do Itaú BBA Episódio 6 estabilização em [Música] cr4 mro de 1994 uma catr econmica inesperada etin efeito tequila ou crise da tequila foi o apelido que o jornalismo americano inventou para nomear a crise mexicana de 94 a primeira crise mundial depois da criação do real os mexicanos conhecem essa mesma crise com um nome um pouco diferente eles chamam de elor decre ou erro de dezembro aconteceu o seguinte em poucos meses justamente os últimos de 94 as reservas de câmbio
do México despencaram saíram de 30 Bilhões de Dólares para um saldo espantoso de 0 uma fuga de capitais sem precedentes em dezembro o governo decidiu responder desvalorizando o peso em mais de 50% o que provocou um tombo de quase 6% no PIB mexicano Esse era o tal erro o erro de dezembro e o dinheiro estava saindo de lá por vários motivos nesse mesmo ano 94 o país viveu um processo eleitoral que deixou o mundo desconfiado da estabilidade política mexicana o candidato mais popular foi assassinado a tiros no final venceu o partido que há uma década
era acusado de manipular os resultados das urnas a tragédia mexicana tinha um pouco de tudo uma dívida externa bastante alta a balança comercial em déficit e o mais complexo uma política de câmbio fixo que gerava uma forte dependência internacional especialmente em Dólares o mundo estava perdendo a fé na economia e na política do México e soltando a mão dos mexicanos tudo isso bem aqui pertinho da gente olha a sorte que o Brasil deu em 94 talvez nunca tenha acontecido igual depois a crise era braba mas o timing era perfeito a gente estava na crista da
onda Aproveitando os frutos do Real celebrando os Louros de um plano econômico engenhoso e milagroso não tinha muito motivo para mercado desconfiar da Saúde da economia brasileira e sair correndo daqui também isso em 94 Claro se a tequila tivesse batido aqui um ano antes em 93 é claro que o cenário seria bastante diferente o que Não significava que o Real estava 100% seguro a economia tem um termo muito curioso pro que iria acontecer naquele momento ataque especulativo os investidores internacionais passaram a apostar contra todos os países do mundo que tinham câmbio fixo e a o
nosso caso também com o mundo contra a gente restava saber se o Real daria conta de aguentar a pressão a nosso favor tinha o fato de que a gente estava comemorando um número recorde de reservas internacionais em 91 o país chegou a ter uma reserva de menos de 8 bilhões de dólares com um pote bem murchinho de grana mas em 94 a gente estava pleno com mais de 40 Bilhões de Dólares em cas bem bom né só que nenhuma moeda aguenta muito tempo sob pressão não dava para relaxar apenas com o que tinha sido feito
o governo brasileiro precisou tomar decisões difíceis naquele dezembro de 94 Banco Central faz 10 intervenções para conter o dólar tinha uma regra no senado que dizia que as nossas reservas tinham que ser o equivalente a no mínimo qu meses de importações o BC teria vendido entre 1 bilhão e 2 bilhões de dólares o maior montante para um único dia desde o início do Real mas no ritmo que a gente estava vendendo os nossos dólares para manter a moeda forte a gente alcançar essa faixa do mínimo aceitável de reservas muito rápido em coisa de dois ou
três dias os remédios para aguentar aquele porre de tequila estavam se esgotando daí sobrou o remédio mais amargo só tinha um jeito aumentar mais uma vez os juros e aumentar muito Agora pensa comigo nos dias de hoje o que acontece com a opinião pública quando os juros ficam muito altos a gente tá cansado de ver o cabo de guerra que vira quando as taxas começam a subir então imagina a tensão que foi quando em março de 95 o Brasil alcançou a marca de 30% de juros um valor astronômico naquele momento o jogo Era bem diferente
o presidente não era mais O Itamar mas sim o próprio Fernando Henrique Cardoso Então as negociações do time econômico eram com ele e foi o que o Pércio Arida fez nessa época ele era presidente do Banco Central ele foi lá no Palácio do Planalto jantar com o FHC para dar a má notícia e o presidente pareceu entender as razões do aumento dos juros o Pércio conta que na saída do encontro o FHC fez uma brincadeira Se alguém perguntar vou dizer que fui contra o Pércio saiu dessa conversa aliviado até que ele viu as capas de
jornal depois por mim não tinha subido a taa isso é coisa do Pércio pois ele tinha de fato jogado a responsabilidade para outra pessoa amigos amigos política a parte e pode deixar que tem muito mais desses bastidores Logo mais na nossa entrevista exclusiva com Pércio mas o fato é que o Brasil superou a crise o Pércio ainda colocou em prática uma última medida Só Por garantia que foi exigir que os bancos tivessem mais dinheiro guardado em vez de emprestar tudo o objetivo era tornar os empréstimos mais difíceis e mais caros para as pessoas para elas
gastarem menos a inflação ficar melhor de controlar sucesso certo só faltou lembrar imponderável no nacional quiser aplicar no nacional ou pass em outro banco o gerente recebe Oriente ainda serve cafezinho você tem memória do Banco Nacional esse era um banco mineiro bastante tradicional que em 1995 tinha 60 anos de idade pode chamar isso de loucura o Nacional chama de coragem de inovação ele faz o que for preciso para dar o melhor para você os bancos tiveram uma vida relativamente boa durante os anos de hiperinflação uma inflação alta pode aumentar o lucro de um banco e
criar um ambiente de certa forma bom para eles tanto que a equipe do Real trabalhou bastante para preparar os bancos federais antes do lançamento do plano isso com medo da inflação cair e os bancos quebrarem os economistas não queriam de forma alguma uma crise bancária ainda mais em plena estabilização já tinha acontecido coisa semelhante em outros países latinos e era a morte de qualquer economia só que nem todo banco fez esse dever de casa quando veio a crise do México e o governo pediu PR os bancos guardarem mais caixa ficou difícil esconder o que estava
podre por dentro foi o que aconteceu Por exemplo com o Banco Nacional e com o banco econômico um banco baiano e com mais uma centena de outras instituições que em 95 começaram a colapsar tava instalada mais uma crise a crise bancária antes de continuar esse assunto aqui eu recomendo muito que você descubra os detalhes sobre as muitas empresas de varejo e bancos que desapareceram nessa época e entendo o que aconteceu com elas no levantamento que fizemos PR nossa página inteligência financeira.com.br barano devemos acertar o passo fazendo com que o setor financeiro passe pelos mesmos processos
de modernização observados no Setor Real da economia essa é uma leitura do discurso de posse do Pércio Arida no banco central em janeiro de 95 meses antes durante a Sabatina no senado ele já tinha falado coisas semelhante não vejo razão para existência dos bancos estaduais há como de uma ampla reestruturação do problema a privatização é certamente uma saída importante ou seja antes mesmo da crise dar as caras o perso jáa com a caneta apontada pros bancos mas TZ nem el soubesse o quanto que Aisa ia piorar intervenção no banco econômico com prejuízo para quem tinha
mais de R 5000 no bco o primeiro Grande a cair foi o banco econômico o banco privado baiano estava no negativo e o Pércio bolou uma ajuda urgente injetando dinheiro para evitar que fosse necessário acabar com as operações isso ele tinha acordado com um controlador do econômico até chegar um recadinho invocado do político todo poderoso Antônio Carlos Magalhães o ACM ele dizia se o governo tivesse considerando liquidar o banco econômico isso seria uma afronta pro estado e a Bahia ia se rebelar não tinha muito jeito era uma briga entre o ruim e o pior ainda
e o perso precisou encarar A tormenta política e fazer o necessário era tudo ou nada para manter o real de pé o caso do Banco Nacional foi ainda mais curioso em 95 o banco central descobriu que desde 1987 ou seja desde o Plano Cruzado que o banco estava quebrado e fraudava seus balanços para ocultar patrimônio negativo o l louco é que se não fosse a crise do México Talvez isso nunca tivesse vindo à tona a coisa era tão disfarçada que eles inclusive patrocinavam o herói Nacional o piloto Airton Sena o Sena usava sempre um boné
azul escrito Nacional como se fosse a instituição número um do país imagina só um banco falido a notícia Caiu que nem uma bomba atômica nos jornais é um esquema tão diabólico que não deve ser exclusivo o é perfeitamente esclarecido com punição exemplar ou a CPI é o único remédio era muito problema para resolver no nosso sistema financeiro problemas novos problemas antigos isso no setor privado mas também no setor público até o plano real a gente tinha 65 instituições financeiras estaduais sendo 30 delas bancos hoje esse número caiu para cinco a gente tinha também cinco bancos
Federais e esses bancos todos operavam como verdadeiras fábricas de dinheiro fácil a Caixa Econômica Federal por exemplo um banco super central paraa economia e pro povo brasileiro em 94 tava com um balanço financeiro tão ruim que tinha dívida suficiente para quebrar duas vezes o governo optou por uma medida inédita de proibir o banco de publicar seus dados ao menos por um tempo isso pro caos não se instalar de vez na opinião pública mas nada Era pior do que a situação dos bancos estaduais os bancos estaduais tinham comportamento recorrente toda eleição eles gastavam um tanto ao
ponto de ficar inadimplentes com banco central e precisar ser socorridos os casos mais problemáticos e maiores eram do Banespa de São Paulo e do baner de no Rio por conta do seu tamanho o Banespa era o maior causador de emissão de moeda forçada Entre todos eles uma vez que se tomou a decisão de intervir nele o Pércio foi comunicar o fato ao governador em exercício o tucano Mário Covas o resultado dessa conversa foi o início de uma guerra pública que estampou as primeiras páginas de jornal por muitos meses essa briga com o Covas conseguiu ser
mais devastadora do que todas as outras crises o Banespa acabou sendo privatizado mas ali no meio daquela queda de braço o Pércio decidiu sair do banco central deixando para trás um medo enorme de que o plano real poderia desandar isso numa péssima hora até porque já tinha mais um tsunami chegando no horizonte Lembra daquela história do ataque especulativo em 97 foi a vez dos países asiáticos sofrerem com a pressão do mercado internacional tudo começou na Tailândia que era mais um país com câmbio fixo e que vinha levantando desconfiança dos investidores por conta de alguns índices
econômicos bem Ruins com o ataque a moeda de lá sofreu uma desvalorização absurda e a economia do país colapsou e teve que que mostrar as credenciais ou era uma economia sólida ou tchau dali em diante caíram As Filipinas a Malásia e a Indonésia um a um esses países viram o PIB encolher e a inflação disparar essa onda se espalhou pelos quatro cantos do mundo e provocou o estrago por onde passou por aqui a gente teve que acionar pela primeira vez na história um mecanismo chamado circuit Breaker que é a interrupção das negociações na bolsa a
partir do momento em que ela cai em mais de 10% esses ataques especulativos estavam ganhando intensidade E aos poucos o ambiente internacional ia assumindo uma desconfiança dramática em relação aos países em desenvolvimento e não tem nada pior do que ter o mercado torcendo contra você quando a gente olha pros países asiáticos a gente enxerga países que estavam crescendo muito rapidamente e alcançando grandes números isso também era suspeito então não era um bom momento para ficar crescendo demais o ambiente pedia moderação a hora era de mostrar pro mundo que o Brasil era para valer que o
plano real funcionava E que o país estava fazendo direitinho o dever de casa isso tudo sem esquecer da opinião das pessoas sobre o governo governo tá mentindo o Fernando Henrique é afado pela crise Com certeza baixou a cabeça baixou a cabeça tem cara fou Pois é essa secia de decisões amargas para resolver os problemas urgentes era uma faca de dois gumes segurar a estabilidade também tava custando a popularidade do presidente que em 98 tava no seu pior nível em 98 não era Qualquer ano era ano de eleição é porque o Brasil virou um país que
importa tudo e produz muito pouco e o pouco dinheiro que tem ainda o nosso Presidente se baixa a cabeça e vive fortalecendo e Enchendo a barriga pelos agiotas internacionais de assim e no outro também o Lula estava massacrando o presidente na televisão o que era um problemão pro real isso porque ia diminuindo o capital político necessário para tomar decisões impopulares e pior o CCO a moeda ia se fechando no momento da pior crise que o mundo e o país veria naqueles tempos a crise da Rússia a onda que se ergueu do colapso dos Tigres Asiáticos
atingiu a Rússia com força e pegou o país num momento muito ruim primeiro que eles só tinham 13 Bilhões de Dólares em caixa era muito pouco para sustentar moeda o país também quase não arrecadava e faltava dinheiro para pagar as dívidas ao ponto da Rússia ter que pedir moratória da dívida externa o apelido dessa crise foi efeito orlof por conta da marca de vodka mesmo pelo menos os comentaristas eram animados e inspirados para inventar esses nomes né o Brasil acionou o circuit Breaker pela segunda vez a taxa de juros disparou de novo passando de 40%
mas nem isso foi suficiente para segurar o pior em setembro o Brasil sofreu a maior queda de reservas internacionais registrada no único mês cerca de 22 Bilhões de Dólares no auge da crise o país passou a realmente temer pelo futuro do real e a disputa sobre o que fazer colocou em choque dois velhos conhecidos nossos o José Serra e o Gustavo Franco que nessa época Ainda tava no governo A Batalha era justamente aquela sobre o câmbio fixo e o resultado a gente conhece o Gustavo Franco e o câmbio fixo perderam A Notícia em primeira mão
da demissão do Gustavo Franco foi dada pelo jornal O Globo e o repórter que assinava a matéria o jornalista George Bastos Moreno ganhou até um prêmio Esso o mais importante do jornalismo brasileiro a histeria era tanta que na data de demissão do Franco o Brasil chegou a perder mais de R bilhão deais em investimentos num só dia no meio disso tudo ainda teve o pedido de moratória do Estado de Minas Gerais decretado pelo ex-presidente Tamar Franco agora Governador o estado tinha uma dívida com prestações mensais de 95 milhões Que O Itamar alegava não ter como
pagar agora se o estado de Minas estava falido Será que o Brasil também tava a economia brasileira aguentou a transição pro câmbio flutuante tinha o fato também do Fernando Henrique ser um bom amigo do Bill Clinton Presidente Americano o que ajudou a garantir pra gente um mega pacote de Socorro Internacional e a inflação durante todo esse período abaixo de 10% ao ano e 97 abaixo de 5% no final daquele ano e estabilizada em 1,5 por a partir de 98 voltando paraa metáfora do início do episódio depois de experimentar o pior a vovózinha saa toda machucada
depois de todo tempo na barriga do Lobo mas estava viva o plano real tava vivo e a economia brasileira também a gente explicou todo esse contexto para te ajudar a entender nos mínimos detalhes o relato que a gente ouviu do Pércio Arida a entrevista a seguir foi feita por mim e pelo Mário mesquit em São [Música] Paulo queria mais uma vez agade é muito importante a gente conseguir reunir todos esses essas pessoas principais que fizeram o plano real e a gente tem a ideia aqui de rememorar um pouco do que foram esses 30 anos mas
eu queria começar pelo começo e te fazer uma pergunta para que você dissesse pra gente qual era o seu envolvimento na equipe que formulou o real e como é que foi o convite para integrar essa equipe antes de mais nada agradeço aqui a oportunidade de conversar com vocês é um enorme prazer eu integrei equipe do Real em setembro de 93 o senhor entra pela porta do BNDS então pela porta do BNDS exatamente legal agora para além de questões técnicas enfim eu queria que o senhor Contasse um pouco pra gente qual que era a sensação nas
ruas com a nova moeda né a percepção no dia a dia falando um pouquinho sobre a sensação que o senhor percebia na rua com a nova moeda E se o senhor quando o plano entrou em em vigor foi ali que vocês tiveram certeza que tudo tava caminhando bem não foi ali que tivemos certeza que tudo tá tudo tá caminhando bem mas caminhou muito bem digamos assim a aceitação pelo público da moeda virtual que era indexada e depois se transformava na moeda de fato isso é um aspecto paradoxal porque lembro quando André e eu escrevemos o
paper o larida que era a ideia original nós somos muito criticados muito mas o que eu notava naquela época é que se conversava com os meus colegas economistas a reticência era enorme mas se fosse para explicar para um Lego o LEGO entendia rapidamente deveria ser o contrário mas o fato que era assim quando nós lançamos a URV a aceitação pelo público foi imediata isso é um fenômeno de Psicologia coletiva muito surpreendente porque lembro que quando nós escrevemos o paper e conversando entre nós F ah 1 ano e meio dois é o tempo que vai demorar
paraas pessoas entenderem a ideia e adotarem foi muito rápido então teve Esse aspecto um pouco surpreendente de uma adesão da população claro que teve muita divulgação todos nós fizemos palestras e o Fernando Henrique inclusive denominou o que ele fazia até no livro dele com pedagogia democrática ou seja ele explicava explicava para todo mundo e o que aconteceu no dia primeiro eh Foi algo muito surpreendente porque o último valor da URV não era Redondo era 2.75 não havia nenhuma regra nenhuma lei nenhuma Norma que obrigava as pessoas e dividirem os preços da velha moeda por 2.75
mas de novo surpreendentemente todo mundo dividiu por 2.75 então havia assim um quase que um pacto social implícito não politicamente tramado Para viabilizar aquele programa nesse sentido foi extraordinário o senhor falando me vem a memória a gente fez uma pesquisa extensa pesquisa de fotos da época e uma das fotos é o Fernando Henrique segurando uma cartilha amarela URV acho que embaixo estava escrito assim tudo que você precisa saber sobre sobre a URV e e e é isso as pessoas elas adotaram e adotaram muito rapidamente entende muito rapidamente e nesse jogo que a gente faz de
Idas e Vindas me parece que tem uma outra batalha uma segunda batalha logo após a implementação que é a de manter as premissas do plano com ele vivo com ele na rua o senhor concorda com isso foi realmente um período difícil pela memória que o Senhor tem só para eu dar um um contexto Mais amplo o plano logo na largada enfrentou a crise do México depois 2006 teve aquela situação bancária bem difícil aqui dentro 2007 e 2008 várias crises internacionais também abalando os mercados emergentes em geral o Brasil não não fugiu disso né como é
que foi lidar com essa questão de quase que permanente gestão de crise né E E ao mesmo tempo ir consolidando o plano não nós tivemos uma sorte que a crise do México aconteceu depois de lançar do plano real aquilo foi uma enorme sorte porque acabou gerando um ataque especulativo contra o plano real o ataque foi enorme e eu lembro eh nós perdíamos 7 bilhões de dólares por dia sustentando a a moeda eh tínhamos 30 30 bilhões antes de começar quando chegou em 14 contar uma história engraçada aqui o procurador do Banco Central José Coelho entrou
na minha sala bateu num baita de enfim do movimento especulativo e tal falou olha que falei precisa ser agora falou precisa falei o que que é F avisar o seguinte que nós temos um limite que naquela altura 9 Bilhões de Dólares ou seja mais um dia de sete estamos liquidados se for se as reservas caírem abaixo dele que é 4 meses importações o senhor ter terá que responder por uma ofensa criminal falei muito obrigado pela vi tranquilizador mas o fato é que nós os sorte a crise aconteceu depois e tivemos ao longo desse período inúmeras
assim crises basicamente em dois Vertentes já é uma crise bancária que era de se esperar nós chegamos a montar um grupo de estudos tentando entender a situação dos bancos e uma crise cambial que tava latente então nós enfrentamos um baita Desafio em começo de 95 com ataque especulativo depois outro com a crise da Ásia em 97 outro com a crise da Rússia em 98 em 99 tivemos que flutuar por ausência de reservas né então na crise bancária a gente adotava uma postura de assim um banco por vez vai um banco por vez não não não
tenta intervir em muitos bancos você pode gerar Pânico então um banco por vez e sem dar perdas aos depositantes primeiro banco Foi o Banespa que era o maior banco público do país eu expliquei a situação pro Mário Covas uma tensão horrorosa enfim porque era governador de São Paulo já tinha nomeado a diretoria eh do Banespa e era na verdade a grande figura política do PSDB e ele falou olha mas eu vou Sanear o banco eu vou resolver os problemas do banco falei o senhor vai resolver os problemas dos banco e o próximo vai quebrá-lo então
plataforma minha como presidente de banco central liquidar com todos os bancos estaduais porque eu já tinha visto o que tinha acontecido antes né nas eleições anteriores eh mas teve também a dimensão privada e essa também nós cuidamos L dar com os os fatos um após outro primeiro banco econômico depois Banco Nacional depois o meninos né a parte cambial aconteceu o que sempre acontece nós só ganhamos tempo porque ess regimes com câmbio fixo são eficazes assim para ancorar uma nova moeda mas termina num enorme crise cambial inelutavelmente de novo no contexto o o tamanho do setor
financeiro no PIB nunca foi tão alto quanto durante a a hiperinflação e os bancos ganhavam com a inflação alta e isso permitiu que muitos bancos eh se tornassem muito ineficientes e continuassem ganhando dinheiro quando baixou a inflação aí as fragilidades todas vieram à tona por isso que teve tanta o banco central teve que tomar tantas iniciativas nesse sentido tinha obviamente também eh notadamente no caso dos bancos estaduais problemas severos de de governança né de o clássico problema de emprestar pro controlador mas era isso acho que os bancos eh pessoas hoje em dia falam não mas
a inflação o juro alto não sei o que inflação alta não é ruim para banco é ruim pra sociedade como um todo quer dizer foi muito importante essa crise e o senhor explicou como lidou com ela como vocês lidaram com ela a pergunta que eu faço em cima disso é que o senhor Acabou falando também um pouquinho que é a coisa de não ter duas crises concorrendo mas essa precisou de muita energia para resolver né e teve Resistência é uma pergunta adicional que eu faço porque o Senhor explicou o caso do do do Governador Mário
Covas mas imagino que não foi o único caso em que vocês tiveram que lidar com isso becha no caso dos bancos privados não tinha implicação política é maior com uma exceção que foi do banco econômico que o numa dada altura a situação do banco tava difícil e o senador António Carlos Magalhães que era o senador todo poderoso foi me visitar no banco central e avisou o seguinte que o povo da Bahia não iria tolerar que o banco central mexesse no banco econômico e além do mais foi conversar com o Presidente da República que gerou evidentemente
o malestar uma corrida no banco meu obrigou a fazer intervenção no dia seguinte né É claro que os bancos estaduais se enfrentados os dois grandes que foi Banespa e baner o resto do sistema foi se resignando-se aparecia mas nós tivemos sorte de não ter e nenhuma sobreposição entre as duas crises e particularmente por ter tomado a decisão que foi criticada na época por economistas puristas né no sentido de evitar perda aos depositantes mas claramente era o que tinha que ser feito né era o que tinha isso essa certeza vocês tinham né tinha com muita clareza
muita [Música] clareza queria perguntar pro senhor a respeito de como foi lidado e como impactou no governo quando o o ex-presidente e na época 1999 governador de Minas Gerais it Tamar Franco pede a moratória da dívida do estado com a união Se isso foi uma crise e como é que ela foi e e lidada eu já tinha saído do Banco Central a época mas eu lembro e da reação para entender a reação precisa entender um pouco O Itamar Franco O Itamar Franco era uma figura diferente uma expressão basicamente regional foi alçada a presidência por acaso
ele foi vice do color e o Color queria uma uma aliança Regional né pro sul e O Itamar que tá com a carreira um pouco estagnada na verdade Aproveitou a oportunidade e depois o Color sofreu impeachment então O Itamar virou Presidente e O Itamar na verdade tinha ideias muito diferentes sobre o que fazer ele era obsecado com três ideias primeiro aumento o real de salário mínimo depois o aumento do funcionalismo e terceiro congelamento de preços essa Tríade ia na contramão do plano real Fernando Henrique teve um papel extraordinário ali de persuasão eh em volta e
meia havia uma tensão entre O Itamar equipe Econômica porque ele queria fazer o que na na Sua percepção era o correto e o plano acabou sendo outro e quem ganhou os Louros foi Fernando Henrique e não ele então gerou uma certa inveja uhum inveja é uma coisa inveja masculina é brava entende e ele deixou sua marca antes Fernando Henrique assumir ele subiu o valor real do salário mínimo que provocou um desequilíbrio fiscal no ano seguinte enorme entende e ele quando foi governador de Minas eu lembro e falou olha agora meu obrigação é com o povo
do meu estado não é com equipe Econômica com o real nada e como na verdade os juros eram altos ele aproveita e ameaça fazer essa moratória dos estados e você sabe que no Brasil Diferentemente de dos Estados Unidos Por exemplo não existe a figura de falência do Estado né nos Estados Unidos o estado que se comporta mal quebra Brasil não Brasil nenhum estado quebra o que o estado pode fazer é deixar de pagar se os seus fornecedores eventualmente seus seus funcionários o estado não quebra juridicamente falando então complica muito o embate com a união a
união não tem instrumento para forçar o estado a se comportar né ele aproveitando disso eh anunciou o intuito de fazer a moratória naquele momento a situação já era muito complicada primeiro teve a crise da Rússia o outro era uma crise Financeira em Wall Street não relacionada essas inúmeras crises de câmbio câmbio fixo se a gente tiver for olhar historicamente todos os países com câmbio fixo acabaram tendo que flutuar e o Brasil foi mais um no processo então o Brasil teve uma crise cambial com falei em 97 teve outro 98 e no final não conseguiu mais
sustentar teve a crise do México no final não conseguiu mais sustentar suas reservas essa foi uma decisão pessoal do Fernando Henrique de flutuar de flutuar ao invés de fazer cont es cambiários que era o que lhe tinha sido oferecido na ocasião então ele trocou a presidência do Banco Central ele foi direto para tem o per curto período ali do Francisco Lopes Mas depois foi pra flutuação quando da flutuação Econômica foi anunciado tripé econômico eu conversei com ele logo depois e falou olha futu Ah eu não vou nem lhe dar parabéns porque também não tinha mais
o que fazer correto fazer não falei Óbvio fizesse controles cambiar seria um desastre e terminaria flutuando mais tarde então fez muito bem agora conseguir gerar um super audito fiscal isso É extraordinário lembro que o Real foi mantido com déficit fiscal o tempo todo aí ele falou assim olha é um lema que eu aprendi Nunca se deve Desperdiçar uma crise quando tem crise o sistema se desorganiza que é quando você consegue avançar entende consegue avançar com as propostas Exatamente exatamente interessante eu sempre faço essa pergunta no final mas como o senhor falou e nessas últimas duas
respostas sobre Fernando Henrique queria aproveitar e colar uma uma pergunta a respeito do presidente Fernando Henrique Cardoso o que o senhor falasse a importância dele para o plano real como um todo e que também se possível falasse um pouquinho sobre os 8 anos de presidência do do Fernando Henrique olha ele foi fundamental porque eu volta ao ponto uma uma coisa é você ter ideias outra coisa você fazer um plano plano de estabilização primeiro precisa o seguinte precisa o Presidente da República apoiar o fern herrique tinha esse duplo digamos quase que era um duplo personagem porque
de um lado ele era um político tarimbado por outro lado era intelectual então é é uma é uma combinação normalmente que não acontece intelectuais não são não se tornam políticos né mas ele se tornou então ele tinha uma relação com o Itamar que era a relação de amigos fraterna que era uma relação criada politicamente no convívio político ao mesmo tempo contrariamente ao que todo mundo imaginava ele que era percebido como sociólogo de esquerda já sido exilado no Chile na hora que vai pro governo chama um grupo de de eh digamos economistas liberais da PUC do
Rio de Janeiro porque ele entendeu que as novas ideias estavam lá Colocou todo seu capital político naquilo daí tem o trabalho de persuasão dos políticos basicamente quem convence os políticos quem faz aliança com partido que na época era um partido de centro que era o PFL não não os partidos de esquerda foi o próprio Fernando Henrique entende então ele no papel político eh foi fundamental se não tivesse a estatura intelectual que tem não teria apoiado o plano o plano vamos dizer plan não era fácil de entender entende Tá longe is ser é óbvio mas ele
apostou todo o capital político dele ali e depois começou a explicar o plano pra população como um todo então ele teve um papel fundamental nos 8 anos de governo Ele sempre teve clareza que quem o elegeu foi o plano real ende o seguinte manter estabilidade de preço é eu preciso fazer qualquer coisa que seja necessária para manter estabilidade de preços então para você intervir nos Bancos estaduais que lhe dava um desgaste polí político enorme Sem dúvida lembro inclusive que ele fez a intervenção no Banco Nacional quando o filho dele era casado com a filha do
controlador do Banco Nacional entende mesmo assim seguiu o barco seguiu o barco entende precisa fazer privatização toda a oposição da esquerda de segui o barco precisa fazer lei de responsabilidade fiscal prendendo os estados Segue o barco isso fez com que houvesse uma confiança nos mercados eh inclusive na parte fiscal a percepção era o seguinte se o real começar a desandar por causa do Déficit E lembra que teve déficit o tempo todo o FR Henrique vai dar um jeito de acertar de acertar isso Então na verdade o que ele fez de transformador da economia brasileira Foi
muita coisa eu acho que hoje o nosso jeito de funcionar por exemplo pode você olhar agências reguladoras lei de responsabilidade fiscal a o Enem COPOM enfim quade de transformações na eca brasileira for for enormes né expandiu os programas sociais coisa que é pouco lembrada enfim mas ele fez tudo pensando na manutenção do Real isso deu confiança que ele iria manter o plano real Então eu acho que muito do Sucesso do plano real nesses 8 anos foi porque você tinha um presidente que foi eleito graças a ele e que zelava por ele como é que que
zelava por ele e que sabia que o seu capital político dependia dele zel o pcio voltando aí pro primeiro plano que em que você se envolveu diretamente que foi o cruzado né claro que o cruzado e os planos que o sucederam eles geraram ensinamentos que foram postos em prática no real enfim entre os quais não fazer nada de supetão fazer algo pré anunciado né mas você teve envolvido no cruzado o cruzado tinha como ter dado certo ele foi uma uma expectativa que a população teve mas que não tinha no fundo como se sustentar é é
pergunta interessante primeiro nós tivemos na equipe do Real três veteranos do cruzado né faz muita diferença eu sei como eu era na primeira vez e como eu era na segunda né Eh nós éramos todos muito jovens eu quando assumi o banco central da primeira vez tinha 33 anos né e da segunda vez já 43 eu só tua perspectiva do mundo é diferente então a experiência do cruzado foi muito importante e ali a gente aprendeu várias coisas o seguinte você pode combinar com o Presidente da República alguma coisa olha queem tem poder é ele se ele
quiser ele des combina simples assim entende por isso que é muito importante o Presidente da República entender o plano entende nós tínhamos imaginado uma contração fiscal bom teve uma expansão fiscal quando fu que tinha excesso de demanda queria subir a taxa de juros não tivemos autorização sobre a taxa de juros tem uma similitude muito grande na partida entre o Plano Cruzado e o plano israelense do ano anterior que também é baseado em controle de preços Só que lá eles fizeram direito feram contol de preço por tempo limitado uma flexibilização pré anunciada diminuíram o déficit mantiveram
a política monetária apertada e o congelamento deu teve a função de de fato brecar o processo e coordenar expectativas no cruzado deveria ter tido essa função só que se você faz um congelamento que não tem data para terminar e não pode mexer nas políticas fiscal e monetária claramente tá comparando água com vinho entende desequilibra é desequilibra que foi exatamente que B desequilíbrio por excesso de demanda o ruim ou bom Como você quiser julgar é que depois do cruzado o que que ficou na memória coletiva do país vão fazer o cruzado o cruzado que dê certo
então teve o congelamento com taxa de juros alta congelamento com restrição de liquidez o congelamento com aumento de impostos congelamento sem indexação os vários tipos de planos feitos todos eram congelamento Plus mais alguma coisa para corregir um e de surpresa todos todos surpresa Tod surpresa o que acabou gerando é que a dinâmica da inflação que tava mais ou menos inercial antes virou espacional tipo assim tá no congelamento como todo mundo sabe que vai falhar todo mundo sabe que compra tudo que der saiu do congelamento o preço explode os empresários fal no próximo congelamento eu já
vou entrar com gordura Eu já vou acelerando e você gerou esses esses ciclos que se repetiam chegou um momento que foi quando do ministro Marcílio quando ele assumiu ele falou assim eu não sou Ministro de plano nenhum aí alguém perguntou Ministro do nada falou é isso eu sou Ministro do nada e aí brecou qu as pessoas acreditaram nele brecou os ciclos expectacion e inflação estabilizou que foi quando surgiu a oportunidade de novo de aplicar o larida entende porque você não consegue aplicar um plano pensado para inflação inercial quando inflação espacional muito bom muito por isso
que para nós era fundamental enfatizar o tempo todo a primeira coisa que a gente falava era era o mantra não vai ter congelamento não não vai ter surpresa para evitar esses cicl de expectativas entende queria que o senhor falasse assim como é que era essa pressão o tempo todo em cima de vocês na formulação não bastasse ter que formular algo que fosse diferente que fosse inédito e muito inovador em diversos aspectos mas que também atendesse a todas essas expectativas ol contar um episódio que aconteceu na véspera da troca de moeda veja não é o lançamento
da orv é da troca de moeda da divisão por 2.1 75 eh nós estamos trabalhando na medida provisória comendo uma pizza né Como sempre se comia ali que os a sobrecarga do trabalho er enorme todo mundo costumava virar a noite e toda vez tinha que virar a noite até virar à noite até meia-noite 1 da manhã tava valendo a pizza lá no ministério quando recupero que era o então Eh Ministro nos chama para uma conversa com ele chamou de mar baixo Pedro malan eão nós Subimos estava lá o ministro da Justiça que tinha um recado
do Itamar O Itamar tinha escutado um programa de rádio esse programa de economia de rádio e estava cheio de dúvidas na véspera na véspera do lançamento da moeda circular sim na véspera começou a anunciar as as dúvidas falei is daqui é uma situação bizarra entende escrevendo O país inteiro já sabe que vai ter a troca de moeda e começou a falar que a inflação eraa no gelo Fino que patinava no gelo fino Mas disciplinadamente peguei a folha de papel e come se anotar as dúvidas aí o Cooper falou peo pode parar de anotar V suspender
a conversa e vou conversar com Itamar desculpe nós três esperamos na sala não sei o que ele falou não falou depois ele não precisa responder mais para pergunta nenhuma e o que ele obviamente fez falou Olha eu vou pedir demissão equipa Econômica também você não pode fazer isso na véspera bom politicamente encerrou a história mas tô dizendo para você que problemas comesse aconteciam o tempo todo ent o tempo todo e já indo para eu tenho maisas perguntas mas a primeira dessas duas é quais os principais legados que o plano real deixa hoje em dia por
exemplo olhando o hoje quais legados o senhor encontra eu acho que tem que chamar atenção Para um digamos uma conexão que as pessoas normalmente não olham que é sobre a conexão entre democracia e estabilização é o seguinte a inflação brasileira foi de 12% ao ano em 1970 até 200% ao ano em 84 que durante o governo militar quando entra a democracia a coisa muda porque no regime militar um você não tem como protestar e dois se der inflação deu pronto acabou não tem pressão política para mudar a ditadura é assim mesmo se vai pra democracia
político tá governante sabe que se derrubar os a inflação e estabilizar os preços ele ou vai ser reeleito ou vai fazer seu sucessor mas também sabe o reverso se ele não não derrubar a inflação não vai ser eleito não vai fazer seu sucessor então a democracia coloca pressão política pro problema inflacionário por isso que os planos de estabilização começam depois da Democracia que é um ponto que normalmente pessoas não vê e E por que que isso é importante bom felizmente continuamos democracia até hoje a lição continua a mesma olha se deixar a inflação subir não
vai ser reeleito os outros legados do plano real dier para você assim olha teve o tripé macroeconômico que foi a última final do processo hoje a gente tá com uma das pernas do tripé meio manca que é a perna do ajuste fiscal e tem gente que está inteiramente manca tô dizendo meio manca mas as outras duas que é o sistema de inflation target na taxa de juros e txa de câmera flutuante estão aqui até hoje que a gente vê no no no legado do real é que a parte difícil é a parte fiscal mesmo entende
Demorou pro pro próprio Fernando Henrique conseguir gerar um superor fiscal e nós estamos numa trajetória de deterioração fiscal desde muito tempo entende Esse é um aspecto que que precisa cuidar para que o Real seja realmente bem sucedido e olhando pro futuro como é que o senhor imagina a economia do Brasil para 30 anos paraa frente e aí eu coloco um componente aí se a questão do crescimento é uma questão que o Brasil precisa endereçar e até hoje não conseguiu endereçar diretamente bom certamente crescimento é uma variável crítica em qualquer equação que se pense inclusive porque
quando você cresce fica mais fácil resolver tudo mas tem um aspecto aqui importante eu digo o seguinte como é que faz para crescer mais é claro que muita coisa aí é importante né educação é fator fundamental tem que ter um bom ajuste nas contas públicas privatizar etc mas uma variável que tava no nosso ideário desde a partida do plano real que nunca chegamos de fato a implementar exceto por um período breve que é o seguinte tem que integrar o Brasil no mundo países emergentes que crescem são economias abertas e o Brasil continua uma economia fechada
entende isso é uma distorção monumental só depende da capacidade do governo de entender o problema e de ter coragem para enfrentar os lobbies eu volto o exemplo aqui do café que é meu exemplo Predileto nisso o Brasil tinha 60% da produção mundial de café hoje tem 25 algo dessa ordem Onde tá a indústria do café tá na Itália que não produz um grão de café como é que você foi de 60 para 23 e como é que aconteceu que a indústria foi para outro lugar Era óbvio que o caminho da industrialização do café tinha que
ser feito no Brasil por que que não foi feita no Brasil tinha uma lei que proibiu importar café quando você não conseguir importar café você não consegue fazer o blend porque o café muda de estação prestação etc etc então onde acabou a indústria do café na Itália porque tinha boa maquinária né indústria e porque na verdade essencialmente você podia importar café À vontade quando você tenta proteger digamos a indústria o agricultura nacional e proibindo importação você gera enormes distorções essa metade idade para entender o que é abertura O que é eficiência etc infelizmente avançou muito
pouco tava no nosso ideário na época vários de nós continuam assistindo no tema Mas até hoje não teve ressonância na classe política é isso é o Brasil é 2% do PIB mundial e E focar só nos 2% significa que você tá deixando de olhar pros os outros 98% enfim é claro que se você tá com essa perspectiva né de ver o mundo sempre como um risco e nunca como uma oportunidade sendo um país que não está na fronteira tecnológica você tá fadado a um crescimento no máximo Medíocre tá então assim Acho que não per falou
é absolutamente correto ele e outros a gente continua se batendo por essa reforma é a reforma que nunca aconteceu Mário queria te agradecer mais uma vez a a participação e e e a ajuda nessa nessa série de entrevistas que a gente fez peros queria agradecer o senhor mais uma vez por lembrar por nos atender e e por trazer essas histórias saborosas e important olha é uma enorme oportunidade de estar com vocês e acho que é o exemplo pro país também entende quer dizer quando tem um presidente da república que sabe o que fazer ou é
convencido por alguém que sabe o que fazer e tem um bom time econômico o Brasil pode surpreender todos nós perfeito muito obrigado como que o senhor avalia o tamanho do impacto do plano real na história econômica do Brasil o senhor acredita assim sendo um dos principais Marcos da história do país como um todo acho que é tudo isso sim no próximo episódio você vai ouvir uma voz que ainda não tinha aparecido por aqui uma voz muito importante a memória é um pouco que contam pra gente né quantas crianças ouviram dos seus pais falando os perrengues
da Vida Com inflação alta Esse é o Gustavo Franco e no último episódio ele vai estar aqui com a gente pra gente entender o que tem de plano real nos dias de [Música] hoje o plano real é uma produção da Inteligência Financeira em parceria com estúdio novelo e tem o patrocínio do Itaú BBA conhecer do plano real a economia digital faz diferença eu sou Daniel Fernandes e respondo pela coordenação editorial do projeto também apresento podcast ao lado da dias as entrevistas que você ouviu foram feitas por mim pelo Aloísio Alves o José Eduardo Costa e
o Mário Mesquita o José Eduardo também é o responsável pela estratégia de conteúdo e pesquisa editorial a pesquisa e o roteiro são da luí migz Quem fez o planejamento e produção audiovisual foi a Mariana Capetinga a produção é da Ashley Calvo a captação de áudio no Rio de Janeiro foi feita no estúdio Rastro e no Vison digital em São Paulo quem gravou as entrevistas foi o Pedro Lemi no estúdio trampolim onde a gente também gravou a locução do podcast a direção de locução é da mical Lins a montagem e sonorização são da Mariana leão com
trilha sonora original da Estela nesrine e do Amon Medrado Quem fez a produção executiva pelo estúdio novelo foram o Guilherme Alpendre e a Marcela casaca o planejamento estratégico e de marketing é da Taiana Garcia a Coordenação Geral do projeto pela inteligência finance é da Marina nardino pelo estúdio novela da Juliana heeger e da Evelyn argenta a distribuição é da Bia Ribeiro a identidade visual é da intermitente audiovisual Quem fez a checagem desse Episódio foi o Guilherme Póvoas neste Episódio usamos áudios da TV Globo da Televisa e da campanha eleitoral de rádio TV de 1998 um
agradecimento ao consultor especial Mário Mesquita economista chefe do Itaú Unibanco a gente também agradece ao André Lara Rezende Cloves Carvalho Edmar Bacha Gustavo Franco Gustavo Loiola José Júlio Sena Pedro malan Pércio Arida Winston frit e a todos os personagens anônimos que ajudaram a construir o plano real obrigado e até a semana que vem [Música]
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