Gente, o Brasil passou a ser um país estratégico para criminosos internacionais. E agora eu quero falar dos espiões russos que conseguem se esconder aqui atrás de uma identidade falsa. Parece filme, mas é verdade.
Dá uma olhada nessas fotos. Se eu te contar que todos eles são espiões morando no Brasil ou já moraram no Brasil, você diria que todos eles são espiões? Não dá para acreditar.
Só que eles conseguem porque eles chegam aqui, são muito inteligentes, receberam um treinamento muito grande lá na Europa, lá na Rússia, e eles chegam já com essa capacidade imensa de conseguir aprender uma língua nova sem sotaque. Só são escolhidos porque eles realmente têm um que ir acima da média, muito acima. Falam português em sotaque, logo eles conseguem documentos falsos, tem até título de eleitor.
Aliás, alguns arrumam até namorado ou namorada porque eles querem passar desapercebidos. Mas o que é que eles querem fazer aqui? Por que que esses espiões vêm pro Brasil?
Qual é a intenção desse povo? Di que é um grande investigador de polícia, vai pensando aí. Você tem alguma pista?
Não fale. Tem alguma pista, apenas me diga. Tenho.
Tem. Então depois eu quero ver se é verdade. Põe no ar.
Um esquema audacioso, digno de um roteiro de filme de ação. Espiões internacionais de elite viviam no Brasil como cidadãos comuns enquanto trabalhavam para o governo russo. A Polícia Federal, com o apoio da CIA e de serviços europeus, descobriu que pelo menos nove espiões russos operavam no Brasil usando documentos falsos para construir identidades brasileiras.
O disfarce era quase perfeito. Os espiões abriam negócios, faziam amigos, se envolviam em romances e até aprendiam a falar um português sem sotaque. Tudo para parecerem brasileiros autênticos.
Aparentemente no Brasil é mais fácil percorrer esse caminho da ilegalidade para conseguir um documento original. Cherkaov. O caso mais conhecido é o de Sergei Cherkazov, que viveu por aqui como Víctor Ferreira por mais de 10 anos.
Com certidão de nascimento falsa, ele tirou CPF, título de leitor e até passaporte brasileiro. Em 2022, Sergei foi preso ao tentar entrar na Holanda para um estágio no Tribunal Penal Internacional, onde teria acesso a investigações de crimes de guerra da Rússia. Se ele tivesse começado a trabalhar lá, seria muito valioso para a Rússia, porque ele teria acesso a investigações em andamento sobre crimes de guerra na Ucrânia, não só na fase atual da guerra, como também no período inicial, em 2014.
Mas ele também pode ter sido designado para um time diferente que estava monitorando potenciais crimes de guerra na Geórgia em 2008. Ou então ele poderia ter sido designado para uma missão para descobrir se há investigações sobre possíveis crimes cometidos por empresas privadas da Rússia. Mas Sergei não estava sozinho.
Outro espião, Artem Shimriev, viveu no Rio de Janeiro como Gerard Daniel Campos Vitkit. Aqui ele gerenciava um negócio de impressão 3D. morava num apartamento de luxo com uma namorada brasileira e um gato de estimação, mas chamou a atenção da polícia quando desapareceu.
A namorada ficou preocupada, mas Gerhard, ou melhor, Artem, tinha fugido. Ele passou aqui, ele utilizou o Brasil para esquentar sua história cobertura. Eric Lopes vivia aqui como um empresário de sucesso, dono de uma joelia em Brasília, com uma página nas redes sociais repleta de peças de ouros e pedras preciosas.
Eric dizia ser gemólogo. O escritório dele funcionava no coração da capital de São Paulo, a Avenida Paulista. Em um prédio ao lado do Marp, outro símbolo da cidade, Eric procurava ter uma vida discreta.
O apartamento onde morava fica no Bexiga e tinha até certidão de nascimento com mãe brasileira, uma mulher que ninguém sabe sequer se existiu, até que um dia ele desapareceu. Um sumisso que gerou uma investigação e uma descoberta. Eric é, na verdade, Alexander Andrejevic, um espião russo.
A aparência facilitou a vida dessa mulher que também está na lista de espiões russos disfarçados no Brasil. Na identidade brasileira, ela é a modelo Maria Isabel Boresco Garcia, mas o nome verdadeiro dela é Olga Yogrevna Tutrieva, uma mulher que também desapareceu. Mas porque o Brasil é considerado esse berço para os espiões russos?
As investigações revelaram que o Brasil é um ponto estratégico inicial perfeito para esses espiões. Primeiro por conta do passaporte, já que o passaporte brasileiro não precisa de visto para vários destinos ao redor do mundo e também por conta da diversidade. A imigração permitiu diversos tipos físicos aqui em terras brasileiras.
Segundo o estudo, nós, o nosso país é o maior do mundo com diversidade genética e por isso fica mais fácil a camuflagem. A investigação também revelou várias certidões de nascimento falsas, algumas datadas inclusive da década de 80,90, e tem a suspeita de que a KGB, que é uma antiga agência soviética, possa ter implantado essas certidões aqui na época para um uso futuro. E não é a primeira vez que o Brasil é utilizado como barriga de aluguel para uma operação em um outro país, mas suspeito que que haja aqui no Brasil uma rede russa e essas essa rede russa, com certeza tem ramificações dentro do governo brasileiro.
A operação batizada como operação leste começou depois da guerra entre Ucrânia e Rússia há 3 anos. A CIA, central da inteligência dos Estados Unidos, alertou o governo brasileiro sobre ações suspeitas que partiam daqui por cidadãos que estavam a serviço do governo russo, os espiões disfarçados. E mais, segundo a CIA, a Rússia usou outros países da América Latina, como a Argentina, para espiar reservas de petróleo e outros alvos estratégicos.
Depois da prisão de Serguei, a Polícia Federal apreendeu pen drives e tablets que ele escondeu em lugares inusitados, como uma construção abandonada em Cotia, na Grande São Paulo. A estratégia usada por Sergay é conhecida como dead drop. Espiões trocam mensagem sem contato direto com qualquer pessoa.
A mensagem fica escondida até alguém buscar. Documentos revelam que Sergei também atuou nos Estados Unidos e na Irlanda, além de planejar missões na Holanda. Em depoimento à justiça, o espião russo não precisou de um tradutor.
Ele fala muito bem português. O senhor compreende eh o idioma português? Sim, eu compreendo.
Portanto, seu excelência, eu poderia pedir você excluir interlocutor Sergei Vladimirov. Sergei Sherkov era um oficial militar da inteligência russa. Ele se formou na escola militar de Kaliningrado e numa academia militar de Moscou.
Ele foi treinado em inúmeras técnicas de inteligência que incluem aprender línguas estrangeiras, inglês, português. Sergei foi condenado a 5 anos e 2 meses de prisão pelo uso de documentos falsos. Ele cumpre a pena na prisão de Brasília, uma das mais seguras do país.
Nesse documento obtido com exclusividade pelo jornalismo da Record, os advogados de Sergei alegam que o russo teria sido envenenado na prisão. Questionada, a Polícia Federal não se manifestou sobre o episódio. Sergei passou muito mal, contraindo febre, vômitos e dores corporais.
A própria carceragem da Polícia Federal acredita na suspeita de envenenamento. Concluiu-se, portanto, que a sua transferência, ao menos neste momento, o colocaria em risco. E a história não para por aí.
A Polícia Federal chegou a pedir a destruição de todos os itens apreendidos com Sergei, mesmo sem a investigação concluída, mas teve o pedido contestado pelo Ministério Público Federal. A Rússia quer o espião de volta. O governo pediu a extradição de ser gay, alegando que ele responde lá por tráfico de drogas e tem uma pena cumprir.
Especialistas alegam que essa é uma tentativa de recuperar o agente. Sergei também sendo disputado pelos Estados Unidos, que pediu a extradição do espião para a América do Norte. Pedido também negado pelo Brasil por falta de base legal e risco de causar tensões diplomáticas.
Em relação às relações diplomáticas Brasil, Rússia, o Brasil tem interesses importantes no momento econômico. É preciso ter estômago para trabalhar com espionagem. Nove espiões já foram descobertos no Brasil, um país onde conseguiram criar um disfarce tão bem feito que deu a eles a liberdade para agir aqui e em outros países.
Quantos mais circulam por aí disfarçados que podem até conviver com você? Matéria extremamente bem feita. É ou não é?
Eu adoro o balanço geral, porque todos os dias nós falamos de todos os assuntos, como você observa, o que tá acontecendo no setor policial, as últimas informações sobre as operações, trânsito, clima, tempo, mas também essas reportagens que abrem a nossa mente para entender o que acontece fora do setor policial brasileiro. É verdade. Jorges, você acertou a tua desconfiança era essa?
Acertei. O especialista, especialista até citou, eh, há muitos bobalhões, gente desqualificada para saia que fala que países t amigos. Uhum.
Países não tem amigos, países têm interesses. Boa. E esse é o ponto.
Trazer um espião para cá para verificar aqui interesses para o outro país é muito comum, acontece no mundo todo.