tá sobre esse livro maravilhoso escravidão já escolheu você já escolheu a esquerda pelo menos aqui a minha é um caminho que eu falei pelo menos a minha né bem boa tarde a todos e todos quero agradecer a manha b não pelo convite a editora globo pela confiança e alvarinho lorentino por aqui né e por esse presente eu acho que o livro ocasião mais comentada ouso dizer dessa bienal e eu queria então é inicialmente apresentar esse meu colega grande escritor best seller a vocês manjam antecipou que nos 15 20 minutos finais a gente vai ter tempo
para apresentar as perguntas desse auditório o laurentino gomes tem 63 anos é um paranaense escritor e jornalista formado pela universidade federal do paraná e pós graduado em administração pela universidade de são paulo além de ter feito vários cursos é nos estados unidos e na inglaterra no reino unido ele foi repórter e editor de grandes veículos de comunicação no brasil entre eles a vejam o estado de são paulo e acho que todo mundo sabe mas sempre vale a pena repetir vendeu dois milhões e meio de livros pela trilogia trilogia que antecede à escravidão 1808 sobre a
fuga da corte portuguesa para o brasil em 1822 sobre a independência 1889 sobre a proclamação da república nós estamos aqui inaugurando a nova trilogia de laurentino escravidão um trabalho que consumiu seis anos visita a 12 países de três continentes áfrica europa e américa este primeiro volume trata o percorre do primeiro leilão de cativos em portugal e 1.444 o livro tem uma linha do tempo belíssima até a morte de zumbi dos palmares em 1695 o segundo livro da trilogia já em 2020 e vai tratar é sobretudo do século 18 mas a gente vai falar mais sobre
isso eo terceiro em 2021 às vésperas do bicentenário da independência eu quero começar antes de passar a palavra para o laurentino eu acho que muitos de vocês têm uma expectativa por eu ser uma mulher negra descendentes de africanos escravizados mas eu queria pedir licença ao laurentino a vocês pra abrir os trabalhos tratando dos povos indígenas é uma agenda ou gente vamos falar muito aqui de escravidão dos africanos mas o primeiro registro de tráfico atlântico presente no livro foi da américa para a europa em 1493 cristóvão colombo cruzou o oceano com indígenas da américa o mesmo
se repetiu no brasil em 1511 fernando de noronha aquele que dá nome à ilha levou 35 indígenas para portugal o brasil tinha de três a quatro milhões de indígenas quando os portugueses chegaram eram povos que falavam mais de mil línguas em 1808 na chegada da corte portuguesa essa população tinha sido reduzida a 700 mil indígenas no livro o laurentino chama é esse genocídio de uma das maiores catástrofes demográficas da história humana nós tiramos a terra ea vida dos povos nativos até hoje por isso laurentino eu gostaria muito que você começar a se falando da escravidão
dos indígenas e essa herança que ainda hoje permanece do povo ingênua ser colonizado e civilizado boa tarde bem-vindo ao nosso café literário boa tarde bem primeiro eu queria agradecer o convite da bienal a nossa curador amanhã no café literário e dizer da minha grande honra de participar dessa mesa com a flávia oliveira minha colega jornalista é nos seguimos no twitter e tem sido uma experiência muito interessante compartilhar essa jornada com profissionais como a a flávia bem esse livro ele trata obviamente da escravidão africana no atlântico principalmente por uma razão numérica e também por uma dimensão
no no tempo o brasil foi uma horta território escravista do hemisfério ocidental e trouxe da áfrica cerca de 5 milhões de cativos a fabricante da 40% do total da mão de obra ativa que embarcou da áfrica para as américas isso ao longo de 350 anos então o número ea permanência da escravidão africana evidentemente acaba sendo tome nanty nessa narrativa mas é interessante observar que antes de recorrer à escravidão africana os portugueses europeus tentaram durante mais de dois séculos durante dois séculos e dois séculos a escravidão indígena então é muito interessante isso que a flávia conta
que a primeira carga de cativos a cruzar o atlântico não foi da áfrica para a américa mais do brasil para portugal a nau breton e 1511 que partiu do nordeste em direção à o porto de lisboa levando uma carga de toras de pau-brasil peles de onça pintada papagaios e 35 cativos que seriam vendidos em portugal não se sabe infelizmente o destino desses ativos muito provavelmente morreram porque é o que aconteceu com os cativos levados pelo que estavam quando morreram de doenças e de frio na europa e os portugueses então recorreram a mão de obra é
indígena e aí ocorre o que eu chamo no meu num dos capítulos do livro de um grande massacre uma tragédia demográfica de proporções épicas estima que esse número muito controle o controvertido mas haveria entre 2 3 milhões e 5 milhões talvez de indígenas no brasil na época da chegada dos portugueses em 1500 nos 300 anos seguintes entre a chegada de pedro álvares cabral ea chegada da corte dom rio de janeiro em 1808 o brasil matou os portugueses no brasil os colonizadores sistematicamente 1 milhão de indígenas a cada cem anos de maneira que na época da
chegada da corte restavam cerca de 800 mil indígenas a principal razão foram as doenças é o que o historiador luiz felipe de alencastro num livro espetacular que eu uso com muita intensidade na minha obra chamado trato dos viventes chamou de um choque epidemiológico entre continentes que até então viviam separados distantes incomunicáveis então os portugueses chegam às doenças o sarampo a varíola é uma série de outras a gripe uma série de doenças que foram dizimando os usa população nativa mas também guerras as chamadas guerras justas ea captura pela escravidão então é interessante que no meu livro
então como usando como fonte também o alencastro os bandeirantes é que a historiografia oficial paulista elegeu como heróis da ocupação do território brasileiro desbravadores da fronteira dos sertões e eles são homenageados hoje no museu paulista está fechado o museu do ipiranga mas tem lá as suas estátuas os seus os seus quadros ou então no ibirapuera que tem um monumento aos bandeirantes mas eles eram basicamente caçadores de indígenas nettheim expedições por exemplo pode acomodar toda a pose tavares que entrou pelo paraná pelo vale do paranapanema escravizou 50 mil índios de uma só vez que eram vendidos
em são paulo que era chamada de uma feira de trato basicamente a primeira atividade da da comunidade que daria origem à cidade de são paulo era escravidão indígena e aí é interessante porque escravidão indígena não se afirmou não se colonizou é no brasil segundo ainda o alencastro por duas razões primeiro esse choque epidemiológico que dizimou os indígenas aos milhões ea segunda razão é que não havia um mercado de cativos de mode fornecimento de mão de obra ativa organizado no brasil na época da chegada dos portugueses existe escravidão até escravidão por pupo ações rituais e que
os os adversários capturados em guerras eram eram mortos em rituais e de canibalismo mas não havia um mercado organizado e esse mercado existirá na áfrica já havia a escravidão as extra olhar se vocês olharem se vocês leram o livro do gênesis josé vendido para os seus pêlos seus irmãos é filho de jacó projeto como escravo isso lá no começo no livro primeiro livro da bíblia então já havia uma escravidão na áfrica organizada com rotas de transporte de fornecimento dia é pessoas que capturavam pessoas esse antigo portos de embarque de um preços muito bem definidos feiras
um mercado já de de mer de moeda de troca por exemplo inclui as calorias que era um tipo de um búzio kahn que era é retirado das ilhas maldivas no oceano índico e era usada como moeda coxinhas usadas como moeda na costa da áfrica então os portugueses passam a usar esse mercado já estabelecido o que curiosamente flávia tem sido usado hoje hoje no começo do século 20 no brasil de 2019 2019 como argumento de uma um argumento racista que tenta negar responsabilidade de todos os brasileiros não afro-descendentes hoje sobre o legado da escravidão então nós
vimos na campanha eleitoral do ano passado um candidato não vou dizer o nome dizendo que os portugueses não entrava na áfrica e que os da escravidão portanto era culpa dos próprios africanos então ou seja tentar jogar a culpa pela escravidão nos próprios escravizadas o que é uma coisa absurda se eles são culpados o que eu tenho a ver com isso é um problema deles então é interessante eu mostro isso no livro nem gosta que que havia escravidão na áfrica assim como havia na índia na china e na europa e no mundo todo onde houve ser
humano havia escravidão pois essa me deu a deixa então pra eu vou até mudar que nem o roteiro mas porque eu acho que vale a pena a gente é adentrar a esse território é e você trata em alguns capítulos do livro dessa dimensão da escravidão ao longo da história que englobou vários povos né regiões etnias povos inclusive é de brancos por brancos e asiáticos você atravessa isso no entanto é é tem uma uma um aspecto no livro em que você diferencia a escravidão dos africanos na américa pelo kavala caráter mercantil de escala global né o
segundo ponto foi a instituição de uma ideologia racista a partir daí era a orientado para os negros o sistema escravocrata eu queria que você é tratasse dessa emendasse nessa análise assim é como eu disse na resposta anterior à escravidão é parte do código genético do ser humano onde houve história humana até hoje houve escravidão curiosamente isso eu aprendi fazendo a pesquisa do livro até o final do século 17 a maioria dos escravos ou escravizadas podemos até discutir essa questão semântica depois e vamos vamos ter essa pergunta aqui não é eram brancos a maioria então a
própria palavra escravo em português ou slay z em inglês lavos em latim vende eslavo um povo branco de olhos azuis escravizados aos milhões no leste da europa e vendido na bacia do mediterrâneo desde a época dos romanos portanto aí tem o o origem da palavra latina agora o que é que diferencia escravidão africana no atlântico na américa duas características principais primeiro a sua escala industrial global esse era o maior negócio do mundo eu diria até meados do século 19 o negócio enorme que envolve o banqueiro seguradoras armadores tinha linhas de crédito tinha uma cadeia enorme
de produção e fornecimento de mercadorias usadas nesse tipo de comércio de gente por exemplo tecidos fabricados na índia armas e munições na europa ferro vidro fumê cachaça do brasil quer um produto muito valorizados no golfo do benim as calorias da e os búzios da copa da áfrica e da small small divas e os números né dois milhões e meio 12 6 milhões de pessoas embarcadas para a américa para trabalhar em atividades que eu chamaria de pré industriais ou seja lavouras de geradoras de açúcar no nordeste por exemplo em que a divisão do trabalho na lavoura
nos engenhos que funcionavam 24 horas por dia aquelas fornalhas fumegantes e acesas a noite toda se assemelhavam muito a divisão do trabalho na inglaterra da revolução industrial no final no final do século 18 então isso é uma linha de produção é uma linha de produção é uma coisa organizada organizada e que se diferencia por esemplo da escravidão na áfrica que era intensa ancestral mas tinha muito a ver com a linhagem familiar com quarentena estendida quanto maior o número de agregados numa família incluindo os seus escravos maior o seu prestígio do chefe local da elite militar
africana no brasil não na américa é uma actividade organizada industrial uma linha de produção ea segunda característica é pela primeira vez escravidão é associada à cor da pele então existe uma ideologia racista nasci no século 16 17 18 que associa escravidão ao negro africano seja como se os africanos negros fossem candidatos naturais ao cativeiro existe inclusive justificativas de natureza teológica bíblica por exemplo a chamada maldição de campo ou não é depois do dilúvio se tornou o vitivinicultor e um dia ele bebeu demais e sempre a gol e ficou o dem de casos três filhos chegam
os dois dos filhos tentam cobrir o pai que estava nu e o terceiro filho khan ironizou o pai começou a rir e aí noel teria amaldiçoado canha sua descendência seu filho kanaan dizendo que eles seriam escravos dos seus irmãos e aí a extradição essa ideologia essa essa teoria racista do do começo da colonização da américa dizia que os filhos de cantero migrado para a áfrica se tornado negros e portanto eram candidatos naturais à escravidão por desígnio divino por uma forma audição bíblica eu queria interromper para dar uma informação para a nossa platéia um dos ícones
neto da ideologia do embranquecimento brasileiro é uma pintura chamada redenção de kan que é uma mulher negra reclamando agradecendo né supostamente agradecendo aos céus pelo neto de pele branca uma uma filha mestiça um gelo a branco de pele muito branca eo neto então isso é voca a essa história bíblica que você está contando segue então é interessante observar os manuais os escritos os sermões dos especialmente dos missionários jesuítas jorge bensi bem antônio vieira os grandes pensadores do brasil escritores do brasil colonial que é uma justificativa ideológica bíblica para a escravidão e essa idéia de que
ao trazer os africanos escravizados no brasil havia uma redenção a retirada da selvageria da barbary em que eles seriam batizados integrados à fé católica é se tornariam portanto parte integrantes da civilização européia que naquele momento se estende pelo mundo e estariam rede mitos da barbárie da selvageria e da maldição de kan no novo mundo então até essa teoria o que explica e é interessante então é essa associação entre cor da pele e aí no livro tem uma frase de um historiador que diz o seguinte o racismo nasceu da escravidão mas não é escravidão do racismo
o o racismo nasce é parte da escravidão e também essa idéia de que uns um grupo de seres humanos era superior ao outro tinha prerrogativa de explorar esse esse outro grupo no limite de sua capacidade não só de trabalho mas inclusive na sua sexualidade o direito de a a a prerrogativa de se reproduzir não permite não pertencia ao escravo era prerrogativa do seu dono um trecho do livro já que se falou dessa falando exatamente dessa escravidão que existiu desde o início da história da humanidade e nesse capítulo que trata das origens têm algumas nem chamou
muita atenção a referência alguns ilustres escravagistas de aristóteles é o filósofo grego a thomas jefferson autor da declaração de independência dos estados unidos passando por joaquim josé da silva xavier o tiradentes herói da inconfidência foi dono de pelo menos seis cativos entre outros então era prática é disseminada sofisticada e que atravessou a povos gerações e é figuras ilustres que inclusive é em alguma medida em suspeitas né você fala também do dom brown fundador da universidade brown que é uma referência nem a produzir servidão do estudo nos estudos da escravidão e das desigualdades queria que você
falasse um pouco sobre é você se surpreendeu com algumas dessas descobertas desses nomes dessas figuras associadas ora ao humanismo a liberdade e valores de de liberdade ora a escravidão não deveria isso não deveria nos surpreender na história existe um conceito o muito importante com o qual nós temos que lidar com muito cuidado que o chamado anacronismo ou seja a idéia de olhar os quais acontecimentos e os personagens do passado com valores e referências convicções de hoje isso você já projetar em personagens do passado é é coisas que hoje nós compartilhamos com como valores e que
na época não existia a escravidão de fato era um hábito disseminado no mundo todo alguns dos grandes filósofos iluministas que plantaram as bases do século das luzes do século 18 eram acionistas de companhias de tráfico de escravos escritores filósofos cientistas inclusive alguns heróis das liberdades e dos direitos civis hoje né caso do thomas jefferson que escreveu na abertura da declaração de independência dos juízes que todos os seres humanos nación com direitos iguais que incluíam a liberdade ele era um grande senhor de escravos aliás teve uma numerosa prole com uma de suas escravas a sally hemings
e só recentemente esses descendentes conseguiram provar que eram é da família do thomas jefferson o caso do tiradentes que no ano da sua morte aqui no rio de janeiro era dono de meia dúzia de escravos então era um hábito realmente disseminado por todas as partes quem não fosse escravizá duelo era dono de escravos incluindo e isso é uma surpresa pra muitas pessoas hoje pessoas que tinham sido alforriados tinham sido escravos e depois também se tornam tona se de um numeroso plantel de escravo isso vou tratar no segundo livro que é o caso por exemplo de
xica da silva que é o caso mais famoso mas não é o único ou tem um dos grandes historiadores desse assunto aqui no rio de janeiro mas no lugar e carcia florentino que ele mostra que no começo do século 19 quase todo mundo no rio de janeiro com exceção dos pontos dos próprios cativos inclusive pessoas muito simples muito de que depois possa dimensionar os idosos né acabavam sendo idosos ou pessoas com deficiência acabavam comprados arrematados em leilões por famílias de baixa renda é o escravo era tratado como mercadoria nem embarcava lá na na áfrica e
recomeçava receber marcas no corpo na forma de um ferro quente e alguns chegavam ao brasil com três ou quatro marcas de ferro quente que identificavam a origem o primeiro dono segundo o dono navio que havia transportado o seu novo dono no brasil o avião havia havia o leilões de escravos na áfrica e na américa no brasil então eram leilões e que os preços eram definidos como desculpe analogia mas como se fosse uma feira agropecuária hoje no interior do brasil os preços inclusive guardavam semelhança com diyani mágica isso é o andré junto new que é autor
de uma obra clássica do brasil colonial chamado cultura e opulência do brasil por suas drogas em minas ele compara várias vezes o preço dos escravos um animal sendero ou seja um cavalo então essa é um boi a 1 ou seja um animal de carga e havia uma tabela de preço então o isco escravo de melhor preço era chamado de peça da índia então idealmente era um homem com idade entre 14 e 25 anos saudável na sua plena capacidade produtiva e este tinha o melhor preço em seguida vêm as mulheres as crianças crianças de colo inclusive
as chamadas crias de peito crianças que ainda estavam sendo amamentadas também podiam ser arrematados em leilões os velhos os doentes então é interessante que no cais do valongo era muito comum haver um leilão em que se rematavam obviamente os cativos com maior capacidade de trabalho mais jovens masculinos e aí sobrava os os doentes nos navios negreiros não eram lugares com que as pessoas que chegavam muito fragilizadas muito doentes vão chegar lá e aí o interessante só para responder à sua pergunta é que havia um grupo de pessoas mais carentes do rio de janeiro que não
poderiam ter escravos da melhor qualidade compravam esses escravos doentes levavam para casa cuidavam dele para depois revendê los aqueles que sobreviviam portanto o investimento eu fiquei realmente chocado com essa informação é essa a sofisticação desse desse sistema eu acho que é algo que chama a atenção e nos ensina muito né no livro você já mencionou a a audição de campo tanto a referência bíblica mas eu queria trazer discutir um pouquinho mais essa questão da religião tem um capítulo que você trata do islã que também escravizou se não tô com o número errado é outros 12
milhões de de africanos ao longo do eixo do do saara né e o papel da igreja católica em apoiá as viagens né a expansão marítima e é justificada também pela doutrina da conversão da catequese da conversão é ao cristianismo você inclusive relaciona os navegadores e e e os seqüestradores de escravos a fanáticos extremistas é como os radialistas de hoje nós tivemos as missões jesuítas né e o aval ea participação da igreja católica nessa colonização e na escravidão dos negros dos africanos no brasil é eu queria que você falasse um pouco dessa brutalidade também com dida
idéias de superioridade do ponto de vista religioso porque porque o racismo religioso é realidade no brasil de 2019 por outras por outros grupos por outras denominações mas é talvez com origem na mesma fonte né de acreditar que os saberes que a fé que as crianças de outros povos elas não são dignas e precisam ser aniquilados é num dos capítulos eo eu explico que é ser escravo né os os métodos usados para escravizar ação e também as características de um cativo ea principal delas é o outro o estranho essa é a principal definição ou seja o
outro por isso que é projeto é um anacronismo você dizer que africanos escravizados africanos ou negros realizavam negros lá na áfrica tanto quanto na américa ou a escravidão sempre foi sinônimo do estrangeiro o outro diferente o que incluir a áfrica um país muito complexo muito diverso muito rico do ponto a distância oferecido é atingido com um país era tido como país então assim eram pessoas iguais e na áfrica também se escravizavam estrangeiro outro diferente e aí na américa isso realmente se consolida o pico índio era o outro no começo ainda tem uma longa discussão teológica
se o índio tinha alma não tinha se a ser salvo se poderia ser o substituto do rio não é a ideia que prevalece nos escritos dos jesuítas até porque os índios estavam sendo dizimados uma quantidade inacreditável então ela foi a melhor solução não havia muito o que fazer com eles né escravizamos mais o negro africano não era inferior era o bárbaro é o selvagem era o pagão havia uma associação entre a cor negra e ea uma noção demoníaca de que as religiões afros as práticas o as danças o comportamento era uma coisa de mônica portanto
era o caso de redimir e se essas pessoas onde vista lingüístico né isso se chama a atenção para isso que é e ainda hoje é no ativismo anti racista a gente é a tua muito na direção de ressignificar a palavra ou de apontar o racismo contido em vários verbos expressões de tatus e palavras é mas é interessante que no século 14 15 especialmente no século 15 há uma série de bulas papais que autorizam portugal a escravizar e sempre o argumento era isso a retenção da barbárie à evangelização trazê los ao o corpo da cristandade e
portanto salvá-los da selvageria isso dia veja como herança moura a guerra contra os mouros as cruzadas então as primeiras incursões portuguesas na costa da áfrica são vistas como uma cruzada uma cruzada religiosa esse é um assunto ainda hoje muito sensível observe que eu estou mexendo numa ferida que nem qualquer coisa dói em várias feridas de todos os dados mais uma dessa essa questão religiosa às vezes é outro dia eu votei nas redes sociais essa questão dos jesuítas que compravam aliás recebiam cativos o colégio de luanda receberá cativos como pagamento de dízimo e exportava pros colegas
do colégio dos jesuítas de olinda e salvador sem pagar impostos porque a companhia de jesus tinha essa isenção da coroa portuguesa de sempre gentis e aí eles eram revendidos para os senhores de engenho do recôncavo baiano na zona da mata pernambucana mas não só os jesuítas os carmelitas os beneditinos a ordem dos medicamentos dos franciscanos era tona todos eram donos de grandes plantéis de cativos e até o final do século 19 não houve um pronunciamento incisivo decisivo' convincente da igreja contra a escravidão africana então esse é um tema bastante delicado bastante sensível e eu tenho
enfrentado uma certa reação de grupos fundamentalistas que tentam dizer não é bem isso existe lá escritos e não sei quando e tal e um falou gente isso já tá perdoado o papa joão paulo 2º visitou a ilha de goreia no senegal que era um entreposto e pediu perdão formalmente pelos pecados da igreja no tráfico de escravo então não precisa ficar agora se defendendo se o próprio papa já pediu perdão mas é uma ideologia que sobrevive sobrevive né hoje em denominações não é por acaso que nós estamos assistindo atualmente casos bárbaros de de terreiros de religiões
de matriz afro sendo destruídos por grupos fundamentalistas religiosos às vezes associadas ao crime organizado exata é bom já que a gente começou a tocar no assunto ou revertendo aqui completamente o meu o meu roteiro mas eu queria falar do que você já antecipou as sutilezas linguísticas você chama de sutilezas linguísticas na introdução faz uma uma longa explicação é que o que eu queria que se repetisse aqui porque usa escravo escravizadas e cativo mas eu notei também que usa descobrimento e chegada e usa é índio e indígena o quanto você se ocupou desse uso a da
precisão ou do significado inclusive das interpretações mais digamos políticas do significado das palavras como é que você é o quanto você se ocupou dessa escolha das reflexões sobre a escolha de palavras assim essa é uma questão bastante delicada é por isso que eu essa introdução do meu livro ela era pequena numa primeira versão e ela foi ficando cada vez maior e é uma introdução que eu diria que não é usual no livro ela tem uma quantidade inacreditável páginas maior que vários capítulo é porque eu percebi que havia aspectos ligados à escravidão que eu precisava é
lançar um olhar me explicar porque eu sabia que seria um alvo de discussão muito intensa então um deles por exemplo por que um homem branco está escrevendo sobre escravidão negra eu quero perguntar isso depois que queria então de quem fala é carro e atropelar a lei mas tem a questão semântica assim então hoje discute-se muito se o correto é escravo ou escravizadas pode se usar a expressão senhor de escravos mulato porque eu vou explicar cada uma dessas dessas que a gente pode chamar de sutilezas nuances semânticas escravo seria é um substantivo portanto seria uma pessoa
naturalmente candidata ao cativeiro que já nasceu candidata vocacionada para o cativeiro uma condição a condição escravizado que está sendo usado como adjetivo mas não vê na verdade da língua portuguesa não é objetiva e ferro é partícipe do verbo escravizar do processo de produção de escravos seria uma condição circunstancial imposta por outro importante seria mais adequado falar escravizadas do que escravo mulato vem de bula esta associação seja de um animal híbrido de novo a associação entre a atualização animalização do africano do negro e do ponto de vista de um escritor isso complica muito vocês escreveu um
livro de 480 páginas e tendo esses cuidados todos às vezes isso pode gerar uma repetição bastante monótona de palavras pode gerar uma certa cacofonia escravizadas comercializado escravizar transportado mas eu acho que assim palavras carregam significados importantes têm consequências têm consequências políticas no debate e precisam ser levadas em conta então eu reconheço a importância dessa dessa preocupação mostra o quanto esse tema é relevante hoje ao ponto de as pessoas estarem discutindo aspectos lingüísticos ligados a ele e portanto leva em consideração mas eu digo também no parágrafo seguinte escravo é uma palavra já consagrada nos nos dicionários
da língua portuguesa e alguém poderá dizer dicionários construídos por brancos que eu concordo plenamente mas é uma palavra sim já consagrada todos os historiadores importantes que me precederam na nesse tema usaram a palavra escravo sem nenhum constrangimento lingüístico então o uso como sinônimo seu uso escravizar dos escravos mas eu chamo atenção a ti para esse aspecto educativo também onde obras ativa e assim por diante e por isso que eu digo que existe hoje no eu chamo a atenção para esse aspecto livro é um olhar negro um olhar banco e eu tento me enquadrar num olhar
atento que leva em consideração essas questões que são às vezes bastante difíceis de se chegar a uma conclusão a respeito dela se você pegar a imensa maioria dos brasileiros brasileiro médio brasileiro leigo ele só ouviu falar escravos não sabe por que agora está sendo chamado de camisa mas o simples fato dessa discussão existe é muito saudável ela traz reflexões importante então vamos lá por que um homem branco resolveu falar de escravidão eu acho que você só quer responder mas eu queria fazer uma um breve comentário você faz essa demarcação de um lugar de fala também
nessa nesta introdução né pra explicar esse interesse é sua autoria e no livro você lembra que tem ascendência italiana né de colonos que chegaram no fluxo migratório pós pós abolição e tem inclusive a ver com o nosso debate atual de falta de políticas públicas de inclusão socioeconômica dos negros libertos mas você faz uma referência a um antepassado de minas gerais que foi líder abolicionista e republicano mas você não diz que ele é negro homens português pois é por que um homem branco resolveu escrever sobre escravidão e eu preciso perguntar se tem notícia de alguma ascendência
afro ameríndia já investigou isso já vem primeiro que eu acho que escravidão é o deveria ser preocupação de todos os 200 milhões de brasileiros que estão vivos hoje independente da cor da pele é deveria ser então você dizer que escravidão é assunto apenas e afro descendente é uma tentativa de se livrar do problema eu sou descendente de italianos que chegaram ao brasil no século 19 para substituir a mão-de-obra escrava e não tem nada a ver com isso porque eu vou pagar cotas dívida histórica ninguém me preocupar com esse passivo se escravidão é um assunto exclusivamente
da população negra ou afro descendente então eu acho que é assim esse assunto é do interesse de todos nós e quem tiver uma contribuição à tarde deve se pronunciar agora com respeito com cuidado ouvindo o outro não usando é se esse assunto de forma polarizada preconceituosa com objetivos políticos como hoje nós estamos vendo em campanhas eleitorais e redes sociais ou seja isso tem que ser tratado com absoluto respeito ao outro ao olhar do outro a visão do outro mas esse é um assunto que me interessa como brasileiro eu poderia depois de fazer o 1808 nesses
20 e 2009 será fazer uma biografia como tiradentes dom pedro 2º guerra do paraguai o golpe militar de 64 e certamente teria alguma colhida por parte do público mas eu eu achei que a escravidão era um assunto que eu tinha que tratar o assunto mais importante da história do brasil eu cheguei a essa conclusão fazendo os três livros anteriores alguns amigos me chamaram a atenção dizendo à noite nós que escravidão não vai dar certo nesse é um não assunto no brasil se não vai conseguir vender livros mas eu tô surpreso com a repercussão as pessoas
estão recebendo bem a ideia de que esse assunto merece ser discutido merece uma reflexão e que se você tratar adequadamente com uma linguagem acessível fácil de entender respeitando as fontes respeitando essas nuances todas e chegou no momento adequado então em um jogo que sim eu tenho a prerrogativa de escrever sobre esse assunto acho que eu tenho uma contribuição política inclusive o fato de o seu escritor best seller me coloca no palco senão não estaria aqui com você agora neste momento discutindo isso então isso me chama um pouco para o ringue das discussões e eu faço
questão de participar mas com uma atitude de respeito de atenção mas eu queria também chamar a atenção para outro aspecto quando eu citei numa resposta anterior essa associação entre escravidão e cor da pele negra é a construção de uma ideologia racista dos brancos lá atrás para justificar a escravidão africana portanto nós não deveríamos assumir automaticamente essa identidade agora olha escravidão é assunto só de negros porque essa é uma ideologia racista de produtos feita pelos brancos e nós não divina e nós deveríamos recusá lá e não aceitá-la perfeito isso porque foi foi uma criação foi uma
invenção dos brancos isso é bom eu queria te perguntar sobre o processo de de criação mesmo foram seis anos de elaboração né desde 2013 que você está dedicado a esse projeto com visita 12 países para dar contas dessa história de um país que recebeu 5 milhões de cativos e você já lembrou 40% dos dois milhões e meio de africanos embarcados pela américa é ficaram pro prasil eu queria que você falasse um pouco do seu processo de pesquisa é assim alguma medida escravidão teve alguma a característica diferente da trilogia anterior e é já que a gente
está falando em representatividade em lugar de fala é o quanto de representatividade você buscou nessa apuração você é e entrevistou o levou em conta obras de intelectuais de pesquisadores de pesquisadores negros e negras é quais foram essas quais são as fontes dessas histórias que estão contadas em escravidão e eu aqui do meu depoimento em relação à linguagem realmente é um livro de como são os seus livros de leitura muito agradável muito bem escrito e é muito compreensível então é nesse sentido o que se choca um pouco com a produção mais radicalmente é acadêmica né e
aí talvez tenha assim esse papel de levar essas reflexões para a massa mas o processo de pesquisa e de escrita ea representatividade nas fontes há sim eu sou um jornalista que escreve livros reportagens sobre história do brasil a questão de delimitar essa fronteira não sou um historiador com formação acadêmica e o meu método de trabalho não é o de produção acadêmica convencional onde você tem teses que são submetidas a mesas de avaliação de dissertação de mestrado tese de doutorado tem um projeto de validação em toda uma metodologia tem um referencial teórico e assim por diante
eu faço livros-reportagem como é que funciona isso primeiro vou em algumas fontes consagradas no meio acadêmico fontes de referência então por exemplo para escrever sobre história de escravidão no brasil tem alguns livros básicos incluindo casa grande senzala de gilberto freyre que é uma celebração da mestiçagem da escravidão patriarcal e até certo ponto benévola do brasil mas tem joão josé reis tem manolo florentino tem pierre bergé seja uma bibliografia muito importante não só no brasil mas especialmente fora do brasil existe hoje historiadores brasileiros importantes que trabalham nos estados unidos caso de ronaldo ferreira que um carro
carioca que tem uma uma produção muito importante mariana cândido que também trabalha nos estados unidos é professora e tem uma produção muito boa a respeito de angola da zona do congo e assim por diante então o primeiro leio muito para entender que o assunto é esse os personagens as datas os acontecimentos as interpretações as diferentes narrativas que foram construídas a esse respeito e depois eu boto pé na estrada para fazer reportagem eu gosto de os locais em que as coisas aconteceram porque tem muita informação ainda então eu fui impressões eu fui então fui pra áfrica
entrevistei os meus os meus anfitriões lá perguntei o que eles achavam da fruta da escravidão no brasil na américa a impressão que eles tinham respeito desse assunto visitei os as fortalezas feitorias de embarque de escravidão escravos na costa da áfrica tive experiências muito tocantins muito coloridas nessas visitas pode relatar uma delas eu fui alcançar o que custa é seu é uma pergunta que eu ia te fazer então não pois pode fazer pode falar que a gente volta pro pesquisa eu fui numa certa vez ao cape coast kessy o que é o principal castelo de fornecimento
de cativos para os navios britânicos ficam em gana eu ea carmen é a minha companheira de viagens minha mulher e aí a gente foi descendo assim fica junto ao mar e ainda chegamos num porão muito frio muito escuro muito úmido lá no fundão na pedra lua e era um lugar assim como se fosse o tamanho de uma quadra de tênis e tinha uma única abertura mais ou menos nessa altura por onde entrava uma nesga é 'este é de luz é raio de luz aí o guia e botou lá dentro e falou você gostaria de ficar
aqui sozinho por algum tempo e eu caí na besteira dizer sim e aí ele fechou a porta e ficou aquela escuridão aquele frio ficou aquela escuridão aquele frio eu tive uma crise de choro uma coisa convulsiva assim eu não conseguia parar de chorar porque ele identificava as mulheres e elas ficavam ali meses semanas algumas tinham filhos os filhos morriam elas morriam os ancestrais da michelle obama embarcaram desse castelo do castelo da costa e e isso foi uma experiência muito tocante muito dolorida pra mim eu sou eu tive eu assim é eu falo aqui do meu
olhar atento e eu digo que como eu não sou negro jamais passei pela experiência de todo esse sofrimento do olhar negro eu jamais vou conseguir expressar isso na sua totalidade porque nunca passei nem meus ancestrais passaram mas ao fazer pesquisa assim eu eu me aproximei dessa dor e isso me tocou profundamente embora não possa assumir essa dor é e te trouxe a a empatia ea empatia é isso aí pra concluir esse processo os locais por exemplo muito interessante foi na copa na serra da barriga no dia da consciência negra agora 20 de novembro de 2000
passado dia da morte de zumbi tomar e 15 é é muito forte e é interessante que eu chegar lá de manhã tem várias senhorinhas praticantes de candomblé que sobe a serra da barriga vestida de branco para fazer rituais em memória ao zumbi debaixo das cabeleiras nos dá na zona nas fontes de águas e coisas assim mas na serra da barriga hoje existem 20 famílias evangélicas que habitam aquele lugar lá que um futuro parque nacional e elas detestam religião de matriz africana tem uma guerra em andamento em palmares hoje racismo religião entre famílias evangélicas e os
praticantes do candomblé e se você não vai lá você não tem isso então esse é o meu trabalho de reportagem o trabalho de lá observas coisa eu acho que inclusive isso eu passo para o leitor um olhar fresco um olhar novo sobre escravidão queria capturar e expressar só dentro de uma biblioteca ou diante de um museu e aí tem a questão da represa e representatividade vou só te interrompeu para dizer o seguinte vários desses relatos inclusive com imagens estão nas redes sociais no twitter dodô laurentino que eu recomendo que ainda não consegue vale muito a
pena porque tem esses registros né eu fui eu o livro né registro é em audiovisual que são r 15 mas também eu fui eu fui gravando uma série de pequenos vídeos que estão mostrando nas redes sociais então esse episódio em particular do do castelo da costa na hora que o guia abriu a porta a cara me ligou a câmera e começou a filmar eu tô com os olhos vermelhos assim meio tentando me concentrar pra falar alguma coisa é mas a recuperação da umidade nessa atividade eu fiz a pesquisa não não preocupado com que o historiador
era negro era branco eu fui em busca das fontes de referência seja as melhores fontes possíveis para entender como é que a estrutura do negócio de escravos como era viagem no navio negreiro o que era a áfrica na época o brasil colonial como foi a guerra dos holandeses bruno se você quiser entender esse tráfico é angola brasil tem que ler luiz felipe de alencastro que branco mas também ronaldo ferreira que é negro então independente da cor da pele eu fui em busca da qualidade da obra de referência mas isso te preocupa mais em escravidão do
que em 1808 e cm procurou assim me preocupo porque eu já no final do trabalho eu tive a consultoria da embaixadora irene vida gala que foi em meias embaixadora do brasil em gana e ela me chamou a atenção para esses diferentes olhares ela fez uma leitura dos primeiros originais e ela foi identificando a argentina que tem olhar branco cuidado com isso o davi eo percebi que tinha realmente um jeito de tratar a escravidão que bastava ter muito cuidado que era uma coisa muito sensível que inclusive a linguagem um jeito de de abordar um pessoa a
gente simplesmente os costumes a religiosidade isso é muito marcante isso e que a visita obras de referência que tratam dessa história de forma diferente tem uma série de livros sobre história da áfrica patrocinado pela unesco são se não me engano oito volumes e tem um olhar africano sobre o tráfico negreiro sobre escravidão e eu fui ler mas eu tinha eu confesso que eu me decepcionei um pouco e achei que tem um viés político ali que compromete a qualidade da obra como fonte de referência então eu fiz fiz o livro preocupado com isso mas essa não
é uma preocupação estrutural eu preciso dar igual atenção autores negros distribuído e autores branco eu fui em busca de quem tinha a informação que tinha substância para me ajudar a entender a história os fenômenos olá você falou em viés político eu vou pular de novo aqui meu rosto está subvertendo o roteiro completo mas eu acho que tá bom tá bom eu acho que o capítulo em que mais aparece é essa esses eu vou chamar assim de em conformismo com viés político é um bico você traz um zumbi segura marimba galera é um zumbi não sem
brincadeira porque você traz três fases né dessa figura histórica a primeira de ameaça ao sistema escravocrata colonial a segunda é mais ancorada na ideologia racista que é da identidade e do orgulho da resistência negra a ser aniquilada a terceira como a construção de ser herói da resistência dessa figura você inclusive traçar a a reflexão sobre o treze de maio eo 20 de novembro e o significado dessas datas mas tem por exemplo o luiz mott dizendo que um bi era gay não tem registro de família e com vários registros em alguns momentos você fala por exemplo
da obra do joel rufino e de algumas seriam sido construções idealizadas para arrotar para a figura desse herói eu queria que você falasse um pouco disso desse viés político e em que medida você me pareceu um livro muito crítico é isso né e mas como é que foi essa bucha como foi a construção desse personagem sim eu esse é o penúltimo capítulo do livro tem um capítulo sobre palmares e depois em um capítulo sobre zumbi eu abro dizendo que o zumbi depois de muito tempo de morte depois de morto ele morreu no dia 20 de
novembro de 1695 zumbi da vivo envolvido numa guerra é uma guerra comandada pelos unb pelo calendário cívico brasileiro são duas datas e dois personagens se confronto nessa guerra o treze de maio da lei áurea da princesa isabel de 1988 e o 20 de novembro dia da consciência negra dia da morte de zumbi dos palmares em 1695 e são diferentes maneiras de olhar a história da escravidão à guerra na verdade é pela memória da escravidão é pela história da escravidão porque dependendo de quem ganhar e é isso é pelo protagonismo pelo protagonismo então se você olhar
o treze de maio da lei áurea e é muito interessante porque tem muita gente me orientando de forma preconceituosa na pesquisa do coisa olha não se esqueça da princesa isabel e fez isso aqui não deixe de falar que o zumbi tamente escravo que não era polícia nista é uma guerra pelo meu trabalho e nas redes sociais também acompanhe nas redes sociais vezes porque se você olhar o treze de maio ele é uma narrativa branca da abolição mas também da da história da escravidão é uma vitória da elite imperial brasileira a elite que se julgava ilustrada
é monárquica européia e que precisava limpar o brasil de uma mancha que comprometia a imagem do país perante o os o mundo supostamente desenvolvido naquela época o brasil se dizer que isso é spoiler das próximas edições é exclusividade aqui temos ou seja o brasil se tornou um pária internacional no século 19 tanto quanto a áfrica do sul durante o regime de segregação racial e sofreu boicote navios britânicos a paquera abolicionista na inglaterra invadiu águas territoriais brasileiras para bombardear um forte em paranaguá onde supostamente tinha escravos clandestinos e aí diante da pressão internacional e também das
luzes das mudanças filosóficas de entendimento de padrões éticos e morais a elite brasileira capitaneada pelo trono pela princesa isabel decide limpar essa imagem do brasil afasta essa mancha a história de zumbi é diferente é uma história de luta de confronto de resistência de morte de sangue de guerra então sou visões muito diferentes a primeira data rendição é dada assunção daquele território como era independente chegou a ver né discussões isso em relação a isso está no livro e com é interessante que você já ganhou e não foge não jung o zumbi o zumbi às vezes esses
personagens históricos e também explicar isso no livro eles são âncoras de identidade do presente então nós projetamos no passado valores convicções mas também informações criamos a uma construção de natureza biográfica de personagem que às vezes são muito difusos então no caso de zumbi não existe uma narrativa a partir de palmares não têm documentação não têm relacionada ao que se sabe a respeito de palmares é de relatório militar geralmente das expedições que foram enviadas contra o quê tombo expedições holandesas portuguesas e brasileiras então é muito olhar branco olhar branco olhar branco sobre pomares porque eram os
dos atacantes que que falavam de palmares não se sabe nada hoje tem um trabalho de arqueologia lá que tenta é escutar alguma coisa mas é as informações são muito precárias então o zumbi é um personagem muito difuso e se sabe muito pouco a respeito dele então por isso que o professor joão marcelo carvalho frança da unesp ele fala da construção de um herói brasileiro é um livro muito interessante é três vezes 1 bi em que ele fala dos diferentes um bis que foram sendo construídos ao longo da história do brasil existem dúvidas inclusive se é
que existe um personagem com o nome zumbi a fusão aparentemente era uma nomenclatura era um nome era um chefe um comandante militar chamado sumbe e teria existido vários um bis ao longo do do século pouco de palmares o último deles é o que foi morto no dia 20 de novembro agora não se sabe quem era onde nasceu que idade tinha esse tinha filhos e não tinha sua se foi letrado não então começa uma construção de zumbi que hoje é alvo de grande disputa ideológica no brasil e que tem muito a ver com o a ideologia
marxista no século 20 que começa a projetar o zumbi valores das lutas ideológicas do século 20 então décio freitas por exemplo que era do partido comunista brasileiro ele fala de uma palmares em que havia assembleias populares as decisões eram coletivas era uma república libertária e que os zumbis teria nascido em palmares e foi numa expedição militar ele foi toada um padre do da cidade de porto calvo e em alagoas onde aprendeu latim e aprendeu língua portuguesa e depois ele fugiu e passou a liderar a resistência contra os colonizadores não existe documentação sobre sudeste freitas jamais
mostrou as fontes de pesquisa e vários outros beberam nessas fontes do décio freitas então e aí há mais recentemente o zumbi passa a ser um herói não apenas da causa negra mas também de todos os oprimidos no brasil dos camponeses dos ribeirinhos de todos os excluídos no brasil então é interessante essa construção mas assim quanto mais difuso personagens mais fácil você construir sobre ele então me chama muita atenção por exemplo que um personagem como luiz gama a respeito do qual tem informação muito concreta tem relato dele o que ele fez ele libertou mais de mil
cativos e nasceu livre foi vendido como escravo o pai não se não conseguiu se consolidar como um herói da causa da história negra como um zumbi dos palmares porque ele é um herói muito muito visível outra mais difuso e aí tem essa questão do da homossexualidade dos zumbidos pomares que é um tema obviamente muito delicado e é um tema que eu já tinha passado por ele no livro 1808 quando eu falei que o dom joão 6º aparentemente tinha um caso de homossexualidade com o peru dele isso causou muita reação do movimento monárquico contra mim portugal
chegou a escrever um livro contra mim por causa disso o livro chamado contestação o livro 1808 e que o principal argumento é que eu tinha sido muito cruel com joão ao dizer que ele poderia ter sido homossexual é uma tese do luiz mott luiz mott é polêmico por natureza é porque ele já desenvolveu esse tipo de de tese em relação a outros personagens mas ele chama a atenção para alguns aspectos curiosos segundo ele o zumbi era chamado tinha um apelido que era sueca saab de estranho na época nunca teria casado nunca teria tido filhos mas
isso também não tem documentação histórica é mais uma suposição do luis monti sim nem que não nem que sim e nem que não e um relato de que após a sua morte o cadáver de do sumbe teria sido mutilado o pênis teria sido de pensar decepado e coloquei inserido na boca dele antes de ele ter a cabeça também cortada exibida em cima de um poste na cidade do recife e essa era uma punição típica para os acusados de um sexualismo na época uma sexualidade é de homossexualidade e aí eu termino livro dizendo que isso esse
capítulo que essa história essa hipótese de luiz mott complica muito a construção do sumbe como herói no brasil porque é um país homofóbico é um país em que os homossexuais são atacados agredidos mortos simplesmente por serem homossexuais e aí você consolidar um herói ainda que seja um herói da causa negra um componente de homossexualidade fica difícil é um desafio grande né eu queria falar a gente está com um tempo assim mail vou te pedir pra acelerar para a gente conseguir ainda apresentar as perguntas mas é estamos ainda em palmares e eu queria falando do livro
a presença feminina que eu achei modesta ao capítulo da rainha ginga de angola catarina de bragança mas por exemplo as mulheres de palmares não aparecem nem aqualtune tem tem uma citação como mãe de ganga zumba dândara é não aparece no livro qual foi é porque isso porque essa invisibilidade e feminina ou isso é decorrente da própria a produção de informação histórica que enfim costuma exibir lizza as mulheres assim é uma crítica que eu aceito em relação a este primeiro volume e acho que existe uma construção masculina da história é o protagonismo é masculino isso contamina
todo tipo de narrativa que se queira fazer a esse respeito eu joguei luzes além de duas mulheres à a linha de bragança ea ginga mas realmente não é suficiente eu acredito flávio aquino segundo volume no terceiro vou me redimir porque no segundo volume eu vou chegar lá eu pedi tanto no segundo volume eu vou tratar muito da família escrava de alforria da construção da áfrica brasileira é a parte especialmente a partir do século 19 em minas gerais e por exemplo em minas gerais havia um número muito grande de alforria devido às características peculiares da escravidão
ligado ao ciclo do ouro e do diamante e as mulheres é que eram principalmente as beneficiárias a votação foi assim então tem um eu acho que tem um protagonismo tem luzes maiores sobre as mulheres no século 18 e 70 anos até porque tem mais documentação então por exemplo em palmares também é por um vídeo cec o protagonismo é masculino é do dunga zomba é do zumbi e mas sim acho que você tá me chamando a atenção para um olhar que eu tenho que ter cuidado especialmente no segundo terceiro volume chegaram aqui as perguntas duas delas
eu acho que se relacionam com mais uma pergunta que eu tinha pra você é e gente tá é é bom essa leitura é uma leitura dura né gera revolta gera um sim um sentido de necessidade de reparação tem um capítulo em que você batizou de reconciliação né que trata inclusive do projeto brasil dn a áfrica está aqui nosso zulu araújo que é protagonista é desse desse capítulo é fez uma viagem de retorno a partir da descoberta da da etnia ah eu próprio eu própria participei do mesmo projeto e descobri minha etnia balanta também é também
é a mesma na mesma situação e o que eu queria era te perguntar que sentimento que transformação você pretende causar é com esse livro porque com essa trilogia porque remete a vários a vários sentimentos ele ele traz loucura ele traz dores né tô te falando também como uma mulher negra que leu o livro de antepassados escravizados e tem uma pergunta que sobre isso o livro traz o tema da da reparação no brasil o imagino que seja humberto adami perguntando sobre isso a comissão da verdade da inscrição da escravidão negra no brasil vem atuando desde de
2015 qual sua opinião sobre o assunto né e o que se quis traçar o que se quis causar revolta sentido de reparação reconciliação é tudo isso é não acho que o objetivo desta obra é muito similar ao trabalho ao propósito dos três livros anteriores eu quero ser um abridor de portas é por isso que eu faço aqui uma ressalva importante tanto na produção quanto aqui na quarta capa que essa é uma história da escravidão no brasil artigo indefinido não é a história da escravidão no brasil seria muita arrogância muita pretensão minha tentar esgotar esse assunto
ou fazer uma narrativa final definitivo e acabada porque no meu entendimento as visões são muito diferentes por isso que eu falo desses desses diversos olhares sobre escravidão o assunto continua muito sensível muito polêmico no brasil hoje é um assunto que é no brasil da democracia um brasil que venha se exercitando a democracia pela primeira vez por tanto tempo sem ruptura embora claro a gente tenha visto microrrupturas ao longo do caminho mas a gente não teve um golpe militar como nós tivemos 64 algo parecido com a revolução de 30 esse país que começa a discutir a
sua própria identidade tem de olhar para a escravidão eu acho que no passado nós fomos construindo mitos nós não nosso foram impostos mitos a respeito do brasil de cima para baixo numa consulta uma construção oficial num país que era composto por analfabetos pobres excluídos que não liam não tinha o senso crítico porque num e não eram autorizados também a participar da discussão da identidade nacional então nós criamos alguns mitos é de que é um país pacífico um país cordial e de que nós somos um povo trabalhador honesto um gigante adormecido que uma hora vai acordar
vai surpreender o mundo com as suas muitas virtudes e muitas potências mas também de que nós tivemos uma escravidão mais benévola mais patriarcal no houve uma grande miscigenação nós nos misturamos rapidamente sem grande sofrimento e o resultado é que nós seríamos uma grande democracia racial e aí quando se começa a olhar o noticiário estatísticas desses mitos começam a cair por terra não é que se nós somos um país pacífico como é que se explica que 19 das cidades de maior índice de criminalidade no mundo no brasil como é possível se nós somos um povo honesto
como é que se explica corrupção é esse nós somos um povo uma democracia racial como é que se explica o racismo explícito cru que a gente observa não só em redes sociais mais em discursos de altas autoridades da república e usam tem muita consistência também na apresentação de dados e estatísticas seja históricas mas também contextualiza e se esse momento população carcerária isso eu faço uma série de itens mostrando que o legado da escravidão está no racismo da onu porque nós somos um povo profundamente preconceituoso e acho que não é só de cor da pele é
preconceito contra pobre conta no nordestino contra o indígena em tromsoe dr a gente encontra gay regiões nunca preconceitos um povo muito preconceituoso mas ele está no preconceito mas principalmente nas estatísticas da eu mostro aí olha em todos os itens que você pegar vendas melhores ocupações as profissões mais nobres os altos postos scolari da administração pública escolaridade moradia educação segurança tudo tudo tudo tudo o degrau é gigantesco entre a população descendente de colonizadores europeus e afrodescendentes uma coisa que é sem é inaceitável é absolutamente inaceitável quando você olha do ponto de vista puramente estatística a população
carcerária brasileira um homem negro no brasil tem seis a oito dez vezes mais chances de se morrer em homicídio de um branco é nas grandes periferias que os jovens negros são abusados pela polícia todos os dias simplesmente pela cor da pele por serem suspeitos até prova em contrário o cinturão de pobreza que hoje assusta as nossas metrópoles é legado da escravidão óbvio então aí a gente entra na questão da reparação da chamada dívida social e as pessoas estão me perguntando o que mostra também que ninguém escreve um livro sobre escravidão e sair incólume é esse
assunto não dá eu escrevi um livrinho ali vende foi na bienal foi divertido vou embora para casa pensar em outro assunto não aqui eu entro realmente acho que num campo de batalha e preciso me posicionar e não adianta dizer eu fiz crê vita ótimo embora pra casa ele continuou discutindo então acho que o fato de escrever esse livro me chama assim para um papel político o primeiro deles é chamar a atenção para o assunto é o livro tem tido uma repercussão muito grande muito grande muito maior do que imaginava e eu acho que isso é
bom quanto maior o número de pessoas que tiver sua consciência despertada para o assunto bom isso é ótimo ainda que não seja dedica à obra seja questionável na sua semântica no seu na falta de um maior protagonismo de mulheres assim por diante mas eu estou chamando a atenção então a obra não esgota é isso é uma como esse né mas então acho assim o fato de eu ser um autor best-seller me confere um papel diferente a tratar da escravidão porque estou chamando a coisa bem e também é da opinião as pessoas são chamadas que se
a favor de cota não é eu digo sou 100 claro eu sou a favor eu acho que assim o brasil precisa corrigir eu sou a favor de cotas para afrodescendentes impostos da administração pública nas escolas a cimpor é favor de bolsa família bolsa escola porque isso é um investimento no futuro agora eu acho que também nesse caso a gente tem que tomar cuidado com a semântica se você tratar isso como dívida histórica você vai atrair preconceito e resistência porque esse é um país com o oceano e injustiçados excluídos e que não isso não necessariamente são
apenas usar o movimento tem os ribeirinhos e os camponeses e os índices do sertanejo tem um ser um mar de excluídos e às vezes se tratar como reparação apenas de dívida história você vai atrair resistência de uma parte da população que não vai se julgar contemplada e que pode ser manipulada politicamente como está sendo agora para resistir a esse tipo de proposta de política pública então eu proponho que se discuta como um investimento no futuro porque se o brasil não fizer adotar essas políticas públicas agora nós nunca vamos ser um país decente vamos fazer uma
analogia simples aqui imagina o brasil como a floresta já a criação falando da amazônia não é um jardim em uma lavoura em que uma parte das plantas recebe ligação luz solar nutrientes ea outra não não recebe recebe água não recebe chuva não receber tubo não recebe nada essa lavoura esse jardim essa floresta nunca vai ser uma floresta exuberante na sua plenitude ela vai tá privada dos recursos de se tornar um ecossistema na sua plenitude a sua da sua capacidade de produção de frutos de flores e sementes e assim por diante e é o que está
acontecendo hoje no brasil nós temos um mar de pessoas que têm vocações tem habilidades e não conseguem expressar mas porque não têm oportunidade simplesmente não tem escola não tem moradia não tem educação não tem nada então se nós quisermos ser um país que lá na frente vai produzir ipad iphone netflix e sem banco ganha prêmio nobel no estas pé isso nós precisamos corrigir essas distorções hoje até porque a pobreza ea riqueza tem mecanismos internos de reprodução a pobreza se reproduz e à riqueza também então é preciso que o estado intervenha para corrigir essas distorções eo
achei politicamente é mais fácil você vender dessa forma com um investimento no futuro para que todos os brasileiros consigo expressar só possui potencial dos seus talentos suas vocações por que tratar como dívida histórica que eu acho eu tô vendo que o que gera preconceito e resistência olha nós temos cinco minutos talvez sete né e algumas aqui perguntas eu não sei se vamos dar conta de tudo acho que o tem uma pergunta que sobre como acha que o povo negro vai ver é essa essa obra não é fácil né responder isso até porque os negros não
são um povo né são muitas pessoas com muitos diferentes valores crenças posicionamentos políticos mas temos isso é a mariângela tá perguntando sobre a influência do álcool da e sobretudo da cachaça nas relações entre é escravocrata c escravizados e eu sei que no livro faz uma referência isso é que a chegada também da pólvora das armas de fogo e das bebidas alcoólicas foi simultânea ou ganhou também intensidade nas trocas né de pessoas escravizadas tem uma pergunta sobre a escravidão no brasil foi base para a revolução industrial na inglaterra me parece que fala que as que simultâneo
né uma uma coisa bebe na outra e aí eu queria ver se você quer responder sobre o povo negro e essa questão do álcool em dois minutos três talvez porque eu tenho uma última pergunta que eu queria que vocês se despedir se com ela porque acho que é importante não vou antecipar a pergunta mas eu acho que é importante que é mais difícil não vai ser difícil perguntas mais difíceis bem a reação livro está sendo lançado essa semana e é difícil fazer uma avaliação né eu tenho muitos amigos colegas é negros afrodescendentes que estão me
estimulando a continuar estudando esse assunto participei já de duas sessões de autógrafo muito rápido e com muitas professoras negras da periferia do rio de janeiro vindo comprando livro e até eu me surpreendi até com uma atitude de gratidão que bom que você está contando a história do nosso povo mas isso gera também em mim um sentimento bastante e eu vou ter que aprender a administrar que essa coisa do não quero ter uma atitude que os ingleses chamam de patronais em olha agora chegou um homem branco que vai contar a história do povo negro foi a
manhã juarez é isso salvador branco então como é que eu vou enfrentar essas diferentes avaliações e que hoje estão dentro de mim não é nem ela nem a reação real está dentro de mim são os meus medos são os meus temores de ser confrontado com a decisão de escrever um livro sobre escravidão com absoluta transparência absoluta honestidade amplo disposto a conversar sobre tudo que aparecer ouvir críticas inclusive corrigir rumos provavelmente isso vai acontecer então com absoluta franqueza com absolutamente unicidade transparência é melhor maneira e pronto mas já sabendo que o assunto é importante o assunto
é delicado o assunto merece ser tratado com respeito por isso que aqui na capa não tem brincadeira você vê que ao contrário dos outros livros é uma capa mais porque o assunto pede eu não posso brincar com escravidão e essa minha atitude né é o álcool se quer falar em um minuto assim é isso tem a ver com esse argumento racista que se usa no brasil hoje de que africana escravizavam africano negro se casava negro portanto é um problema deles é mas é preciso lembrar também que essas mercadorias foram usadas na áfrica no comércio de
gente então os europeus eu mostro isso tem umas estatísticas aqui terão também no segundo livro é desovar o na áfrica toneladas e toneladas de armas munições e cachaça bebidas alcoólicas que desestabilizaram de certa forma o ecossistema político e militar do continente africano então é várias guerras foram estimuladas pelo fornecimento de arma por alianças políticas que os europeus faziam com determinados povos com determinados chefes locais com o objetivo de obter o maior número possível de escravizar pelo menor preço então um caso típico que eu vou tratar no segundo livro é o do reino que tal homem
era um minutos até a cachoeira do domex se constitui basicamente própria fornecer cativos numa guerra ali entre e ouro base e do metano outro spoiler livro do livro número dois é bom vamos chegar ao fim vai ser a última pergunta o livro é muito duro né é uma das partes mais talvez duas netas partes mais dramáticas você fala da travessia e dos tubarões que começam a a seguir navios negreiros os bombeiros em razão dos corpos que eram arremessadas você fala dos castigos físicos logo na chegada para em alguma medida com todas as aspas domesticar o
adaptar né e no entanto você fala de beleza encantamento da herança africana no livro você traz uma a uma frase de roger bastide dizendo que a escravidão não apenas dividir mas também o único que divide o luiz antonio simas que é um historiador também autor diz que a diáspora aniquila ea cultura da diáspora constrói eu queria que você falasse então dessa do que você encontrou de beleza nessa experiência de asfor ica do povo negro brasileiro é a emociona nessa nesse mergulho que você fez a partir da brutalidade da escravidão é eu acho que tem aqui
muita torre tem muita sofrimento que é inevitável nessa não fala da escravidão como se estivesse dando um passeio mas embaixo disso tem muita beleza né tem muita capacidade de resistência e adaptação de reconstrução da identidade e residência e tem também a construção de um barão de um brasil que se nós aceitarmos esse brasil como ele é é um brasil muito bonito um brasil muito plural um brasil muito rico do ponto de vista das diversas contribuições que a cultura civilização a sociedade brasileira recebeu porque nós estamos vivendo hoje no mundo que constrói muros fronteiras que rejeita
emigrante receita o outro mundo absolutamente preconceituoso segregacionista e nos tolerante é intolerante e nós temos um país absolutamente plural um país com muitas contribuições das mais diversas origens e naturezas então é se nós aceitarmos essa pluralidade brasileira mas não é uma simples aceitação assim eu aceito que o brasil é plural é preciso incorporar essa pluralidade entre os direitos os benefícios as oportunidades que todos os brasileiros deveriam ter estimular essa pluralidade na forma de políticas públicas que promovam a sua beleza à sua capacidade de se expressar o brasil pode ter uma contribuição muito diferente no mundo
daqui pra frente se apresentar o mundo assim mas antes nós precisamos aceitar que essa beleza existe e vez de ficar importando modismos que chega de fora que são segregacionistas são preconceituosos excludentes porque isso sim vai levar a uma situação em que nós vamos ficar muito parecidos com outros povos que não se entendem definitivamente e vamos perder um dna de construção de reconstrução de identidade que tinha sido colocado em frangalhos pelo tráfico negreiro e que está presente dentro da nossa da nossa realidade brasileira e que só precisa se expressar então eu diria assim que embora a
história seja victor escondida nessa dor tem beleza mas nós somos reconhecê-la estimulá la para que ela se expresse senhoras e senhores laurentino gomes [Aplausos]