Roda Viva | Maria da Penha | 26/11/2018

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Roda Viva
O Roda Viva promove uma entrevista com Maria da Penha Maia Fernandes, logo depois do Dia Internacion...
Video Transcript:
é [Música] mais do que um símbolo do Combate à violência contra as mulheres ela se transformou também não exemplo de superação a tragédia que sofreu há 35 anos quando o ex-marido disparou um tiro contra ela deixando-a paraplégica permanece na memória mas hoje serve de motivação para levar adiante a luta contra violência doméstica um combate cada vez mais importante como mostram os números uma em cada três mulheres no Brasil já sofreu algum tipo de agressão física sexual ou moral ou psicológica é contra este tipo de crime que o Instituto que leva seu nome promove ações de
conscientização Na tentativa de desconstruir o comportamento machista que induz as agressões hoje o olhar Sereno e o sorriso tranquilo escondem a força EA determinação com que esta cearense de ser o anos leva adiante sua missão destinada a evitar que outras mulheres têm um mesmo destino não bastasse a tragédia que ele marcou a existência Ainda teve que enfrentar a impunidade assegurada pelas leis brasileiras o ex-marido que tentou assassiná-la duas vezes levou quase 20 anos para ser preso condenado a 10 anos cumpriu apenas dois e logo o recuperou a liberdade ela ao contrário ficou presa a cadeira
de rodas por toda a vida Maria da Penha Maia Fernandes ou Maria da Penha Como diz a lei que leva seu nome está no centro do Roda Viva de hoje é [Música] olá bem-vindos ao Roda Viva o mais tradicional programa de entrevistas da TV brasileira hoje no centro da roda está Maria da Penha Maia Fernandes a brasileira que empresta seu nome à lei considerada pela ONU como uma das melhores do mundo para o Combate à violência contra as mulheres estamos no ar em todo o país pela TV Cultura pelas emissoras afiliadas pelo nosso canal no
YouTube pela nossa página no Facebook também no nosso perfil do Twitter para conversar com Maria da Penha convidamos Tatiana Moreira Lima juíza auxiliar da capital e exercício no setor de violência contra Infante idoso deficiente e tráfico interno de pessoas Valéria scarance promotora de justiça e coordenadora do núcleo de gênero do Ministério Público de São Paulo Oi Vânia passinato sociólogo e consultor em políticas públicas de enfrentamento à violência contra a mulher Elsa Paulino de Souza inspetora superintendente da Guarda Civil Metropolitana de São Paulo Gabriela Maia apresentadora da Rádio BandNews FM Mariana coxo apresentadora do programa Momento
papo de mãe da TV Cultura e somos acompanhados e supervisionados pelo nosso cartunista feminista Paulo Caruso com desenhos feitos em tempo real bem-vindo as todas Muito obrigado Maria da Penha por vir de Fortaleza para o nosso programa faz 35 anos que a senhora sofreu esse atentado horrível que a deixou de cadeira de rodas para vida inteira faz 12 anos da aprovação da Lei que leva o seu nome mas continuo havendo atentados contra a mulher em todo Brasil o que fazer ainda o que falta ainda para dar um basta esses crimes Boa noite a todas as
pessoas que estão nos ouvidos obrigada pelo convite Ricardo É uma honra estar aqui com você e infelizmente a gente tem percebido o aumento da violência contra a mulher né e eu entendo que é a um relaxamento da é do governo em criar as políticas públicas para que a lei que leva o meu nome ela seja é 20 essas mortes violentas é é é é realmente é muito difícil a gente vê que nós temos como você mesmo diz uma das melhores leis do mundo quando as três melhores lei do mundo e de repente a Esse aumento
de feminicídios que a gente quer imprensa tem noticiado falta mais empenho do poder público é eu acredito que sim certo eu acredito que as pessoas que trabalham na rede os profissionais que trabalham na rede estão precisando ser mais capacitados né as pessoas que devem trabalhar na rede são pessoas comprometidas com a causa né não se admite o juiz dizer que aquela mulher foi assassinada por que ele não é devia o pensamentos bom então é precisamos pessoas comprometidas porque todas nós mulheres podemos sofrer violência doméstica né no momento qual que é da nossa vida e é
nóis precisa alguns garantir essa lei para que é Vitor e isso que proteja uma mulher e que essas mulheres serão que nossas filhas nossas metas né Nós precisamos é que essa lei Seja forte e seja devidamente implementada prima Vamos começar agora fazer a roda girar nesse sentido Gabriela eu queria perguntar sobre antes da aplicação da Lei as possibilidades de prevenção da violência contra a mulher a senhora costuma falar bastante nas entrevistas quando conversa com as pessoas sobre isso sobre a educação sobre a importância de desconstruir e comportamentos machistas levar esse tema prazo e como a
senhora acha que é possível fazer isso com a importância de fazer isso em um momento em que há uma resistência muito grande até uma posição esse falar de gênero na escola e a gente está falando de uma violência de gênero isso nós temos é uma das recomendações do relatório do comitê interamericano de Direitos Humanos da fala que toda é toda a cultura só se desconstrói através da educação e isso é possível fazer né fazendo com que os próprios professores que às vezes é não se identifica com o posicionamento machista e por exemplo diesel os os
alunos os meninos podem ir para o recreio né que as meninas vão ficar para arrumar a sala de aula para a próxima aula após o recreio porque SSS essa diferenciação meninos e meninas são em uma sala de aula e os meninos e meninas são capazes de ajudar sua mãe dentro de casa todo são todos são capazes mas como aprender a não ser capazes como como aprenderam a a rua entendem como são cobrados por outras tarefas e não da da mesma tarefa da menina se criou se dessa maneira e quando adultos se acham também que estão
privilegiados e não ajudam na criação dos seus filhos Então essa Cultura vai se perpetuando de que os homens é o determinante deve ter determinadas tarefas e as mulheres outras tarefas quando nós mulheres hoje somos são capazes de fazer qualquer tarefa que o homem faz e às vezes essa relação não fica claro mas isso tem a ver com violência no Fim da Linha tem a ver com ver a ver com a violência porque se essa criança crio e foi criada vendo seu pai bater na sua mãe e esse agressor não ser punido como a lei determina
que seja né ele vai se ele não for orientado na escola que isso é crime ele vai continuar repetindo essa cultura que ele aprendeu agora a Valéria scarance Por favor da Maria da Penha É uma honra estar aqui é assim olha um símbolo para todos nós e para todas nós no sistema de justiça a gente frente a mente a violência contra a mulher já se passaram 10 anos mais de 10 anos da Lei Maria da Penha e apesar disso grande parte da uma sociedade não enxerga a violência estão uma a cada quatro pessoas entende que
se a mulher continua com o parceiro ela gosta de apanhar e oitenta por cento da nossa sociedade homens e mulheres se entendem que em briga de marido e mulher não se mete a colher é o que fazer como transformar a nossa sociedade esse olhar de machismo de né que faz prosperar sempre essa situação de violência é isso é isso é resultado da cultura também né porque é se o homem Hoje ele agride a sua mulher ele ele acha que pode agredir que essa mulher propriedade dele ele aprendeu é isso então ele está repetindo o que
ele aprendeu por isso que tem homens que Ao serem sensibilizadas no momento em que ele é presa é punido porque ele bateu na sua mulher esses homens eles eles dizem isso eu vi meu pai batendo na minha mãe o meu avô batendo na minha vó eu fui criado desse jeito para mim isso é normal sim bom então eu não sei se eu atendi a sua pergunta mas eu acho assim que está faltando educação realmente tanto para os os adultos já né os homens adultos que eles se conscientize disso e a gente precisa trabalhar a criança
nesse sentido inclusive atendendo a uma das recomendações da UEA e fala que desde o ensino fundamental deve se educar as crianças a saber lhe respeitar que mulher meninos e meninas são iguais têm os mesmos direitos os mesmos deveres né E deve respeitar suas mulheres não é porque o menino tem a força física maior do que a menina né que ela Ele vai fazer uso dessa força física no momento em que precisar alguma atitude que ela tem e é se posicionar sobre a menina né e a senhora acha então que lembrar da fêmea e Poderoso mulheres
se transformou a realidade as mulheres em nosso país sim e certo. Se mas de outro lado também a gente vê que nem todas as mulheres têm esse conhecimento porque porque há um descaso do poder público né de fazer chegar a todas as mulheres né o funcionamento da Lei Maria da Penha e o mais importante por menor que seja o município é necessário que seja crescer criado nesse município o centro de referência da mulher que para mim eu considero um das políticas mais importantes de esclarecimento sobre a Lei e de e a mulher ficar é empoderada
para decidir denunciar o seu agressor né que é o centro de e a mulher é onde a mulher ela tem dúvidas sobre o que ela vai fazer sobre a sua situação mede humilhações não precisa nem chegar a violência física né humilhações é que ela se sente mal naquele relacionamento Então se ela tiver acesso ao centro de referência da mulher ela vai ser orientada psicologicamente né através também de um advogado e de um um serviço social então ela vai entender que o que ela está sofrendo a violência embora ela só acredita que a violência que existe
seja a física é isso eu queria aproveitar Maria da Penha tem que dizer que é uma honra tá aqui com você o que que acompanha as que há mais de 20 anos desde que morei lá em Fortaleza né e conheci toda a sua histórias que todas nós aqui estamos muito emocionadas pela e da sua luta e pela sua história né E aproveitando isso que a gente tava dizendo eu me lembro que uma vez você comentou comigo que muitas vezes a violência psicológica e moral que também é crime né ela pode ser ainda pior do que
um tapa na cara do que uma violência física né E por que isso porque às vezes até difícil a própria mulher entender que ela tá sofrendo essa violência psicológica né E que pode ser tão cruel ou até pior do que a agressão física sendo crime tanto quanto E é porque ela ela sempre conheceu a violência é física como você de violência contra a mulher que a mulher é apanha do marido então que ficam marcas né quando a violência psicológica às vezes não deixa uma marca eterna mãe dela interna e do caso além de não deixar
é marcas é que a se ela resolve denunciar quem vai acreditar na palavra dela né quer dizer se a mulher e vai a uma delegacia comum onde ela pode ser atendida o ideal seria delegacia da mulher né então ela vai na delegacia comum e vai falar para o delegado que não tem sensibilidade para atendê-la muito pelo contrário é é também uma vítima da do machismo né foi criado dessa maneira né então no momento e vai ele vai em vez de ajudar a orientar essa mulher devidamente para que ela faça faça sua dela eu sou tudo
mais ele é vai aconselhar mulher dentro da Ótica machista né hora quando a mulher vai à Delegacia da Mulher Não é a primeira vez que ela sofre violência muitas vezes ela tem sofrido violências muito graves de psicológica moral né Então nada organizzato humilhada né então e quando ela fala em separar assim que ela está sofrendo a família aconselha não fazer isso não espere Deixa a ressaca acabar né que ele não vai mais fazer isso que realmente depois depois que a ressaca acaba ele já fica menos violento Porque ele vai ter que trabalhar na segunda-feira e
não pode com ressaca né então os dias que ela mais sofre não sabe de Domingos feriados e e muitas vezes delegacia da mulher não está aberta aí as muralhas tão Depois aí ela vai onde delegacia comum e o delegado vai aconselhar ela já tá cheia de conselhos da família dele da família dela não é Então ninguém quer conselho mulher nenhuma que sofre violência que teve a coragem de denunciar quer ser aconselhada ela quer ser atendida na lei que disseram para ela que resolve os problemas da mulher que sofre violência né então é outra coisa pronto
isso né com certeza é uma honra estar aqui e ainda em se tratando da Lei no artigo oitavo fala das medidas Integradas de prevenção capacitação educação entre outras qual a importância que a senhora ver nesse trabalho de integração uma vez que sem ele não é possível dar continuidade na lei e dentro desse trabalho de integração entre todas as forças o que é possível a gente fazer para potencializar ainda mais esse processo uma vez que a desinformação ela está presente em todos os lados tanto de quem atende quanto de quem vai buscar o serviço então é
necessário a gente potencializar de que forma se eu puder emendar pergunta Ainda não vamos usar uma pergunta como podemos potencializar essa questão da rede de integração certo é e eu acho assim que os poderes constituídos né Por exemplo a as coordenadorias das mulheres Secretaria das mulheres nem cada estado tem procurado divulgar né é a lei como ela deve ser aplicada né então assim é através desses cursos que essas instituições então e da e da experiência que vocês tem que pôr eu quero até parabenizar que o trabalho que da Guarda Civil é muito importante que a
mulher sem ser muito confiança né e receber ou um guarda ou uma guarda civil né ali para orientar ele dá um ânimo né então eu acho que é só é essas atitudes esse essa vontade de acertar e ter o conhecimento sobre a lei é com certeza não vai frustrar nenhuma mulher né que vai te procurou a lei para se proteger e e tem na sua cidade né pessoas que sabem trabalhar e protegido Oi Tatiane falar Maria da Penha um prazer estar com você admiração eterna eu trabalhei cinco anos com a sua lei e joguei por
volta de cinco mil casos de violência contra mulher eu tenho um dado aqui de São Paulo foram entre 2016 e2070 de 2018 de feridas ou analisadas submetidas à análise dos juízes 225.000 medidas protetivas só no Estado de São Paulo o que que você acha das medidas protetivas o que pode ser feito para elas terem maior efetividade porque muitas vezes o que a gente sente enquanto é aplicador da lei é que sob medida protetiva por si só não é suficiente para garantir a segurança dessa mulher eu queria ouvir a sua opinião e olha eu entendo que
é muito importante porque realmente é o estado não pode colocar um policial para cada mulher que tá em sua medida protetiva Mas se a lei endurece em relação aos que não atendem não atende a decisão do juiz de fazer com que aquela que aquele homem não se aproxime da mulher né e que e Furiosos prioritariamente esse homem seja muito bem é seguido pela polícia e ao menor e ao menor sinal de que ele está tentando se aproximar que ele seja preso porque ele está deixando de cumprir uma ordem judicial né então é necessário assim então
a fiscalização da polícia acerca dos Reis dos referir agressores de mulheres que estão que devem cumprir medida protetiva E no caso de uma falha de Ele está querendo se aproximar que ele seja preso imediatamente para que os outros também Sigam o exemplo para que os outros que estão numa situação igual não repitam e não ultrapasse a medida protetiva que lhe foi dada ele é uma forma de prevenção geral para tratar a prática bem é homem preso é não descumprirem as medidas protetivas risada tem agora A Vânia vai fazer a pergunta dela tenha uma alegria tá
aqui com você a gente tá falando aqui de violência da persistência da violência apesar da Lei Maria da Penha né com 12 anos já de implementação mas na verdade nós temos uma grande dívida com relação a lei com relação às mulheres que sofrem violência que é justamente a falta de dados nacionais que nos permitam saber né quem são as mulheres que sofrem violência no país que tipo de violência sofre e quais as condições que hoje tanto a Lei Maria da Penha quanto a lei do feminicídio tem encontrado na sua aplicação sem dados confiáveis em dados
acessíveis é impossível a gente saber onde é que estão os obstáculos não é de fato para implementação dessas leis de uma forma integral e portanto não sabemos dizer onde falhamos e não sabemos como a situação para corrigir essas falhas né é uma falha com relação inclusive as mulheres que sofrem violência o Instituto Maria da Penha em parceria com a Universidade Federal do Ceará em 2015 na entre 2015/2016 realizou o que é o principal visto tudo que nós temos sobre violência contra as mulheres no Brasil né sobre a violência doméstica e familiar que a pesquisa sobre
condições socioeconômicas e violência doméstica e familiar contra as mulheres Eu gostaria que você falasse um pouco da importância desse estudo de onde veio essa ideia do Instituto né já que você foi a grande idealizadora e como é que nós podemos usar mais a informação que foi produzida né que é uma quantidade enorme para poder pensar e corrigir os rumos da aplicação da Lei Maria da Penha b a criação do Instituto Maria da Penha né foi uma ideia é uma palestra que eu fui dar num em Pernambuco a convite de uma professora Universitária e ela nós
começamos a conversar nossas ideias né for fura se complementando e ela ela a ideia de criar o instituto foi dela né então ela é uma das fundadora do Instituto de hoje é a vice vice presidente do Instituto EA coordenadora pedagógica também e essa essa pesquisa né Vamos conversa que nós tivemos alguns ser e principalmente nessa conversa é nunca ninguém tinha falado sobre a violência sobre as vítimas invisíveis da violência doméstica né É Oi e eu tá ok com ele e se assuste de só olha eu quero saber onde estão as vítimas invisíveis que até o
dia de hoje não é nem comentado nada sobre isso e quem são essas vítimas são os órfãos da violência doméstica né E então essa pesquisa surgiu algum tempo depois a ideia né E nós além alimentamos E se for indicado um professor de renome internacional Professor José Raimundo José Raimundo de Carvalho da Universidade Federal né E essa pesquisa começou a ser feita e nós temos hoje né na os dados referentes ao ano de 2017 e para cada mulher assassinada ela deixa três órfãos vítima dessa violência e muitas vezes órfãos menores a maioria deles são ovos o
que muitas vezes ver seu pai assassinar sua mãe né Então e nós não temos nenhum trabalho mesmo antes da criação da Lei Maria da pen drive né falando sobre essas crianças nós sabemos não sabemos os para dentro dessas crianças o que que foram feito delas novos agressores não aguentaram ficar em casa e fugiram para a rua e ficar a fazer parte daquela daquele grupo que vive na rua né assaltantes tudo isso ninguém sabe é uma revolta muito grande você perder a sua mãe vendo o pai fazer isso né e assim eu estou dentro dessa estatística
porque minhas filhas eu tinha três filhos que poderiam ter ficado Órfã de mãe e eu me imagino a toda mulher que está sendo assassinada por que era só o que eu pensava é né meu Deus não deixe minhas filhas ficarem órgão de mãe né porque a gente sabe nós mulheres e Os Bons Pais no momento em que eles conseguem Eles Têm filhos eles estejam futuro dos filhos né o pai que assassina a mãe não pensa não é e nós mulheres desde a gravidez a gente se cuida e tem medo de ter doenças que possa nos
levar né para o outro lado né antes da gente ter cumprido nossa missão de ver nossos filhos sendo criadas né a gente a gente é até mais as mulheres só até mais cuidadosas com a sua saúde para poder serem firmes e poderem continuar a viver junto com seu filho aquelas né se tornarem mulheres eu quero ver as minhas já se tornaram Mas eu não quero morrer agora são tão por favor daquela era que era muito dera é é dolorido eu pensar disse eu pedi muito a Deus nunca te deixar as minhas filhas e essa é
uma dimensão trazida pela pesquisa né exata além dos Ossos Então ela trouxe que para cada para cada mulher morre assassinada fico três filhos na orfandade Vamos agora para um rápido intervalo voltamos a com a Maria da Penha é rapidinho é [Música] E aí [Música] nós estamos de volta com a Maria da Penha a brasileira que virou nome de Lei Maria da Penha nós temos agora uma mensagem de uma grande admiradora sua que muito nos honrou com esse depoimento antes de exibir precisamos registrar o agradecimento a Rede Globo pela permissão do uso da imagem da apresentadora
boa noite para você e para todos que estão participando do programa Roda Viva você merece muito tá no centro dessa roda eu acho que eu tenho muito a dizer muito a trocar com as pessoas eu fico muito impressionada como alguém que teve um sofrimento tão grande como o seu foi capaz de se doar tanto para outras mulheres eu acho que essa empatia ter se colocado no lugar de outras que ainda estão sofrendo fez toda a diferença na hora da aprovação da criação da Lei Maria da Penha pois as mulheres têm orgulho de dizer isso né
que elas falam que elas têm uma lei para ajudar a protegê-los e isso é muito forte muito impactante é a tal da lei que a gente quer sempre que pegue né E a sua pegou no nome o que ela faz a mente ao sofrimento de tantas mulheres é um crime que infelizmente é claro que acomete mais as mulheres negras mulheres pobres mas está em todas as classes sociais atingindo mulheres de todas elas então que bom que você fez esse trabalho por todas nós muito obrigada e além de tudo para você brotar uma coisa fiquei muito
feliz de receber você aqui no nosso encontro as portas estarão sempre abertas para você e tenho maior orgulho de saber que você acompanha o programa que você gosta do que a gente faz muito obrigada por tudo um beijo grande e Arrase aí na entrevista uma mensagem carinhosa da Fátima agradecemos então a Rede Globo por ter cedido as imagens da apresentadora Fátima Bernardes agora vamos a Gabriela eu queria falar um pouquinho sobre o atendimento às Mulheres vítimas de violência a lei prevê que elas sejam atendidas com inclusive um atendimento multidisciplinar a lei prevê por exemplo a
casa da mulher brasileira né que naquela não precisa ficar pingando da delegacia da mulher pô o público Tribunal de Justiça enfim daquela receba em um único lugar o acolhimento de que ela precisa a proteção EA orientação no entanto a gente tem pouquíssimas unidades no Brasil apenas em algumas capitais do país qual é a dificuldade de colocar esse lugar de acolhimento de proteção da mulher vítima de violência em prática ou é só uma questão de não ser uma prioridade para as políticas públicas não acredito que é realmente não ser uma prioridade né para o governo né
Não ele não faz disso uma prioridade porque não resta a menor dúvida de que a mulher poder encontrar no local só toda toda a estrutura para que ela chega de uma maneira isso é de outra né com um problema resolvido as coisas andando é é é muito é muito importante isso mas infelizmente a gente sabe que só existem quatro acho casa da mulher brasileira né é uma dificuldade muito grande a uma promessa de três que nunca sai exatamente a promessas mas não saem Inclusive tem Casas da mulher brasileira que estão interditada né Tem uma dessas
casas que está interditada né Por um problema técnico de construção e a gente fica assim preocupado né porque às vezes a mulher precisa sair do seu bairro para ir uma delegacia da mulher em outro bairro né quando perto da sua casa tem o delegacia comum é né Mas como você sabe que geralmente as delegacias comuns não tem a sensibilidade de atender a mulher eu já tive a oportunidade de saber de um amigo meu que foi levar um almoço aqui trabalhava na casa dela na casa dele que recebeu violência doméstica na rua né a moça recebe
essa o marido a bateu nela na rua quando foi chegando na na delegacia do bairro que a moça desceu a da porta mesmo o vigilante disse não é que ninguém atende mulher só homens aí mandou para delegacia da mulher aí ele foi levado à Delegacia da Mulher como era carnaval eu tava sem funcionar quer dizer é muita duro a gente imaginar tem aqui as mulheres ainda precisam contar com a sorte quer dizer com a sorte de ter alguém sensível ou com a sorte de ir até uma delegacia que vai encaminhar e queria também aproveitar e
saber a sua opinião sobre a a sociedade quando uma mulher grita a noite não prédio pedindo socorro ela tá sendo agredida E ninguém liga para polícia nem ninguém liga para 180 para denunciar que pode até fazer uma denúncia anônima né quando ninguém liga é porque essa sociedade está sendo conivente ainda não entendeu a gravidade da violência doméstica como até uma questão de epidemia no nosso país é a gente a gente fica assim realmente surpreso não é de ver né os gritos como a gente viu ali né tão público foi colocado na televisão né aquela mulher
correndo né naquele prédio todo sendo maltratada gritando e ninguém fazer nada né as mulheres precisam os vizinhos precisa se sensibilizar e se fosse a sua filha né o vizinho precisa pensar nisso E se fosse a minha filha a história de meter a colher né só terminei de colher e não dá fazer quer dizer que a gente precisa ajudar o próximo no caso da nossa vizinha é a próxima se se tiver se ela fosse vítima que a gente faça tudo para que para denunciar naquele momento de aflição velho que vai fazer toda a diferença vai salvar
o modelo na verdade muito se fala de violência contra mulher com um problema das autoridades do Estado né mas o estado é finito né EA violência acontece na casa dos nossos vizinhos com os nossos amigos e amigas que as pessoas próximas né do menos uma Cada três mulheres sofre violência eu acredito que mais porque é muita subnotificação então Todos nós temos um papel Eu já queria aproveitar e fazer uma pergunta para senhora essa linha de discussão que me lembro de uma palestra da senhora que a senhora mencionou os efeitos de tudo o que aconteceu das
suas filhas é que às vezes a gente fala de violência contra mulher como se essa violência se esgotassem da mulher fosse infinita mas ela passa os filhos e filhas né Eu queria ouvir um pouquinho a sua sobre isso qual foi o impacto que as suas filhas e será que deu um momento também a gente pensar em políticas públicas os filhos da violência esses filhos e Filhos da violência e é eu aos ovos invisível e já sabe que não existe nada né Agora eu acho que quando uma mulher ela toma uma ela consegue sair de uma
situação né não tão grave quanto a minha mas assim uma situação daquela convivência diária que consegue consegue sair dessa situação eu acho que o exemplo dela é muito importante né para os filhos e as filhas e os filhos não repetir aquilo que viram na quando for quando adulto forem né Essa mulher tá colocando que aquilo é errado né e as filhas também de detectar e com mais facilidade né um homem que o agressor não é aquele que faz barulho grande quando namora né é uma não é aquele que que fala Grosso ao É né mas
que no momento em que a aquela União os filhos começa a nesse este ano começa a perder aquela sua delicadeza perder entre aspas né ele já era assim mas ele queria ele ele era apaixonado e queria é casar até filhos né Então ele mostra sua verdadeira personalidade tem que muitas mulheres não abandonam os seus parceiros violentos tem esse receio de que isso causa algum Impacto para os filhos mas todas as pesquisas mostram que na verdade viver com parecido violem é muito mais destitutivo né como a sua bem mencionou é o exemplo que ensina Então mamãe
consegue superar era ensinar os filhos a força é eu acho que a as mulheres por exemplo as mulheres do tempo da minha mãe né a tudo suportavam porque ser uma mulher desquitada e era um um mau exemplo para servir mesmo né mas nós estamos em outra época graças a Deus né Essas mulheres antes mais antigas aos poucos superaram aos poucos Saíram de casa para trabalhar né talvez aí já mostra outro exemplo né de que ela é capaz conseguiu sobreviver e até no outro momento talvez tenha separado por quê Tá teve essa esse comportamento de luta
e de conseguiu emprego né de trabalhar bom então é eu acho que hoje em dia as jovens as mulheres têm muita experiência não só em casa né como na família de uma maneira geral como nas amizades não existem vários tipos de mulheres só vendo que as mulheres que conseguem superar e da exemplo graças a Deus são muitas as sociedades né Talvez nós vamos se mudássemos o foco das nossas campanhas e colocássemos um pouco mais as crianças nessas vítimas silenciosas quem sabe sensibilizar íamos mais é tanto a sociedade e como os próprios vizinhos porque realmente é
uma dificuldade sensibilizar o vizinho quando se trata da mulher Porque infelizmente a gente tem um processo cultural e nesse nessa questão de mudar um pouco foco do nosso da nossa sensibilização eu gostaria de e a senhora o que nós de que forma que nós poderíamos dentro do programa dentro daquilo que as guardas municipais da Guarda Civil Metropolitana desenvolvem pode mudar nesse sentido pode fazer para auxiliar essa essa estrutura de conscientização né só o programa assim o problema ele é efetivo e tem a efetividade dele na na ponta não operacional mas nós precisamos pensar no trato
na que a gente pode fazer antes de que isso aconteça que forma que nós aí eu eu penso que estarei estarei aqui está agregado né ao mesmo tempo assim a questão da educação da escola né porque já ia o aluno a criança já ia adquirindo aquelas informações importantes de respeito ao outro tudo isso né já e seria assim o aqui vocês no lado garantido né a segurança a segurança garantindo que a lei funcione né E a escola também no mesmo sentido Maria da Penha eu tenho uma pergunta um pouco pessoal é em pesquisa as pesquisas
apontam que as mulheres ficam de 8 a 10 anos em um relacionamento abusivo até conseguirem denunciar Essa violência que só cinco por cento das mulheres denunciou agressão na primeira vez seu caso bastante emblemático porque foram duas tentativas de feminicídio mas antes disso quais eram os indícios de que você estava em um relacionamento abusivo é bem quando eu cuide-se o dever agressor ou crus eu conheci quando eu estava aqui em São Paulo fazendo um curso de pós-graduação e ele veio da Colômbia também estava fazendo outro curso que não era da minha área nosso grupo de amizade
sério mesmo né e a partir daí eu conheci nós nos tornamos amigos depois que começamos a namorar caçamos e é quando é a minha primeira filha nasceu aqui em São Paulo e depois eu voltei para mim cidade a terminado o curso Ele me acompanhou e depois de e depois de nascimento das nossas filhas ele mostrou a verdadeira personalidade dele por que que eu digo que eu fui usada Porque como ele precisava naturalizar-se então nascimento da nossas filhas lhe deu essa oportunidade e no momento em que ele se naturalizou foi tão que eu passei a não
reconhecer mais foi aí que começou o relacionamento eu vou ver só relacionamento alusivo E por que que tu não tomei uma atitude não existia nem delegacia da mulher do país segundo Foi um momento em que é o movimento de mulheres da região Sudeste começar começou a a divulgar levar para imprensa os casos em que as mulheres eram assassinadas por que os homens não queriam que elas vão ver se o relacionamento elas não queriam mais continuar e como até hoje acontece né Essa mulher minha ela tem que ficar comigo não é assim e a mulher fica
por medo fica por medo Essa mulher fica justamente por medo medo de morrer porque se ela se separar ele a minha nesse caso no meu caso sim eu não ia tomar uma atitude que estava sendo apresentada na mídia com uma causa de morte de assassinato né O que que eu fazia quando a oportunidade Davi eu conversava para se tu não gosta mais de mim Porque que tu não arranjar outra não é para ver os seria um ali maravilhoso ele arranjar outra e embora né e assim algumas vezes eu cheguei dizer porque que a gente não
se separa né Aí ele não aceitava a separação eu não ia minha TV aí uma separação judicial diante da realidade a letra e você então fiquei na minha né é aguardando decisão que ele tomasse que fosse bom para nós dois né E o que ele achou que era bom para nós dois ele me eliminar e tentou isso né só que para você ver como a coisa foi eu fui quase assassinada em Maio de 1983 e só no ano seguinte aqui foi descoberta a Trama né através da secretaria de segurança né e assim como ele havia
premeditado um assalto essa versão foi contada no dia do fato e no ano seguinte quando ele foi novamente chamado e que começou a responder às perguntas e não lembrava mais do que aqui me a respondido no primeiro do primeiro inquérito policial né então ele foi o autor da tentativa de homicídio tenha você falou agora sobre o início né dessa denúncia pelos movimentos sociais movimentos feministas na década de 80 quando começaram a falar da violência contra as mulheres que a Lei Maria da Penha ela tem quase que uma dupla origem né ela tanta uma forma de
reparação é que o estado brasileiro foi obrigado a fazer após a denúncia do seu caso e a decisão na comissão interamericana né de direitos humanos mas é também uma resposta ao Anseio antigo desse movimento feminista que desde os anos 90 é pedir a e planejava uma lei especializada o anteprojeto da lei foi feito pelo consórcio Lei Maria da Penha né é formado por juristas feministas e em 2016 no Case um dos 10 anos da Lei nós fizemos uma reunião do consórcio em Brasília você esteve conosco outras pessoas do Instituto e ali nós fizemos um balanço
da o som da Lei e focamos muito nas ameaças que existiam em projetos no Congresso Nacional e alguns desses projetos ameaçavam inclusive e fazer alterações no texto da lei né Eu gostaria que você comentasse um pouco de 2016 para cá como é que você percebe essas ameaças ainda mais nesse contexto de mudança inclusive um olhar sobre os direitos das mulheres não é uma tendência mais conservadora hoje olha a gente se preocupa Porque nós já estamos observando o aumento da violência né porque esse aumento né talvez exatamente pela falta de compromisso do poder público e criar
mais políticas públicas nós precisamos minha gente ter o centro de referência da mulher e toda e pequeno município qualquer município com menor que seja tem que ter esse esse o centro de como é que é hoje essa mulher ela vai se fortalecer bela e ela se ela vai chegar e dizer que me explique isso aqui que eu tô passando é violência porque muito ela não sabe muitas vezes né então é necessário que isso aconteça mas não não tua maneira acintosa que você de referência seja colocado seja funcione dentro de um posto de saúde e os
pequenos municípios tem eh dentro de uma dessa esfera da saúde né pode ser o posto de saúde pode ser um mini-hospital né então só isso é importantíssimo Porque a partir daí no momento é que essa mulher chega e aquele aquela equipe psicossocial jurídica né ver que ela tá correndo risco essa mulher seja encaminhada para uma casa abriu que fica no município não sei é mas ela vai para lá e ninguém sabe onde é que ela está E por que que tem que ser do Posto de Saúde porque se ficar uma um centro de referência da
mulher tiver Onde está na cidade pequena na hora que essa mulher entrar nesse centro todo mundo vai saber que ela foi falada do marido né já a conversa chega rápido demais porque todo mundo se conhece meu pequeno não pequena cidade mas essa pequena cidade tem que ter convênio com a macro uma macrorregião um município maior que tem a estrutura de selar a casa abriga nessa mulher ficar brigada com ninguém sabe onde ela está ela junto com seus filhos menores né vai ter vai ter lá uma delegacia da mulher e o Juizado Então esse esse essas
três e políticas públicas vão receber dos pequenos municípios essa mulher que tá precisando você protegido orientada e denunciar ela tá precisando de anunciar Estamos chegando perto do intervalo mas antes eu queria perguntar o seguinte Quais são os sinais que a mulher pode identificar quando começa a sofrer a violência a deve-se separar existe alguns sinais que ela pode dizer não daqui não pode passar é o primeiro empurrão onde é que o homem atravessa a linha é cifra A violência já é a física já é um grau mais avançado porque do primeiro empurrão do primeiro vídeo o
primeiro empurrão o primeira etapa aí vai para frente diz finalmente é pode acontecer o feminicídio não deve esperar pela para facada né não deve esperar deve já tomou uma Providência nesse e agora a violência psicológica ela não reconhece porque ela não entende então eu sinto de referem que vai é esclarecer para ela né Se ela que o que ela contou é um tipo de violência moral vamos pro mais o intervalo e voltamos com a Maria da Penha a brasileira que virou o nome de lei fique aí é só um instante e [Música] nós [Música] estamos
de volta para o terceiro bloco da entrevista como Maria da Penha a brasileira que virou ícone na proteção das mulheres contra a agressão Maria da Penha uma pessoa muito querida Então temos um outro depoimento de uma pessoa que nós sabemos que você gosta e também gosta muito de você né Olá meus amigos do Roda Viva aqui é o poeta Bráulio Bessa cearense conterrâneo dessa figura tão especial que tá aí com vocês hoje eu sou fã de Maria eu se pudesse definir ela em uma palavra seria inspiração ela é inspirador e o poeta poeta vive de
inspiração por isso que eu quero deixar aqui uma mensagem para você Maria da Penha através de um poema que eu escrevi nesse meu livro se chama poesia que transforma você que também é tão transformadora e eu dediquei um poema a mulher é uma espécie de protesto contra a violência sofrida por tantas mulheres a primeira estrofe diz o seguinte é na limpeza de um poema hoje cobro consciência que meus versos sejam fortes contra qualquer violência seja no corpo ou na alma que transforme Agito em calma seja amor seja paixão e a minha mensagem é entre homem
e mulher só quem bate é o coração então o cheiro do fundo do meu coração para você também Oi bom dia tudo bem eu queria te perguntar aquele homem né que um dia fez você acreditar que te amava você chamavam esse homem o dia você tava dormindo e deu um tiro nas suas costas né é o que causou um enorme sofrimento para você para sua família por toda vida o que que aconteceu com esse homem tá faltando seis meses para o crime para escrever ele foi preso Ele foi preso em sala de aula e ele
já estava morando no Rio Grande do Norte né e Natal Ele foi preso e do momento que ele foi preso ele pediu para ir em casa porque ele ele tinha uma criança em casa ele tinha adotado um filho aí a equipe foi com ele chegou lá a criança estava amarrada no berço sozinho dentro de casa então eu tomei conhecimento dessa adoção e dessa história que um repórter falou para mim que foi desse jeito que tinha acontecido né e eu fiquei abismado abismada e depois de algum tempo eu recebi de uma pessoa que eu não conheço
mas como eu conheci a pessoas que também moravam lá né então a pessoa mandou para mim o diário oficial onde custava adoção por parte dele de uma criança do sexo masculino e eu pergunto qual o critério que essas a justiça deste estado do Rio Grande do Norte né é que utiliza para fazer doação de né Para que as pessoas adotem crianças porque ele já estava com a prisão preventiva decretada e conseguiu adotar uma criança que é sofrendo nas mãos dele se ele fazer isso com as próprias filhas imagine passou quanto tempo preso há dois anos
preso porque a o vou apagar o processo dele foi antes da Lei Maria da Penha né Foi assim bem anterior e na época o número a prisão era mais curta né e ele passou dois anos de Jesus Machado hoje teria mais tempo de pena é mas ele já está em liberdade faz tempo eu te fazer uma pergunta também pessoal sobre depois desse relacionamento como você conseguiu reconstruir a sua vida e transformar é isso que você passou essa experiência em uma batalha também por outras mulheres foi um pouco do que a Fátima Bernardes falando depoimento dela
né de transformar essa luta por todas nós eu recentemente gravei uma série sobre feminicídio pela BandNews FM e gravei depoimentos com muitas mulheres e o relato se repetiram na dificuldade de Reconstruir a vida e de acreditar que é possível reconstruir a vida depois de um relacionamento abusivo e depois de uma tentativa de feminicídio é eu queria que a senhora Contasse um pouco como é reconstruir a vida bem na verdade a minha vida tava focado muito na punição do agressor né E como as minhas filhas eram muito crianças ainda e eu tinha uma família tem uma
família muito boa muito corrida né é muito do que muito do que a criação de crianças necessitam for realizada por Minhas irmãs né então a criança com febre à noite para baixar a febre da banho de ao banho não compressas de álcool tudo mais é para levar o médico para ir na escola né tomar alguma Providência né elas e o pessoalmente resolver isso a e é fora isso eu passei os oito anos que foi o prazo para acontecer o primeiro julgamento atenta tudo que se passava e entrando no movimento de mulheres né foi criada a
delegacia da mulher lá em Fortaleza e eu fiquei me inteirando com integrando quando o movimento de mulheres bom e depois disso é no momento em que houve a e o julgamento né que houve uma divulgação muito grande Vida morrendo de mulheres e que ele foi condenado e saiu do fórum em liberdade por conta de recursos então eu desabei por quê Porque eu pensava muito assim de como a população como baixíssimo interfere negativamente da vida das mulheres né eu temia que dissesse não vai ver que ela botou o chifre no marido né por isso que ele
não foi condenado por isso por aquilo entendeu e eu queria que as minhas filhas vice que nós éramos vítimas né Elas eram vítimas e quando as minhas filhas se tornasse adultas ela não eu não queria que minha filha precisasse ter que justificar Por que a mãe dela porque o pai dela foi preso e pô pai dela não foi preso foi solto né não não não foi preso né e a justiça foi falha desses bom então Resolvi escrever um livro Como eu tinha o meu processo tudo o que aconteceu tinha uma cópia eu levei para o
livro todas as contradições né que aconteceram durante o inquérito policial e o da justiça e resolvi desabafar e coloquei esse desabafo né e quando foi o segundo julgamento aconteceu é o livro foi importante Inclusive para quem fez o papel de promotor né porque se baseou muito meu que tava no livro porque o guri tava baseado no processo então é e é aí minhas filhas já eram já tinha um namorado né E como ele foi novamente condenado ele saiu do fórum em liberdade Mas o livro Ficou ali registrado na vida do teus amigos na vida da
minhas filhas e inclusive é quando eu escrevi eu disse olha eu queria que você ir lá e se me dessem e me digam se eu devo publicar porque eu quero tornar isso público e se vocês eu gostaria muito que vocês aprovasse mas vocês leu e me digo então ela é de Sério tão ruim pode publicar curiosa quer fazer uma pergunta só esclarecendo para quem está acompanhando a história houve um primeiro julgamento que o seu ex-marido saiu livre liberdade de um segundo julgamento que então depois do livro depois da campanha já tomou empresários também Elsa Tô
voltando ainda na inércia das instituições a Guarda Civil Metropolitana é um ambiente tipicamente masculino culturalmente o ambiente do homem e nós temos infelizmente a informação a percepção de que ocorrem em alguns casos dentro da própria instituição e é a mesma policial que foi a rua a mesma guarda que só a rua pela manhã uniformizado e armada e vai cuidar né faz fazer a proteção ir lá desenvolver o trabalho que ela foi esganada naquele dia e aí eu pergunto para senhora nesse processo como cuidar do cuidador como sensibilizar é essa instituição de que é necessário olhar
também para esse cuidador Como que eu posso por causa esse juiz que olhou ele não olhou à volta dele quando ele deu esse processo quando ele concedeu essa adoção Como olhar à nossa volta com estou aqui na no papel de gestor né aí e vai lá no acabar se tornando ineficaz quando ela vai cuidar eu caso e mais uma pergunta quando essa guarda ela quando esse cuidador ele percebe que o processo é bastante difícil para que ele possa romper acreditar nessa política acreditar nesta lei quando ele acompanha tão próximo essa ineficácia do serviço Esse é
um caso muito sério [Música] eu acho inclusive sofreu na pele né porque ela foi acredita no fórum dentro do fórum quando fazer uma audiência e era um real que responde a um processo por agressão da companheira e aí ele entrou no fórum e houve uma tentativa de homicídio porque ele tentou jogar fogo e jogou alguns inflamável e tentou acionar o isqueiro e o tempo todo me dizia que ia me matar isso eu acho que foi muito impactante na minha vida na medida que me colocou no lugar também de vítima e quando você é colocada nesse
lugar de vítima você consegue perceber toda a dificuldade do sistema Quando você vai ao IML e o médico não olha para você não começa a comentar assuntos aleatórios quando você e nas instituições e começa a perceber e você se olha e faz uma reflexão do quanto você muitas vezes Tinha aquela postura né de às vezes está fazendo uma outra coisa de não dar a devida atenção então acho que isso impacta bastante eu acho que ia querer emendando aqui na pergunta da inspetora falar um pouquinho da representatividade da mulher da de quanto a Lei Maria da
Penha ela fala da questão de gênero ela trouxe a questão de gênero para debate nós somos 38 por cento de juízas dentro do Poder Judiciário segundo levantamento do IBGE para o CNJ só que esse número conforme a nós vamos subindo de classe esse número esse percentual vai diminuindo 23 por cento desembargadoras apenas isso No Poder Executivo e no legislativo esses números são ainda menores aqui que a senhora acredita isso ao machismo ainda nós estamos inseridos enquanto sociedade é eu acho que ele não resta apenas uma dúvida que é o machismo né e eu acho que
é uma parte desse machismo pode perder esse mashido no momento em que ele tem dentro da sua casa só filhas mulheres a maioria de mulheres porque eles vão perceber né vão fazer uma reflexão sobre isso mas eu eu realmente eu acho que é a organizar do jeito que os movimentos sociais fora né fazer palestra fazem movimentação né levam para a empresa é colocar isso também nessas datas que se comemoram dia da mulher o dia dela criação da Lei Maria da é a dificuldade da mulher juiz as dificuldades né das pessoas que trabalham na guarda civil
né Sem nominar Mais colocar que vocês estão percebendo né que não é só o trabalho de vocês vocês estão vivendo né sim tem o machismo mata né mas é macho Marcos né de dizer para ele ficar publicamente isso dentro da conferência vai pro mas o intervalo Zinho e voltamos daqui a pouco com a entrevista da Maria da Penha a brasileira que dá seu nome à lei de proteção às mulheres brasileiras só um minutinho aguarde a E aí [Música] nós [Música] estamos de volta para o Quarto e último bloco da entrevista com Maria da Penha Penha
a Valéria quer fazer uma pergunta Inicial por você tenha nós atendemos muitas mulheres nosso dia a dia o nosso trabalho no Ministério Público os projetos guarde uma grande tem outros e as vítimas em regra reclamando o seguinte demora dos processos muitas vezes não se dá a credibilidade a palavra da vítima o excesso de ações que os Réus têm ingressado eles vazio iam patrimônio da mulher ingressando com ações e mais ações e ainda muitas vezes elas são ameaçadas depender dos filhos com a lei de alienação parental estudam é uma revitimização e o que mais surpreende ver
que essa violência Às vezes tem de mulheres não quis fazer a seguinte pergunta o que é melhor ser atendida por uma mulher ou por um homem já que muitas vezes as mulheres que produzem também espadão machista ou será que é melhor você atendido por alguém com um olhar de gênero e com sensibilidade é realmente é quem está na ponta né conversando com essas mulheres é esse é uma questão muito grave é mais Qual a solução é né Eu acho que é tem que haver assim muita divulgação de dentro das instituições né Para que as pessoas
que estão trabalhando a causa acelere mais o processo também a questão da alienação parental parental é assim uma facada é o novo pra que as mulheres é é um ataque não estou aqui né porque é uma ameaça retirar os filhos é ver muito absurda em relação a isso e assim parte a pesquisa que o Instituto Maria da Penha tá fazendo é assim para gente ter também um é um alicerce para reivindicar algumas mudanças né da Lei quem sabe futuramente né a seja revertida a questão da alienação parenteral a senhora mencionou rapidamente se a senhora escreveu
o livro que tinha medo de ser julgada e o que nós escutamos muito das mulheres é esse medo desse julgamento Será que nossa as pessoas sociedade tem realmente empatia com as mulheres vão tá na hora de a gente refletir quando eu sou uma mulher de louca desequilibrada interesseira como é que a gente muda esse olhar e com verdade né não é É isso aí é o tipo da coisa é uma luta né uma luta Maria da Penha uma coisa que me assusta muita quando divulgo né esses casos todos e as pessoas tentam culpar a vítima
tentadores tentou encontrar na vítima algum motivo para ela merecer apanhar os e assassinado enfim e eu tenho dado aqui que o Brasil é o quinto país do mundo que mais mata mulheres inclusive Nesse sentido porque é tão importante tratado como feminicídio não é por quê que é tão importante isso da lei do feminicídio e de não tratar como um homicídio e feminicídio olha você veja que o homicídio o texto se no homem né que foi assassinado e este homem assassinado como na briga de trânsito por que beber o final de semana foi para o bar
brigou lá foi assassinado né hijas passadas tudo isso isso é homicídio então a mulher que não sai de casa que é morta em casa pela pessoa que ele prometeu proteger lá então é uma mulher é uma fêmea tem que tem que ser caracterizado como feminicídio ela foi assassinada ela não tava no Zap né a tran em ela foi assassinada por ser mulher pois é você mulher porque era propriedade daquele homem que ele o considerava ela propriedade dele parece ter um dado Até Que a cada 10 mulheres 8 que estão a cada dez mulheres agredidas oito
são agredidas dentro em casa a mulher corre oito vezes mais risco de ser agredida dentro de casa do que um ambiente externo e tem um dado recente da ONU de 2 17 que foram 2007 2.700 mulheres assassinadas na América Latina e Caribe sendo que o Brasil concentra a quarenta por cento desses casos quer dizer mais do que uma agressão à mulher a questão da violência doméstica e se ainda precisa ser muito discutida né não tem que sair de não pode ser uma discussão entre quatro paredes não é tem que sair pensa conscientização mesmo essa pergunta
dela a gente desmistificar o feminicídio é por exemplo existe um mito de que a mulher tá protegido em casa mas aqui é a mulher morre existe o mito de que a medida protetiva não funciona mas a funciona e falamos mistificar queria perguntar para a senhora sobre o outro mito o mito de que o homem que pratica violência ele é louco ele demonstra socialmente a violência mas a sua acabou de mencionar que o seu Marília da Professor quem é o agressor de quem é esse homem é porque que a senhora a sua trajetória de vida das
mulheres têm descoberto a respeito disso e é os homens mais instruídos mais mais estudados é é e eles são eles sabe se portar socialmente é né E ninguém tem dúvida de que aquela é uma pessoa do bem e inclusive colocam em dúvida ainda mais a vítima nesses casos né e eu achei ele é tão legal é que eu faria do acredito que ele foi capaz de fazer isso é geral ele da porta da rua para fora é uma excelente pessoa ou só que dentro de casa ele se transforma Pelo menos era isso que eu ouvia
nos relatos dos processos que eu julgava e é muito importante eu acho que a gente falar aqui um pouco a respeito das políticas para os homens da reeducação dos agressores que tem previsão na lei Maria da Penha e que quase não existe embora a gente não veja isso em um lugar quase nenhum o que isso mas iniciativas e quanto é importante trabalhar com essa agressor porque ele que perpetuam a violência então às vezes ele bate naquela mulher ele ela terminar aquele relacionamento ele vai agredir outra outra então quando você trabalha com esse agressor na verdade
você está prevenindo novas agressões a outras mulheres isso e a Lei Maria da Penha ela pra Dá para ver que a senhora começasse um pouquinho dessa questão do trabalho com o agressor Pois é são raros nas árvores os estados que faz o trabalho com agressor e realmente dentro daquele daquela quantidade de homens que são atendidos muitos fizeram aquilo Porque aprender não foi na educado dessa maneira como eu já falei né outros porque tem essa índole mesmo esses aí é são eu acho que é menos perigoso o que agressor a vida toda no ambiente de trabalho
não adianta não sei o quê Porque já mostra que ele é do que os que são educados né responsáveis publicamente mas na realidade dentro de casa é onde ele mostra a verdadeira face dele quer fazer uma pergunta é um comentário acerca de tudo isso que está sendo colocado aqui sobre ainda a família ser o espaço da casa O perigoso para mulher né em 2015 a ministra Cármen Lúcia lançou uma ação que a justiça pela paz em casa né que é um mutirão para acelerar o julgamento dos processos que estão nas varas de violência doméstica e
hoje também nos casos de feminicídios hoje faz parte de uma política judiciária são três semanas por ano em que a esse mutirão né é Existem várias críticas que a gente pode fazer a esta ação né mas o que eu queria colocar aqui para problematizaram justamente essa ideia da fase em casa né uma das falas da ministra recorrente sair ao longo desse período é que a gente falaria demais em violência e que portanto seria bom a gente falar em paz e assim como dança de linguagem mudar a relação que que ocorre no ambiente doméstico só que
tudo que foi falado o que aponta justamente o contrário e várias pesquisas apontam justamente ao contrário não é uma pesquisa recentemente lançada pelo e da saúde das notificações de violência sexual mostra que sessenta por cento dos casos pelo menos envolvem crianças e adolescentes e o principal agressor é um familiar do sexo masculino a própria pesquisa realizada por vocês e a Federal do Ceará mostra a transmissão intergeracional da violência na de quarenta por cento das mulheres que sofreram violência viram as suas mãos sendo agredidas também e Seis por cento das mulheres entrevistadas sofreram violência durante a
gravidez então alma uma transmissão que ultrapassa a história dessa mulher quando criança e se transmite para os seus filhos ainda durante a gestação durante esse tudo isso né Qual é a nossa dificuldade em romper com esta proteção à família em romper com esta visão que coloca o espaço da família o espaço da casa como um espaço sagrado aí do que o estado não pode há 35 anos o movimento feminista Diz ao contrário né o privado também é político à violência contra a mulher está prevista na lei Maria da Penha como uma violação de direitos humanos
como uma violação uma violência baseada no gênero Porque é tão difícil ainda a gente romper com essa visão O que que a gente tem que mudar no nosso discurso para Essa sociedade e na diretriz que nós damos para as nossas políticas o Vânia você como socióloga eu acho que você esclarecer ia a pergunta que você me fez sem uma eu tivesse aí sim entendeu porque realmente quando você fala paz em casa a primeira coisa que eu pensei a mulher vai ter que ir como é que se diz aceitar algumas condições para poder até a paz
em casa só que ela já fez isso sem precisar da Justiça então por favor Esteja a vontade para a farmacêutica sentido Maria da Penha facilitar o acesso às armas não vai aumentar ainda mais o risco que essas mulheres Correm com certeza com certeza que eu queria tu me gente queria fazer uma pergunta é sobre esse caso que tá nas televisões nos jornais sobre essa atriz que filmou a toda agressão dela e me falar e não ia justamente o agressor é um diplomar e Diplomata e família neto filho dos diplomatas dizem ninguém poderia ser mais educado
e e preparado né socialmente do que essa pessoa e olha só seria esse e está foragido né então mais ou menos se enquadra Nesse caso a moça filmou todas as agressões e e isso é um comportamento assim que as pessoas poderiam seguir porque ela se expor em facilitaria vão dizer a proteção delas ou é melhor se esconder Qual é melhor é atitude não eu acho que ela não se sentiu acreditar da né pelo que ela disse eu não eu não acompanhei não sei qual é o caro mas se ela precisou da visibilidade a verdadeira violência
que ela tava sofrendo é porque não estava acreditando nela né então foi ela que quis dar essa prova ainda mais contundente de um sofismado eu acho que sim porque a palavra da mulher é dúvida né às vezes deixa deixa dúvida né porque a pessoa já vem com o pé na frente né a quem ela vai contar e fica em dúvida se é porque ela tá contando a verdadeira ou não se coloca em dúvida no pé eu queria Jacir algumas gente em entrevista antes então sei que você gosta muito de passar suas manhãs e vendo o
programa da Fátima via mais coisa que você gosta ruim e eu queria que você falasse assim o que que é importante é para as mulheres lerem atualmente em livros artigos para alguns conselhos que você daria para as mulheres acompanharem não eu acho que a gente aprende muito no movimento de mulheres a gente precisa se fortalecer daquilo que a gente tem dúvidas né e assim que possa ajudar outras pessoas Então o que eu assim a minha vida é muito voltada a se por alguns programas de televisão né Por alguns assuntos que eu gosto quando um assunto
sobre mulher em relação a relacionamento essa coisa agora e e assim conversar com pessoas do grupo pois é de tomar conhecimento e saber que participa um pouco mas eu gosto dessa área se você tem uma preferência musical a rocha Eu gosto da Eu gosto da música sertaneja não acerta veja não é a a música O Forró [Música] música Nunca mais nordestina certo eu tinha um simpatia Baião clássico né então e que eu simpatia e E o Bráulio né eu gosto muito porque criativo de pega uma frase e faz um poema e faz uma rima isso
é muito linda muito linda tem esse uma frase uma rima que você gosta assim especialmente que você guarde o que me preocupa não é o grito dos violentos o que me preocupa é O Silêncio dos bons Muito obrigado e agradeço obrigado vocês estão chegando ao fim mas os edição do Roda Viva agradeço a participação Oi Dani Moreira Lima da Valéria scarance da wânia Pasinato da Elsa Paulino de Souza da Gabriela Maia da Mariana Culture e do nosso cartunista feminista Paulo Caruso Agradeço também é você que nos acompanha até agora especialmente a Maria da Penha semana
boa semana ótima semana para todos e até a próxima segunda-feira Até lá [Música] com ponto ponto. [Música] o cartão para ela [Música] vai para [Música] casa dela conversar com a fazer uma ligação para conter tanta dor
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