Independência ou morte! Análise do quadro de Pedro Américo

o quadro O Grito do Ipiranga ou Independência ou Morte de Pedro Américo é uma das mais emblemáticas imagens da história do Brasil é a peça mais visitada no Museu Paulista popularmente conhecido como Museu do Ipiranga na capital de São Paulo o quadro foi encomendado pelo governo Paulista para decorar o monumento do Ipiranga um majestoso Edifício que estava então em construção o edifício levaria cinco anos para ficar pronto ele foi construído para marcar o lugar onde teria ocorrido a proclamação da Independência eram os últimos anos da Monarquia e os políticos de São Paulo Os Barões do

Café queriam valorizar a terra paulista como o lugar da fundação do Brasil independente a monarquia estava então em declínio já se conspirava pela República o objetivo da pintura encomendada Pedro Américo era enaltecer a monarquia e o primeiro imperador Dom Pedro I como elementos fundadores da nacionalidade brasileira Pedro Américo era um artista já reconhecido estudou na Europa onde assimilou o gênero artístico em moda na época a pintura de temas históricos no estilo nacionalista romântico é uma pintura que destaca os personagens históricos como heróis nacionais como se vê no quadro batalha do Havaí batalha travada na guerra

do Paraguai e vencida pelo Duque de Caxias já o quadro fala do trono é uma exaltação ao Imperador e a monarquia mostrando Dom Pedro II como a figura de poder e portanto todos os símbolos imperiais coroa Cetro manto espada e Trono em 1885 Pedro Américo recebeu a encomenda de pintar a proclamação da Independência foram três anos de trabalho para concluir o quadro O Grito de Ipiranga ou Independência ou Morte é uma tela enorme tem 7,60 cm de comprimento por 4 metros e 51 cm de altura ela chegou desmontada ao Brasil Pedro Américo vivia em Florença

na Itália e foi lá que Ele pintou o quadro no centro do quadro em posição mais elevada está Dom Pedro montado a cavalo como uniforme de gala e erguendo a espada a postura do Príncipe Regente é imponente mostrando como um herói que fez a independência Mas isso é interpretação do pintor que tinha a intenção de expressar dignidade enaltecer a monarquia e o fato histórico o cavalo Lu de Dom Pedro e dos outros personagens fazem parte da Imaginação artística do pintor o cavalo não é o animal ideal para viajar do litoral ao Planalto de São Paulo

para subir a serra do mar usavam-se mulas e jumentos animais mais resistentes para esse tipo de viagem e relevo e o meio mais seguro de subir a serra o traje de Dom Pedro também não condiz com a realidade daquele momento para percorrer as trilhas mata dentro cruzar riachos e sobre uma chuva ou Garoa constante Dom Pedro e seus acompanhantes estaria usando roupas mais simples e confortáveis seria difícil a guarda de honra atravessar a densa Mata Atlântica vestida de uniforme branco e manter na cabeça o capacete Dourado desviando do cipós e Ramos de árvores Aliás a

guarda de honra conhecida como Dragões da Independência ainda não existia em setembro de 1822 a imagem majestosa de Dom Pedro erguendo a espada é também criação do artista seria difícil pensar o príncipe nessa posição considerando que naquele momento ele estava doente sofrendo de fortes cólicas intestinais mas uma pintura nacionalista não é uma fotografia não é um retrato da realidade e nem o artista tem compromisso com a verdade Pedro Américo explicou sua arte dizendo a realidade inspira mas não escraviza o pintor o quadro também não é uma fantasia Pedro Américo pesquisou muito para representar e compor

todos os elementos é possível reconhecer os personagens que compunham a comitiva que acompanhou Dom Pedro naquela viagem Pedro Américo está presente no quadro no meio do Soldados usando uma cartola erguendo um guarda-chuva para acompanhar o grito de independência Pedro Américo já tinha feito isso em outro quadro ele se auto retratou na pintura batalha do Havaí como soldado 33 este casebre é outro elemento criado pelo artista chamado de casa do grito ele não existia na época Quando foi proclamada Independência porém anos depois Surgiu uma casa ali feita de pau a pique e que servia de pouso

para os tropeiros que faziam antigo O Caminho do Mar Essa casa foi restaurada e recebeu uma aparência para se aproximar do casebre pintado por Pedro Américo estava criada a casa do grito compondo o cenário imaginado pelo pintor o Riacho do Ipiranga aparece em primeiro plano no quadro na água respingada pela pata do cavalo vemos nessa cena o soldado da Guarda real arrancando do uniforme o laço com as cores de Portugal outro lá só aparece jogado no chão a esquerda figuras populares observam a cena um carroceiro conduzindo um carro de boi carregado de toras de madeira

um homem a cavalo e mais ao fundo um negro conduzido um jumento com grandes cestos eles não fazem parte da cena principal estão visivelmente separados do grupo de Dom Pedro mas seus olhares se dirigem ao príncipe que é o foco de atenção de toda a cena outras figuras populares estão na extrema direita do quadro são quase imperceptíveis uma mulher e uma criança junto a cerca observam a cena neste lado do quadro vemos dois soldados se apressando para montar no cavalo surpreendidos pelo grito de independência dado por Dom Pedro movimento ação Inesperada gestos heroicos soldados em

traje de gala montando garbosos cavalos e todas as figuras compondo um círculo em torno de Dom Pedro são elementos que concretizam o objetivo do quadro enaltecer a monarquia e a independência do Brasil como obra de um único homem mas a história não parou para aplaudir a obra de Pedro Américo meses depois que o quadro ficou pronto caiu a monarquia em 1889 foi proclamada a república só há sete anos depois o quadro Independência ou Morte seria mostrado os brasileiros quando finalmente foi inaugurado o museu Paulista no dia 7 de setembro de 1895 em agosto de 2013

o Museu Paulista foi fechado para obras de restauro reparos e Reforma o quadro Independência ou Morte passou por um grande trabalho de limpeza o Museu Paulista abriu ao público em setembro de 2022 como parte das comemorações do Bicentenário da Independência [Música]