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Video Transcript:
Olá, meus queridos amigos! Começamos hoje a série de lá e fiz a qual demos o nome de Emoções. Vamos falar das emoções e escolhemos para falar primeiramente da tristeza.
Essa realidade tão legal que a todos acomete, de alguma maneira, em várias circunstâncias, a partir de várias causas, com efeitos mais ou menos bem identificados. Então, a tristeza! Eu começo esta Live fazendo referência a uns versos do nosso poeta Vinícius de Moraes, que, além de ser um compositor de música popular, foi um poeta.
Pelo dito, conhecia toda a nossa tradição poética. E há uma canção dele que diz assim: "Guardem, porque nós vamos voltar a ela no final: é ser alegre que ser triste. Alegria é a melhor coisa que existe, é assim como a luz no coração.
" Então, a alegria, segundo o poetinha, é uma luz no coração, e nós podemos dizer que o seu contrário, que é a tristeza, são as trevas no coração, é pelo coração sombrio. E nós vamos ver como isto tem muito a ver com o que se dirá hoje nesta Live. E, na mesma canção, há um outro verso que eu gostaria que vocês anotassem mentalmente, que é o seguinte: "A tristeza tem sempre uma esperança de um dia não ser mais triste.
" Ou seja, a esperança da tristeza é acabar. A grande esperança da tristeza é acabar, o que já nos indica que a tristeza não é uma realidade boa. Eu não sei se todos aqui estão ouvindo bem.
Aí eu pergunto à Carlinha, que está aqui no outro aparelho celular que estuda a Live, é bom sempre ter esta conferência, né, Fábio? Acho que ela me faça um sinal aqui para que eu prossiga sem grandes preocupações com coisas que são completamente alheias. Um "OK" aí?
Tá, então vamos lá! Começamos com algumas etimologias. É sempre bom buscarmos a etimologia das palavras, já que as palavras são portadoras de conceitos.
Um homem se comunica por intermédio da linguagem, e é bom conhecer as palavras e os conceitos que, digamos assim, que elas encarnam. Elas são a parte material de um conceito que, em si mesmo, é imaterial. Então, eu me valho de duas obras para pesquisar algumas etimologias sobre a tristeza.
Uma delas é o dicionário Latino-Português do Francisco dos Santos Saraiva, o clássico Saraivão. E o outro está ali na minha biblioteca, que é o dicionário etimológico da língua portuguesa do autor português José Pedro Machado. Então, a palavra tristeza vem de "trícia", né, do latim "tristia".
E a palavra triste vem do latim "tristes". E é isso que nos dizem esses autores. Com relação à palavra triste — e também por derivação, a tristeza — vemos aspectos de mau humor, aspecto hediondo, severo, amargura, feiura, infelicidade, melancolia, caráter rabugento, carrancudo, a face carregada, em fado, impertinência, secura.
É tudo isso que está nesses dois dicionários aqui. Vamos observar que, quando falamos um pouco dos efeitos da tristeza na alma, alguns deles têm tudo a ver com essa etimologia. Há outras palavras latinas que são correlatas à tristeza e que designam esse mesmo conceito.
A primeira delas é "dolor", que é dor, que vem do latim "dolendo", que é um partir, um cortar em dois; significa vulnerar, ferir. Então, a dor nos fere. A tristeza que nós vemos é uma espécie de dor, e ela é uma ferida na alma que dói.
E a palavra "admoestar" vem de causar amargura ou aflição. Quando alguém admoesta outra pessoa, causa amargura ou aflição. Se reparem aqui no meu gato, que ele tem pendores filosóficos.
É o Boécio! Ele vai aparecer em alguns momentos aqui da Live, e não tenho como impedir. Se o movimento é triste, é que é o estar coberto de obscuridade, de sombras.
Nós falamos aqui há pouco, mencionando Vinícius de Moraes, que alegria é como a luz no coração, e a tristeza são sombras no coração. Então, fiquem com isso no horizonte. A palavra "pena", em latim, significa fadiga ou aflição que decorrem, como é feito de um plástico.
O castigo nos entristece, às vezes, pela lembrança daquilo que fez o castigo surgir para nós e também porque o castigo nos impede. Ele é um empecilho para que nós façamos algumas coisas que gostaríamos de fazer. "Fletos", que é o chorar, o derramar lágrimas, todas essas palavras são correlatas na língua latina da tristeza.
Enquanto "dor", "cloratos" quer dizer como chorar com a voz, choramingar. A pessoa triste muitas vezes choraminga, tem um tom de voz dolente, meloso. E algumas manifestações externas da tristeza, dessa dor na alma, são os lamentos ou gemidos.
Assim como outras palavras latinas que não cabe mencionar aqui, é só para nos dar um horizonte de considerações a partir do étimo da palavra tristeza e dos conceitos que, digamos assim, repito, a encarnam. E eu vou começar com a definição de Santo Tomás de Aquino. Nós vamos fazer alusão a algumas catalogações contemporâneas e aspectos da tristeza, mas como Tomás de Aquino é o guia aqui nesta Live em tudo que eu tenho trazido à luz nos últimos anos, relativamente à psicologia, vamos lá.
E, para retornar a ele no fim, ele diz, a certa altura da Suma Teológica: "A tristeza é uma dor na alma com reflexos no corpo. " A tristeza humana é fundamentalmente psicossomática. E ele ainda cita a passagem de Santo Agostinho, que diz que um corpo sem alma não dói.
Vamos ficando com esses apontamentos, porque eles serão iluminadores ao fim desta Live. Então, sempre vale dizer, ao estabelecer que a tristeza é uma espécie de dor, está para além da dor física. Nós vamos voltar a isso um pouquinho mais à frente.
Algumas cá e são as contemporâneas, são diferentes. Hoje, há muitas pesquisas em vários âmbitos da Psicologia que, relativamente às emoções, trazem um sumário das emoções. E elas são de amplo escopo, porque uma das propriedades do ser humano é emocionar-se.
A pessoa que não se emociona, que não tem empatia com o outro, que não tem simpatia, que não se comove com dados e coisas da realidade, ela está profundamente doente no plano psicológico. Então, a tristeza, com a coisa que eu apontei aqui, é com a ajuda da minha rocha, que é a coordenadora dos nossos cursos de Psicologia, e isso prova que, bom dia, de pesquisas contemporâneas. A tristeza provém de uma interpretação de eventos à luz de alguns valores.
A pessoa se entristece porque interpreta algum dado da realidade sobre a AD, ou seja, sob a luz de algum valor. Então, alguns sintomas anímicos da tristeza foram catalogados por essas correntes mais contemporâneas: letargia, aquele estado letárgico, é uma espécie de fadiga mental que acomete muito as pessoas que estão tristes, já que elas vão, como que, perdendo as forças anímicas, e isso tem uma ressonância no corpo. Apatia: a pessoa triste muitas vezes torna-se apática.
E apática, aqui, não no sentido da filosofia grega e outros padres do deserto, né, que diziam que, na subida espiritual, era necessário que o homem chegasse a uma espécie de indiferença com relação aos pesares do mundo. Uma apatia não é um não sofrimento, aqui, no caso, e essa catalogação se trata dessa indiferença espiritual sublime. E sim de um não sofrer problemático; a pessoa que está apática e triste, ela, na verdade, tem um sintoma.
Esse não sofrer é que está implicado no sofrimento da tristeza, não só outra: essa falta de capacidade de olhar para os outros e ter uma medida de comparação entre o sofrimento que entristece quem a pessoa triste e o sofrimento de outras pessoas é apatia. Outro toque: sentimento de vazio, uma espécie de mínimo existencial. A vida para a pessoa cuja tristeza deitou raízes na alma parece não ter muito sentido.
Então, esse vazio no Pimental dela, por isso que ela não tem uma vida projetiva. Atlântico: jantar ações e atividades no sentido profissional; ações no plano pessoal e atividades profissionais. Ela acaba descambando em uma espécie de beco sem saída, onde esse sentimento de vazio nada faz muito sentido.
E, na perspectiva física, muitas vezes, por problemas, transtornos de deglutição, muitas vezes a pessoa, isso está catalogado não apenas no DSM, que é a grande referência psiquiátrica para os transtornos mentais, como em vários manuais de Psiquiatria e Psicologia, como por exemplo esse aqui que eu tenho, irmãos, que é do Paulo Dalgalarrondo, "Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais". Embora algumas premissas filosóficas do livro sejam contrárias àquelas de que eu parto, ele traz muitas informações relevantes na análise dos aspectos mentais problemáticos. Então, problemas de deglutição: às vezes a pessoa perde a vontade de comer, perde o apetite.
A pessoa triste simplesmente não consegue engolir as coisas. Desânimo: outra catalogação contemporânea que é muito similar a essa letargia. A pessoa não tem ânimo para nada, né?
Aliás, desânimo é uma palavra que deriva de anima, de alma. Então, se a pessoa está desanimada, como que perde um pouquinho da sua alma. Ela tem um tipo de inapetência, uma falta de vontade.
Lentidão nos movimentos: a pessoa tem uma moleza física. Se a tristeza vai tomando conta aos poucos, isso se reflete no corpo. Um bom psicólogo, ele tem isso no seu horizonte, a observação de aspectos físicos de alguns transtornos sobre algumas doenças da alma.
Aliás, o próprio Santo Agostinho foi mencionado aqui no início. Nos diz que a tristeza é uma enfermidade da alma; a saúde da alma é a alegria. E a felicidade é o sentimento de estar repleto e não a incompletude, o sentimento de vazio.
Então, a tristeza é uma enfermidade da alma, o que, muitas vezes, está servido se reflete no corpo: a desistência de projetos. A pessoa triste, habitualmente triste, aquela que fez da tristeza uma espécie de vício e não apenas uma paixão, uma emoção da alma, ela costuma desistir das coisas que começa. Vejam, observem bem: eu sei que há múltiplos psicólogos que estão aqui assistindo a esta live.
Eu não estou, ainda, fazendo paralelo entre tristeza e aquilo que a classificação psiquiátrica contemporânea chama de depressão. Estamos falando apenas, por enquanto, da tristeza, né? É postura caída.
Às vezes a pessoa está triste, assim, os ombros caem, as maçãs do rosto para baixo fazem aquele bigode a 11, esse letargo, essa dor da alma, ela tem um reflexo na postura. Outra coisa que a minha rocha me passou, dessa classificação de algumas psicologias contemporâneas, foi exatamente o que foi dito no início, que é o choramingo. A pessoa cuja tristeza já é uma realidade muito presente na alma vive, né, de pequenas lamentações e num tom meio melancólico, uma certa melancolia.
Em todo o homem triste, aqui, a melancolia não como temperamento, e sim como um estado da alma. Outro aspecto muito importante: perda de concentração. Às vezes a pessoa vai ao psicólogo e é diagnosticada, por exemplo, com déficit de atenção, e não é raro que o psicólogo não perceba que esse déficit é porque, sem análise e durante o exame de um estado da alma, ela tem que buscar as raízes e não apenas a classificação dos efeitos.
Muitas vezes, essa falta de concentração se dá porque a tristeza se tornou um hábito. A pessoa a mente dela divaga, divaga, divaga e não concluí, não conclui e está desatenta. Se lembrarmos que o amor, de acordo com uma larga tradição filosófica que começa com Platão, continua com Aristóteles e depois.
. . Percorre toda a história da filosofia que o amor é o que é a realidade que faz com que a pessoa se concentre ao máximo.
Nós estamos atentos àquelas coisas que nós amamos. Nós vamos ver que a tristeza, como uma patologia do desamor, ela acarreta sem essa perda de concentração. Outro aspecto da catalogação contemporânea dos estados de tristeza é a irritabilidade.
A pessoa triste acaba por desenvolver uma certa impaciência com o relato das coisas dos outros, das outras pessoas com quem ela lida e, muitas vezes, para com essas pessoas. Ao se mostrar irritada, tudo a irrita; ela não quer saber, a dor dela ocupou todo o espaço mental, ela hipertrofia-se dentro da alma e a pessoa não abre espaço para as coisas que dizem respeito, às vezes, até às tarefas profissionais. Quanto mais a dilemas pessoais, amigos e dos companheiros de vida, né?
Do marido, da esposa, etc. Então, não é incomum a pessoa triste ser irritadiça e resmungadora; resmunga muito. A visão negativa do mundo e das pessoas, isso é outro aspecto da tristeza que foi identificado por, repito, psicólogos de diferentes linhas contemporâneas.
A pessoa triste, eu disse aqui no início, tá? Eu lembro para vocês que a palavra latina "tristeza" é um estar coberto de obscuridade, é uma escuridão do coração. Até despesas são as trevas do coração.
Diferentemente do que diz o Vinícius de Moraes, do nosso poetinha, no verso que eu disse há pouco: "A alegria é uma certa luz no coração; a tristeza é esse apagão que dá no coração. " Então, quem tem esse tipo de apagão acaba adquirindo, ao modo de calo mental, uma visão negativa do mundo e das pessoas e, junto com essa visão, crenças negativas, né? A pessoa vira pessimista.
Há entre a tristeza e o pessimismo uma espécie de canal subterrâneo metafísico. Muitas vezes, o pessimista esconde no seu negativismo uma tristeza da alma. Ele esconde a tristeza, só que a tristeza não adianta: por mais que a pessoa, como uma sujeira dentro de uma sala, possa jogar a poeira para debaixo do tapete, em algum momento essa poeira vai transbordar e vai se tornar visível ou vai sufocar quem está no ambiente.
Então, essas crenças negativas que a pessoa triste vai adquirindo fazem com que ela crie uma espécie de máscara na sua relação com as demais pessoas hoje. E isso está dito não apenas por psicólogos, mas por poetas populares. E, por exemplo, o nosso Cartola tem uma música que diz: "Quem me vê sorrindo pensa que estou alegre; o meu sorriso é por consolação, porque sem conter para ninguém ver o pranto do meu coração.
" O que eu vesti por esse amor talvez compreendesses. E por aí vai. Então, muitas vezes, essa crença negativa que vem da tristeza, esse pessimismo existencial, se transforma numa máscara.
A pessoa assume essa máscara social, os papéis, essa personagem. E, que tenta jogar para debaixo do tapete, mas não adianta. Certos estados da alma sempre dão notícias de si mesmas.
Outra coisa que é de catalogação contemporânea, mas nós vamos ver aqui que essa catalogação contemporânea tem tudo a ver com uma longa e larga tradição filosófica. É por isso que eu digo lá no primeiro curso de psicologia que está disponível na internet que a psicologia não é uma ciência que começou no século 19, no laboratório experimental do Wilhelm Wundt, lá em Leipzig, na Alemanha. O estudo da alma é multimilenar, ele é multimilenar.
Não tenhamos essa pretensão cientificista, que infelizmente é comum não apenas na psicologia, mas como no direito, em outras ciências humanas, na história, na sociologia. Então, não tenhamos esse olhar o mundo a partir do próprio umbigo, que é característico de muitas pessoas que adentram o perímetro do estudo de ciências contemporâneas. Vejo outro preconceito.
Outra coisa muito encontrável nas pessoas tristes é a nostalgia, essa saudade de um passado que não se identifica bem e quando começou. Já que a tristeza é algo que nos massacra no presente, muitas vezes induz a pessoa triste a idealizar o passado. Em diversas vezes, a nostalgia, para mim, não é uma saudade; a saudade implica um bem visível amado que já passou, e do qual eu me lembro com alegria.
A nostalgia, muitas vezes, elimina a alegria. É uma idealização de um passado que não existiu. O ser humano é um animal racional e ele é capaz de mentir até com relação ao seu próprio passado e não apenas com relação a coisas do presente.
Fragmentação, né? A pessoa triste, como que estilhaça a alma. A alma é como se eu pegar essa bela caneca com a imagem de Santo Tomás de Aquino e atirá-la na parede, e a despedaçar-se.
Então, a tristeza fragmenta a alma. A alma, como que perde a noção de que ela própria organiza um corpo, e as funções têm que estar muito harmônicas para que a alma esteja saudável. Então, a pessoa triste, uma pessoa que tem a alma fragmentada, não consegue, às vezes, fazer ligações, não só internas, como externas.
Por isso que se diz, muitas vezes, outra coisa que existe. É que ela está desligada. Olha, a Lei de Murphy: é, o meu celular está tocando aqui agora.
Eu vou pedir a alguém para ver se aperta ali, não dá para eu receber a ligação. Isso não é suficiente para me deixar triste, isso é um acidente e não algo essencial. Então, assim, a pessoa vê se desliga.
Ela se desliga das demais pessoas. A pessoa triste, como não consegue ligar as emoções, correlacionar as emoções entre si, outro aspecto contemporaneamente catalogado é a insegurança. Hoje é induzida a um estado de insegurança mental, já que ela vai se fechando.
A tristeza é como que. . .
Uma rede, na minha modesta opinião, a tristeza está muito mais identificada com o sufocamento do que com a queda num buraco, porque ela vai sufocando a pessoa aos poucos, e ela vai tendo dificuldade de projetar um futuro bom, benéfico, feliz, e vai se tornando insegura. É outro aspecto das pessoas tristes: angústia. É uma angústia quase que, como alguns filósofos do século 20 definiram, é uma sensação de vazio, mas que aperta, dá um nó na garganta, dá um aperto no peito.
Sobre estar tocando de novo, eu nem sei quem é e vou pedir apagadinha para ficar aí, para desligar. Infelizmente, o YouTube não tenho como fazer aqui a live, fosse algo gravado, com o modo avião. Vocês que são mais jovens aí, se houver essa possibilidade, depois me informem.
Uma pessoa que tem a buchada, a pessoa triste vai deixando com que a angústia a domine, essa sensação de que a espera é uma espécie de nada e não o tudo transbordante do estado feliz. A pessoa feliz, ao contrário, difunde os bens que estão no coração. O mau humor é outro aspecto que foi registrado aqui em consultório de psicologia.
Muitas vezes, a pessoa triste é muito mal humorada. É como um ouriço, cheio de espinhos e susceptibilidade. Como ela se fechou na sua tristeza, quando alguém toca na ferida ou diz alguma coisa que não agrada, etc.
, ela afunda os espinhos na direção dos outros. Então, o mau humor, muitas vezes, é uma das capas da Veja. Outra coisa que se diz das pessoas tristes, a partir dessa observação clínica, é a sensação de solidão.
Não é que, às vezes, a pessoa não tenha uma boa família, muitas vezes tem, é casada, tem um companheiro de vida, mas esse estado de tristeza a leva a um sentimento de estar sozinha. E isso é muito ruim, porque nós somos animais sociais, já dizia Aristóteles. Uma coisa é a solidão propiciada ao homem espiritual, que busca recolhimento para dar um desenvolvimento interior, tanto no plano psicológico, como no plano espiritual.
Outra coisa é a solidão insatisfeita. Pensamentos delirantes são outra coisa, contemporaneamente catalogados. E nós vamos ver que os medievais, como Santo Tomás de Aquino, já sabiam disso.
A pessoa triste, desde então, governa sua imaginação. E aqui, na página 346 desse livro do Dalgalarrondo, "Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais", é relativamente à depressão. E aqui é um ponto analógico entre depressão e tristeza.
Ele diz que, muitas vezes, há sintomas psicóticos na depressão que nós também dizemos usar na tristeza. Depois eu vou dizer, se possível, ainda nesta live, que seria a distinção entre a tristeza e a depressão. Então, ele diz aqui: ideias delirantes de conteúdo negativo.
Há o delírio de ruína ou miséria, o delírio de culpa. A pessoa triste, às vezes, se sente culpada por um monte de coisas de que não tem culpa nenhuma. Outras vezes, ela se desculpa daquilo que é culpável.
É um outro aspecto: delírio hipocondríaco ou de negação de órgãos ou partes do corpo, a sensação de inexistência. A pessoa parece que não existe aos olhos do mundo; ela tem essa sensação de alucinações e ilusões auditivas ou visuais, e ações e reações paranóides. Essa classificação tem tudo a ver com o que diz sobre a tristeza Santo Tomás de Aquino, lá na Antiguidade, quando ele disse que a tristeza é uma espécie de paixão da alma, e toda paixão tem o seu fundamento na potência imaginativa.
Toda emoção desgovernada é uma doença da imaginação. Fique com esta definição, que é bem no sentido tomista do que nós vamos dizer aqui. Feita essa menção aos aspectos da tristeza no mundo contemporâneo, do estudo da psicologia.
Algumas coisas eu não tenho aqui para dizer do objetivo da psicologia tomista, que, graças a Deus, no Brasil vem começando a crescer. A psicologia, por isso, aqui eu vou respeitar, no plano da natureza humana, no plano natural das suas potências, não tem como objetivos claros a fazer com que a pessoa alcance o equilíbrio emocional, o que implica dizer que nas situações ela tem que se entristecer. Mas essa tristeza não pode fazer menção, e é uma altura que eu li, eu percebo.
Em algum momento, sua trajetória, as duas são informais e o que fala sobre as emoções tem uma base metafísica tomista muito profunda, que precisa ser traduzida para o texto das pessoas com quem eu tenho conversado nesse ano e meio de curso de psicologia. Poucas leram textos da Magna Carta. Então fica aqui a dica.
A compreensão da realidade, uma melhor compreensão da realidade, pode prover das teses. Aliás, se formos lembrar das chamadas bem-aventuranças, uma delas é bem-aventurado os que choram. Agostinho tem um livro intitulado "A Sermão da Montanha".
Ele discorre sobre esse choro da tristeza, o que é a ciência, e que ciência é essa da finitude das contingências humanas, da nossa fragilidade. Então, é um choro eficaz, um choro benéfico e não um choro maléfico. Então, a tristeza, muitas vezes, serve contra a inteligência, culpo por ser na personalidade, para fazer isso, enxergar essa mesma realidade que mencionei há pouco.
Os olhos são apenas do apetite sensitivo. Tão pãozão, agora é usar os looks atuais. Nos diz sobre a tristeza de Maria.
Muito bem, eu lembro que é uma live. Esperamos que algum proveito seja tirado do que vai sendo dito aqui. Então, ele diz, a certa altura da Suma Teológica, que é sua obra máxima, uma obra-prima no meio de um sem-número de outras primas, ele disse: a tristeza é uma dor.
Tipo de dor? Então, a dor do homem é psicofísica. Sempre há dores que começam no corpo e têm reflexos na alma.
Por exemplo, alguém dá uma topada no pé, dói o dedão do pé, mas não cabe a dor só no dedão do pé. Então, o que dói fundamentalmente é o corpo naquela parte, entre a alma e o organismo, em que ela mora. É uma dor somática, o reflexo psíquico.
Mas, no caso da tristeza, ele diz que a dor é uma paixão da alma. A tristeza é uma das espécies de dor que se dá com grau de profundidade maior do que a dor externa. Então, é uma dor anímica.
E aí o fluxo de causalidade é o inverso do que falei da dor no pé: é uma dor que vem da alma e é trazida para o corpo. Outra coisa interessante que ele diz nesse mesmo artigo, na questão 35 da primeira parte da segunda parte das "Formas Ecológicas", é que a tristeza pode recair sobre o passado, o presente e o futuro. A dor, por sua vez, por se referir ao sentido externo, como no caso da topada no pé, ao tato, se dá com relação ao presente.
Então, pode vir pela lembrança de um fato passado, pela consideração do presente ou pela estimativa de um mau futuro. Assim, ela tem essa crise temporal de dimensionalidade. A tristeza, embora afogue o sujeito no presente, já que a pessoa tem que estar, como que afogada, numa piscina, digamos assim, ela também apresenta essa tridimensionalidade temporal, algo que a faz surgir na alma.
Outra coisa que ele diz pode parecer evidente, mas não é. Quando a gente vai ler o texto, mesmo aquela parte que ele desenvolve de forma dialética, vemos que o que parece um modo tem uma complexidade por baixo. A tristeza contraria a deleitação, ao deleite.
O que ele se pergunta é: ela é contrária a todos os tipos de deleite? Não. Então, embora a tristeza seja contrária à alegria ou, neste caso, ao deleite identificado com o prazer, não se trata de uma dragantura; o direito à comida pode continuar a ser triste, mas aquele deleite orgânico não deixou de aflorar, apesar da tristeza, não é?
Outra coisa: a tristeza não é a alegria da contemplação da verdade para nos dar uma indicação terapêutica. A verdade, que é uma certa adequação entre a inteligência humana e o ser das coisas, com o que a pessoa busca para si mesma, sobre si mesma, sobre o mundo, sobre a realidade transcendental etc. , tende a minimizar a tristeza.
Isso porque entendemos que ela é uma escuridão do coração que afeta a inteligência. Nós contemplamos, e ao mesmo tempo nos assombramos com o que é visto, ou seja, com a beleza das coisas. Às vezes, nos alegra a beleza.
Então, acho que uma pessoa, mesmo estando triste, se ela contempla algo da realidade, sobretudo coisas mais elevadas no plano dos valores, etc. , ainda no plano do ser, ela tende a minimizar a tristeza. Uma observação muito importante que o Tomás faz na Suma Teológica: pensem bem.
Buscar um prazer em nós é um movimento mais forte do que fugir da dor, porque ele diz que o que causa o deleite é mais forte em nós. Então, nós temos, por isso, as chamadas paixões e críticas, como boas, sobretudo essas emoções desse apetite. Elas preferem, para o apetite irascível, que é, numa certa terminologia, mais intenso do que a fuga de um mau – difícil de combater.
Então, fundamentalmente, buscamos o bem para nós, e ao adquirirmos o bem, gostamos de estar no bem. Afinal, a tristeza é a ciência real da perda de um bem. Só que como ela pode ser delirante, esse bem pode até ser um bem ilusório.
É uma dor anímica. Formalmente, outra observação de Tomás: a dor física pode ser, muitas vezes, materialmente mais forte. Dizem que a dor física mais intensa que pode haver é a do nervo trigêmeo, mas a pessoa pode tomar uma medicação que diminui essa dor.
Agora, a dor anímica, que é a tristeza, do ponto de vista da forma, é mais profunda. Por isso, o tratamento para a tristeza não se dá com analgésicos, não se dá com antibióticos, embora para alguns estados de tristeza depressiva as cicatrizes recentes em psicotrópicos que vão agir no sistema nervoso central ajudem. Mas o que está sendo dito aqui por Tomás é uma consideração de caráter filosófico: a dor anímica é formalmente maior do que a física, embora fisicamente, mesmo materialmente, seja mais forte.
A tristeza é, então, uma enfermidade da alma. Isso é dito por Tomás a partir desse conjunto em questões que começam lá na questão 35 da primeira e da segunda parte da Suma Teológica. E ele faz outras observações interessantes para nós.
Duas a quatro espécies de tristeza, sendo duas no plano psicológico: o abatimento e a verdade. São tipos de tristeza. Assim, essa letargia, esse desânimo, que não é senão tudo isso, é um abatimento, uma espécie de tristeza.
A ansiedade também é parte da tristeza e pode ser também do medo, de outras emoções. O pânico, por exemplo, causa ansiedade. Esta, aqui, em se tratando de uma enfermidade da alma, é para sair desse estado.
Então, o triste sempre é, de alguma maneira, ansioso. Só que uma ansiedade que não vê muita saída é uma espécie, como eu disse, de rede que sufoca do ponto de vista moral. Aí temos as tristezas, uma boa e outra má.
Companheirismo é. . .
e o outro tipo é uma tristeza. Elevada é a tristeza; aliás, cristã por excelência. A pessoa sente-se triste porque um semelhante seu está triste.
Então, a tristeza elevada, quando a pessoa chega a esse estado, e aí no canal, neste caso aqui, não é uma doença da alma, e sim uma virtude. A tristeza pode ser uma virtude e, sob o ponto de vista maior, dessa qualquer espécie de tristeza, é a inveja. Eu tenho um curso lá na minha plataforma contra impugnantes, que é o primeiro da série dos sete pecados capitais, que é sobre a inveja.
Quem não é assinante da plataforma, vai lá, inscreva-se no curso, vale muito a pena. Há uma das aulas em que eu mostro que a inveja é uma tristeza. Então, abatimento, ansiedade, compaixão e inveja são tipos de tristeza, não é?
Tomás de Aquino, esse Doctor communis, virgem, aponta certos efeitos da tristeza. Vejam que maravilha! O primeiro deles é a dificuldade de aprender.
Isso devia ser óbvio, mas não é. A pessoa triste tem grandes dificuldades de aprendizado, já que a tristeza, alcançando o coração, afeta a mente. Ela tem dificuldade grave de aprender as coisas.
Outra coisa é o pesar de ânimo, os pêsames, né? É um pesar, um peso da alma, que é um efeito da tristeza. É como se a pessoa vivesse em luto permanente.
Ela está triste, é como se estivesse no estado de luto. Eu disse aqui, e apontei lá no início da aula, aliás, é o "luctus", né? O luto como uma das manifestações — a palavra latina "luctus" externa da tristeza — e é esse pesar de ânimo.
Na pessoa, o luto não é só a pessoa se vestir de preto; é sentir uma tristeza. O preto da roupa seria só um sinal desse obscurecimento do coração que a tristeza traz. É a debilidade da vontade, tá?
A falta de vontade de fazer as coisas. Ou seja, a tristeza afeta o apetite intelectivo, chamado vontade. A pessoa tem uma inapetência nos quereres; ela parece que não quer nada.
Ela quer tudo até sair do seu estado, não vê como. E esse seu pesar, na verdade, é a representação desse estado débil. E, por fim, entre os efeitos, Tomás nos diz algo de uma atualidade extraordinária, e eu cito aqui para vocês meditarem: de todas as emoções da alma — isso está dito aqui, né?
— e na sua lógica, é a que mais afeta o corpo. A paixão ou emoção da alma que mais afeta o corpo é a tristeza. É a que mais fere o corpo.
E eu digo para vocês que quando uma pessoa é mais autêntica, ela pode estar equivocada, mas ela não mente a respeito de sua própria tristeza. Uma pessoa que está triste pode ter defeitos de caráter etc. , mas naquele momento em que a tristeza está ali fazendo com que ela sofra, ela está sendo autêntica; ela não está mentindo para ela própria.
Algumas causas, só que são efeitos apontados por Tomás, né? Uma dor — é a dor de um bem perdido. Eu fico triste, por exemplo, tem uma outra música popular antiga que dizia: "A ficha madrugada foi aquela em que eu perdi o meu violão.
Não fiz serenata para ela, nem cantei uma linda canção. " Ou seja, a tristeza é a dor de algo que se perde e que era estimado como bom. A concupiscência, o apetite da carne, pode causar tristeza.
Às vezes, a pessoa desperta o apetite; ela tem esse apetite de modo muito veemente e, não conseguindo atualizá-lo, fica triste. Outra causa, muito realista, apontada por Tomás de Aquino, é o desejo de união. Muitas vezes, por exemplo, uma pessoa quer estar unida a outra, num casamento etc.
E, aquilo, não sendo possível circunstancialmente, ela se sente triste. Aliás, o quanto isso hoje é endêmico! A gente não tem nem como medir; as pessoas, muitas vezes, vivem no estado de tristeza pela falta de alguém que as complete, que dê um sentido mesmo ao amor.
O amor exige uma certa reciprocidade; implica uma certa reciprocidade. Outra coisa que causa a tristeza é a fraqueza diante de um mal presente. Ou seja, é quando aquele mal é mais do que nos atinge; nós sentimos que ele é mais forte do que nós e, portanto, nossas capacidades de reação em relação a ele são mais ou menos limitadas.
Então, meus caros, eu não sei a quantos minutos já vamos desta live. Penso aqui na Carlinha, que me deu um indicador, mas assim, o essencial que eu gostaria de falar sobre a tristeza está dito. Eu digo para vocês o seguinte: essa série começa com a tristeza.
Essa série, emoções, começa com esta live de hoje e prosseguirá na semana que vem com aquela emoção contrária à tristeza, que é a alegria. Então eu peço a vocês que, se gostaram do conteúdo, curtam esse "curtir". Eu fui advertido disso; ele é importante.
Assim que gostaram, curtam, compartilhem, porque eu sei que isso é muito maior do que eu; não é por mim, mas é um bem que se parte em São Paulo. Dêem o seu "likezinho" e, com isso, ajudem a difundir essa obra de Tomás de Aquino no Brasil. Viu, minha gente?
Muito, muito obrigado aos que acompanham! Não tenho ideia de quantos estão assistindo agora. Até a próxima semana!
Vejam se vocês estão tristes agora por alguma razão. Cantem! Tomem banho frio, como diz Santo Tomás, e pensem em uma coisa boa.
É a vários remédios para tristeza, e Augusto, até na sabedoria popular, tão Lemos as coisas boas. É o adjetivo, e falando assim parece fácil, mas numa caminhada difícil é preciso dar o primeiro passo. E, às vezes, o primeiro passo é de uma simplicidade que está à nossa mão e nós não percebemos.
Lembrem do verso do Vinícius de Moraes com o qual comecei esta aula: é melhor ser alegre que ser triste; a alegria é a melhor coisa que existe. É assim como a luz no coração. E o outro verso da mesma canção diz que a tristeza tem sempre uma esperança de um dia não ser mais triste.
Um beijo no coração de vocês! Light, até quarta-feira, até quinta-feira que vem! E aí.
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