memórias do subsolo de fodor dostoyevski primeira parte o subsolo hum sou um homem doente Homem Mal um homem desagradável creio que sofro do fígado Aliás não entendo o níquel da minha doença e não sei ao certo do que estou sofrendo não me trato e nunca me tratei embora respeite a medicina e os médicos ademais sou supersticioso ao extremo bem ao menos o bastante para respeitar a medicina sou suficientemente instruído para não ter nenhuma superstição mas sou supersticioso não se não quero me tratar é apenas de raiva certamente não compreendeis isto Ora eu compreendo naturalmente não
vos saberei explicar a quem exatamente farei mal no presente caso com a minha raiva sei muito bem que não estarei a pregar peças nos médicos pelo fato de não me tratar com eles sou o primeiro a reconhecer que com tudo isto só me prejudicaria a mim mesmo e a mais ninguém mas apesar de tudo não me trato Por uma questão de raiva se me dói o fígado que doa ainda mais já faz muito tempo que vivo assim uns 20 anos tenho 40 agora já estive empregado atualmente não fui um funcionário maldoso grosseiro e encontrava prazer
nisso não aceitava gratificações no tanto devia premiar me ao menos Desse modo é um mau gracejo mas não vou riscá-lo escrevi-o pensando que sairia muito espirituoso mas agora percebendo que apenas pretendia assumir uma atitude arrogante e ignóbil não o riscarei de propósito quando os solicitantes com pedidos de informações se acercam da mesa junto à qual me sentava Eu lhes respondia com um ranger de dentes e sentia um prazer insaciável quando conseguia magoar alguém conseguia quase sempre na maior parte dos casos aparecia gente tímida era natural em se tratando de solicitantes mas dentre os que se
trajavam com presunção eu não suportava particularmente certo oficial ele teimava em não se sujeitar e tilinta o sabre de modo abominável por causa daquele sabre guerreamos um ano e meio finalmente Venci ele deixou de tentá-lo aliás isso aconteceu ainda na minha Mocidade mas sabeis senhores em que consistia o ponto principal da minha raiva o caso todo a maior ignomínia consistia justamente em que a todo momento mesmo no instante do meu mais intenso rancor eu tinha consciência e de modo vergonhoso de que não era uma pessoa má nem mesmo enraivecida que apenas assustava passarinhos em vão
e me divertia com isso minha boca espumava mas se alguém me trouxe esse alguma bonequinha me desse chazinho com açúcar é possível que me acalmasse ficaria até comovido do fundo da Alma embora certamente depois resse os dentes para mim mesmo e de vergonha sofresse de insônia por alguns meses é hábito meu ser assim menti a respeito de mim mesmo quando disse ainda pouco que era um funcionário maldoso menti de raiva eu apenas me divertia quer com os solicitantes quer com o oficial mas na realidade nunca pude tornar-me mal a todo momento constatava em mim a
existência de muitos e muitos elementos contraditórios a isso sentia que esses elementos contraditórios realmente fervilhavam em mim sabia que eles haviam fervilhar a vida toda e que pediam para sair mas eu não deixava não deixava de propósito não os deixava extravazar atormentavam me até a vergonha chegavam a provocar me com oções e por fim acabaram por me enjoar realmente não vos parece que eu agora me arrependo de algo perante vós que vos peço perdão estou certo de que esta é a vossa impressão pois asseguro-vos que me é indiferente o fato de que assim vos pareça
não consegui chegar a nada nem mesmo tornar-me mal nem bom nem canalha nem honrado nem herói nem inseto agora vou vivendo os meus di em meu canto incitando a mim mesmo com o consolo raivoso que para nada serve de que um homem inteligente não pode a sério tornar-se algo e de que somente os imbecis o conseguem sim um homem inteligente do século XIX precisa e está moralmente obrigado a ser uma criatura eminentemente sem caráter e uma pessoa de caráter de ação deve ser sobretudo limitada Esta é a convicção dos meus 40 anos estou agora com
40 anos e 40 anos são na realidade a vida toda de fato isso constitui a mais avançada velhice viver além dos 40 indecente vulgar imoral quem é que vive além dos 40 respondei-me sincera e honestamente vou dizer-vos os imbecis e os canalhas vou dizer isto na cara de todos esses anciães respeitáveis e perfumados de cabelos argênteas vou dizê-lo na cara de todo mundo Ten o direito de falar assim porque eu mesmo hei de viver até os 60 até os 70 até os 80 um momento deixe-me tomar fôlego pensais acaso senhores que eu queria fazer-vos rir
é um engano não sou de modo algum tão alegre como vos parece ou como vos possa parecer aliás se irritados com toda esta tagarelice e eu já sinto que vos irrites tiverdes a ideia de me perguntar quem é Afinal sou eu vou responder sou um assessor colegial Fiz parte do funcionalismo a fim de ter algo para comer unicamente para isto e quando no ano passado um dos meus parentes afastados me deixou 6.000 rublos em seu Testamento aposentei imediatamente e passei a viver neste meu cantinho já antes disso vivia aqui mas agora instalei-me nele tenho um
quarto ordinário nos arredores da cidade a minha criada é uma an velha ruim por estupidez E além disso cheira sempre mal dizem-me que o clima de Petersburgo está me prejudicando e que para os meus insignificantes recursos A vida aqui é muito cara sei disso Sei melhor do que todos estes conselheiros e protetores experimentados e sábios mas ficarei em Petersburgo não deixarei esta cidade não a deixarei porque eh mas na realidade me é de todo indiferente o fato de que a deixou não dizei-me de que pode falar um homem decente com o máximo prazer resposta de
si mesmo então também vou falar de mim dois tenho agora vontade de vos contar senhores queirais ouvi-lo ou não porque não consegui tornar-me sequer um inseto vou dizer-vos solenemente que muitas vezes quis tornar-me um inseto mas nem disso fui Digno juro vos senhores que uma consciência muito perspicaz é uma doença uma doença autêntica completa para o uso cotidiano seria mais do que suficiente a consciência humana comum isto é a metade um quarto a menos da Porção que cabe a um homem instruído do nosso infeliz século X e que tem além disso a infelicidade de habitar
Petersburgo a cidade mais abstrata e meditativa de todo o globo terrestre existem cidades meditativas e não meditativas se seria de todo o suficiente por exemplo a consciência com que vivem todos os chamados homens diretos e de ação pensais sou capaz de jurar que escrevo tudo isso para causar efeito para gracejar sobre os homens de ação e também por mau gosto que faço tilintar o sabre tal como o meu oficial mas senhores quem é que pode vangloriar-se das próprias doenças e ainda procurar causar com elas um efeito aliás que digo todos fazem Isto é justamente das
doenças que se vangloriam E eu talvez mais que ninguém não discutamos a minha objeção é absurda apesar de tudo estou firmemente convencido de que não só uma dose muito grande de consciência Mas qualquer consciência é uma doença insisto nisso mas deixem-me o seguinte por me acontecia como se fosse de propósito naqueles momentos sim exatamente na aqueles momentos em que eu era capaz de melhor apreciar todas as sutilezas do Belo e sublime como outrora se dizia entre nós porque me acontecia não apenas conceber mas realizar atos tão feios atos que bem numa palavra atos como os
que todos Talvez cometam Mas que como se fosse de propósito me ocorriam exatamente nos momentos em que eu mais nitidamente percebia que de modo algum devia cometê-los quanto mais consciência eu tinha do bem e de tudo o que é Belo e sublime tanto mais me afundava em meu lodo e tanto mais capaz de emergir nele por completo porém o traço principal estava em que tudo isso parecia ocorrer me não como que por acaso mas como algo que tinha de ser disse iia que este era o meu estado normal e que não se tratava de doença
de um defeito de modo do que por fim perdi até a vontade de lutar com este defeito finalmente quase acreditei e talvez tinha acreditado realmente que o meu estado normal era esse e no início quanto não sofri nessa luta não acreditava que o mesmo acontecesse a outrem e por isso mantive o em segredo a vida toda envergonhava me disso e talvez minha em vergonha e até hoje chegava a ponto de sentir Certo prazer Zinho secreto anormal igno Zinho Quando Às vezes em alguma horrível noite de Petersburgo regressava ao meu cantinho e me punha a lembrar
com esforço que naquele dia tornara a cometer uma ignomínia e que era impossível voltar atrás remordia-se então em segredo dilacerava rasgava e sugava até que o amargor se transformasse finalmente em certa doçura viu maldita e depois num prazer sério decisivo sim num prazer num prazer insisto nisso se abordei o assunto foi porque desejo intensamente saber ao certo o seguinte terão outras pessoas semelhantes Prazeres vou explicar-vos o prazer provinha justamente da consciência demasiado viva que eu tinha da minha própria degradação vinha da sensação que experimentava de ter chegado ao derradeiro limite de sentir que embora isso
ruim não pode ser de outro modo de que não há outra saída de que a pessoa nunca mais será diferente pois ainda que nos sobrasse tempo e fé para Isto certamente não teríamos vontade de fazê-lo e mesmo que as quiséssemos nada faríamos nesse sentido mesmo porque em que nos transformar e o principal o fim derradeiro está em que tudo isto ocorre segundo as leis normais e básicas da consciência hipertrofiada de de acordo com a inércia decorrência direta dessas leis e Por conseguinte não é o caso de se transformar simplesmente não há nada a fazer resulta
o seguinte por exemplo da consciência hipertrofiada tu tens razão de ser um canalha como se fosse consolo para um canalha perceber que é realmente um canalha mas chega é tagar Eli muito mas o que ficou explicado como se explica aí o prazer mas eu explico he de ir até o fim foi por isso que tomei a pena tenho por exemplo um terrível amor próprio sou desconfiado e me ofendo com facilidade como um corcunda ou uma não mas realmente tive momentos Tais que se me acontecesse receber um bufetão talvez até me alegrasse com o fato falo
sério com certeza eu saberia encontrar também nisso uma espécie de prazer naturalmente o prazer do desespero mas é justamente no desespero que ocorrem os prazeres mais ardentes sobretudo quando já se tem uma consciência muito forte do inevitável da própria condição E no caso do bofetão SIM fica-se comprimido pela consciência do mingal H que nos reduziram e o principal por mais que se rumine o caso está em que eu sou o primeiro culpado de tudo e o que é mais ofensivo culpado sem culpa e por assim dizer segundo as leis da natureza pois em primeiro lugar
tenho culpa de ser mais inteligente que todos à minha volta considerei continuamente mais inteligente que todos à minha volta e às vezes acreditam tinha até vergonha disso pelo menos a vida toda olhei de certo modo para o lado e nunca pude fitar as pessoas nos olhos finalmente sou culpado Porque mesmo que houvesse em mim generosidade eu teria com isso apenas mais sofrimento devido à consciência de toda sua inutilidade certamente eu não saberia fazer nada com a minha generosidade nem perdoar pois o ofensor talvez me tivesse batido segundo as leis da natureza e não se pode
perdoar as leis da natureza sem esquecer pois ainda que se trate das leis da natureza sempre é ofensivo finalmente mesmo que eu renunciasse a seroso e ao contrário quisesse vingar-me do ofensor de nada poderia vingar-me nem de ninguém pois certamente não ousaria fazer algo mesmo que pudesse e não ousaria por qu quero dizer agora duas palavras a este respeito três como é que faz por exemplo aquele que sabe vingar-se e de modo geral defender-se quando o sentimento de Vingança suponhamos se apodera dele nada mais resta em seu espírito a não ser este sentimento um cavalheiro
desse tipo atira-se diretamente ao objetivo como um touro enfurecido de chifres abaixados e somente um muro pode detê-lo aliás diante de um muro Tais cavalheiros Isto é os homens diretos e de ação cedem terreno com sinceridade o muro para eles não é causa de desvio como por exemplo Para nós homens de pensamento e que Por conseguinte nada fazemos não é um pretexto para arrepiar carreira pretexto em que nós outros costumamos não acreditar mas que recebemos sempre com grande alegria não eles cedem terreno com toda a sinceridade o muro tem para eles alguma coisa que acalma
é algo que do ponto de vista moral encerra uma solução algo definitivo e talvez até Místico mas deixemos o muro para mais tarde pois bem um homem desses um homem direto é que eu considero um homem autêntico normal como o sonhou a própria mãe carinhosa a natureza ao criá-lo amorosamente sobre a terra inveja um homem desses até o extremo de minha billes ele é estúpido concordo mas talvez o homem normal Deva mesmo ser estúpido sabeis talvez isto seja até é muito bonito estou tanto mais convencido desta suspeita por assim dizer que se tomarmos por exemplo
a antítese do homem normal Isto é o homem de consciência hipertrofiada o homem saído naturalmente não do seio da natureza mas de uma retorta Já que é quase misticismo senhores mas eu suspeito isto também o que se verifica então é que este homem de retorta a tal ponto chega a ceder terreno para a sua antítese que a si mesmo se considera com toda a sua consciência hipertrofiada um camongo e não um homem talvez seja um camongo de consciência hipertrofiada Mas sempre é um camod longo ora trata-se de um homem e Por conseguinte de todo o
mais também e o mais importante é que ele mesmo se considera a si mesmo um camongo ninguém lhe pede isto e este é um ponto importante Mas vejamos agora este camongo em ação suponhamos por exemplo que ele esteja ofendido quase sempre está e queira vingar-se acumula-se nele provavelmente mais rancor que no homem de Nature deit nota citação do seguinte trecho das Confissões de Jean semblable verit de Nature ser quer mostrar meuses um homem em toda a verdade da natureza e este homem serei eu nota do tradutor de nota é possível que um desejo baixo e
ignóbil de retribuir ao ofensor o mesmo dano ranja nele ainda mais ignobil que no hom de la Nature e de la verité porque este devido à sua inata estupidez considera sua vingança um simples ato de Justiça já o camongo em virtude de sua consciência hipertrofiada nega haver nisso qualquer justiça atinge-se por fim a própria ação o próprio ato de Vingança O Infeliz cud longo já conseguiu acumular em torno de si além da torpeza Inicial uma infinidade de outras torpezas na forma de interrogações e dúvidas acrescentou a primeira interrogação tantas outras não resolvidas que forçosamente se
acumula ao redor dele Certo líquido repugnante e fatídico certa lama fétida que consiste nas suas dúvidas inquietações e finalmente nos escarros que caem sobre ele em profusão dos homens de ação agrupados solenemente ao redor na pessoa de juízes e ditadores e que riem dele a mais não poder com toda a capacidade das suas goelas sadias naturalmente resta-lhe sacudir a patinha em relação a tudo e com um sorriso de fictício desprezo no qual ele não acredita esgueirar-se vergonhosamente para a sua fend Zinha ali no seu ignóbil e fétido subsolo o nosso camongo ofendido machucado coberto de
zombarias emerge logo num rancor frígido envenenado e sobretudo S terno há de lembrar 40 anos seguidos a sua ofensa até os derradeiros e mais vergonhosos pormenores e cada vez acrescentará por sua conta novos pormenores ainda mais vergonhosos zombando maldosamente de si mesmo irritando com sua própria imaginação ele próprio se envergonhará dessa imaginação Mas assim mesmo tudo lembrará tudo examinará e há de inventar sobre si mesmo Fatos e verossímeis com o pretexto de que também estes poderiam ter acontecido e nada perdoará Possivelmente começará a vingar-se mas de certo modo interrompido com Miu salias por trás do
fogão incógnito não acreditando no direito nem no êxito da vingança e sabendo de antemão que todas estas tentativas de vindita vão fazê-lo sofrer sem vezes mais do que ao objeto de sua vingança pois este talvez não precise sequer coçar-se no seu leito de morte há de tornar a lembrar tudo com os juros acumulados em todo esse tempo e mas é exatamente nesse frígido e repugnante semid desespero nesta semrenha neste consciente enterrar-se vivo por aflição no subsolo por 40 anos nessa situação intransponível criada com esforço e apesar de tudo um tanto duvidosa em toda esta peçonha
dos desejos insatisfeitos que penetram no interior do ser em toda esta febre das vacilações das decisões tomadas para sempre e dos arrependimentos que tornam a surgir um instante depois em tudo isto é que consiste o sumo daquele estranho prazer de que falei Este prazer é a tal ponto Sutil e a tal ponto Às vezes inapreensível a consciência que as pessoas um pouquinho limitadas ou mesmo simplesmente as de nervos fortes não compreenderão dele nem um pouco sequer talvez não compreendam também aquelas acrescentarei com um sorriso largo que nunca foram esbofeteado E deste modo alud direis delicadamente
a que em minha vida eu provavelmente sofri também bofetadas e que falo com conhecimento de causa juro por tudo que pensais assim mas acalmai vos meus senhores não recebi bofetões embora me seja de todo indiferente o que pensais a este respeito é possível que eu mesmo lamente o fato de ter distribuído em minha vida poucas bofetadas mas chega nenhuma palavra mais sobre esse tema por mais que ele vos interesse continuo tranquilamente a discorrer sobre as pessoas de nervos fortes que não compreendem certa sutileza nos Prazeres em determinados casos por exemplo esses senhores ainda que se
esguela toa como touros e ainda que isso admitamos lhes dê uma honra muito grande Diante do Impossível como eu já disse eles imediatamente se conformam o impossível quer dizer um muro de pedra mas que muro de pedra bem naturalmente as leis da natureza as conclusões das ciências naturais a matemática quando vos demonstraram por exemplo que descende do macaco não adianta fazer careta tendes que aceitar a coisa como ela é se vos demonstrarem que em Essência uma gotícula de vossa própria gordura vos deve ser mais cara do que 100.000 dos vossos semelhantes e que nesse resultado
ficarão abrangidos por fim todos os chamados deveres virtudes e demais toes e conceitos deveis aceitá-lo Aim mesmo nada há de fazer porque dois e dois são quatro é matemática e experimentar e retrucar não é possível vão gritar vos não podeis rebelar vos Isto significa que dois e dois são quatro a natureza Não vos Pede licença ela não tem nada a ver com os vossos desejos nem com o fato de que as suas leis vos agradem ou não deveis aceitá-la tal como ela é consequente também todos os seus resultados o muro é realmente o muro etc
etc meu Deus que tenho eu com as leis da natureza e com a aritmética se por algum motivo não me agradam essas leis e os dois e dois são quatro está claro que não romperei esse muro com a testa se realmente não tiver forças para fazê-lo mas não me conformare com ele unicamente pelo fato de ter pela frente um muro de pedra e de terem sido insuficientes as minhas forças até parece que semelhante muro de pedra é realmente um tranquilizador e que de fato contém alguma palavra para o mundo só porque constitui o dois e
dois são quatro ó absurdo dos Absurdos não é o mesmo tudo compreenderes tudo aprenderdes todas as impossibilidades e muros de pedra não vos conformes com Nenhuma destas impossibilidades e muros de pedra se vos repugna a resignação a atingires pelo caminho das combinações lógicas inevitáveis as conclusões mais ignóbeis sobre o tema Eterno De que se tem certa culpa mesmo do muro de pedra embora mais uma vez seja bem evidente que não se tem qualquer culpa e em consequência disto rangendo os dentes em silêncio e com impotência imobilizar vos voluptuosamente em inércia sonhando que não há contra
quem ter rancor que não se encontra um objeto E que tal talvez nunca se encontre que há nisso uma escamoteação uma fraude uma trapaça simplesmente uma repugnante confusão não se sabe o qu não se sabe quem Mas sabe que apesar de todas essas ignorâncias e fraudes sentis uma dor e quanto mais ignorais tanto mais sentis essa dor quatro depois disso o senhor encontrará prazer meso na dor de dentes exclamar rindo como não há prazer mesmo numa dor de dentes respondo tive dor de dentes um mês inteiro sei o que é isto neste caso naturalmente a
pessoa não se enfurece em silêncio mas geme no entanto não são gemidos sinceros são gemidos maldosos e tudo consiste justamente nessa maldade nesses gemidos é que se expressa o prazer do sofredor se não sentisse prazer neles não iria querer soltá-los é um bom exemplo meus senhores e vou desenvolvê-lo nesse gemido se expressa em primeiro lugar toda a inutilidade de vossa dor humilhante para a nossa consciência toda a legalidade da natureza com a qual naturalmente pouco vos importa mas que apesar de tudo vos faz sofrer enquanto ela não sofre expressa-se neles a consciência de que não
tendes um inimigo mas a dor existe a consciência de que apesar de todos os w sois plenamente escravos dos vossos dentes de que se alguém quiser os vossos dentes deixarão de doer e se não quiser hão de doer uns três meses mais finalmente se ainda não concorda e mesmo assim protestais resta vos para vosso consolo dar uma surra em vossa própria pessoa ou esmurrar do modo mais doloroso o vosso muro e absolutamente mais nada bem é justamente por essas ofensas sangrentas por essas zombarias não se sabe da parte de quem que começa por fim o
prazer que chega às vezes a suprema voluptuosidade peço-vos senhores prestai um dia atenção aos gemidos de um homem instruído do século X que sofra de dor de dentes no segundo ou terceiro dia de afecção Por exemplo quando ele já começar a gemer não como fazia no primeiro dia Isto é não simplesmente porque lhe doam os dentes não do modo como faz algum Rude mujique mas como geme um homem atingido pelo desenvolvimento geral e pela civilização europeia um homem que renunciou ao solo e aos princípios populares como se diz agora os seus gemidos tornam-se maus perversos
visz e continuam dias e noites seguidos e ele próprio percebe que não trará nenhum proveito a si mesmo com os seus gemidos melhor do que ninguém ele sabe que apenas tortura e irrita a si mesmo e aos demais Sabe que até o público perante o qual se esforça e toda a sua família já o ouvem com asco não lhe dão um níquel de crédito e sentem No íntimo que ele poderia gemer de outro modo mas simplesmente sem gargi nem sacudir delas e que se diverte por maldade e raiva pois bem é justamente em todos esses
atos conscientes e infames que consiste a Volúpia Eu vos inquieto faço-o coração não deixo ninguém dormir pois não dormais senti vós também a todo instante que estou com dor de dentes para vós eu já não sou um herói que anteriormente quis parecer mais simplesmente um homem ruinzinho um Chan nota vagabundo bandido calhorda em francês fim de nota bem seja estou muito contente porque vós me decifras sentios mal ouvindo os meus Gemidos e globinhos pois que vos sinta mal agora vou soltar em vossa intenção um gargante ainda pior Não compreendeis mesmo agora senhores não ao que
parece é preciso adquirir um profundo desenvolvimento uma profunda consciência para compreender todas as sinuosidades dessa Volúpia rindo fic muito contente os meus gracejos senhores são naturalmente de gosto desiguais incoerentes repassados de autod desconfiança mas isto realmente ocorre porque eu não me respeito pode porventura um homem consciente respeitar-se um pouco sequer cinco bem acaso pode respeitar-se um pouco sequer o homem que tentou encontrar prazer mesmo no sentimento da própria abjeção não digo isto agora devido a algum arrependimento melif e de modo geral nunca suportei dizer desculpe papai não vou mais fazer isto não porque eu fosse
incapaz de dizê-lo mas ao contrário justamente porque talvez fosse demasiado capaz disso não é mesmo como que di propósito acontecia me ser levado a fazê-lo justamente quando não tinha qualquer culpa nem sequer em pensamento isso já era a pior vileza e ao mesmo tempo eu ficava no entanto comovido até a alma arrependia-se vertia Lágrimas e naturalmente ludibria a mim mesmo embora absolutamente não fingisse era o coração que praticava de certo modo uma torpeza no caso não se podia sequer culpar as leis da natureza embora realmente as leis da natureza me ofendesse sempre e mais que
tudo a vida inteira faz mal lembrar tudo isto e naquele tempo também fazia mal com efeito ao cabo de um minuto mais ou menos já me acontecia perceber em revido que todos aqueles arrependimentos todos aqueles estados comovidos aquelas juras de renegação eram mentira uma repugnante e afetada mentira mas perguntai para que me mutilava e me atormentava assim resposta porque era muito enfadonho ficar sentado de braços cruzados lançava-me então nas minhas escapatórias realmente era assim observai vos melhor senhores e compreendeis que assim é imaginava para mim mesmo aventuras e inventava uma vida para viver ao menos
de algum modo quantas vezes me aconteceu por exemplo ficar ofendido não por um motivo determinado mas intencionalmente eu mesmo sabia por vezes que me ofendera por nada que aceitara voluntariamente A Ofensa mas essas coisas levam uma pessoa a tal estado que por fim ela realmente fica ofendida a vida toda algo me arrastava a fazer esses três jeitos a tal ponto que acabei perdendo o poder sobre mim mesmo de outra feita quis por força apaixonar-me isto me aconteceu duas vezes e real ente sofri meus senhores asseguro-vos no fundo da alma não acreditamos estar sofrendo há uma
zombaria que desponta mas Aim mesmo sofria de verdade tinha ciúmes e ficava fora de mim e tudo isso por enado senhores unicamente por enado a inércia me esmagara com efeito o resultado direto e legal da consciência é inércia Isto é o ato de ficar conscientemente sentado de braço cruzados já aludia a isto há pouco repito repito com insistência todos os homens diretos e de ação são ativos justamente por serem parvos e limitados como explicá-lo do seguinte modo em virtude de sua limitada inteligência tomam as causas mais próximas e secundárias pelas causas primeiras E deste modo
e se convencem mais depressa e facilmente que os demais de haver encontrado o fundamento discutível para a sua ação e então se acalmam isto é de fato o mais importante para começar a agir é preciso de antemão estar de todo tranquilo não conservando quaisquer dúvidas e como é que eu por exemplo me tranquilizar onde estão as minhas causas primeiras em que me apoie Onde estão os fundamentos onde irei buscá-los faço exercício mental e Por conseguinte em mim cada causa primeira arrasta imediatamente atrás de si outra ainda anterior e assim por diante até o infinito tal
É de fato a essência de toda a consciência do próprio ato de pensar e assim chegamos de novo às leis da natureza e qual é Afinal o resultado exatamente o mesmo lembrai-vos ainda há pouco Falei de Vingança provavelmente não atest Ases nisso já foi dito o homem se vinga porque acredita que é justo quer dizer que ele encontrou a causa primeira o fundamento a justiça Isto é como ele está tranquilizado por todos os lados vinga-se calmamente e com êxito convicto de que pratica uma ação honesta e justa mas eu não vejo nisso Justiça nem qualquer
espécie de virtude Se começar a vingar-me será unicamente por maldade esta naturalmente poderia sobrepujar tudo todas as minhas dúvidas e de fato poderia iia funcionar com pleno êxito em lugar da causa primeira e justamente por não ser a causa mas que fazer se não tenho sequer maldade ainda há pouco foi assim mesmo que eu comecei o meu rancor em virtude mais uma vez dessas execráveis leis da consciência está sujeito à decomposição química quando se repara o objetivo volatiza se as razões se evaporam não se encontra o culpado A Ofensa não é mais Ofensa o fatum
algo semelhante à dor de dentes da qual ninguém é culpado e Por conseguinte resta mais uma vez a mesma saída Isto é bater no muro do modo mais doloroso assim desiste-se por não se ter encontrado a causa primeira mas Experimenta apaixonar-se cegamente pelo teu sentimento sem discussão sem uma causa primeira repelindo a consciência ao menos durante esse período odeia ou ama apenas para não ficares sentado de braços cruzados depois de amanhã mais tardar começará a odiarte porque l debaste a ti mesmo conscientemente resultado uma bolha de sabão e a inércia ah senhores é possível que
me Considere um homem inteligente apenas porque em toda a vida não pude começar nem acabar alguma coisa admitamos que eu seja um tagarela um tagarela inofensivo magoado como todos nós mas que fazer-se a destinação única e direta de todo o homem inteligente é apenas aagar Elice uma intencional transferência do oco para o vazio seis ó se eu não fizesse nada unicamente por preguiça meu Deus como eu me respeitaria então respeitar me ia justamente porque teria a capacidade de possuir em mim ao menos a preguiça haveria pelo pelo menos uma propriedade como que positiva e da
qual eu estaria certo pergunta Quem é resposta um preguiçoso seria muito agradável ouvir isso a meu respeito significaria que fui definido positivamente haveria o que dizer de mim preguiçoso realmente é um título e uma nomeação É uma carreira não brinis é assim mesmo seria então de direito membro do primeiro dos clubes e ocupar-me ia apenas em me respeitar incessantemente Conheci um cavalheiro que a vida inteira orgulhava-se com o fato de ser entendido em lafit nota o vinho francês chatou lafit fim de nota ele considerava isso sua qualidade positiva e nunca duvidava de si morreu com
a consciência não só tranquila mas Triunfante até e tinha toda a razão e eu poderia neste caso escolher uma carreira Para mim seria preguiçoso e Comilão não do tipo comum mas por exemplo dos que comungam Com tudo o que é Belo e sublime Que tal há muito que isto me ven à mente este Belo e sublime apertou-me com força a base do crânio aos 40 anos Sim foi aos 40 mas agora oh agora seria diferente imediatamente eu encontraria também o setor respondente de atividade ou para ser mais exato beber a saúde de tudo que é
Belo e sublime eu me agarraria a toda oportunidade para em primeiro lugar verter uma lágrima na minha taça e a seguir esvaziá-la em intenção de tudo o que fosse Belo e sublime haveria de encontrar este Belo e sublime até na mais ignóbil na mais indiscutível das porcarias e transformaria em Belo Sublime tudo o que existisse no mundo tornar-me ia lacrimejante Como uma esponja molhada um pintor por exemplo pinta um quadro de Guê imediatamente eu beberia a saúde do pintor que realizou o quadro de Guê porque amo o que é Belo e sublime um autor escreve
como a praza cada um imediatamente eu beberia a saúde de cada um porque amo tudo o que é Belo e sublime e exige diria por isto respeito a mim mesmo e perseguiria quem não me tribut asse este respeito vive-se com tranquilidade morre-se solenemente é o encanto um verdadeiro encanto e eu criaria então um tal barrigão armaria um tal queixo Tríplice elaboraria um tal nariz de sândalo que todo transeunte diria olhando para mim este é que é um figurão isto é que é verdadeiro e positivo seja o que quiserdes mas é agradabilíssimo ouvir opiniões assim em
nosso século de negação meus senhores sete mas tudo isso são sonhos Dourados Ó dizei-me quem foi o primeiro a declarar a proclamar que o homem comete ignomínias unicamente por desconhecer os seus reais interesses e que bastaria instruí-lo abrir-lhe os olhos para os seus verd e normais interesses para que ele imediatamente deixasse de cometer essas ignomínias e se tornasse no mesmo instante bondoso e Nobre Porque sendo instruído e compreendendo as suas reais vantagens veria no bem o seu próprio interesse e sabe-se que ninguém é capaz de agir conscientemente contra ele e Por conseguinte por assim dizer
por necessidade ele passaria a praticar o bem ó criancinha de de peito ou inocente e pura criatura mas em primeiro lugar quando foi que aconteceu ao homem Em todos estes milênios agi unicamente em prol de sua própria vantagem e que fazer então dos milhões de fatos que testemunham terem os homens com conhecimento de causa Isto é compreendendo plenamente as suas reais vantagens relegando estas a um plano secundário e se atirado a um outro caminho em busca do risco ao acaso sem serem obrigados a isto por nada e por ninguém mas como que não desejando justamente
o caminho indicado e aberto a custo do outro com teimosia a seu bel prazer procurando quase nas trevas esse caminho ardo absurdo quer dizer realmente que essa teimosia e a ação a seu bel prazer lhes eram mais agradáveis que qualquer vantagem a vantagem mas o que é a vantagem aceitais acaso a tarefa de determinar com absoluta precisão Em que consiste a vantagem humana e se porventura acontecer que a vantagem humana alguma vez não apenas pode mas deve até consistir justamente em que em certos casos desejamos para nós os mesmos prejuízos e não as vantagens e
se é assim se pelo menos pode existir tal possibilidade toda a regra fica reduzida na o que achais acontecem Tais casos estais rindo Ride meus senhores mas respondei-me apenas estarão computadas com absoluta exatidão as vantagens humanas Não existirão algumas que não apenas não se enquadram mas nem podem enquadrar-se em qualquer classificação pois senhores no que me é dado conhecer levantastes todo o vosso cadastro das vantagens humanas calculando a média a partir das cifras estatísticas e das fórmulas científicas e econômicas as vossas vantagens são o bem-estar a riqueza a liberdade a tranquilidade etc etc de modo
que o homem que se declare por exemplo Consciente e claramente contra todo esse cadastro seria na vossa opinião e naturalmente na minha também um obscurantista ou um demente completo não é verdade mas eis o que é surpreendente Por que sucede que todos esses estatísticos Mestres da sabedoria e amantes da humanidade ao computar as vantagens humanas deixam de mencionar uma delas nem sequer a inclui no computo na forma em que deve ser tomada mas é disso que depende todo o cálculo não seria grande desgraça tomar essa vantagem também e incluí-la na lista mas a ruína está
justamente em que esta vantagem complicada não cabe em nenhuma classificação e não se enquadra em nenhuma lista tenho por exemplo um amigo é senhores É vosso amigo também e de quem de quem ele não é amigo preparando-se para uma ação ess Cavalheiro no mesmo instante que vos há de expor de modo Claro e enfático como precisamente ele deve agir de acordo com as leis da razão e da Verdade mas ainda turbada e apaixonadamente há de vos falar dos reais e normais interesses humanos censurar troço dos mpes e estúpidos que não compreendem as suas vantagens nem
o verdadeiro significado da virtude e passado exatamente um quarto de hora sem qualquer pretexto súbito exterior mas devido a algo interior mais forte que todos os seus interesses há de ter uma saída completamente de Vera Isto é investirá claramente contra aquilo de que ele mesmo falava contra as leis da Razão contra a sua própria vantagem bem numa palavra contra tudo devo prevenir de que meu amigo é uma pessoa coletiva e por isso torna-se de certo modo difícil lançar sobre ele toda a culpa eis onde quero chegar senhores não existirá de fato e eu digo isto
para não transgredir a lógica algo que seja quase todos mais caro que as maiores vantagens Justamente a vantagem otida aquela de que se falou ainda há pouco mais importante e preciosa que todas as demais e pela qual o homem se necessário esteja pronto a ir contra todas as leis Isto é contra a razão a honra a tranquilidade o bem-estar numa palavra contra todas estas coisas belas e úteis só para atingir aquela vantagem primeira a mais preciosa e que lhe é mais cara que tudo bem assim mesmo sempre há uma vantagem vós me interrompe perdão ainda
teremos uma explicação e o caso não está num jogo de palavras mas em que essa vantagem é admirável justamente por destruir continuamente todas as nossas classificações e sistemas elaborados pelos amantes da espécie humana para a felicidade desta numa palavra é muito incômoda mas antes de eu vos nomear essa vantagem quero comprometer-se pessoalmente e por isso proclamo com insolência que todos esses belos sistemas todas essas teorias para explicar a humanidade os seus interesses verdadeiros normais a fim de que ela anciano Inexoravelmente por atingir essas vantagens se torne de imediato bondosa e no por enquanto tudo isso
não passa a meu ver de pura logística sim logística Sem dúvida afirmar essa teoria de renovação de toda a espécie humana por meio do sistema das suas próprias vantagens é a meu ver quase o mesmo bem que afirmar por exemplo com buckle que o homem é suavizado pela civilização tornando-se Por conseguinte pouco a pouco menos sanguinário e menos dado à guerra de acordo com a lógica se não me engano é a conclusão a que ele chega mas o homem a tal ponto afeiçoado ao seu sistema e à dedução abstrata que está pronto a deturpar intencionalmente
a verdade a descrer de seus olhos e seus ouvidos apenas para justificar a sua lógica tomo justo esse exemplo por ser tão eloquente lançai um olhar ao redor o sangue jorra em torrentes e o que é mais de modo tão alegre como se fosse champan aí tendes todo o nosso século em que viveu o próprio bucle aí tendes Napoleão tanto o grande como o atual aí tendes a América do Norte com a união eterna aí está por fim esse caricato CLN hin o que suavisa pois em nós a civilização a civilização elabora no homem apenas
a multiplicidade de sensações e absolutamente nada mais e através do desenvolvimento dessa multiplicidade o homem talvez chegue ao ponto de encontrar prazer em derramar sangue bem que isto já lhe aconteceu notaste acaso que os mais refinados sanguinários foram quase todos cavalheiros civilizados diante dos quais todos estes átilas esenca razen não valem um caracol e se eles não saltam aos olhos com a mesma nitidez de Átila e stien razen é justamente porque são encontrados com demasiada frequência são Por demais comuns e já não chamam atenção pelo menos se o homem não se tornou mais sanguinário com
a civilização ficou com certeza sanguinário de modo pior mais ignóbil que antes outrora ele via Justiça no massacre e destruía de consciência tranquila quem julgasse necessário hoje embora consideremos o derramamento de sangue uma ignomínia assim mesmo ocupamos com essa ignomínia e mais ainda que outrora o que é pior decidi vós mesmos dizem que Cleópatra desculpa-me este exemplo da história Romana gostava de cravar alfinetes de ouro nos seios das suas cativas deleitando-se comos seus gritos e convulsões direis que isto se deu numa época relativamente Bárbara que ainda vivemos numa época Bárbara Porque sem sempre de um
ponto de vista relativo ainda hoje se cravam alfinetes em seios que mesmo atualmente embora o homem já tenha aprendido por vezes a ver tudo com mais clareza do que na época Bárbara ainda está longe de ter se acostumado agir de modo que lhe é indicado pela razão e pelas ciências mas apesar de tudo estais absolutamente convictos de que ele há de se acostumar infalivelmente a fazê-lo quando tiver perdido de todo alguns velhos e maus hábitos e quando o bom senso e a ciência tiverem educado e orientado completa e normalmente a natureza humana estais convictos de
que então o homem deixará por si mesmo de enganar-se deliberadamente e por assim dizer a seu pesar não há de querer separar a sua vontade dos seus interesses normais mais ainda então dizeis a própria ciência há de ensinar ao homem embora isto seja a meu ver um luxo que na realidade ele não tem vontade nem Caprichos e que nunca os teve e que ele próprio não passa de tecla de piano ou de um pedal de órgão e que antes de mais nada existem no mundo as leis da natureza de modo que tudo o que ele
faz não acontece por sua vontade mas espontaneamente de acordo com as leis da natureza consequentemente basta descobrir essas leis e o homem não responderá mais pelas suas ações e sua vida se tornará extremamente fácil todos os atos humanos serão calculados está claro de acordo com essas leis matematicamente como uma espécie de tábua de logaritmos até 100008 e registrados no calendário ou melhor ainda aparecerão algumas edições bem intencionadas parecida com Os Atuais dicionários enciclopédicos nas quais estudo estará calculado e especificado Com tamanha exatidão que no mundo Não existirão mais ações nem aventuras então sois vós que
dizeis ainda surgirão novas relações econômicas plenamente acabadas e também calculadas com precisão matemática de modo que desaparecerá num ímpeto toda espécie de perguntas precisamente porque haverá para elas toda espécie de respostas erguer-se ar então um Palácio de Cristal então bem em suma há de chegar ao reino da abundância naturalmente não se pode de modo algum garantir desta vez sou eu que o digo que então tudo que seja terrivelmente enfadonho com efeito que se há de fazer quando tudo estiver calculado numa tabela Mas em compensação tudo será extremamente sensato É verdade porém o que não se
há de inventar por fasti realmente os alfinetes de ouro são enfiados em seios também por fastio mas tudo isso não teria importância o ruim ainda sou eu que o digo é que as pessoas então talvez se sintam felizes com alfinetes de ouro pois o homem é estúpido de uma estupidez fenomenal ou melhor embora ele não seja de todo Néo Não Há Nada no mundo que seja tão ingrato realmente eu por exemplo não me espantaria nenum p se de repente em meio a toda a sensatez futura surgisse algum Cavalheiro de fisionomia pouco Nobre ou melhor retrógrada
e zombeteira e pusesse as mãos na cintura dizendo a todos nós pois bem meus senhores não será melhor dar um pontapé em toda esta sensatez unicamente a fim de que todos esses logaritmos vão para o diabo e para que possamos mais uma vez viver de acordo com a Nossa estúpida vontade isto ainda não seria nada mas lamentavelmente ele encontraria Sem dúvida alguns adeptos assim é o homem e tudo isso devido à mais fútil das causas a qual parece quase nem valeria a pena referir-se e tudo isso devido a mais fútil das causas a qual parece
quase nem valeria a pena referir-se tudo precisamente porque o homem seja ele quem for sempre e em toda a parte gostou de agir a seu bel prazer e nunca segundo lhe ordenam a razão e o interesse pode se desejar ir contra a própria vantagem e às vezes Decididamente se deve isto já é uma ideia minha uma vontade que seja nossa livre um capricho nosso ainda que dos mais Absurdos da nossa própria imaginação mesmo quando excitada até a loucura tudo isto constitui aquela vantagem das vantagens que deixei de citar que não se enquadra em nenhuma classificação
e devido a qual todos os sistemas e teorias se desmancham continuamente com todos os diabos e de onde concluíram todos esses sabichões que o homem precisa de não sei que vontade normal virtuosa como foi que imaginaram que ele Obrigatoriamente precisa de uma vontade sensata vantajosa o homem precisa unicamente de uma vontade independente custe o que custar essa Independência e leve a onde levar bem o diabo sabe o que é essa verdade oito h mas essa vontade nem sequer existe se queri saber interrompe isme com uma gargalhada a ciência conseguiu a tal ponto analisar anatomicamente o
homem que já sabemos que a vontade e o chamado livre arbítrio nada mais são do que um um momento senhores foi justamente assim que eu mesmo quis começar cheguei até a me assustar confesso ainda agora quis gritar que a vontade depende diabo sabe do quê E que talvez se Deva dar graças a Deus por isto mas lembrei-me da ciência e me detive e nesse instante começaste a falar e com efeito se realmente se encontrar um dia a fórmula de todas as nossas vontades e Caprichos Isto é do que eles dependem porque leis precisamente acontecem como
se difundem para onde anseiam dirigir-se neste ou naquele caso etc etc uma verdadeira fórmula matemática então o homem será capaz de deixar de desejar ou melhor deixará de fazê-lo Com certeza Ora que prazer se pode ter em desejar segundo uma tabela mas ainda no mesmo instante o homem se transformará num pedal de ó órgão ou algo semelhante pois que é um homem sem desejos sem vontades nem Caprichos senão pedal de órgão que pensais disso calculemos as probabilidades pode tal coisa acontecer ou não hum retruca as nossas vontades são na maior parte equívocos devido a uma
concepção errada sobre as nossas vantagens se queremos às vezes um absurdo completo é porque vemos Nesse Absurdo devido à nossa estupidez o mais fácil para atingir alguma vantagem previamente suposta bem mas quando tudo isto estiver explicado calculado sobre uma folha de papel O que é muito possível Por enquanto é de fato ignóbil e não tem sentido admitir de antemão que o homem não descubra jamais outras leis da natureza então naturalmente Não existirão mais os chamados desejos de fato se a vontade se combinar um dia completamente com a razão passaremos a raciocinar em vez de desejar
justamente porque não podemos por exemplo conservando o uso da razão querer algo desprovido de sentido e desse modo ir conscientemente contra a razão e desejar aquilo que é nocivo a nós próprios e visto que todas as vontades e todos os raciocínios podem ser realmente calculados pois algum dia hão de se descobrir as leis do nosso suposto livre arbítrio então deixando-se de lado as brincadeiras será possível elaborar uma espécie de tabela e nós passaremos realmente a desejar de acordo com esta se por exemplo efetuados uns cálculos me demonstrarem que se eu fizer uma figa a uma
determinada pessoa foi porque deveria fazê-lo irremissível uma parte neste caso poderei calcular de antemão toda a minha vida por um prazo de 30 anos numa palavra mesmo que isto se arrange nada mais teremos a fazer Será preciso aceitar tudo de qualquer modo e em geral devemos repetir a nós mesmos sem descanso que impreterivelmente em tal momento e em Tais circunstâncias a natureza não nos consulta que é preciso aceitá-la tal como ela é e não como nós a imaginamos e se realmente amos por uma tabela e um calendário bem e mesmo por uma retorta neste caso
que fazer é preciso aceitar também a retorta senão ela vai impor-se prescindindo de nós sim mas nisso é que aparece a meu ver uma vírgula desculpa-me senhores por terme enredado em filosofias isto se deu por causa dos meus 40 anos de subsolo permiti-me fantasiar um pouco pensai no seguinte a razão meus senhores é coisa boa não há dúvida mas a razão só é razão e satisfaz apenas a capacidade racional do homem enquanto o ato de querer constitui a manifestação de toda a vida Isto é de toda a vida humana e com razão e com todo
o coçar-se e embora a nossa vida nessa manifestação resulte muitas vezes em algo bem ignóbil é sempre a vida e não apenas a extração de uma raiz quadrada eu por exemp quero viver muito naturalmente para satisfazer toda a minha capacidade Vital e não apenas a minha capacidade racional Isto é algo como a vigésima parte da minha capacidade de viver que sabe a razão somente aquilo que teve tempo de conhecer algo provavelmente nunca chegará a saber embora isto não constitua consolo porque não expressá-lo enquanto a natureza humana AGE em sua totalidade Com tudo o que nela
existe de consciente e inconsciente e embora Minta continua vivendo suspeito senhores que me olhais com certa compaixão repeti que é impossível a um homem culto e desenvolvido numa palavra a um homem que será o do futuro querer conscientemente algo vantajoso para si isso é matemático estou plenamente de acordo de fato é matemático Mas pela centésima vez vos repito isso existe um único caso sim apenas um em que o homem pode intencional e conscientemente desejar para si mesmo algo nocivo e estúpido extremamente estúpido até ter o direito de desejar para si mesmo algo muito estúpido sem
estar comprometido com a obrigação de desejar apenas o que é inteligente Isto É de fato estupido é um capricho mas realmente senhores Talvez seja para a nossa gente o mais vantajoso de tudo quanto existe sobre a terra sobretudo em certos casos e em particular Talvez seja mais vantajoso que todas as vantagens mesmo no caso de nos trazer um prejuízo Evidente e de contradizer as conclusões mais sensatas da nossa razão a respeito de vantagens pois em todo caso Conserva o principal o que nos é mais caro Isto é a nossa personalidade e a nossa individualidade alguns
afirmam que isto constitui de fato o que há de mais caro para o homem a vontade pode naturalmente se quiser concordar com a razão sobretudo se não se abusar desse acordo e se ele for usado moderadamente Isto é útil e às vezes até louvável mas a vontade com muita frequência e na maioria dos casos de modo absoluto e teimoso Diverge da razão e e sabeis que até Isto é útil e às vezes muito louvável senhores admitamos que o homem não seja estúpido realmente não se pode de modo algum dizer isso a seu respeito Pois se
for estúpido quem será inteligente então mas ainda que não seja Estúpido é monstruosamente ingrato é ingrato numa escala fenomenal penso até que a melhor definição do homem seja um bípede ingrato mas isto ainda não é tudo ainda não é tudo ainda não é o seu maior defeito o seu maior defeito é a sua permanente imoralidade sim permanente desde o dilúvio Universal até o período do skelen henano dos destinos humanos a imoralidade e Por conseguinte também a falta de bonsenso pois há muito tempo se sabe que esta provém unicamente da imoralidade Experimenta lançar um olhar para
a história do gênero humano o que vereis é grandioso vá lá é de fato grandioso o que Não valerá por exemplo O Colosso de Robs não é em vão que o Senor anev que atesta a seu respeito que segundo uns seria obra humana e segundo outros da própria natureza é pitoresco vá lá é pitoresco de fato basta examinar todos os séculos e em relação a todos os povos os uniformes de gala usados por militares e civis o que Não valerá tudo isso e o mesmo acontece com os uniformes de serviço nenhum Historiador resistirá à tentação
de descrevê-los é monótono vá lá de fato é monótono luta-se luta-se luta-se atualmente já se lutou outrora e tornar-se a a lutar ainda mais concorda comigo é até demasiado monótono numa palavra pode-se dizer tudo da história Universal tudo quanto possa ocorrer à Imaginação mais exaltada só não se pode dizer o seguinte que é sensata a vez de engasgar na primeira palavra E aí está o que a todo momento se dá surgem continuamente homens de bons costumes sensatos sábios e amantes da espécie humana que tem justamente como objetivo portar-se a vida toda do modo mais moral
e sensato iluminar por assim dizer com sua pessoa o caminho para o próximo e precisamente para demonstrar a este que de fato se pode viver de modo moral e sensato E então é sabido que muitos desses amantes da humanidade cedo ou tarde às vezes no fim da existência traíram se dando motivos a anedotas às vezes do gênero mais indecente até pergunto vos agora o que se pode esperar do homem como criatura provida de tão estranhas qualidades podeis cobri-lo de todos os bens terrestres afogá-lo em felicidade de tal modo que apenas umas bolhinhas apareçam na superfície
desta como se fosse a superfície da água dar-lhe tal Fartura do ponto de vista econômico que ele não tenha mais nada a fazer a não ser dormir comer pão de ló e cuidar da continuação da história Universal pois mesmo neste caso o homem unicamente por ingratidão e Pas que nada há de cometer alguma ignomínia vai arriscar até o pão de e desejar intencionalmente o absurdo mais destrutivo o mais antieconômico apesar de acrescentar a toda esta sensatez positiva o seu elemento Fantástico e destrutivo desejará conservar justamente os seus sonhos fantásticos a sua mais vulgar estupidez Só
para confirmar a si mesmo como se isso fosse absolutamente indispensável que os homens são sempre homens e não teclas de piano que as próprias leis da natureza tocam e ameaçam tocar de modo que atinjam um ponto em que não se possa desejar nada fora do calendário mas ainda mesmo que ele realmente mostrasse ser uma tecla de piano mesmo que isto lhe fosse demonstrado por meio das ciências naturais e da Matemática ainda assim ele não se tornaria razoável e cometeria intencionalmente alguma inconveniência apenas por ingratidão e justamente para insistir na sua posição E no caso de
não ter meios para tanto inventaria a destruição e o caos inventaria diferentes Sofrimentos e apesar de tudo insistiria no que é seu lançaria a maldição pelo mundo e visto que somente o homem pode amaldiçoar é um privilégio seu a principal das qualidades que o distinguem dos outros animais provavelmente com a mera maldição alcançaria o que lhe cabe continuaria convicto de ser um homem e não uma tecla de piano se me disserdes que tudo isso também se pode calcular numa tabela o caos a treva a maldição de modo que a simples possibilidade de um cálculo prévio
vai tudo deter prevalecendo a razão vou respondo por isto pois segundo parece toda a obra humana realmente consiste apenas em que o homem a cada momento demonstre a si mesmo que é um homem e não uma tecla ainda que seja com os próprios costados mas que o demonstre ainda que seja como um troglodita mas que demonstre e depois disso como não pecar como não louvar o fato de que isto ainda não existia e que a vontade ainda dependa o de Sabe de quê grita se ainda vos dignais a dirigir-me o grito que no caso ninguém
me priva da minha vontade que todos se afan a fim de que por si mesma por própria iniciativa minha vontade coincida com os Meus interesses normais com as leis da natureza e com a aritmética é senhores como é que se pode ter no caso sua própria vontade quando se trata da tabela e da aritmética quando está em movimento apenas o dois e dois são quatro dois e dois são quatro mesmo sem a minha vontade acontece porventura uma vontade própria deste tipo nove naturalmente estou gracejando senhores e eu mesmo sei que o faço de modo inábil
mas não se pode também tomar tudo por um gracejo é possível que eu graje rangendo os dentes senhores os problemas me atormentam Então resolvei os para mim quereis por exemplo desacostumar uma pessoa dos seus velhos hábitos e corrigir-lhe a vontade de acordo com as exigências da ciência e do bom senso Mas como sabeis que o homem não apenas pode mas deve ser assim transformado de onde concluí que a vontade humana é tão indispensavelmente necessário corrigir-se numa palavra como sabeis que uma tal correção realmente trará vantagem ao homem Esse é é para dizer tudo porque estais
tão certamente convictos de que não ir contra as vantagens reais normais asseguradas pelas conclusões da razão e pela aritmética É de fato sempre vantajoso para o homem e constitui uma lei para toda a humanidade mas por enquanto isso é apenas uma suposição vossa admitamos que seja uma lei lógica mas talvez não seja de modo algum da humanidade talvez pensei senhores que estou louco permiti-me emendar o que disse concordo o homem é um animal criador por Excelência condenado a tender conscientemente Para um objeto e a ocupar-se da arte da engenharia Isto é abrir para si mesmo
um caminho eterna e incessantemente para onde quer que seja mas talvez precisamente por isto lhe venha às vezes uma vontade de se desviar justamente por estar condenado a abrir esse caminho e talvez ainda porque por mais estúpido que seja um homem direto e de ação ocorre lhe às vezes que o caminho vai quase sempre para alguma parte e que o principal não está em saber para onde se dirige mas simplesmente em que se dirige e em que a criança comportada desprezando a arte da engenharia Não se entregue a ociosidade destruidora que como se sabe é
mãe de todos os vícios o homem gosta de criar e de abrir estradas Isto é indiscutível mas porque ama também até a paixão a destruição e o caos di dizei-me mas eu mesmo quero dizer separadamente duas palavras sobre o assunto não amará ele a tal ponto a destruição e o caos é indiscutível que ele às vezes os ama muito e não há dúvida sobre isto porque teme instintivamente atingir o objetivo e concluir o edifício em construção como podei sabê-lo Talvez ele ame o edifício apenas à distância e nunca de perto Talvez ele goste apenas de
criá-lo e não viver nele deixando-o depois para os anim domestique Isto é formigas Carneiros etc etc já as formigas têm um gosto de todo diferente elas possuem um edifício surpreendente no gênero n destrutível para os séculos o Formigueiro as dignas formigas começam pelo Formigueiro e certamente acabarão por ele o que confere uma grande honra à sua Constância e caráter positivo o homem é uma criatura volúvel e pouco atraente e talvez a exemplo do enxadrista AME apenas o processo de atingir o objetivo e não o próprio objetivo e quem sabe não se pode garantir mas talvez
todo o objetivo sobre a terra aquele para o qual tende a humanidade consista unicamente nesta continuidade do processo de atingir o objetivo ou em outras palavras na própria vida e não exatamente no objetivo o qual naturalmente não deve ser outra coisa senão que dois e dois são quatro isto é uma fórmula mas na realidade dois e dois não são mais a vida meus senhores mas o começo da Morte pelo menos o homem sempre temeu de certo modo este dois e dois são quatro e eu o tomo até agora suponhamos que o homem não faça outra
coisa se não procurar este dois e dois são quatro ele atravessa os oceanos aado sacrifica a vida nesta busca mas quanto a encontrá-lo realmente juro por Deus tem medo bem que ele sente uma vez encontrado isto não haverá mais o que procurar Operários que terminam uma tarefa com Com certeza recebem dinheiro e vão a um Botequim acabando no distrito policial bem aí estão ocupações para uma semana mas o homem para Onde irá percebe-se nele constantemente algo de nábio toda vez que atinge Tais objetivos Ele ama o ato de alcançar mas alcançar de fato nem sempre
Isto é está claro é ridículo ao extremo numa palavra o homem está a arranjar de modo cômico em tudo isto provavelmente há um trocadilho mas dois e dois são quatro e apesar de tudo algo totalmente insuportável dois e dois são quatro constitui a meu ver simplesmente uma impertinência dois e dois fica feito um peralvilho atravessado no nosso caminho as mãos nas cadeiras cuspindo estou de acordo em que dois e dois são uma coisa admirável mas se é para elogiar tudo então dois e dois são cinco também constitui às vezes uma coisinha muito simpática e por
que estais convencidos tão firme e solenemente de que é vantajoso para o homem apenas o que é normal e positivo numa palavra unicamente à prosperidade não se enganará a razão quanto às vantagens Talvez o homem não ame apenas a propriedade Talvez ele ame na mesma proporção o sofrimento Talvez o sofrimento lhe seja exat ente tão vantajoso como a prosperidade o homem às vezes ama terrivelmente o sofrimento amao até a paixão Isto é um fato no caso é inútil recorrer à história Universal Interroga a vós mesmos se sois homens e vivestes um pouco sequer e quanto
à minha opinião pessoal creio que amar apenas a prosperidade é de certo modo até indecente bem ou mal quebrar às vezes algo é também muito agradável no caso não estou propriamente defendendo o sofrimento e tampouco a prosperidade defendo o meu Capricho e que ele seja assegurado quando necessário o sofrimento por exemplo não É admitido nos vold Ville eu sei no Palácio de Cristal é simplesmente inconcebível o sofrimento é dúvida é negação e o que vale um Palácio de Cristal do qual se possa duvidar E no entanto estou certo de que o homem nunca se recusará
ao sofrimento autêntico Isto é a destruição e ao caos o sofrimento mas isto constitui a causa única da consciência Embora tenha afirmado no início que a consciência a meu ver é a maior infelicidade para o homem se que ele a ama e não a trocará por nenhuma outra satisfação a consciência por exemplo está infinitamente acima do dois e dois depois do dois e dois certamente nada mais restar não só para fazer mas também para conhecer tudo o que será possível então será unicamente calar os cinco sentidos e emergir na contemplação bem com a consciência obtém-se
o mesmo resultado Isto é também não haverá Nada a fazer mas pelo menos poderemos espancar a nós mesmos de vez em quando e isto apesar de tudo infunde ânimo ainda que seja retrógrado é sempre melhor que nada 10 acreditais no Palácio de Cristal indestrutível através dos séculos Isto é um edifício tal que não se lhe poderá mostrar a língua às escondidas nem fazer figa dentro do bolso bem mas talvez eu tema este Edifício justamente porque é de Cristal e indestrutível através dos séculos e por não se poder mostrar-lhe a língua Nem mesmo as ocultas pensai
no seguinte se em lugar do Palácio existir um galinheiro E se começar a chover talvez eu trepe no galinheiro a fim de não me molhar Mas assim mesmo não tomarei o galinheiro por um Palácio por gratidão pelo fato de me ter protegido da chuva estás rindo dizeis até que neste caso galinheiro e Palácio são a mesma coisa sim respondo se fosse Preciso Viver unicamente para não me molhar mas que fazer se eu próprio meti na cabeça que não é apenas para para isto que se vive e que se se trata de viver deve-se fazê-lo num
Palácio É a minha vontade o meu desejo somente o podereis desarraigar de dentro de mim quando transformares os meus desejos bem modific a-os seduzi com algo diverso dai-me outro ideal mas por enquanto não tomarei o galinheiro por um Palácio suponhamos que o edifício de cristal seja uma invencionice e que pelas leis da natureza não se admita à sua existência que eu o tenha inventado unicamente em virtude da minha própria estupidez e de alguns hábitos antigos e Racionais Da Nossa geração mas que tenho eu com o fato de que não se admita a sua existência não
dá no mesmo se ele existe nos meus desejos ou melhor dizendo se existe enquanto Existem os meus desejos estáis rindo de novo talvez podeis rir acerta tarei todas as zombarias apesar de tudo não direi estar saciado quando tenho fome apesar de tudo sei que não me satisfarei com uma solução de compromisso com um zero periódico incessante apenas porque ele existe segundo as leis da natureza e porque existe realmente não considerarei como o coroamento dos meus desejos um prédio de aluguel com apartamentos para Inquilinos pobres e contratos por um prazo de 1000 anos e por via
das dúvidas com uma placa do dentista wem destrui os meus desejos apagai os meus ideais mostrai-me algo melhor e Ei de vos seguir direis talvez que não vale a pena mesmo ocupar-se disso Mas neste caso posso responder-me a vossa atenção não serei o primeiro a inclinar a cabeça tenho o meu subsolo Por enquanto ainda vivo ainda sinto desejos e quero que os meus braços sequem se eu carregar um tijolinho o que seja para uma casa de renda desse tipo não liguei ao fato de que ainda aá pouco eu mesmo tenha recusado o edifício de cristal
unicamente porque não se poderá zombar dele mostrando-lhe a língua eu não disse isto porque goste tanto de mostrar a minha língua é possível que Mangue unica mente porque dentre todos os vossos edifícios não houvesse um só ao qual não se poderia deixar de mostrá-la pelo contrário eu deixaria simplesmente por gratidão que ela me fosse cortada de vez se tudo se arranjasse de modo que eu mesmo nunca mais tivesse vontade de mostrá-la que tenho eu com o fato de que isso é impossível de conseguir e de que seja preciso contentar-se com os apartamentos porque fui feito
com Tais desejos será possível que tenha sido unicamente para concluir que toda a minha conformação é puro logro será possível que consistia nisso todo o objetivo não acredito e aliás querei saber uma coisa estou certo de que a nossa gente de subsolo deve ser mantida a rédia curta uma pessoa assim é capaz de ficar sentada em silêncio durante 40 anos mas quando abre uma passagem e sai para a luz fica falando falando falando 11 o fim dos fins meus senhores O melhor é não fazer nada o melhor é a inércia consciente pois bem Viva o
subsolo embora eu tenha dito realmente que invejo o homem normal até a derradeira gota da minha biles não quero ser ele Nas condições em que o vejo embora não cesse de invej não não em todo caso o subsolo é mais vant ali pelo menos se pode é mas estou mentindo agora também minto porque eu mesmo sei como dois e dois que o melhor não é o subsolo mas algo diverso absolutamente diverso pelo qual Anseio mas que de modo nenhum he de encontrar ao diabo subsolo eis o que seria melhor mesmo que eu próprio acreditasse um
pouco que fosse no que acabo de escrever juro vos meus senhores que não creio numa só palavrinha de tudo quanto rabisquei aqui Isto é talvez eu Creia mas ao mesmo tempo sem saber por sinto e suspeito estar mentindo como um desalmado mas para que foi então que escreveu tudo isto dizeis me e o que aconteceria se eu vos deixasse por uns 40 anos sem qualquer ocupação e passado esse tempo fosse à vossa casa ao subsolo para me informar a Que ponto chegastes pode se acaso deixar um homem durante 40 anos sozinho sem uma tarefa Mas
é uma vergonha não é uma humilhação talvez me digais balançando com desd a cabeça está ansiando pela vida mas resolve os problemas da existência com um emaranhado lógico e como são importunas como são insolentes as suas saídas e ao mesmo tempo como o senhor tem medo afirma absurdos e se satisfaz com eles diz insolência mas sempre se assusta com elas e pede desculpas assegura não temer nada e ao mesmo tempo busca o nosso aplauso garante está rangendo os dentes e simultaneamente graceja para nos fazer rir sabe que os seus gracejos não tem espírito mas ao
mesmo tempo parece está muito satisfeito com sua qualidade literária é possível que tenha sofrido realmente todavia não respeita um pouco sequer o seu próprio sofrimento no senhor a ver verdade mas não há pureza por motivo da mais mesquinha vaidade Traz a sua verdade amostra conduzindo-a para ignomínia para a feira realmente quer dizer algo no entanto por temor oculta a sua palavra derradeira porque não tem suficiente decisão para fazê-la mas apenas uma assustada impertinência vangloria se D sua consciência mas na realidade apenas vacila pois embora o seu cérebro funcione o seu coração está obscurecido pela perversão
e sem um coração puro não pode haver consciência plena correta e que capacidade de importunar que insistência como carteia Mentira mentira mentira está claro que eu mesmo inventei agora todas estas vossas palavras isto provém igualmente do subsolo passei ali 40 anos seguidos ouvindo por uma pequena fresta estas vossas palavras inventei as eu mesmo pois não podia inventar outra coisa não é para estranhar que se tenham gravado de cor e tomado forma literária Mas é possível é possível que sejais crédulos a ponto de imaginar que eu vá publicar e ainda vos dar a ler tudo isto
e eis mais um problema para mim para que realmente vos chamo de senhores para que me dirijo a vós como leitores de verdade confissões como as que Pretendo começar a expor não se imprimem e não se dão a ler pelo menos não possuo em mim tanta firmeza e não considero necessário possuí-la mas Sabes de uma coisa veio me a mente uma fantasia e a todo custo quero realizá-la eis do que se trata existem nas recordações de todo homem coisas que ele só revela aos seus amigos Há outras que não revela mesmo aos amigos mas apenas
a se próprio e Aim mesmo em segredo mas também há finalmente coisas que o homem tem medo de desvendar até a si próprio e em cada homem honesto acumula-se um número bastante considerável de coisas do gênero e acontece até o seguinte quanto mais honesto é o homem mais coisas ele possui Pelo menos eu mesmo só recentemente me decidi a lembrar as minhas aventuras passadas e até hoje sempre as contornei com alguma inquietação mas agora que não apenas lembro mas até mesmo resolvi anotar agora quero justamente verificar é possível ser absolutamente Franco pelo menos consigo mesmo
e não temer a verdade integral observarei a propósito reine afirma que uma autobiografia exata é quase impossível e que uma pessoa falando de si mesma certamente há de mentir na sua opinião Rousseau por exemplo com toda certeza mentiu a respeito de si mesmo na sua confissão e fê-lo intencionalmente por vaidade estou certo de que reine tem razão compreendo muito bem que se possa às vezes Apenas por vaidade até urdir crimes a respeito de si mesmo e percebo muito bem de que tipo de vaidade pode ser mas heine estava emitindo juízo sobre um homem que fazia
sua confissão em público e eu escrevo unicamente para mim e declaro de uma vez por todas e embora escreva como se me dirigisse a leitores faço-o apenas por exibição pois assim me é mais fácil ES trata-se de forma unicamente de forma vazia e eu nunca he de ter leitores já declarei isto uma vez não quero constranger a nada na redação das minhas memórias não instaurei nelas uma ordem nem um sistema anotare tudo o que me Viera lembrança bem por exemplo Alguém poderia implicar com essas palavras e me perguntar se de fato não conta com leitores
para que faz Tais contratos consigo mesmo E ainda por escrito no sentido de que não instaurará uma ordem ou um sistema que há de anotar tudo o que lhe vier à memória etc etc para que está dando explicações para que se desculpa já vou responder a toda uma psicologia nisso talvez mesmo o fato de que eu seja simplesmente um medroso e talvez também imagine de propósito diante de mim um público para que me comporte de modo mais decente quando estiver escrevendo pode haver mil razões Até fica ainda uma pergunta para que em suma quero eu
escrever se não é para um público não se poderia Recordar tudo mentalmente sem lançar mão do Papel assim é mas por escrito isto sairá de certo modo solene o papel tem algo que intimida haverá mais severidade comigo mesmo o estilo há de lucrar além disso é possível que as anotações me Tragam realmente um alívio agora por exemplo pressiona-me particularmente uma remota recordação lembrei-me disso com nitidez há poucos dias e desde então ela ficou comigo Qual o motivo musical magoado que não nos quer deixar e assim mesmo é preciso livrar-se dele tenho centenas de Tais recordações
mas de tempos em tempos uma delas destaca--se das demais e passa a pressionar-se não sei porqu mas acredito que se eu anotar há de me deixar em paz e por que não tentar finalmente estou enfadado e no entanto permaneço sem fazer nada e o ato de anotar É de fato como que um trabalho Dizem que o trabalho torna o homem bom e honesto bem aí está pelo menos uma probabilidade favorável agora está nevando uma Neve quase molhada amarela turva ontem nevou Igualmente e dias atrás também tenho a impressão de que foi justamente a propósito da
neve molhada que lembrei esse episódio que não quer agora me deixar em paz pois bem aí vai uma novela sobre a neve molhada memórias do subsolo segunda parte a propósito da neve molhada quando da treva nos enganos meu verbo cálido e amigo ergueu a tua alma caída e plena de profunda mágoa amaldiçoe de mãos juntas o vício que te envolvera quando açoitasse com a lembrança a consciência que ou vida e me fizeste o relato de tudo o que ouve antes de mim e de repente o rosto oculto repleta de vergonha e horror tudo desabafa um
pranto de indignação de comoção de um poema de na niek rasov nota este poema de niek rasov era muito popular nos meios Democráticos da época fim de nota um naquele tempo eu tinha apenas 24 anos minha vida era mesmo então desordenada e sombria até a selvageria não me dava com ninguém evitava até conversar e cada vez mais me encolhia em meu canto no emprego na repartição forçava a não olhar para ninguém mas notei muito bem que os meus colegas não só me consideravam um tipo original como até tinha esta impressão continuamente pareciam olhar-me com certa
aversão vinha me a mente Por que ninguém além de mim s ser olhado com aversão um dos meus colegas tinha um rosto repulsivo ao extremo todo picado de varía com certa expressão de bandido até eu segundo creio não ousaria sequer quer olhar para alguém se meu rosto fosse tão indecente um outro tinha o uniforme a tal ponto usado que perto dele já sentia ma cheiro no entanto nenhum desses senhores ficava confuso quer por causa do traje quer do rosto ou algum escrúpulo moral um e outro não imaginavam sequer serem olhados com asco e mesmo que
imaginassem pouco se incomodariam contanto que os chefes não se lembrassem de os olhar atual percebo com toda a nitidez que eu mesmo em virtude da minha ilimitada vaidade e Por conseguinte da exigência em relação a mim mesmo olhava-me com muita frequência com enfurecida insatisfação que chegava a repugnância e por isso atribuía mentalmente a cada um o meu próprio olhar detestava por exemplo o meu rosto considerava O abominável e supunha até haver nele certa expressão viu por isso cada vez que ia a repartição torturava me procurando manter-me do modo mais independente possível para que não suspeitassem
em mimha ignomínia e para expressar no semblante o máximo de nobreza pode ser um rosto feio pensava eu mas em compensação que seja Nobre expressivo e sobretudo inteligente ao extremo no entanto Com certeza e amargamente Eu sabia que nunca poderia expressar no rosto essa perfeições mas o mais terrível era que Decididamente eu o achava estúpido eu me contentaria plenamente com a inteligência a tal ponto que me conoc Maria até com uma expressão viu desde que meu rosto fosse considerado ao mesmo tempo muito inteligente está claro que odiava todos os funcionários da nossa repartição do primeiro
ao último e desprezava os a todos mais simultaneamente como que o temia acontecia me até colocá-los acima de mim sucedia o seguinte ora desprezava alguém ora colocava o acima de mim um homem decente cultivado não pode ser vaidoso sem uma ilimitada exigência em relação a si mesmo e sem desprezar em certos momentos até o ódio mas quer desprezando quer colocando as pessoas acima de mim eu baixava os olhos diante de quase todos que encontrava fiz até algumas experiências tolerarei sobre mim o olhar Deste aqui por exemplo e era sempre o primeiro a abaixar os olhos
isso me torturava até o enfurecido temia também a ponto de adoecer tornar-me ridículo e por assim adorava como um escravo a rotina de tudo que se relacionava com coisas exteriores entregava me amorosamente a vida cotidiana e comum e do fundo da alma assustava-se ao notar em mim algum uma excentricidade e como poderia deixar de ser assim eu era doen cultivado como um homem de nos época eleso embot ecidos entre como Carneiros de um reban poss eu fosse oic toda a ter de ume e um escravo e tantas vezes tivesse esta impressão justamente porque era cultivado
mas não se tratava apenas de impressão isto se dava na realidade eu era um covarde eu era um covarde e um escravo digo-o sem qualquer acanhamento todo homem decente de nossa época é e deve ser covarde e escravo é a sua condição normal Estou profundamente convicto disso ele assim foi feito e para tal fim ajustado e não só na época atual em consequência de algumas circunstâncias fortuitas mas de modo geral em todos os tempos o homem decente deve ser covarde e escravo é a lei da natureza para todos os homens descentes sobre a terra mesmo
que suceda algum deles mostrar-se corajoso frente algo mesmo que não se console nem se apaixone com isto de qualquer modo há de se acovardar diante de outras coisas tal é a saída única e s terna mostram-se Corajosos unicamente os e seus abortos mas também estes apenas até determinado obstáculo não vale a pena sequer prestar-lhes atenção porque não representam absolutamente nada torturava então mais uma circunstância o fato de que ninguém se parecesse comigo e eu não fosse parecido com ninguém eu sou sozinho e eles são todos dizia de mim para mim e ficava pensativo Isso mostra
que eu ainda era completamente mente garoto acontecia também o contrário às vezes era muito penoso ir à repartição isto chegou a tal extremo que muitas vezes voltei doente para casa mas de súbito Sem Mais Nem Menos vinha uma frase de ceticismo e indiferença tudo me acontecia por fases e eu mesmo passava a rir da minha intolerância e das minhas repugnância censurava o meu próprio romantismo ora não queria falar com ninguém ora não só iniciava uma conversa mas tentava até tornar-me amigo deles toda a repugnância desaparecia num repente quem sabe talvez ela nunca existisse em mim
e fosse exterior absorvida dos livros até agora ainda não resolvi este problema certa feita fiquei amigo deles de vez passei a visitá-los a jogar preferência tomar vodica falar de indústria mas nesse ponto permiti-me uma direção nós os russos falando de modo geral nunca tivemos os estúpidos românticos Supra Estelares alemães e sobretudo franceses sobre os quais nada atua mesmo que a Terra se fenda a seus pés mesmo que a França toda pareça nas barricadas permanecem os mesmos não se alteram nem sequer por uma questão de decência e não cessam de entoar suas canções Supra Estelares no
pulcro da vida por assim dizer porque são imbecis e na terra russa não existem imbecis Isto é notório É nisso que nos distinguimos de todas as demais terras alemãs consequentemente não existe em nosso meio criaturas Supra Estelares em sua condição pura foram os nossos publicistas e críticos positivos de então que ocupados em caçar os costan jogos e os tios piotre Ivanovich e tendo-os tomado port toce pelo nosso ideal apresentaram invencionice sobre os nossos com anticos considerando-os tão Supra Estelares como os da Alemanha ou de França ao contrário as características do nosso romântico São absoluta e
diretamente Opostas a do europeu Supra Estelar e nenhuma miazinha europeia é adequada no caso permitam-me usar esta palavra romântico é uma palavrinha antiga respeitável com algum merecimento Eitor conhecida as características do nosso romântico são tudo compreender tudo ver e vê-lo muitas vezes de modo incomparavelmente mais nítido do que o fazem todas as nossas inteligências mais positivas não se conformar com nada e com ninguém mas ao mesmo tempo não desdenhar nada tudo contornar ceder a tudo agir com todos diplomaticamente nunca perder de vista o objeto útil prático não sei que apartamentinho governamentais põe inhas comendas inhas
e olhar este objetivo através de todos os entusiasmos e volume zinhos divinhos líricos e ao mesmo tempo conservar dentro de si indestrutível como num sepulcro O Belo e sublime e também conservar Aim mesmo integralmente em algodão como um pequeno objeto de Ária ainda que seja por exemp em proveito Daquele mesmo Belo e sublime o nosso romântico é um homem de natureza larga e um grande Maroto o maior dos nossos marotos Eu vos asseguro isto até por experiência própria isso no caso de um romântico inteligente mas que digo o romântico é sempre inteligente eu quis apenas
observar que Embora tenha havido em nosso meio realmente românticos imbecis não devem eles ser levados em conta pois surgiram unicamente porque ainda em pleno desabrochar das suas forças transformaram-se de vez em alemães e para conservar mais comodamente o seu objeto Zinho de ouriversaria passaram a morar a alhures longe sobretudo em Weimar ou na Floresta Negra Eu por exemplo desprezava sinceramente a minha situação Como funcionário público e se não cuspia em tudo era apenas por necessidade porque eu mesmo estava ali instalado e recebia por isso um salário em virtude deste fato observem eu não cuspia apesar
de tudo o nosso romântico perderá mais facilmente o juízo O que sucede bem poucas vezes mas não irá cuspir se não tiver outra carreira em vista nunca o expulsarão aos trambolhões e no máximo vão levá-lo para um Manicômio na qualidade de rei da Espanha e assim mesmo Apenas no caso em que perca muito acentuadamente o juízo mas na realidade em nosso meio perdem o juízo apenas os franzin e os de cabelo muito claro inúmeros românticos porém passam a ocupar postos bem altos que extraordinária versatilidade e que capacidade para as Sensações mais contraditórias mesmo então eu
me consolava com isto e atualmente penso de modo idêntico Por este motivo é que temos tantos espíritos largos que mesmo na queda derradeira não perdem o seu ideal e embora não movam um dedo em prol deste ideal e sejam reconhecidos ladrões e bandidos Aim mesmo respeitam Até as Lágrimas o seu ideal primeiro e são de alma extraordinariamente honestos sim somente em nosso meio o mais reconhecido Pati pode ser totalmente e até de modo elevado honesto em espírito sem ao mesmo tempo deixar de ser um Patife um pouco que seja repito de fato os nossos românticos
três por dois transformam-se por vezes Em tais malandros nos negócios emprego com amor a palavra malandros revelam de súbito tamanho senso da realidade e tamanho conhecimento do que é positivo que as autoridades e o público surpresos não fazem mais que perplexos estalar a língua em sua direção a multiplicidade É de fato surpreendente e Deus sabe em que se há de transformar e o que ela nos promete para o nosso futuro mas até então não é mal este material não digo isto por qualquer patriotismo ridículo e melif Aliás mais uma vez pensais tenho certeza que estou
gracejando ou quem sabe talvez seja exatamente o contrário Isto é talvez estejais certos de que eu realmente pense assim em todo o caso meus senhores considerarei que ambas as vossas opiniões são uma honra para mim e me dão um prazer especial e desculpa-me a digressão está claro que não conseguia manter as relações de amizades com os meus colegas às vezes separava deles cuspindo e em virtude da inexperiência Juvenil deixava até de os cumprimentar como que rompendo com eles é verdade que isto me aconteceu apenas uma vez pois eu estava sempre só em casa o que
mais Fazia era ler tinha vontade de abafar com impressões exteriores tudo o que fervilhava incessantemente e quanto a impressões exteriores só me era possível recorrer a leitura naturalmente ela me ajudava muito perturbava deliciava torturava mas por vezes tornava-se terrivelmente enfadonha apesar de tudo Tinha vontade de me movimentar e me afundava de súbito uma escura subterrânea e repelente não digo devassidão mas devassidão Zinha tinha paixões zinhas agudas ardentes em virtude de minha contínua e doentia irritabilidade vinham me impulsos histéricos com lágrimas e convulsões além da Leitura não tinha para onde me voltar Isto é não havia
nada no meu ambiente que eu pudesse respeitar e que me atraísse além de tudo a angústia fervilhava dentro de mim surgia me um Anseio histérico de contradições e contrastes e eu me lançava na libertinagem não foi propriamente para me justificar que ainda pouco eu disse tudo isso Aliás não estou mentindo eu quis precisamente justificar faço agora meus senhores uma anotação inha para mim mesmo não quero mentir empenhei a palavra praticava libertinagem solitariamente de noite as ocultas de modo assustado sujo imembuí da vergonha que não me deixava nos momentos mais asquerosos e que até chegava nesses
momentos à maldição mesmo assim eu já trazia na alma o subsolo tinha um medo terrível de ser visto encontrado reconhecido pois frequentava toda a sorte de lugares bem suspeitos certa vez passando a noite junto a uma pequena taverna vi por uma janela iluminada que uns cavalheiros começaram a lutar com tacos de bilhar e que um deles foi posto janela fora noutra ocasião minha sensação teria sido de repugnância mas naquele momento cheguei a invejar o cavalheiro atirado pela janela e invejei o a tal ponto que até entrei na Taverna e fui para a sala de bilhar
Como se quisesse dizer quem sabe talvez obrigue também e seja igualmente posto Jan ela a fora não estava bêbado mas quereis o quê a angústia pode levar-nos à semelhante histeria mas nada resultou daquilo ficou constatado que eu não era capaz sequer de pular pela janela e fui embora sem ter brigado logo de início um oficial teve um atrito comigo eu estava em pé junto à mesa de bilhar estorva a passagem por inadvertência e ele precisou passar tomou-me então pelos ombros e osamente sem qualquer aviso prévio ou explicação tirou-me do lugar em que estava colocou-me em
outro e passou por ali como se nem sequer me notasse até as pancadas eu teria Perdoado mas de modo nenhum poderia perdoar que ele me mudasse de lugar e positivamente não me notasse o diabo sabe o que eu não daria naquela ocasião por uma briga de verdade mais correta mais decente mas como dizer literária fui tratado como uma mosca aquele oficial era bem alto e eu sou um homem baixinho fraco a briga Aliás estava em minhas mãos bastava protestar e naturalmente seria posto janela fora mas eu mudei de opinião e preferi apagar enraivecido saí da
taverna perturbado e confuso e fui diretamente para casa no dia seguinte prossegui em minha devassidão Zinha a com maior timidez de modo ainda mais opresso e triste como se tivesse lágrimas nos olhos mas assim mesmo prossegui não penseis aliás que me tenha intimidado frente ao oficial por covardia nunca fui covarde de espírito embora incessantemente me acovarde de fato mas esperem com este riso há uma explicação para isto ten uma explicação para tudo eu vos asseguro ó se aquele oficial fosse dos que con cordam em lutar num duelo mas não era exatamente dos Tais cavalheiros aí
há muito desaparecidos que preferiam agir com tacos de bilhar ou a exemplo do tenente pirogov de gogo com o apoio das autoridades e que não lutavam em Duelos ou em todo caso considerariam indecente um duelo com a nossa gente com a pais nada de modo geral achava o duelo algo inconcebível francês coisa de Livres pensadores e ao mesmo tempo comportava-se de modo bastante ofensivo sobretudo no caso de serem bem altos daquela vez não me intimidei por covardia mas em virtude da mais ilimitada vaidade não me assustei com a altura do oficial nem com a perspectiva
de ser dolorosamente espancado e jogado pela janela e realmente eu teria suficiente coragem física o que me Faltou foi coragem moral assustei-me com o fato de que todos os os presentes desde um insolente rapaz que marcava os pontos até o funcionario Zinho apodrecido rosto coberto de cravos que se esgueirava por ali de um lado para o outro o colarinho coberto de gordura não me compreenderiam e me cobririam de zombarias quando eu protestasse e passasse a falar-lhes numa linguagem literária porquanto sobre ponto de honra Isto é não a honra mas o ponto de honra ponte de
até hoje realmente não se pode falar a não ser em linguagem literária na linguagem corrente não se faz referência a esse ponto de honra eu estava plenamente convicto o senso da realidade apesar de todo o romantismo de que todos eles iriam simplesmente rebentar de rir e que o oficial não iria apenas espancar Isto é sem ofender mas Obrigatoriamente me daria a joelhadas conduzindo-se deste modo em torno da mesa de bilhar e só depois seria capaz de fazer-me a graça de me atirar pela janela está claro que esta miserável história não podia acabar para mim de
maneira tão simples posteriormente encontrei na rua com frequência esse oficial e gravei o bem na memória Apenas não sei se ele me reconhecia provavelmente não o que concluo por alguns indícios mas eu eu o olhava com raiva e ódio e isto continuou assim por alguns anos a minha raiva até se fortalecia e se expandia com o passar do tempo a princípio comecei aos pouquinhos a recolher informações sobre aquele oficial era difícil para mim porque eu não conseguia ninguém mas certa vez alguém o chamou na rua pelo sobrenome quando eu o seguia à distância como se
estivesse amarrado a ele e foi assim que lhe conheci o sobrenome de outra feita fui Seguindo os seus passos até que ele chegasse em casa e informei-me com o zelador por 10 copeques sobre o andar em que morava se vivia sozinho ou com alguém etc em suma tudo o que se pode vir a saber com um zelador uma vez de manhã embora até então nunca fosse dado às literaturas veio-me de repente a ideia de descrever aquele oficial numa transposição acusatória caricatural em forma de novela foi com prazer que a escrevi eu acusava cheguei a caluniar
até a princípio dei-lhe um sobrenome que poderia ser de imediato reconhecido mas depois de maduras reflexões modifiquei o e mandei o escritório para os anais da Pátria Mas naquele tempo ainda não estavam em voga as acusações e eles não me imprimiram a novela fiquei muito magoado Às vezes a raiva simplesmente me sufocava Afinal decidi desafiar o meu inimigo para um duelo compus uma carta linda e atraente implorando lhe que se desculpasse perante mim e para o caso de uma recusa aludia com bastante firmeza a um duelo a carta foi escrita de modo que se o
oficial compreendesse um pouco sequero Belo e sublime seguramente viria Correndo à minha casa para se atirar ao meu pescoço e oferecer a sua amizade e como seria bom viveríamos tão bé como amigos também ele me defenderia com a imponência da sua posição eu o tornaria mais nobre com a minha cultura bem com as ideias também e muita coisa mais poderia acontecer imaginai que já se haviam passado dois anos desde que ele me ofendera e o meu desafio a um duelo constituía o mais feio anacronismo apesar de toda a habilidade da minha carta que explicava e
disfarçava o anacronismo mas graças a Deus até hoje agradeço ao altíssimo com lágrimas nos olhos não a enviei quando lembro o que poderia ter acontecido se a mandasse um arrepio me percorre o corpo e de repente de repente me vinguei do modo mais simples mais genial baixou Sobre Mim de súbito um pensamento muito luminoso às vezes em dias feriados eu ia depois das três para a Avenida nieves e ficava and do lado do sol Isto é não passeava absolutamente mas experimentava sofrimento sem conta humilhações e derrames de biles Mas é provável que precisasse justamente disso
esgueirava como uma enguia do modo mais feio por entre os transeuntes cedendo incessantemente caminho ora a Generais a oficiais da cavalaria ou a rus sardos ora as senhoras sentia nesses entos dores convulsivas no meu coração e calor nas espáduas a simples ideia da miséria do meu traj e da vulgaridade da minha deslizante figurinha era o cúmulo do suplício uma humilhação incessante e insuportável suscitada pelo pensamento que se transformava numa sensação contínua e direta de que eu era uma mosca perante todo aquele mundo mosca viu e desnecessária mais inteligente mais culta e mais nobre que todos
os demais está claro mas uma mosca cedendo sem parar diante de todos por todos humilhada e por todos ofendida para que recolhia em mim tal sofrimento para que ia à Avenida nieves que não sei mas algo me arrastava para lá sempre que era possível eu já começava a experimentar então Aqueles acessos de prazer de que já tratei no primeiro capítulo mas depois da história com o oficial Fui atraído ainda mais intensamente pela Avenida nieves era ali que eu o encontrava com mais frequência e contemplava o Encantado também ele ia à Avenida sobretudo nos dias feriados
embora também se desviasse ante os Generais e outras pessoas de alta posição e também se esgueirar por entre eles como uma enguia quando se tratava de pessoas da nossa espécie ou mesmo um pouco melhor ele simplesmente as pisava ia na sua direção como se tivesse diante de si um espaço vazio e jamais cedia caminho olhando-o eu me embriagava com a minha raiva mas cheio de raiva cada vez mais desviava dele atormentava o fato de que mesmo na rua não pudesse tratá-lo de igual para igual por que é sempre o primeiro a te desviar insistia comigo
mesmo em freada histeria acordando às vezes depois das 2as da madrugada porque justamente tu e não ele não há uma lei nesse sentido nem tudo está escrito em parte alguma Ora que seja de igual para igual como Geralmente se dá Quando duas pessoas delicadas se encontram Ele há de ceder metade do caminho tu farás o mesmo e assim passareis um ao lado do outro respeitando-os mutuamente mas não era isto que a acontecia e apesar de tudo eu é que cedia caminho e ele nem chegava a perceber que eu tinha feito Eis que de chofre um
pensamento muito surpreendente tomou conta de mim e que tal pensei que tal me encontrar com ele e não ceder passagem não ceder passagem intencionalmente ainda que seja preciso empurrá-lo hein que acontecerá este pensamento atrevido apossou-se de mim pouco a pouco a tal ponto que não me deu mais sossego eu sonhava com isto incessantemente de modo terrível e de propósito passei a ir com mais frequência à avenida nieves para mim mesmo representar com mais nitidez ainda como haveria de fazer aquilo estava entusiasmado aquela intenção parecia-me cada vez mais provável e possível está claro que não devo
propriamente dar-lhe empurrão pensava de antemão mais bondoso mais alegre mas simplesmente não ceder caminho chocar-se com ele não de modo muito doloroso mas apenas ombro a ombro na exata medida que a decência permitir de modo que não vou esbarrar nele com mais força do que ele Em mim afinal decidi-me di uma vez os preparativos levaram porém muito tempo em primeiro lugar ao executar o ato deveria estar bem apresentável E por isto Tive que me preocupar com o trage por via das dúvidas na hipótese por exemplo de surgir com isto um caso público e o público
lá é superflu passeiam por ali a condessa O Príncipe de toda a literatura é preciso estar bem trajado isto impressiona e há de nos colocar de certo modo no mesmo pé aos olhos da alta sociedade com este objetivo pedi adiantadamente os meus vencimentos e comprei umas luvas negras e um chapéu decente na loja de turkin as luvas pretas pareciam me mais apropriadas mais de bom Tom do que as de cor de limão que eu tonava a princípio comprar é uma cor demasiado gritante dá impressão de que a pessoa quer se exibir eu não comprei as
de cor de limão já tinha preparada havia muito uma boa camisa com abotoaduras brancas de osso mas o capote fez surgir grandes dificuldades esse capote por sinal nada mal agasalhavam me bem mas era de algodão e tinha a gola de prum o que constituía já o cúmulo do lacai esco era preciso a todo custo trocar aquela gola por uma de castor dessas que os oficiais usam para tal fim comecei a frequentar o pátio dos hóspedes e depois de algumas tentativas fiz pontaria sobre um Castor alemão barato embora esses Castores alemães se gastem muito depressa e
adquiram então o mais miserável aspecto quando novos até que ten uma aparência bem decente e eu precisava dele para uma vez só informei-me do preço ainda era caro após um raciocínio fundamentado decidi vender a minha gola de pron quanto ao que ficava faltando quantia bastante considerável para mim resolvi pedi-la emprestada a Anton Anton ckin meu chefe de sessão homem de caráter suave embora sério e positivo que nunca emprestava dinheiro mas a quem fui especialmente recomendado ao ser admitido no emprego pelo dignatário que promovera a minha admissão torturei terrivelmente pedir dinheiro a Anton Anton parecia-me monstruosidade
uma vergonha passei até duas ou três noites sem dormir de modo geral dormia pouco então andava febril meu coração petrificam se de certo modo Indefinido opunha-se de repente a pular pular pular Anton antonic a princípio surpreendeu-se depois fez uma careta a seguir ficou pensativo e ao fim fez-me o empréstimo exigindo de mim um recibo com direito a receber de volta o dinheiro emprestado descontando duas semanas mais tarde do meu ordenado deste modo finalmente estava tudo pronto o bonito Castor entronizou se no lugar da desprezível pele de prion e aos poucos fui me ocupando dos preparativos
para o ato não se podia obedecer ao primeiro impulso fazer tudo ao acaso era preciso atuar pouco a pouco com eficiência mas confesso que depois de numerosas tentativas come até a desesperar não dávamos de modo nenhum o encontrão eis tudo do modo como eu me preparava e ajeitava para aquilo parecia que mais um pouco íamos dar o encontrão mas reparava e mais uma vez eu tinha cedido o caminho e ele passara sem sequer me notar acercando-se dele eu até rezava pedindo a Deus que me infunde ânimo de uma feita até me decidi dira de vez
mas por fim apenas caí diante dele porque num instante derradeiro a distância de uns dois vires faltou-me coragem ele caminhou por cima de mim com toda a tranquilidade e eu me atirei para um lado como uma bola nessa noite mais uma vez estive doente febril e delirei e de súbito tudo acabou do melhor modo possível na noite anterior Eu resolvera definitivamente desistir daec do meu ato nefasto deixar tudo como estava e com este propósito saí para a Avenida nievski simplesmente com a intenção de ver como ia deixar tudo sem alteração de chofre a três passos
do meu inimigo inesperadamente me decidi franzi o sobrolho e chocos com força ombro a ombro não cedi nenhum Viero e passei por ele absolutamente de igual para igual ele não se voltou sequer e fingiu não ter visto nada mas apenas fingiu estou certo guardo esta convicção até hoje está claro que sofri golpe mais violento Ele era mais forte mas não era isto que importava o que importava era que eu atingira o meu objetivo mantivera a dignidade não cedera nenhum passo e publicamente me colocara ao nível dele do ponto de vista social voltei para casa vingado
de tudo meu estado era de arrebatamento triunfara e ia cantando árias italianas está claro que não vos descreverei O Que Me sucedeu três dias mais tarde se lestes o meu primeiro capítulo subsolo podeis adivinhar sozinhos o oficial foi depois transferido não sei para onde já faz uns 14 anos que não vejo para onde andará agora o meu caro amigo em quem estará pisando dois chegava porém ao fim da fase da minha devas dãozinho e eu começava a ter náuseas terríveis assaltava me O arrependimento mas eu o repelia era por demais nauseante todavia também a isso
me acostumei Pouco a Pouco acostumava me Ou melhor não é que me acostumasse mas de certo modo concordava voluntariamente em suportar tudo mas eu tinha uma solução apaziguadora era refugiar-me no que fosse Belo e sublime em devaneios é claro devaneava terrivelmente três meses seguidos encolhido no meu canto e crede nesses momentos eu não me parecia com um cavalheiro que na confusão do seu coração de galináceo pregava a gola do Capote uma pele alemã de castor tornava me de repente herói não receberia sequer divis aquele meu tenente de 10 vier choques nem sequer podia imaginá-lo então
é difícil dizer agora em que consistiam os meus devaneios e como pude contentar-me com eles mas o certo é que me contentei aliás mesmo agora em parte me contento com isto Os devaneios vinham me com particular doçura e intensidade após a devassidão Zinha vinham com arrependimento e lágrimas com maldições e eu tinha momentos de tão positiva embriaguez de felicidade tal que juro por Deus Não havia em minha menor zombaria o que havia era Fé Esperança caridade aí é que está eu acreditava então cegamente que por um milagre qualquer por alguma circunstância exterior tudo se abriria
e algaria num átimo e num átimo também surgiria o horizonte daes respondente atividade bem faja bela e principalmente de todo acabada nunca soube qual seria exatamente essa atividade mas sobretudo era absolutamente acabada e eu sairia de súbito para o mundo de Deus como que montado num cavalo branco e cingido por uma coroa de louros não podia compreender sequer um papel secundário e Justamente por isso desempenhava bem tranquilamente o útimo dos papéis herói não havia meio termo foi Exatamente isto que me peru porque EUA o fato de herói outra hora e oó a im comoe ao
Homem Comum é vergonhosa na im mas um herói P demasiado alto para ficar completamente sujo Por conseguinte lhe é permitida a imundice é admirável que estes acessos de tudo o que era Belo e sublime me assaltasse até mesmo no decorrer da devassidão Zinha e justamente quando eu me encontrava bem no fundo que chegassem em lampejos isolados como que lembrando a sua existência sem destruir todavia A Deva dãozinho com o seu aparecimento pelo contrário como que a avam pelo contraste e vinham exatamente na medida necessária para um bom molho o molho no caso consistia em contradições
Sofrimentos e torturante análise interior e todas essas torturas E tortur zinhas acrescentavam um sabor picante e até um sentido à minha devas dãozinho numa palavra cumpriam plenamente as funções de um bom molho tudo isso não era mesmo desprovido de certa profunde idade e eu podia acaso conformar-se com uma devaci dãozinho simples vulgar direta de amanuense e carregar sobre mim toda esta imundice neste caso que haveria nela que me pudesse seduzir e atrair de noite para a rua não eu tinha saída Nobre para tudo mas quanto amor meus senhores quanto amor me acontecia padecer nesses meus
devaneios nesses sal entos em tudo o que é Belo e sublime embora fosse um amor Fantástico que jamais convidava efetivamente para algo humano tão abundante era ele que depois nem se sentia já sequer a necessidade de aplicá-lo seria um luxo demasiado tudo Aliás terminava sempre do modo mais favorável por uma preguiçosa e embriagadora passagem à arte Isto é as formas belas da da existência de todo acabadas intensamente roubadas a poetas e romancistas e adaptadas a toda espécie de serviços e exigências Eu por exemplo Triunfo sobre todos todos naturalmente ficam reduzidos a nada e são forçados
a reconhecer voluntariamente as minhas qualidades e eu perdoo a todos apaixono-me sendo poeta famoso e Gentil Homem da câmara real seo milhões sem conta imediatamente faço deles donativos à espécie humana e ali mesmo confesso perante todo o povo as minhas ignomínias mas encerra uma dose extraordinária de Belo e sublime de algo Manfredi ano todos choram e me beijam de outro modo que idiotas seriam eles e eu vou descalço e faminto pregar as novas ideias e derroto os retrógrados sobre austerlitz a seguir há um toque de marcha promae a Anistia o Papa concorda em transferir-se de
Roma para o Brasil depois há um baile para toda a Itália em Vila boques que fica junto ao Lago de como pois o lago de como para tal fim é transferido especialmente para Roma segue-se uma cena entre os arbustos etc etc sabeis dirme Eis que é vulgar e óo levar agora tudo isto para a feira depois de tantos Transportes e lágrimas por mim próprio confessados mas ignóbil por quê pensais porventura que eu me envergonhe de tudo isso e que tudo isso foi mais estúpido que qualquer Episódio da vossa vida meus senhores Além do mais crede
algo não estava de todo mal arranjado nem tudo sucedia no Lago de como aliás tes razão de fato é vulgar e ignóbil mas o mais ignóbil é que eu tenha começado agora a justificar me perante vós e ainda mais ignóbil é o fato de fazer esta observação chega porém senão isto não acabará nunca mais sempre haverá algo mais ignóbil que o resto como não pudesse passar mais de três meses seguidos devaneando começava a sentir uma necessidade Invencível de me lançar na sociedade lançar na sociedade significava para mim ir visitar o meu chefe de sessão Anton
antonic ckin em toda a minha vida foi a única pessoa com quem mantive relações permanentes e eu próprio me surpreendo agora com este fato mas só ia visitá-lo quando atingia Aquela fase quando os meus devaneios me traziam tamanha felicidade que me era inevitável imediatamente necessário abraçar as pessoas e toda a humanidade e para este fim necessitava contar ao menos com uma pessoa que existisse realmente Aliás era preciso visitar Anton antonic às terças o seu dia de receber e Por conseguinte ajustar a terça-feira a necessidade de abraçar toda a humanidade o referido Anton antonic morava nas
cinco esquinas num quarto andar em apartamento de quatro cômodos nos baixos um menor que o outro amarelados e muito modestos vivia com duas filhas e a tia destas que servia já as filhas uma de 13 anos e a outra de 14 tinham ambas nariz arribado eu ficava extremamente encabulado na sua presença pois não cessavam de trocar segredinhos acompanhados de um riso abafado oo da casa ficava comumente em seu escritório sentado num div de couro diante da mesa emania de algum visitante gral funcionário do nosso departamento ou mesmo de algum outro nunca encontrei ali mais de
duas ou três visitas e sempre as mesmas Falavam do imposto de consumo da abj cção no senado dos salários da produção de sua excelência nos meios de agradar etc etc eu tinha a paciência de ficar feito um imbecil durante uma ou quatro horas na companhia dessas pessoas ouvindo-as sem ousar nem poder por puar com elas qualquer assunto ficava embotado conversava diversas vezes a suar pairava sobre mimha paralisia mas isto era bom e útil voltando para casa adiava por algum tempo o meu desejo de abraçar toda a humanidade aliás eu tinha ainda outro conhecido por assim
dizer simonov meu ex-colega de escola havia muitos outros colegas meus de escola em São Petersburgo mas não me dava com eles e e até deixara de cumprimentá-los na rua é possível que eu me tenha transferido para outra repartição justamente para não ficar junto deles e romper de vez com toda a minha odiosa infância a maldição cubra aquela escola e aqueles terríveis anos de forçado numa palavra separei dos colegas logo que me vi livre restavam é verdade dois ou três que eu ainda cumprimentava ao encontrar entre este simonov que em nada se distinguira na nossa escola
que era quieto e de hábitos regulares mas em quem eu reconhecia certa Independência de caráter e mesmo honestidade não creio até que fosse de inteligência muito limitada passei com ele outrora certos momentos bastante Luminosos mas não duraram muito e de repente como que se cobriram de névoa segundo parecia a recordação disso lhe era penosa e aparente mente ele temia que eu voltasse ao Tom antigo Eu suspeitava que ele tinha grande repugnância por mim mas assim mesmo frequentava a sua casa pois não tinha certeza disso pois bem de uma feita numa quinta-feira não suportando mais a
minha solidão e sabendo que nesse dia estava fechada à porta de Anton antonic lembrei-me de simonov enquanto subia à escada para o quarto andar onde ele morava ia justamente pensando que esse Cavalheiro já se cansava da minha companhia e que eu ia em vão à sua casa mas como sempre ocorria Tais considerações pareciam impelir ainda mais para uma situação dúbia e por isto entrei havia quase um ano que euva simonov pela última vez três encontrei ali mais dois colegas de escola pareciam tratar de um caso importante nenhum deles notou a minha chegar o que era
estranho até pois fazia anos que não nos víamos provavelmente consideravam me algo semelhante a mais ordinária das Moscas nem mesmo na escola me haviam tratado daquele modo embora todos me odiasse naturalmente que deviam desprezar pelo fracasso da minha carreira de funcionário e pelo fato de eu ter decaído muito de andar mal trajado etc o que aos seus olhos era um sinal Evidente da minha incapaz idade e insignificância mas apesar de tudo eu não esperava um desprezo tão imenso simonov ficou até surpreendido com a minha entrada também antes já parecia surpreender-se com minhas visitas tudo aquilo
me deixou intrigado sentei-me preso de certa angústia e me pus a ouvir o que diziam estava em curso uma conversa séria e até animada sobre o jantar de despedida que aqueles cavalheiros pretendi organizar para o dia seguinte em homenagem ao amigo deles viov que era oficial e estava de partida para uma província distante MOV fora também meu colega de escola durante todo o curso eu passar odiá-lo particularmente quando curs os últimos anos nos primeiros fora apenas o menino bonitinho vivo de quem todos gostavam aliás eu o odiara nos primeiros anos também exatamente pelo fato de
ser ele bonitinho e vivo se vicov sempre se saíra mal na escola e fora piorando à medida que avançava no curso no entanto concluiu com êxito porque dispunha de proteção no seu último ano de escola recebeu uma herança de 200 almas nota na antiga Rússia os servos eram designados por almas fim de nota e visto que em nosso meio quase todos eram pobres começou até a fanfarron diante de nós era um tipo vulgar no mais alto grau Mas apesar disso um bom sujeito mesmo quando fanfarron naava e entre nós apesar das formas exteriores fantásticas e
pavorosas de Honra e soberania todos com bem poucas exceções procuravam até agradar zivkov atitude que aumentava na medida de sua fanfarronice e não o faziam para obter alguma vantagem mas simplesmente pelo fato de ser um homem favorecido pelos dons da natureza Além disso era costume nosso considerar zivkov um especialista quanto à habilidade e boas maneiras esta última circunstância deixava-me sobretudo furioso odiava a sua voz abrupta de quem não duvidava de si a adoração das suas próprias pilhérias que lhe saíam terrivelmente estúpidas embora fosse de fato ousado falar odiava o seu rosto bonito estupido Zinho pelo
qual aliás eu trocaria de bom grado o meu que era inteligente as suas maneiras desembaraçadas de oficial de 1840 odiava O que dizia sobre os seus futuros êxitos com as mulheres ele não ousava começar a ter caso com mulheres com quanto não usasse Gal longs de oficial e esperavam com impaciência e como ia participar com constantemente de Duelos lembro-me de que eu sempre calado Atraquei me de súbito com zivkov quando este comentando certa vez com alguns colegas no momento de folga os futuros Prazeres e desenfreado se por fim como um cãozinho novo ao sol disse
de repente que não deixaria sem atenção nenhuma das moças camponesas da sua Aldeia que isto era Droid Senor nota alusão ao direito feudal do Senhor de obrigar toda a camponesa do seu domínio a passar com ele a primeira noite do casamento fim de nota e que se os mujiques se atrevesse a protestar havia de espancá-lo e impor-lhes aqueles canalhas barbudos uma corveia dupla os nossos patifes aplaudiram mas eu me atraquei com ele e não foi de modo algum porque tivesse compaixão pelas moças e seus pais mas simplesmente porque estavam apla indo o inseto daqueles saí
vencedor naquela ocasião mas svk ainda que estúpido eraa Alegre e insolente E por isto saiu-se de tudo rindo e de modo tal que até a dizer a verdade não Venci de todo o riso sempre ficará a seu favor mas de uma vez depois disso ele me dominou mas sem rancor assim como que brincando de passagem rindo repassado de raiva e desdém eu não lhe respondia por ocasião de nossa formatura chegou a dar um passo na minha direção eu não me Opus propriamente pois o fato me lisong ara mas logo nos separamos com toda a naturalidade
ouvi falar mais tarde dos seus êxitos de caserna de Tenente de como Helena farre Ava seguiram-se outros boatos acerca do seu sucesso na carreira não me cumprimentava mais na rua e eu Eu suspeitava que ele temesse comprometer-se saudando uma pessoa insignificante como eu vio também certa vez no teatro no terceiro balcão já de alamares solícito curvava se diante das filhas de um velho General em três anos decaía muito embora continuasse bastante bonito e ágil como que enxara começara a engordar via-se que chegado aos 30 ficaria flácido de vez pois bem Era este svier kov então
de partida que os meus colegas de escola queriam oferecer um jantar naqueles três anos mantiveram com ele constantes relações embora No íntimo estou certo não se considerassem do mesmo nível das duas visitas de simanov uma era fier fitking descendente de alemães de pequena estatura e de cara de macaco um imbecil que zombava de todos meu acirrado inimigo desde os primeiros anos de escola óo insol ente fanfarrão Zinho que fingia a máxima delicadeza de espírito não obstante fosse no fundo um covarde era um daqueles admiradores de zier kov que o adulam ostensivamente e lhe pediam com
frequência dinheiro emprestado o outro visitante era trudo bov personalidade pouco digna de nota um militar de estatura elevada e fisionomia frígida bastante honesto mas que se inclinava diante de de todo o êxito e era capaz de conversar unicamente sobre produção era eu não sei em que grau parente afastado diz zivkov e por mais tolo que isto pareça o fato lhe dava certa importância em nosso meio considerou me sempre uma pessoa insignificante e tratava-se de modo Não de todo delicado mas suportável bem Se forem sete rublos por pessoa disse trudo bov e já que somos três
serão 21 pratas pode se jantar bem svier kov naturalmente não vai pagar está claro pois somos nós que o convidamos decidiu simonov vocês estão pensando acaso Intrometeu fier fitk arrogante e Impetuoso como um criado insolente que se vangloriar das condecorações do General seu patrão estão pensando que ziver kov nos deixará pagar toda a despesa ele aceitará por delicadeza mas por sua conta encomendar a meia dúzia Ora para que meia dúzia para nós quatro observou trudo bov que só ouvia a referência a meia dúzia bem somos três com o zier kov 4 21 rublos para o
hotel de Paris amanhã às 5 horas concluiu simonov que fora eleito para tratar do caso como 21 disse eu um tanto perturbado parecendo até ofendido contando se comigo serão 28 rublos e não 21 parece Dime que seria até muito bonito oferecer-me tão súbita e inesperadamente e que todos eles seriam vencidos no mesmo instante e me olhariam com respeito mas você também quer observou simonov descontente como que evitando olhar-me conhecia-o como a palma da sua mão enfureceu me o fato de que ele me conhecesse tão bem e por que não parece-me que sou igualmente colega e
confesso sinto-me até ofendido pelo fato de não me terem convidado exaltei de novo e onde iríamos procurá-lo Intrometeu se fier fitk com grosseria Você nunca teve boas relações com zivkov acrescentou trud dool bov franzindo o senho mas eu me agarrar ao pretexto e não deixava creio que ninguém tem o direito de julgar isto repliquei com a voz trêmula como se tivesse acontecido Deus sabe o quê talvez eu o queria agora justamente pelo fato de não ter estado em boas relações com ele bem quem é que pode compreendê-lo todas essas alturas disse trud li bov Sorrindo
com ironia você vai ser incluído Resolveu simonov dirigindo-se a mim amanhã às 5 horas no hotel de Paris Não se engane o dinheiro começou fier fkin a meia voz fazendo para simonov um sinal na minha direção mas deteve-se porque o próprio simonov ficou encabulado basta disse trudo B levantando-se se lhe deu toda essa imensa vontade venha temos o nosso grupinho de amigos disse irritado F fitk apanhando também o chapéu não se trata de uma reunião oficial talvez nem queiramos a sua companhia saíram ferfit que nem se inclinou diante de mim para despedir-se trudo bov mal
fez um aceno com a cabeça sem olhar simonov com quem fiquei frente a frente permanecia em certo estado de magoada complexidade e me olhou de modo estranho não se sentou e não me convidou a fazê-lo hum sim então é amanhã vai dar o dinheiro agora é para saber com certeza balbuciou confuso abrasi mas abrasando me lembrei-me de que de longa data devia acima 9 e 15 rublos o que nunca esquecera é verdade comquanto isto não me tivesse levado a devolver-lhe o dinheiro convenha comigo simonov que eu eu não podia saber ao vir aqui sinto muito
ter esquecido está bem está bem Tanto faz vai pagar amanhã durante o jantar eu disse apenas para se saber por favor interrompeu-se bruscamente e se pôs a Caminhar pela sala ainda mais despeitado parava de vez em quando e batia o pé com força não o atrapalho perguntei depois de uns dois minutos de silêncio oh não estremeceu de repente Isto é na verdade sim sabe eu ainda preciso passar é aqui perto acrescentou como que se desculpando e em parte envergonhado Ah meu Deus por que não me disse exclamei apanhando o boné com uma expressão surpreendentemente desembaraçada
que me surgira Deus sabe como mas não é longe daqui H dos Passos repetia simonov acompanhando-o até a antessala com um ar agitado que não lhe ia bem então amanhã às 5 em ponto gritou-lhe ponderável para não ir Estava sem dinheiro ao todo tinha nove rublos guardados mas destes era preciso dar sete no dia seguinte como ordenado mensal ao meu criado apolon a quem eu pagava sete rublos sem comida não os pagar era impossível tendo em vista o gênio de apolon mas deixarei para alguma outra ocasião falar deste canalha desta minha úlcera bem que eu
sabia porém que não lhe pagaria o dinheiro e iria sem em falta ao jantar nessa noite tive os mais abomináveis pesadelos não é para estranhar antes de dormir ficara Oprimido o tempo todo pelas recordações parb particulares da minha vida escolar e não pude libertar-me delas empurrar-me para aquela escola uns parentes distantes dos quais eu dependia e de quem desde então nunca mais ouvi Qualquer notícia empurrar-me para lá órfão Oprimido pelas suas censuras pensativo silencioso que espiava de modo estranho tudo ao redor os colegas receberam me com zombarias malignas desapiedada porque não me assemelhava a nenhum
deles mas eu não podia suportar as zombarias não podia acomodar-se a eles tão facilmente como eles se acomodavam uns aos outros passei imediatamente a odiá-los e me encerrei fugindo a todos num assustado ferido e imensurável orgulho indignava me a rudeza deles Riam cinicamente do meu rosto do meu vulto desengonçado E no entanto que rostos estúpidos os deles próprios em nossa escola as expressões de rosto como que se estupida e transformam de modo especial quantos meninos encantadores ingressavam no estabelecimento alguns anos depois até dava noj olhá-los já aos 16 anos eu me surpre em Dia taciturno
com eles já então a mesquinhez do seu pensamento e a estupidez das suas ocupações jogos e conversas me deixavam perplexo havia coisas tão fundamentais que eles não compreendiam e assuntos tão impressionantes e importantes pelos quais não se interessavam que sem querer passei a considerá-los inferiores a mim não me impelia a isto a vaidade ofendida e pelo amor de Deus não me venhais com essas expressões burocráticas que enjoam a ponto de causar náusea no sentido de que eu estava simplesmente sonhando e eles já naquele tempo compreendiam a vida real eles não compreendiam nada nenhuma vida real
e juro era justamente esta característica deles que me indignava antes de mais nada reagiam de modo estupidamente Fantástico a realidade mais evidente que até feria o olhar e já então estavam acostumados a venerar unicamente o êxito Riam cruel e vergonhosamente de tudo o que era justo mais humilhado e Oprimido confundia um posto elevado com inteligência e aos 16 anos já as discutiam possíveis sinecuras está claro que uma boa parte de tudo isto provinha da estupidez e dos maus exemplos que lhes rodeavam incessantemente a infância e a adolescência eram devassos até a osidade naturalmente também nisso
tudo era principalmente exterior repassado de sinismo artificial está claro que a juventude e certo frescor apareciam neles mas por trás da devassidão mas até esse frescor era pouco atraente e manifestava-se sob certa forma de libertinagem odiava-o terrivelmente embora fosse talvez até pior que eles pagavam de modo idêntico e não escondiam de minha repugnância que lhes inspirava mas eu mesmo não queria a sua amizade pelo contrário ansiava constantemente que me humilhasse para me livrar dos seus motejo comecei de propósito a estudar o máximo possível e abrindo a força o caminho coloquei-me entre os primeiros da classe
isto lhes causou impressão começaram também a perceber que eu lia livros que eles não podiam ler e compreendi assuntos alheios ao nosso programa especial de que eles nem sequer tinham ouvido falar constatava com ferocidade e zombaria mas submetiam-se moralmente tanto mais que os próprios professores fixavam por esse motivo a atenção em mim cessaram os motejo mas a animosidade permaneceu estabelecendo-se relações Frias e tensas Por fim eu mesmo não resisti com a idade aumentava a necessidade de privar com pessoas de ter amigos tentei aproximar-me de alguns mas nesta aproximação havia sempre algo pouco natural e ela
extinguia se por si de uma feita cheguei a ter um amigo mas No íntimo eu já era um déspota e quis ter um domínio ilimitado sobre sua alma quis infundir lhe desprezo pelo ambiente que o cercava exigir-lhe um rompimento Altivo e Total com aquele meio assustei o com a minha apaixonada amizade fazia-o chegar às lágrimas a as convulsões ele era uma alma ingênua que se entregava mas quando se entregou a mim de todo passei imediatamente a odiá-lo e repeli-lo como se ele me tivesse sido necessário apenas para que eu vencesse para que ele se submetesse
a mim todavia eu não podia vencer a todos o meu amigo também não se parecia com nenhum deles e constituía a mais rara das exceções a minha primeira tarefa ao sair da escola foi abandonar o serviço especial a que eu fora destinado a fim de romper todos os liames amaldiçoar o passado e cobri-lo de cinza e o diabo sabe Para que me arrastei depois de tudo isso a casa daquele simonov de manhã cedo sobr saltei no leito pulei perturbado como se tudo aquilo começasse a acontecer naquele mesmo instante mas eu acreditava que ia produzir-se e
inevitavelmente se produziria naquele mesmo dia uma transformação radical em minha existência por falta de Hábito talvez toda a vida eu tivera a impressão até mesmo quando do mais insignificante acontecimento exterior de que uma transformação radical estava para operarse em minha vida fui para a repartição como de costume mas escapei para casa Du horas mais cedo a fim de me preparar o mais importante pensava eu era não chegar primeiro senão julgariam que me alegraram muito mas havia milhares de coisas igualmente importantes e todas elas me perturbavam até a exaustão eu próprio limpei mais de uma vez
as minhas botas por nada deste mundo apolon as limparia duas vezes num dia considerando que aquilo não seria boa ordem para limpá-las subtraí as escovas da celeta de entrada a fim de que ele não o percebesse e não passasse a desprezar a seguir examinei minuciosamente mente os seus trajes e achei que estava tudo velho gasto puído relaxaram me demais o uniforme estava mais ou menos em ordem mas iria acaso jantar de uniforme e o pior era que as calças tinham na altura do joelho uma enorme mancha amarela pressenti que só aquela mancha Tiraria nove décimos
da minha dignidade por outro lado sabia também que era grande baixeza pensar assim mas agora não é o caso de se pensar está chegando à realidade refletia caindo em desânimo sabia igualmente muito bem que exagerava monstruosamente todos estes fatos mas que restava fazer não podia mais dominar-se e a febre fazia-me tremer imaginava desesperado como aquele canalha do zivkov me receberia altiva e friamente com desprezo embotado Invencível me olharia o Néo trud dool bov de de modo maldoso insolente haveria de rir de mim o inseto fier fitk procurando agradar a zivkov como simov compreendia tudo isto
muito bem em seu Timo e como ele me desprezaria pela baixeza da minha vaidade e fraqueza e sobretudo como tudo aquilo seria miserável não literário cotidiano está claro que o melhor seria não ir definitivamente mas isso mais que tudo era impossível quando algo começa a me puxar deixava me afundar de cabeça senão depois eu próprio zombaria de mim mesmo a vida inteira e então ficaste acovardado acovardado perante a realidade acovardado de fato pelo contrário eu queria apaixonadamente demonstrar toda aquela cambada que não era de modo algum medroso que eu mesmo imaginava ser mas ainda no
mais intenso paroxismo da febre do Med sonhava sobrepujados vencê-los arrastá-los obrigá-los a amar-me bem ainda que fosse pela elevação das ideias e pelo meu indiscutível espírito haveriam de deixar de lado zivkov que ficaria a um canto calado envergonhado e eu esmagaria depois seria capaz de reconciliar com ele beberi ambos e eu trataria por tu mas o Mais Cruel para mim o que me caus mais despeito era o fato de já não saber e saber inteiramente e com certeza que na realidade não precisava de nada daquilo que na verdade eu não queria de modo algum esmagá-los
dominá-los atraí-los e que mesmo que alcançasse esse resultado seria o primeiro a não dar Vintém por ele Ó como implorei a Deus que aquele dia passasse o mais depressa possível presa de inexprimível angústia acerca da janela abria o o pósso e fixava o olhar na Bruma turva da neve molhada que caía densamente por fim O Meu ordinário relógio de parede chiou 5 horas agarrei o chapéu e procurando não olhar para apolon que desde a manhã não cessara de esperar pelo salário mas por orgulho não quisera ser o primeiro a falar no caso esgui me pela
porta passando por ele com meu último meio rublo aluguei um carro de luxo e cheguei como um grão sem Senor ao hotel de Paris quatro na véspera eu só queria ser o primeiro a chegar mas não se tratava mais de ser o primeiro não só não chegara a nenhum deles mas até mal pude achar o nosso reservado a mesa ainda não estava completamente arumada o que significaria aquilo depois de muito interrogatório consegui saber finalmente por meio dos criados que o jantar estava encomendado para 6 horas e não a 5 isto me Foi confirmado também no
buffet fiquei até envergonhado de perguntar eram apenas 5:25 se tinham transferido a hora deveriam De qualquer modo avisar-me para Isto existe o correio Municipal e não me submeter a uma vergonha daquelas perante mim mesmo e até perante os garçons sentei-me um garçom começou a arrumar a mesa na presença dele tudo se tornava de certo modo ainda mais doloroso pouco antes das 6 foram trazidas velas para o reservado além dos lampiões que já havia ali no entanto aquele garçom não se lembrava de trazê-las quando eu chegara no reservado contigo estavam jantando em mesas diferentes dois clientes
taciturnos que permaneciam silenciosos e pareciam zangados numa das salas afastadas havia Muito barulho gritava-se até ouviam-se gargalhadas de todo um bando de pessoas ressoavam alguns deselegantes ganidos franceses tratava-se de um jantar em companhia de senhoras numa palavra era nauseante ao extremo Raramente eu tinha passado instantes tão desagradáveis de modo que às 6 em ponto quando eles apareceram todos juntos eu no primeiro momento alegrei-me com a sua presença como se fossem não sei que espécie de Libertadores e Quase esqueci que devia parecer ofendido svier kov entrou na frente do grupo evidentemente como chefe tanto ele como
os demais estavam rindo mas vendo-me emp perdigo se acercou-se de mim sem se apressar inclinou um pouco o busto com alguma faceirice e me deu a mão carinhosamente Não muito mas com certa delicadeza cautelosa quase de general como se dando-me a mão ele se protegesse de algo Eu imaginara que ao contrário mal entrasse Ele soltaria a mesma gargalhada de outrora muito a aguda acompanhada de sons esganiçado e que logo as primeiras palavras se ouviriam as suas brincadeiras e gracejos de mal goosto eu estava preparado para isso desde a noite anterior mas de modo nenhum esperava
um tom tão condescendente tão altamente carinhoso considerava-se ele portanto imensuravelmente superior a mim em todos os sentidos se apenas quisera ofender-se com aquelas maneiras de general não tinha importância pensava eu de qualquer eu poderia ainda cuspir para o lado mas que fazer se realmente sem qualquer desejo de me ofender se tivesse esgueirado seriamente para dentro de sua cabeçorra de carneiro a ideiaz inha de que ele era imensuravelmente superior a mim e não podia olhar-me de outro modo a não ser com Ares protetores Só de pensar nisso comecei a sufocar fiquei surpreendido ao saber do seu
desejo de participar do nosso jantar começou ele C sibilando e arrastando as palavras o que não fazia outrora nunca mais tivemos ocasião de nos encontrar você como se afasta não devia fazer isso não somos tão terríveis como lhe parecemos bem em todo caso estou contente de reiniciar e com ar displicente virou-se para colocar o chapéu no parapeito da janela faz tempo que está esperando perguntou TR Doli bov cheguei às 5 em ponto conforme ficou marcado ontem respondi em voz alta e com uma irritação que prometia explosão próxima mas você não lhe comunicou que mudamos a
hora dirigiu-se trud bov a simonov não comuniquei esqueci respondeu o outro sem denotar todavia qualquer arrependimento e deixando mesmo de se desculpar perante mim foi encomendar os frios então já faz uma hora que está aqui coitado exclamou svier kov e em tom de mofa pois segundo as suas concepções isso de fato devia ser extremamente engraçado acompanhando o canalha do fier Fit que engargolar a minha situação sobre maneira engraçada e confusa isto não é nada engraçado gritei para fier fkin cada vez mais irritado os culpados são os outros não eu desdenharam de me avisar isto isto
é simplesmente um absurdo não só um absurdo mas ainda mais resmungou out Doli bov tomando ingenuamente a minha defesa você é demasiado complacente Foi simplesmente uma indelicadeza não intencional é claro e como foi que simonov hum se alguém me fizesse isto observou fier fkin eu você mandaria que lhe servissem algo interrompeu zivkov ou simplesmente pediria o jantar sem esperar convenhamos que eu poderia ter feito isso sem esperar licença repliquei abruptamente se esperei foi sent temo-nos senhores gritou simonov que acabava de entrar está tudo pronto respondo pelo champanhe ficou admiravelmente gelado mas eu não conhecia o
seu endereço onde é que ia procurá-lo disse voltando-se de repente para mim porém mais uma vez como que sem me olhar parecia predisposto contra mim provavelmente pensara algo depois do que acontecera na véspera todos se sentaram sentei-me também a mesa era Redonda trudo bov ficava à minha esquerda simonov à direita sarkov sentou-se em frente fier Fit a seu lado entre ele e trudo bov diga-me você trabalha num departamento disse zivkov que continuava a ocupar-se de mim vendo a minha confusão imaginara seriamente que era preciso acarinhar e por assim dizer animar Será que quer que eu
atire nele uma garrafa vazia pensei furioso por falta de Hábito irritava de modo fácil e descab na repartição de respondi com voz sofre olhando para dentro do prato e É vantajoso para você diga-me o que foi que o obrigou a deixar o emprego anterior o que me obrigou foi justamente que eu quis deixar aquele emprego arrastei eu três vezes mais longamente quase não me dominando mais ferfit kin fungou simonov olhou-me com ironia trudo bov parou de comer e se pôs a examinar me com curiosidade svarov ficou chocado mas fez que não percebeu bem E quanto
a sua manutenção que manutenção quero dizer o ordenado mas está me arguindo por quê aliás no mesmo instante eu disse quanto ganhava estava ficando tequel vermelho não é muito observou zivkov com superioridade sim não dá para jantar em cafés e restaurantes acrescentou com impertinência fier fitk a meu ver é simplesmente uma miséria observou o TR dool bov Sério e como Você emagreceu como mudou desde aquele tempo acrescentou zivkov desta vez não sem veneno com certa pérfida compaixão exam andme bem como ao meu traje mas chega de confundi-lo exclamou com um risinho fier fitking prezado senhor
saiba que não estou confuso explodi finalmente está ouvindo estou jantando aqui no café e restaurante a minha própria custa e não de alguém mais Observe isto muito bem monsieur fier fkin bem e quem é que está jantando aqui que não esteja à própria custa o senr senhor parece acudiu fier fitk corando como uma lagosta e olhando-me enfurecido nos olhos disse isso por dizer respondi sentindo que avançara muito e Suponho que seria melhor nos ocuparmos com uma conversa mais inteligente parece que tem a intenção de exibir sua inteligência não se preocupe isto seria aqui absolutamente importuno
mas meu senhor como foi que perdeu completamente as estribeiras hein não terá perdido de uma vez o juízo naquele seu departamento basta senhores basta gritou zivkov com ar senhorio como Isto é estúpido gruni simonov de fato é estúpido Nós nos reunimos num grupo de amigos para nos despedirmos de um bom companheiro que partia em viagem e o senhor estar aqui ajustando contas disse troli dirigindo-se grosseiramente a mim foi o senhor mesmo que pediu ontem para fazer parte do grupo não portanto a harmonia geral chega chega gritava zivkov parem senhores isto não está bem É melhor
contar-lhes como eu quase me casei trans anteontem e então começou certa pasquin sobre como aquele Cavalheiro quase se casara três dias antes Aliás não disse palavr sobre o casamento em si mas em seu relato apareciam a todo momento Generais coronéis e mesmo camerunes e zivkov quase atest deles começou um riso aprobat cório ferfit qu soltava até gritinhos esganiçado todos me abandonaram eu estava esmagado destruído Meu Deus será isto companhia para mim pensava e que imbecil me mostrei diante deles permiti que fier fitk me ofendesse demais os cretinos estão pensando que me Fizeram uma honra dando-me
um lugar à mesa mas não compreendem que eu é que lhes concedo essa honra emagreceu a roupa ó Malditas calças ainda há pouco zivkov notou a mancha amarela sobre os joelhos mas que esperar devo levantar-me da mesa agora mesmo apanhar o chapéu e ir embora simplesmente sem dizer palavra por desprezo e amanhã nem que seja preciso um duelo canalhas não são sete rublos diabo Não lamento sete rublos vou-me embora nesse instante fiquei naturalmente de desgosto bebia lafite e chadrez aos copos por falta de Hábito estava me embriagando depressa e com a embriaguez crescia me também
o despeito de repente tive vontade de ofendê-los do modo mais atrevido e depois ir embora aproveitar o momento e mostrar quem sou que digam é ridículo mas é inteligente e e e numa palavra diabo que os carregue examinei todos com insolente os olhos enevoados pareciam me ter me esquecido de tudo o ambiente deles estava barulhento gritante Alegre era sempre zivkov que falava prestei atenção zivkov falava de certa magnífica senhora que ele acabara levando a fazer-lhe uma declaração naturalmente estava mentindo como um cavalo no que fora particularmente ajudado pelo seu amigo íntimo certo principezinho ard do
dono de 3000 almas E no entanto esse Cola que possui 3000 almas não está aqui para se despedir de você intrometi de repente na conversa por um instante todos se calaram agora você já está bêbado disse trol bov digando se finalmente a notar a minha presença e olhando-me de viés desdenhoso zivkov examinava me calado como se eu fosse algum bicharoco baixei os olhos MOV começou o quanto antes a encher as Taças de champanhe trol bov ergueu a sua no que foi acompanhado por todos com exceção de mim a tua saúde e boa viagem gritou para
zivkov pelos tempos de outrora senhores pelo nosso futuro urra todos beberam e se arrastaram para beijar zivkov não me movi do lugar tinha diante de mim a taça cheia intocada mas não vai beber o rout Doli bov perdendo a paciência e dirigindo-se a mim com severidade eu quero pronunciar o meu speit separadamente E então beberei Senhor trud lbov o nojo que dá este rabo gento resou simonov endireitei na cadeira e apanhei a taça estava febril e prepara-me para algo extraordinário mas eu próprio ainda não sabia bem o que ia dizer silance gritou fier fkin aí
vem coisa inteligente zivkov aguardava muito sério compreendendo do que se tratava senhor tenentes vicov comecei saiba que detesto as frases Os fraseador e as cinturas apertadas Este é o primeiro ponto e agora vem o segundo todos ficaram muito agitados ponto número dois detesto a bajulação e os bajuladores sobretudo os bajuladores ponto número TRS amo a verdade a franqueza e a honradez prossegui quase maquinalmente porque eu mesmo estava ficando gelado de horror não compreendendo como ousava falar daquele modo amo o pensamento moos vicov amo a camaradagem de verdade de igual para igual e não hum amo
aliás por que não eu também vou beber a sua saúde mur mcov seduza circassian atire noos inimigos da Pátria e e a sua saúde M zivkov zivkov levantou-se da cadeira inclinou-se em minha direção e disse fico muito grato com os diabos o rro Doli bov batendo na mesa com o punho não merece que lhe quebrem a cara gani fier fitk é preciso expulsá-lo daqui resmungou simonov nenhuma palavra senhores nemum gesto gritou solenemente zivkov reprimindo a indignação geral Agradeço a todos mas eu mesmo saberei demonstrar-lhe como aprecio as suas palavras Senor fier fitking amanhã mesmo H
de me dar uma satisfação pelas suas palavras de H pouco disse eu alto dirigindo-me com altivez para fier fitking Isto é um duelo pois não respondeu o outro mas provavelmente eu estava tão ridículo provocando-o para um duelo e isso constatava a tal ponto com a minha figura que todos inclusive o próprio fier fkin quase se deitaram de tanto rir vamos deixá-lo está claro está completamente bêbado disse com repugnância trudo bov nunca me perdoarei por tê-lo incluído no grupo resmungou novamente simonov agora seria bom jogar uma garrafa contra todos eles pensei apanhei a garrafa e Enchi
a minha taça até os bordos não é melhor eu permanecer sentado aqui até o fim prosseguir nos meus pensamentos ficari satisfeito se eu fosse embora senhores por nada deste mundo ficarei aqui sentado de propósito e beberei até o fim em sinal de que não lhes atribua a menor importância ficarei sentado bebendo Porque isto aqui é um botiquim e eu paguei a entrada permanecerei sentado bebendo porque os deram uns peões de xadrez uns peões inexistentes ficarei sentado bebendo e cantarei se quiser sim porque tenho este direito de cantar hum não cantei porém esforcei-me apenas em não
olhar para nenhum deles assumia as atitudes mais independentes e esperava com impaciência que eles fossem os primeiros a dirigirme a palavra infelizmente eles não começaram E como eu gostaria como gostaria de fazer com eles as pazes neste momento bateram às 8 finalmente às 9 eles se transferiram para o Divan zivkov estendeu-se colocando o pé sobre uma mesinha Redonda o vinho também foi transportado para lá ele mandou de fato servir três garrafas Por sua conta naturalmente não fui convidado todos se sentaram à sua volta no divã ouviam no quase com veneração via-se que gostavam dele por
Por quê Por quê pensei No íntimo de raro em raro atingi um transporte de ébrios e se beijavam falavam do Cáucaso do que era uma paixão autêntica de gaubi de cargos vantajosos das rendas do rusard do pod kajewski que nenhum deles conhecia pessoalmente embora se alegrassem todos com o fato de que ele tivesse rendas elevadas da extraordinária beleza e graça da princesa de que igualmente nem dele jamais vira finalmente chegaram ao tema da imortalidade de Shakespeare eu sorria com desdém e fiquei andando do outro lado da sala ao longo da parede bem em frente ao
Divã fazendo o percurso da mesa a lareira e vice Vera queria mostrar com todas as minhas forças que podia passar sem eles no entanto batia de propósito com as botas no chão apoiando-o nos saltos mas tudo em vão eles não me me dispensavam absolutamente qualquer atenção tive a pachorra de ficar andando assim bem diante deles das às 11 sempre no mesmo lugar da mesa à lareira e da lareira de volta à mesa estou andando assim ninguém me pode proibir de fazer isso O garçom que entrava na sala deteve-se algumas vezes para olhar para mim girava
me a cabeça por causa das Viradas frequentes por instantes tinha a impressão de estar delirando nessas três horas três vezes fiquei suado e três vezes Tornei a ficar Enxuto de quando em quando cravava se em mim com dor profunda venenosa um pensamento passaria 10 20 40 anos e eu mesmo decorridos 40 anos haveria de lembrar com humilhação e repugnância estes momentos os mais imundos ridículos e terríveis de toda a minha vida era impossível rebaixar de de modo mais desonesto e deliberado eu compreendia isto perfeitamente Mas assim mesmo continuava a caminhar da mesa a lareira e
vice-versa ó se ao menos soubessem de que sentimentos e ideias sou capaz e como sou culto pensava por instantes dirigindo-me mentalmente ao Divan onde estavam sentados os meus inimigos mas os meus inimigos comportavam-se como se eu nem estivesse na sala uma vez uma única vez Volt na minha direção justamente quando zivkov se pôs a falar de Shakespeare e eu soltei de repente com desprezo uma gargalhada fi-lo de modo tão falso e feio que eles interromperam simultaneamente a conversa e puseram-se a observar em silêncio durante uns dois minutos sério sem rir a minha caminhada ao longo
da parede da mesa a lareira E como eu não lhes prestava nenhuma atenção mas nada resultou ou daquilo não disseram palavra e dois minutos depois Novamente me deixaram de lado bateram as 11 senhores gritou zivkov erguendo-se do Divan agora todos para lá naturalmente naturalmente replicaram os demais voltei-me abruptamente para zivkov achava-me a tal ponto atormentado a tal ponto ferido que precisava terminar tudo nem que tivesse de me apunha lá estava febri os cabelos molhados de suor grudava-se à minha testa e às têmporas zivkov peço-lhe perdão disse decidida e abruptamente e ao senhor também f fiin
e a todos a todos eu ofendi a todos aí hein um duelo não lhe agrada muito cou com veneno fier fiin sente algo cortar dolorosamente o coração não não é o duelo que temo fier Fit estou a ponto de lutar com o Senor manhã mesmo depois das pazes insisto nisso até e o senhor não me pode negá-lo quero demonstrar-lhe que não temo o duelo O senhor será o primeiro a atirar e eu atir arei para o ar está simplesmente se divertindo observou simonov ele perdeu a Tramontana replicou trud lbov mas deixe-me passar porque se atravessou
no caminho Ora que deseja replicou desdenhosamente zivkov Estavam todos verm brilhavam lhe os olhos haviam bebido muito peço-lhe a sua amizade zivkov eu o ofendi mas ofendeu o senhor a mim saiba prezado senhor que nunca em circunstância alguma o senhor me pode ofender e basta da sua presença fora daqui reforçou trol bov vamos a olimpíada é minha senhores está combinado gritou zivkov não discutimos não discutimos responderam-lhe rindo eu estava ali coberto de escarros o bando estava deixando ruidosamente a sala trudo bov entoou certa canção estúpida simonov deteve-se por um curto instante para dar gorgeta aos
garçons de repente aproximei-me dele simonov dê-me seis rublos disse eu decidido e num tom desesperado ele me olhou extremamente surpreendido os olhos botados também estava embriagado mas também vai para lá conosco sim não tenho dinheiro respondeu bruscamente com um sorriso de desdém e saiu da sala agarrei pelo capote era um pesadelo simonov eu vi que tem dinheiro por que me recusa sou algum canalha cuidado em não me recusar isto se soubesse se soubesse para que estou pedindo disso Depende tudo todo o meu futuro todos os meus projetos Contão sem conscia disos chinado embri e e
finalmente o Gudo e ouv e me espa com olhar curioso para lá exclamei ou eles todos vão implorar a minha amizade de joelhos abraçando as minhas pernas ou e des esbofetear ros e vicov cinco aí está aí está finalmente o choque com a realidade balbuciava eu precipitando me escada baixo isto naturalmente não é mais o papa que deixa Roma e parte para o Brasil não é mais o baile Jun ao Lago de como é um canalha passou-me pela mente se estás rindo disso agora seja gritei respondendo a mim mesmo agora tudo já levou a Breca
não havia sinal dele sequer mas era o mesmo eu sabia onde tinham ido junto à entrada estava parado um cocheiro noturno Solitário com traj aldeão todo polvilhado de Neve molhada que não cessava de cair e parecia quente o ar estava abafado fazia suar o cavalinho pequeno gendel malhado também estava polvilhado de Neve e tocia lembro-me disso muito bem atirei-me ao trenó de madeira mal levantei porém a perna para me sentar a lembrança de como havia pouco simonov me dera seis rublos pareceu seifar me de vez e me deixei cair no trenó como um fardo não
é preciso fazer muito para resgatar tudo isto exclamei mas eu hei de gastar ou Nesta mesma noite morrerei fulminado anda partimos havia todo um turbilhão na minha cabeça eles não vão implorar a minha amizade de joelhos é Miragem uma miragem vulgar repugnante romântica e fantástica é sempre o mesmo baile à beira do lago de como e por isto devo esbofetear zivkov sou obrigado a isto portanto está resol Estou voando para lhe dar o bufetão depressa oeiro sacudiu as rédias darei o bufetão log que entrará precis di antes do buet Palas a guisa de introdu não
simplesmente vou entrar e esbofetear sentos na salar no div com olia maldita Olímpia certa vez Riu do meu rosto e recusou-se a me acompanhar vou puxar Olímpia pelos cabelos e ziver cov pelas orelhas não será melhor puxá-lo por uma orelha só e fazê-lo andar assim por toda a sala é possível que eles todos se ponham a bater em mim e me expulsem de lá é certo até seja mesmo assim terei sido o primeiro a dar o bofetão terá sido minha a iniciativa e pelas leis da honra Isto é tudo ele já estará marcado e não
lavará de si o bofetão com nenhuma pancada mas apenas com um duelo terá que lutar não faz mal que eles me Batam seja gente viil trudo bov vai bater mais que os outros ele é tão forte ferfit quem vai me agarrar de lado e com toda certeza pelos cabelos mas seja seja estou decidido aqueles cabeças de carneiro serão obrigados a perceber finalmente o trágico de tudo isto quando eles me arrastarem para a porta vou gritar lhes que na realidade não valem o meu dedo mínimo mas depressa coeiro mas depressa gritei o cocheiro até estremeceu e
agitou o chicote eu gritava de modo completamente selvagem lutaremos de madrugada está resolvido quanto ao departamento fica tudo liquidado fier fitking disse departamento em lugar de departamento Mas onde arranjar as pistolas tolice vou pedir um adiantamento sobre o ordenado para comprá-las e a pólvora e as balas isto compete ao padrinho e como arranjar tempo para providenciar tudo isto até o amanhecer e onde arranjar um padrinho não tenho conhecidos tolice gritei agitando-se ainda mais tolice o primeiro transeunte a quem eu me dirigir na rua terá obrigação de ser meu padrinho o caso é idêntico ao de
um afogado que é preciso retirar da água devem ser admitidas até as soluções mais excêntricas e mesmo que eu amanhã pedisse ao próprio diretor para ser meu padrinho ele teria que concordar por simples sentimento cavalheiresco e deveria manter segredo Anton antonic o caso é que no mesmo instante eu percebia do modo mais vivo e nítido que qualquer outra pessoa no mundo todo o ignóbil absurdo das minhas suposições e todo o reverso da medalha mas anda anda coeiro anda vagabundo anda e patrão disse a força aldeã de repente percorreu meu corpo um frio gélido mas não
seria melhor não seria melhor ir agora diretamente para casa oh meu Deus por que por que me ofereci ontem para tomar parte nesse jantar mas não é impossível e aquele passeio de 3 horas da mesa lareira não eles e ninguém mais devem ajustar contas comigo por causa daquele passeio terão de lavar esta deshonra anda e se eles me mandarem para o distrito policial não vão atrever-se terão medo do escândalo e se zivkov por desprezo recusar-se ao duelo Isto é certo até mas então vou demonstrar-lhe neste caso corro à estação da posta Amanhã quando ele estiver
partindo de viagem agarro pelo pé e arranco lhe o capote no momento de sua subida para o carro vou ferrar lhe os dentes no braço mordê-lo vejam todos a que ponto um homem pode ser levado ao desespero Pode ser que ele me bata na cabeça e que todos eles estejam atrás gritarei para todos os presentes vejam aí está o fedelho que parte para ser seduzir circassian com o meu escarro no rosto naturalmente Depois disso tudo estará acabado o departamento terá sumido da face da terra vão me agarrar e processar serei expulso do emprego encerrado numa
prisão deportado para a Sibéria em residência forçada não tem importância Daqui a 15 anos libertado da prisão mendigo e mal trapilho vou arrastar-me atrás dele vou encontrá-lo em alguma capital de província estará casado e feliz terá uma filha adulta direi olha monstro as minhas faces encovadas e os meus Farrapos Perdi tudo a carreira a felicidade a arte a ciência a mulher amada e tudo por tua causa aqui estão as pistolas vim descarregar a minha pistola e perdoa-te nesse momento atir arei para o ar e ninguém mais ouvirá falar de mim cheguei até a chorar embora
soubesse com toda a exatidão naquele mesmo instante que tudo aquilo se baseava em Silvio e na mascarada de ler montol e de repente senti uma vergonha terrível a tal ponto que fiz parar o cavalo descido trenó e me detive na neve no meio da rua o coeiro me olhava surpreso e suspirando o que fazer não se podia mesmo ir para lá era um absurdo e não se podia também abandonar o caso por ia sair meu Deus Deus como se poderá abandonar isto e depois de semelhantes ofensas não exclamei atirando-me novamente no trenó está predestinado é
o destino toca toca para lá e impaciente bati com o punho na nuca do cocheiro mas que é isto por que estás brigando gritou o mujique Zinho fustigando no entanto o rossim até que começou a escoicear com as patas traseiras a neve molhada caía aos flocos abotoei o capote não podia pensar na Neve esquecera tudo o mais porque me decidira Definitivamente a bofetada e sentia horrorizado que isto de fato ia acontecer impreterivelmente naquele momento e que nenhuma força poderia me deter os lampiões desertos surgiam taciturnos na Bruma Nevada como archotes no enterro a neve acumulara-se
sob o meu casaco sob o redingote sob a gravata e se derretia ali e eu não me resguardava De qualquer modo Estava tudo perdido finalmente chegamos saí correndo quase desmemoriado subi os degraus e me pus a bater com pés e mãos na porta sentia sobretudo que os meus joelhos estavam enfraquecendo terrivelmente abriram logo era como se estivessem esperando a minha chegada simonov realmente dissera que Possivelmente viria mais um e ali era preciso a avisar e de modo geral tomar toda espécie de precaução era uma daquelas lojas de modas que há muito já foram eliminadas pela
polícia de dia funcionava realmente como loja mas de noite podiam ir lá pessoas recomendadas atravessei a passos rápidos uma loja escura e penetrei na sala que já conhecia onde ardia uma única vela e parei perplexo não havia Ninguém onde eles estão perguntei a alguém mas segundo parecia já tinham ido embora estava diante de mim uma personagem de Sorriso estúpido a própria patroa que já me conhecia um pouco um instante depois abriu-se uma porta e entrou outra personagem eu caminhava pela sala sem dar atenção a nada e a o que me parece falava comigo mesmo era
como se tivesse sido alvo da Morte e Alegremente pressentisse com todo o meu ser o seguinte eu daria mesmo a bofetada Sem dúvida Sem dúvida mas agora eles não estavam ali e tudo desaparecera tudo se modificara eu olhava em torno não podia ainda compreender maquinalmente lancei um olhar para a moça que entrara entrevia um rosto fresco jovem um tanto pálido de sobrancelhas retas escuras olhar Sério e como que um tanto surpreso isto me agradou no mesmo instante eu a odiaria se ela tivesse sorrido pus-me a olhá-la mais fixamente com certo esforço ainda não tinha conseguido
concentrar meus pensamentos havia naquele rosto algo de singelo e bondoso mas que parecia estranhamente sério estou certo de que aquilo a prejudicava ali e que nenhum daqueles imbecis an notara Aliás não se poderia chamá-la de bondade embora fosse de estatura elevada forte e bem proporcionada vestia-se com extrema simplicidade algo mal me mordeu e aproximei-me muito dela por acaso olhei-me num espelho o meu rosto transtornado pareceu-me extremamente ir repulsivo pálido mal ignóbil cabelos revoltos seja fico satisfeito pensei estou justamente satisfeito de lhe parecer repugnante isto me agrada seis alhures atrás de um saque como que submetido
a uma forte pressão ou como alguém que estivesse sendo esganado roujou um relógio depois de um rou quejar prolongado e pouco natural houve um bater fininho feio e surpreendentemente rápido era como se alguém tivesse saltado para a frente bateram as duas voltei a mim embora não estivesse dormindo mas apenas deitado em modorra o quarto Estreito apertado e baixo atravancado por um enorme guarda-roupa e repleto de caixas de papelão trapos de toda a espécie de retalhos estava quase às escuras o toco de vela que ardia sobre a mesa na outra extremidade do quarto já se extinguia
e de quando em quando a chama estremecia ligeiramente alguns instantes depois seria a treva completa dei acordo de mim rapidamente sem esforço lembrei-me de tudo no mesmo instante como se as recordações de tivessem estado a minha espreita para se atirar novamente sobre mim e mesmo em meu aliamento algo persistiu em mim uma espécie de ponto que eu não conseguia esquecer e em torno do qual os meus sonhos giravam pesadamente mas era estranho tudo o que me acontecera naquele dia parecia-me agora ao acordar ter ocorrido há muito tempo como coisa já vivida por mim muitos anos
antes tinha uma fumaceira na cabeça algo parecia pairar sobre mim tocar-me excitar infundir me em tranquilidade a angústia e abiles ferviam novamente e buscavam saída de repente vi a meu lado dois olhos abertos que me examinavam curiosa e fixamente o olhar era frio indiferente taciturno muito estranho dava uma sensação penosa um pensamento Sombrio nasceu me no cérebro e passou-me por todo o corpo sob a Forma de certa sensação desagradável semelhante à que se tem ao entrar num subterrâneo úmido e abafado era de certo modo pouco natural que justamente apenas naquele momento aqueles dois olhos tivessem
decidido começar a examinar-se lembrei-me também de que no decorrer de duas horas eu não trocara uma palavra sequer com aquela criatura e de que não considerara isto de modo algum necessário pouco antes a coisa me parecia até por algum motivo agradável a agora porém surgira me de repente com vivacidade a ideia absurda repugnante como uma aranha da devassidão que sem amor grosseria e desenvergada começa direto por aquilo com que o amor é coroado passamos assim muito tempo a olhar um para o outro ela todavia não baixava os olhos diante dos meus nem seu olhar mudava
de expressão e por fim tive não sei por um sentimento de pavor como se chama perguntei lacônico procurando acabar o quanto antes com aquilo Lisa respondeu quase num sussurro mas de modo nada cordial e afastando o olhar passei algum tempo calado o tempo hoje Neva está feio disse eu quase para mim mesmo pondo com expressão angustiada a mão sob a nuca e olhando o teto não respondeu tudo aquilo era monstruoso Você é daqui Perguntei um instante depois quase Fora de Mim voltando ligeiramente à cabeça na sua direção não de onde de Riga respondeu contrafeita alemã
russa está há muito tempo aqui onde nesta casa duas semanas ela falava cada vez mais laconicamente a vela apagar-se e eu não podia mais distinguir-los tem pai e mãe sim não tenho onde estão lá em Riga Quem são assim assim como quem são qual a sua condição pequeno burgueses viveu sempre com eles sim Quantos anos tem 20 por que os deixou assim aquele assim significava deixe-me está me aborrecendo calamos sabe Deus por eu não ia embora eu próprio me sentia cada vez mais aborrecido e angustiado as imagens do dia anterior começaram a vir-me a memória
como que por si sem a minha vontade em desordem de repente lembrei-me de uma cena que vira na rua de manhã quando preocupado apressava o passo para a repartição Hoje quase deixaram cair um caixão quando o carregavam disse eu de chofre não desejando iniciar conversa e quase sem querer um caixão de Defunto sim na Cia estava sendo retirado de um porão de um porão Aliás não era bem um porão mas um andar térreo bem baixo bem você compreende lá embaixo numa casa de má reputação em volta havia tanta lama cascas lixo cheirava era ruim silêncio
é ruim enterrar alguém hoje comecei de novo apenas para não me calar ruim por quê a neve a umidade bocejei tanto faz disse ela de repente depois de algum silêncio não é horrível Tornei a bocejar os coveiros certamente deviam estar xingando por causa da neve molhada e na Cova provavelmente havia água água na Cova por quê perguntou ela com certa curiosidade mas pronunciando as palavras de modo ainda Rude e lacônico de repente algo começou a me espicaçar E por que não água no fundo uns seis vier choques de água em vol Covo não se consegue
abrir uma cova no seco por quê como por é um lugar tão úmido ali é um Pântano em toda a parte eles depositam os corpos a si mesmo na água eu mesmo vi muitas vezes e nunca vira tal coisa nem jamais estivera em vol Covo ouvira apenas contar será possível que para você tanto faz falo da Morte Mas por que hei de morrer respondeu ela como que se defendendo algum dia você morrerá e morrerá que nem a difunta de hoje ela era também uma moça morreu tísica uma rapariga terá morrido no hospital ela já sabe
Pensei e disse rapariga e não moça ela devia ser a patroa repliquei cada vez mais espicaçar pela discussão e lhe prestou serviços quase até o fim embora estivesse tísica os cocheiros todos comentaram isto com os soldados deviam ser seus conhecidos Riam pretendiam beber a memória dela no botiquim também esta passagem eu acrescentar muitos pormenores inventados silêncio um silêncio profundo ela não se movia sequer mas será melhor morrer no hospital não será a mesma coisa mas por que eu vou morrer acrescentou irritada agora não e mais tarde mais tarde sim e então agora você é jovem
bonita Viçosa E por isto obté um bom preço mas depois de um ano desta vida não será mais a mesma vai murchar depois de um ano em todo caso daqui a um ano o seu preço vai cair prosseguir com perversidade vai passar daqui para alguma parte mais baixa para outra casa depois de um ano mais irá Para uma terceira cada vez mais baixo e daqui uns 7 anos terá chegado a cenaia a um porão e assim ainda seria bom a desgraça Será se Além disso aparecer lhe alguma doença bem digamos uma fraqueza do peito se
você apanhar um resfriado ou alguma coisa do gênero como que com a vida que vocês levam é difícil curar uma doença se ela se agarrar em você poderá não largá-la mais E então você vai morrer bem morrerei então respondeu num tom já de todo rancoroso e seu corpo teve um estremecimento rápido mas dá pena Quem Dá pena a vida silêncio você teve um noivo hein Para que precisa saber não estou interrogando você que me importa por que fica zangada naturalmente Você pode ter passado dias difíceis que me importa mas tenho pena de quem você me
dá pena não precisa murmurou quase imperceptivelmente e tornou a estremecer Aquilo me irritou no mesmo instante como eu não lhe falara tão docemente e ela mas o que pensa você você está no bom caminho hein Não penso nada o ruim justamente é que você não pensa volte a si enquanto é tempo pois ainda há tempo você é jovem ainda e bonita poderia amar alguém casar-se ser feliz nem todas as casadas são felizes retrucou ela no mesmo tom rápido e grosseiro de Anes Nem todas naturalmente mas de qualquer modo é muito melhor que aqui melhor de
verdade até na aflição a vida é boa é bom viver no mundo ainda que se viva seja lá como for e aqui o que se tem além de ma cheiro irra voltei-me com repugnância não argumentava mais friamente eu mesmo começava a sentir aquilo que dizia e me agitava ansiava já por expor minhas ideiaz minhas secretas cultivadas num canto de súbito algo se inflamou em mim apareceu não sei que objetivo Não repare no fato de eu está aqui não sirvo de exemplo Talvez eu seja ainda pior que você Aliás cheguei aqui bêbado apressei-me no entanto a
justificar me ademais um homem de modo nenhum é exemplo para uma mulher os casos são diferentes embora eu me empor calhe todo aqui não sou escravo de ninguém fico num lugar depois vou embora desapareço sacudo a roupa e sou já um outro homem Quanto a você começa como escrava sim escrava você entrega tudo toda à vontade e depois há de querer romper esta corrente mas não é mais possível ela irá emaranhar cada vez com mais força assim é esta maldita corrente eu a conheço agora não falo de outras coisas talvez você nem me compreendesse mas
diga-me certamente você tem dívida com a patroa bem V acrescentei embora ela não me tivesse respondido mas apenas ouvisse em silêncio com todo o seu ser aí tem você isto é que é uma corrente você nunca mais há de comprar a sua liberdade assim tem de ser é o mesmo que vender a alma ao diabo e além disso eu que que sabe você talvez seja também assim feliz e me meta de propósito na lama igualmente por angústia uns bebem por aflição pois bem eu estou aqui por aflição ora diga-me isso está bem eu e você
nos unimos ainda há pouco e nenhuma palavra dissemos um ao outro e depois você ficou a examinar-se como uma selvagem e eu a você também é assim que se ama é assim que uma pessoa deve unir-se à outra Isto é simplesmente uma indecência aí é que está sim aprovou ela abruptamente e apressadamente surpreendeu-me até apressa com que foi proferido aquele sim queria isto dizer que tinha a mesma ideia aer lhe na cabeça quando há pouco me examinara também ela já era talvez capaz de certos pensamentos com os diabos Isto é interessante já é intimidade pensei
quase esfregando as mãos e por que não chegar as boas se se tem pela frente uma alma tão jovem o que mais muito me absorvia era o jogo ela voltou à cabeça colocando-a mais perto de mim e tive no escuro esta impressão apoiou a no braço talvez me examinasse como lamentei não poder ver-lhe os olhos ouvia lhe a respiração profunda para que você veio para cá comecei já com algum poder sobre ela assim mas como seria bom viver na casa paterna quentura Liberdade o seu próprio Ninho e se for pior que isto é preciso acertar
o Tom disse de mim para mim com sentimentalismo talvez não se consiga muita coisa aliás este pensamento Apenas me passou na mente juro que me interessei por ela de verdade além disso eu estava de certo modo enfraquecido e indisposto e o embuste combina bem facilmente com o sentimento Quem nega isto apressei-me a responder tudo acontece estou plenamente convencido de que você foi ofendida por alguém e de que os outros é que são culpados para com você e não você para com eles é verdade que não sei nada da sua vida mas uma moça como você
com certeza não vem parar aqui por sua livre vontade e que espécie de sou eu Mou el quas imperceptivelmente ouvi os diabos proco lla Isto horí ou TZ seja B el permane sabe Lisa f de mim se eu esse família desde criança não seria como sou Agora penso nisto com frequência de fato por pior que possa ser a vida em família temse pai e mãe e não gente estranha inimiga pelo menos uma vez por ano vão expressar o seu amor por você apesar de tudo você sabe que está em casa eu cresci sem família por
isso talvez tenha sido assim insensível esperei mais um pouco talvez ela nem esteja compreendendo isto pensei que é ademais ridículo a moral se eu fosse pai e tivesse uma filha creio que amaria mais a filha que os outros filhos estou certo disso comecei num rodeio como que puxando outro assunto para distraí-la confesso que estava corando por que isso perguntou quer dizer que me ouvia assim não sei Lisa Veja uma coisa Conheci um pai que era um homem Severo rigoroso diante da filha porém punha-se De Joelhos beijava lhe as mãos e os pés não se cansava
de admirá-la É verdade se ela dançava no baile ele passava 5 horas no mesmo lugar não tirando dela os olhos era doido por ela e eu compreendo isto de noite cansada ela adormecia e ele acordava e ia beijá-la durante o sono e fazer sobre ela o sinal da cruz era Avarento com os outros e ele próprio usava um rending gozin sebento para ela porém gastava até o último níquel fazia-lhe presentes ricos e ficava contente quando o presente agradava o pai sempre ama as filhas mais do que a mãe para muitas moças viver em casa é
uma alegria eu se tivesse uma filha creio que nem a casaria Como assim perguntou ela com um lijeiro sorriso teria ciúme juro por Deus ora poderia ela beijar um estranho como poderia amar um outro mais do que o próprio pai é penoso até imaginar isto está claro que tudo isto é um absurdo está claro que por fim cada um acaba sendo razoável Mas eu creio antes de entregá-la ia torturar me com esta preocupação rejeitaria os noivos um a um mas apesar de tudo acabaria casando com aquele que ela própria amasse na realidade porém aquele que
a filha ama sempre parece ao pai o pior de todos é sempre assim muito mal acontece nas famílias por causa disso a gente que se sente mais feliz vendendo a filha do que casando honestamente disse ela de repente Ah então é isso isso acontece Lisa entre famílias Malditas onde não há Deus nem amor repliquei exaltado e onde não existe amor também não há razão é verdade que há famílias assim mas não é delas que eu falo você provavelmente não viu coisas boas em sua família e por isto fala assim realmente você é uma hum tudo
isso acontece principalmente devido à pobreza e entre os ricos será acaso melhor as pessoas honestas são Felizes até mesmo na pobreza Hum Sim pode ser mas acontece também o seguinte Lisa o homem gosta de levar em conta unicamente sua aflição não pensa na sua felicidade se considerasse isto veria que lhe está reservado também um bom lote ora pode acontecer queo tudo dê certo Numa família com a graça de Deus o marido é bom cuida de você ama não a deixa um pouco sequer é bom viver numa família assim por vezes mesmo que haja aflição é
bom e onde é que não existe aflição Você talvez ainda se case E saberá então tomemos para exemplo ao menos os primeiros tempos de casamento com aquele que se ama quanta felicidade Pode Advir disso e algo contínuo nos primeiros tempos até as brigas com o marido acabam bem algumas quanto mais amam mais brigas com o marido arranjam é verdade conheci uma que dizia amo-te muito é por amor que te atormento e para que sintas isto sabe que por amor pode se atormentar uma pessoa sobretudo as mulheres e elas pensam No íntimo em compensação vou depois
amar tanto e de acarinhar tanto que não é pecado atormentá-lo agora um pouco e em casa todos se alegram com vocês Tudo é bom agradável Pacífico honesto algumas existem que são ciumentas se ele vai a alguma parte conheci uma assim a mulher não se contém e sai correndo no meio da noite para espiar as escondidas não é ali que ele está naquela casa com aquela isto já é ruim e ela mesma sabe que é ruim e o seu coração se congela e se atormenta mas ela ama é tudo por amor e como é bom depois
de uma briga fazer as pazes ela mesma se culpar perante ele ou perdoar e ambos se sentirão tão bem tão bem É como se tivessem acabado de se encontrar de se casar como se o amor tivesse começado de novo e ninguém ninguém deve saber o que acontece entre marido e mulher se eles se amam e seja qual for a briga não devem chamar nem a própria mãe para Juiz nem contar nada um do outro eles mesmos são seus próprios juízes O amor é um mistério de Deus e deve ser oculto de todos os olhares estranhos
Aconteça o que acontecer deste modo tudo é mais Santo tudo é melhor eles se respeitarão mais um ao outro e muita coisa baseia-se no respeito mútuo e se já houve amor se se casaram por amor por que há de este amor acabar não se pode acaso mantê-lo é difícil que não se consiga isto bem e se o marido se revela a uma pessoa boa e honesta neste caso como é que o amor vai acabar passará o primeiro amor conjugal É verdade mas então Chegará um amor ainda melhor ambas as almas se unirão todos os seus
interesses serão comuns e um não terá qualquer segredo para com o outro e quando os filhos vierem mesmo os tempos mais difíceis vão par uma Felicidade é só amar e ser corajoso Então até o trabalho da Alegria e é com alegria também que às vezes se recusa o próprio pão para dá-lo aos filhos e eles depois vão amar-nos por isto mais tarde é pois para nós próprios que a mei alamos as crianças crescem e nós sentimos que somos para elas um exemplo um apoio e mesmo que a gente morra elas hão de trazer consigo pela
vida toda os nossos sentimentos e as nossas ideias do modo como os receberam de nós e serão feitos à nossa imagem em semelhança quer dizer que isto é um alto dever como é possível no caso um pai não se unir mais intimamente à mãe dizem alguns que é coisa árdua criar filhos mas quem é que o diz é uma felicidade dos céus você gosta de crianças pequenas Lisa eu gosto delas terrivelmente você sabe é um menino assim todo rosadinho ass sugar-lhe o seio e qual o marido que não sente o coração voltar-se para a esposa
vendo-a sentada com o filho dele a criança rosadinha rechonchuda revira se dengosa pezinhos e mãozinhas gorduchinhos unhhhh pequenas tão pequenas que se tornam até engraçadas e olhinhos que já parecem compreender tudo e quando mama fica repuxando o seio da mãe brincando se o pai se aproxima ela se desprende do peito inclina-se toda para trás Olha o pai dá uma risada como se o caso fosse sabe Deus porquê engraçado e de novo de novo se põe a mamar ou então de repente dá uma mordida no peito da mãe se é que os dentinhos já lhe estão
surgindo e lhe dirige os olhinhos de viés está vendo dei uma mordida mas não estará n isso toda a felicidade quando ficam juntos os três o marido a mulher e o filho em troca de momentos como este muita coisa se pode perdoar não Lisa antes de acusar os outros é preciso que cada um aprenda por si mesmo a viver é Com estes quadrinhos justamente Com estes quadrinhos que é preciso atuar sobre você pensei comigo embora juro por Deus eu tivesse falado com sentimento e de chofre cori bem e se ela de repente der uma gargalhada
aonde irei parar este pensamento deixou-me furioso Noal do meu discurso eu ficaria realmente exaltado e agora o meu amor próprio de certo mod sofria o silcio prolongava-se quis até dar-lhe um safanão o que foi que você comeou ela de repente e se deteve mas eu já compreendera tudo em sua voz tremia algo diverso que não era abrupto grosseiro obstinado como há pouco mas algo de suave e púdico tão púdico que eu mesmo de repente senti certa vergonha perante ela senti-me culpado o quê perguntei com uma curiosidade carinhosa é que você fala como se estivesse lendo
um livro disse e um tom de mofa pareceu ouvir-se de novo em sua voz esta observação espica dolorosamente não era o que eu Não compreendi sequer que ela se mascarava de propósito com aquela zombaria que era o último ardil das pessoas envergonhadas e de coração Virtuoso quando alguém lhes procura penetrar a alma de modo Rude e insistente e que até o último instante não se rendem por orgulho e temem expressar o seu sentimento diante de outrem já pela timidez com que ela tentara várias vezes expressar sua zombaria e com que por fim mal se decidira
a enunciara eu devia ter adivinhado mas não adivinhei e o mau sentimento se apossou de Mim espere um pouco pensei sete eh chega Lisa Que história de livro é esta e eu mesmo me sinto mal me sinto um estranho e não só como um estranho isso tudo me despertou agora No íntimo será possível será possível que você mesma não se sinta mal aqui não o hábito Pelo visto significa muito o diabo é que sabe o que o hábito pode fazer de uma pessoa Será que você pensa seriamente que nunca há de envelhecer que será sempre
bonita e que eles vão mantê-la aqui eternamente Além do mais mesmo isto é uma imundice mas ouça o que vou lhe dizer sobre a sua vida atual você é moça Gentil bonita tem alma tem s sentimento Mas sabe que ao dar acordo de mim ainda pouco me senti mal por estar com você aqui só mesmo embriagado é que se pode vir parar nesta casa e se você estivesse num outro lugar vivendo com as pessoas direitas não é que eu fosse arrastar a asa a você mas simplesmente me apaixonaria ficaria contente com o único olhar seu
quanto mais com uma palavra iria esperá-la no portão ajoelhar a seus pés olhá-la como minha noiva e ainda consideraria isto uma honra não ousaria ter sequer um pensamento impuro a seu respeito e a que sei que me Basta dar um assobio e você queira ou não terá de me seguir e não serei eu que perguntarei a sua vontade mas você a minha O Último dos mujiques quando faz um contrato de trabalho não se entrega apesar de tudo totalmente E além disso sabe que tem um prazo e você Qual é o prazo Pense um pouco o
que entrega você aqui o que empenha com o corpo está empenhado a alma a alma que não lhe pertence Está entregando ao primeiro bêbado o seu amor para que o profane o amor mas isto é tudo é um diamante um tesouro virginal o amor para merecer este amor alguns estão prontos a entregar a alma a enfrentar a morte e que preço darão agora ao seu amor o você foi comprada você inteira e para que procurar neste caso obter o amor quando mesmo sem amor tudo é possível não pode haver ofensa maior para uma moça compreende
acaso isto ouvi dizer que fazem favores a vocês aqui a vocês tolas permitem-lhe ter amantes mas isto é puro divertimento para esta gente um verdadeiro embuste estão zombando de vocês e vocês acreditam pensam que ele realmente a ama o amante não acredito como é que ele vai amar se sabe que a qualquer momento vão chamá-la que você deverá deixá-lo por outro depois de uma coisa dessas ele será apenas um crápula respeitá-la há um pouquinho sequer que é que você tem de comum com ele ele ri de você e ainda a rouba aí está todo o
Seu amor ainda é bom quando não lhe bate ou talvez bata Pergunte ao seu amante se acaso tiver um se ele se casará com você vai rir lhe na cara se é que não cuspir e não baterá em você e ele próprio talvez não Valha um tostão furado E por que pensará você perdeu aqui toda a sua vida servem lhe café e alimentam na bem mas para que a alimentam uma outra mulher direita seria incapaz de engolir um pedaço dessa comida se soubesse com que fim ela é servida você tem dívidas aqui e sempre vai
tê-las até o fim até o dia em que os visitantes passem a ter repugnância por você e isto acontecerá em breve não Confie na Mocidade aqui o tempo corre como um cavalo de posta irão botá-lo na rua e não vão pô-la simplesmente na rua mas com muita antecedência começarão a implicar com você a censurá-lo a insultá-la como se você não tivesse entregue à dona da casa tudo quanto possuía a saúde a mocidade como se por causa dela não tivesse sacrificado a alma em vão mas ao contrário como se a tivesse arruinado roubado posto na miséria
e não espere ajuda as companheiras também se voltarão contra você para agradar a patroa porque todas aqui são escravas e há muito perderam a consciência e a compaixão tornaram-se ignóbeis e não há sobre a terra nada mais horrível mais vio mais ofensivo do que os insultos com que elas vão humilhá-la e você deixará tudo aqui Sem reserva a saúde a mocidade a beleza as esperanças aos 22 anos parecerá ter 35 e ainda será bom se não ficar doente peça isto a Deus agora você talvez Pense que tudo isto Nem chega a lhe dar trabalho que
é uma vadiação mas não existe no mundo e nunca existiu trabalho mais árduo mais patibular parece que o coração É até P de se desfazer emem Lágrimas e você não ousará dizer palavra nem meia palavra quando a expulsarem daqui há de Partir como uma culpada há de passar a uma outra casa depois a uma terceira a seguir irá outra ainda e chegará finalmente a cenaia e ali vão simplesmente bater em você e a amabilidade que se usa ali um daqueles visitantes não sabe fazer um Car sem bater antes você não acredita que aquilo seja tão
nojento vá um dia dar uma espiada talvez Veja isto com seus próprios olhos vi lá uma mulher à porta de uma daquelas casas Numa Noite de Ano Bom as próprias companheiras empurraram para fora para que apanhasse um pouco de frio porque estava chorando muito e fecharam atrás dela à porta às 9 da manhã já estava completamente bêbada desgrenhadas seminua coberta de pancadas toda empo com manchas negras junto aos olhos e sangue escorrendo do nariz e das gengivas algum coeiro acabava de lhe fazer aquele estrago sentada na escadinha de pedra segurava nos braços não sei que
peixe salgado chorava toda soltava uns lamentos sobre o seu desino e fustigava-o dos bêbados que zombavam dela você não acredita que um dia será uma dessas eu também não gostaria de acreditar mas como vai saber talvez uns 10 uns 8 Anos Antes essa mesma mulher do peixe salgado tenha vindo para cá de alguma parte fresquinha como um querubim inocente pura não conhecia o mal corava depois de cada palavra talvez fosse como você orgulhosa suscetível diferente das de mais Talvez parecesse uma rainha e soubesse que toda a felicidade aguardava aquele que a amasse e que ela
amasse também você vê como acabou tudo e que tal se naquele mesmo instante em que Ela batia com o peixe nos degraus sujos bêbada e desgrenhada que tal se nesse instante ela se lembrasse dos seus anos puros passados na casa paterna quando ainda ia à escola e o filho do vizinho a esperava no caminho e lhe assegurava que haveria de amá-la a vida toda que lhe confiaria todo o seu destino e ambos juravam amarse para sempre e casar logo que se tornassem ados não Lisa será felicidade uma verade felicidade para você se morr num canto
num porão como a mulher que vi hoje no hospital diz você está bem vão levá-la para lá mas que acontecerá se a patroa ainda precisar de você R tísica é uma doença assim Nem sempre é um ataque de febre uma pessoa tem esperança até o derradeiro momento e diz que está passando bem é um aut consolo e isto traz vantagem para a patroa não se incomode é assim mesmo vende de se a alma e além disso fica-se devendo dinheiro e você não ousará soltar um pio e quando estiver morrendo todos vão abandoná-la e virar-se poderá
então obter de você Ainda irão censurá-lo por ocupar um lugar de graça por estar custando a morrer sem pedir água vão dá-la mais como um insulto E quando é que vai morrer Afinal peste atrapalha o nosso sono geme os fregueses ficam com nojo é exatamente assim eu mesmo tive ocasião de ouvir Tais palavras ibunda vão atirá-la para o canto mais fétido do porão um canto escuro úmido o que não pensará então você deitada ali sozinha e quando estiver morta mãos estranhas irão vesti-la às pressas aos resmungos com impaciência ninguém vai abençoá-la ninguém suspirar por você
Todos vão querer ver- ser Livres daquilo quanto antes comprarão um caixão e carregarão do modo como hoje carregaram aquela infeliz e irão ao botiquim beber a sua memória no túmulo estará uma lamaceira uma sujeira a neve molhada será por sua causa que irão fazer cerimônia des lá vuca isto é que é destino mesmo aqui continua de pernas para o ar a coisinha encurta essas cordas vagabundo assim está bem O que é que está bem e fica deitada de lado sempre era gente ou não era vá está bem pode cobrir nem vão querer trocar insultos muito
tempo por causa de você vão cobri-la o mais depressa possível com barro azulado e úmido e irão para o botiquim e este será o fim da sua memória sobre a terra os túmulos de outras gentes são visitados por filhos pais maridos mas você não terá uma lágrima um suspiro uma lembrança e ninguém absolutamente ninguém em todo o mundo irá visitá-la o seu nome desaparecerá da face da terra como se você nunca tivesse existido como se não tivesse nascido a lama o pântano nem que você bata na tampa do caixão na hora em que os defuntos
se levantam deixai-me Boa Gente vou viver um pouco no mundo vivi mas não vi a vida a minha perdeu-se por Um Nada gastaram na bebendo no botiquim na cenaia deixai-me boa gente ir mais uma vez viver no mundo tornei-me patético um espasmo estava a ponto de apertar minha garganta e de repente eu me detive su ergui-me assustado e inclinando temeroso à cabeça fiquei de ouvido atento o coração me batia havia de fato motivo para me perturbar eu pressentia desde muito que lhe transtornar a alma inteira e lhe rompera o coração e quanto mais eu me
convencia disto tanto mais queria atingir o objetivo o mais depressa e o mais intensamente possível fui levado pelo jogo Aliás não era apenas jogo eu tinha noção de que falava de modo tenso artificial livresco até numa palavra eu não sabia falar de outro modo a não ser exatamente como num livro mas isto não me confundia bem que eu sabia pressentia que seria compreendido e que este próprio falar livresco podia até servir de ajuda no caso mas tendo alcançado o efeito desejado assustei-me de repente não nunca nunca eu fora testemunha de tamanho desespero ela estava deitada
de bruços o rosto fortemente Comprido contra o travesseiro que rodeava com os braços seu peito se rompia todo o corpo jovem estremecia como que em convulsões os soluços compridos em seu peito faziam pressão dilaceravam na e de repente rompiam para fora com gritos e clamores então apertava se ainda mais fortemente contra o travesseiro não queria que uma só Alma Viva soubesse ali das suas lágrimas e tormentos mordia o travesseiro mordeu mesmo a mão até sangrar vi isto mais tarde ou de dedos agarrados às tranças desfeitas petrificar se no rosto Contendo a respiração e apertando os
dentes em certo momento comecei a dizer-lhe algo pedi-lhe que se acalmasse mas percebi que me faltava coragem e de súbito eu mesmo todo possuído de não sei que tremor de frio quase apavorado pus-me apressadamente a preparar-me de qualquer jeito as apalpadelas para sair dali estava escuro por mais que me esforçasse não pude andar depressa em dado momento apalpei uma caixa de fósforos e o castiçal com uma vela inteira intacta mal a luz se espalhou pelo quarto lisa ergueu-se de um salto sentou-se e com o rosto um tanto contraído e um sorriso meio demente olhou-me de
modo quase inexpressivo sentei-me a seu lado e lhe tomei as mãos voltou a si atirou-se na minha direção esboçou um abraço o que não ousou fazer e abaixou docemente a cabeça Lisa minha amiga fiz mal perdoe-me comecei mas ela apertou-me as mãos entre os seus dedos Com tamanha força que percebia estar dizendo algo importuno e me calei aqui está o meu endereço Lisa vem a minha casa irei murmurou com decisão sempre sem erguer a cabeça e agora eu vou embora adeus até logo levantei-me ela também e de repente corou toda estremeceu a agarrou um lenço
jogado na cadeira e atirou-o nos ombros cobriu-se até o queixo a seguir sorriu novamente de certo modo doentio tornou a corar e me lançou um olhar estranho eu sentia algo dolorido apressei-me a ir embora desaparecer espere disse ela de súbito já bem junto à porta da rua segurando-me o capote para me deter depôs as pressas a vela e saiu correndo Provavelmente por se ter lemado de algo ou querendo trazê-lo para me mostrar estava toda corada os olhos brilhando e um sorriso aflorava lhe aos lábios o que seria forçosamente esperei ela voltou um instante depois com
um olhar que parecia pedir perdão não era mais o mesmo semblante o mesmo olhar Sombrio desconfiado obstinado agora tinha um olhar súplice suave e ao mesmo tempo confiante carinhoso tímido assim olham as crianças para aqueles a quem muito amam e a quem pedem algo tinha os olhos castanhos Claros uns olhos lindos vivos que sabiam refletir em si tanto amor como ódio Sombrio sem me explicar nada como se eu na qualidade de criatura superior devesse saber tudo sem explicações estendeu-me um papelzinho todo o seu rosto nesse instante se iluminou com um triunfo ingênuo quase infantil desdobrei
era a carta que lhe dirigira certo estudante de medicina ou coisa parecida uma declaração de amor grande eloquente e muito floreada mas extremamente respeitosa não me lembro agora exatamente dos termos mas recordo muito bem que através do estilo empolado transparecia um sentimento sincero que não se poderia fingir quando terminava a leitura dei com um olhar de Lisa ardente curioso de uma impaciência infantil fixado em mim rodara os olhos no meu rosto e esperava ansiosa a minha reação em algumas palavras as carreiras mas de certo modo contente E como que orgulhosa explicou-me que estivera em certa
reunião dançante familiar em casa de gente muito boa de família e onde ainda não sabem nada absolutamente nada tanto mais que ela era novata na loja de modas e estava ali só para ver mas de modo nenhum se decidira a ficar e sem falta iria embora apenas pagasse a dívida bem esse estudante também estava na reunião passou toda a noite dançando com ela falou-lhe e acontecia que quando criança ainda ele a conhecera em Riga e eles brincaram juntos só que isto fora há muito tempo ele conhecia os pais dela mas quanto a isto aqui ele
não sabia de nada nada nada nem suspeitava sequer e Eis que no dia seguinte ao baile Isto é Havia três dias mandar-lhe a carta por intermédio da amiga que a levara à aquela casa de familha e bem é tudo quando acabou de falar ela baixou envergonhada os olhos brilhantes pobrezinha guardava a carta daquele estudante como uma Preciosidade e correra para apanhar aquele seu único tesouro que não querendo deixar-me partir sem ficar sabendo que ela também era amada ou e sinceramente que também lhe falavam com respeito está claro que o destino da carta era ficar guardada
no cofre Zinho sem qualquer resultado não importa porém estou certo de que ela haveria de guardá-la a vida toda como uma Preciosidade era o seu orgulho e sua justificação e agora no momento especial lembrar-se de trazer aquela carta para ingenuamente se vangloriar dela erguer-se aos meus olhos para que também eu visse para que também eu elogiasse o que ali estava escrito não disse nada apertei lhe a mão e saí tinha tanta vontade de ir embora Fiz todo o percurso a pé embora a neve molhada ainda caísse aos flocos estava esgotado esmagado perplexo mas por trás
da perplexidade brilhava já a verdade uma verdade ópio oito Aliás não foi de imediato que com acordei em reconhecer essa verdade acordando de manhã após algumas horas de um sono profundo de chumbo e Relembrando no mesmo instante tudo o que se passara na véspera cheguei até a surpreender-me com o meu sentimentalismo em relação à Lisa com todos aqueles horrores e compaixões de ontem um belo dia a gente sofre um desses abalos femininos dos nervos R irra decidi e para que e fui dar-lhe o meu endereço e se ela vier aliás que venha não faz mal
mas provavelmente aquilo não era então a coisa principal e mais importante precisava apressar-me e procurar salvar o quanto antes a minha reputação aos olhos de zivkov e simonov nisso é que consistia o mais importante e quanto a Lisa cheguei a esquecê-la completamente na correria daquela manhã em primeiro lugar era preciso pagar imediatamente a dívida da véspera a cimo nove decidi-me a um recurso desesperado tomar emprestados a Anton antonic 15 rublos como que de propósito ele estava naquela manhã numa excelente disposição de espírito e me deu o dinheiro no mesmo instante em que pedi fiquei tão
contente com isto que ao assinar o recibo contei-lhe com displicência e certo ar de valentão que na véspera farre com uns amigos no hotel de Paris era a despedida de um companheiro um amigo de infância pode-se dizer e sabe ele é um grande farrista e um homem muito festejado está claro que é de boa família tem Fortuna considerável uma carreira brilhante é simpático espirituoso tem casos com essas senhoras o senhor compreende bebemos meia dúzia mais do que Devíamos e realmente não havia nada demais tudo isto foi proferido com muita Leveza do modo desembaraçado e autossuficiente
ao voltar para casa escrevi imediatamente a simonov ainda agora me estasi ao recordar o Tom realmente cavalheiresco bonachão e Franco da minha carta de modo hábil e Nobre e sobretudo sem quaisquer palavras supérfluas eu aceitava a culpa de tudo justificava se é que ainda se possa admitir que e me justifique com o fato de que por absoluta falta de Hábito ficara bêbado com o primeiro cálice que eu teria bebido ainda quando os esperava no hotel de Paris entre as 5 e as 6 horas pedia desculpas principalmente a simonov pedia-lhe também que transmitisse as minhas explicações
a todos os demais sobretudo a ziver kov a quem lembro-me como num sonho eu parecia ter ofendido acrescentava que pessoalmente a casa de cada um mas estava com dor de cabeça e sobretudo envergonhado fiquei particularmente satisfeito com esta certa leveza quase displicência até aliás de todo conveniente que se refletiu de súbito em minha escrita e melhor que quaisquer argumentos possíveis fazia-lhe compreender num instante que eu encarava com bastante Independência toda esta imundice de ontem eu Eu estou absolutamente abatido conforme os senhores ao que parece pensam mas pelo contrário olho para isto como convém a um
cavalheiro que tranquilamente se respeita era como se dissesse não se censura a realidade a um moço Galhardo H nisto até um tom brincalhão como se eu fosse um marqus não é verdade extasi Ava me relendo o bilhete e tudo prové do fato de eu ser uma pessoa culta evoluída outros no meu caso nem saberiam como escapar da rede mas eu me livrei e estou farreando de novo e tudo porque sou um homem culto e evoluído de nosso tempo e realmente é possível que tudo isso tenha acontecido ontem por causa da bebida hum não não fui
a bebida não tomei nemum pouco de vodica entre as 5 e as 6 enquanto os esperava menti aimon nove menti de um modo desavergonhado e agora também não tenho vergonha aliás que me importa o principal é que me safei pus dentro da carta seis rublos Colei o envelope e pedi a apolon que a levasse à casa de simonov sabendo que o envelope continha dinheiro apolon tornou-se mais respeitoso e concordou em levá-lo ao anoitecer fui dar uma volta a cabeça ainda me doía e girava por causa do que sucedera na véspera mas à medida que a
noite caía e a escuridão se tornava mais densa iam mudando e embaralhando se as minhas impressões e depois delas os meus pensamentos algo havia em meu íntimo no fundo do meu coração e da minha consciência que não queria morrer e se expressava numa angústia abrasadora eu me acotovelavam m chansa e a sadova junto ao Jardim e o do Povo gostava particularmente de passar por essas ruas sempre ao escurecer justamente quando nelas se Adena a multidão de transeuntes gente do Comércio e artesãos vão para a casa após o trabalho diário e em suas fisionomias se reflete
uma preocupação que Beira a raiva agradava me justamente esta azáfama vulgar esse prosaísmo indolente Mas desta vez toda aquela bú de rua me irritava ainda mais não conseguia de modo algum ficar em paz comigo chegar a um resultado qualquer algo se erguia incessantemente e dolorosamente em meu espírito e não queria aquietar-se voltei para casa inteiramente mal humorado era como se me pesasse na alma certo crime atormentava incessantemente o pensamento de que Lisa podia vir à minha casa parecia-me estranho que de Todas aquelas recordações da véspera a de Lisa me tortur asse de modo particular inteiramente
ap parte ao anoitecer eu já deixara de pensar em tudo mais E além disso estava inteiramente satisfeito com a minha carta a simonov mas em relação a Lisa eu de certo modo não me sentia satisfeito como se apenas ela me atormente E se ela vier pensava eu sem cessar ora não faz mal que venha Hum já é ruim o simples fato de que há de ver por exemplo como eu vivo ontem apareci diante dela tão herói e agora hum Aliás foi mal que eu me Tivesse deixado cair a tal ponto em casa é simplesmente uma
indigência e me decidi ontem a ir jantar com semelhante traj e o meu Divã de linóleo com o enchimento amostra na parte posterior e o meu roupão que não não dá para cobrir o corpo que frangalhos e ela há de ver tudo isto e verá também o apolon este calhorda certamente há de ofendê-la implicará com ela para me fazer uma grosseria e eu naturalmente vou me assustar como de costume darei uns Passos miudinhos diante dela procurarei juntar as abas do roupão Começarei a sorrir a mentir ui como é ruim e o pior de tudo não
está nisso existe mais importante mais repulsivo e ignóbil mais ignóbil sim e novamente novamente vesti esta máscara mentirosa desonesta chegando a este pensamento explodi de vez desonesta por quê desonesta como Ontem falei com sinceridade lembro-me bem disso e havia em mim um sentimento autêntico o que eu quis foi justamente despertar nela sentimentos nobres se ela chorou foi bom isto há de ser benéfico mas apesar de tudo não conseguia de modo algum acalmar-se em Todas aquelas horas do anoitecer mesmo depois que voltava para casa quando já passava das 9 e segundo os cálculos Lisa não podia
mais aparecer parecia-me apesar de tudo vê-la e principalmente lembrava-me dela sempre na mesma posição de tudo o que sucedera na véspera havia um certo momento que se apresentava de modo particularmente vivo era o momento em que eu iluminara o quarto com fósforo e vira o seu rosto pálido torcido de olhar sofredor e Que sorriso lastimável pouco natural contraído tinha ela naquele instante mas então eu ainda não sabia que mesmo 15 anos depois Lis ainda se representaria no meu espírito com o mesmo sorriso lastimável contraí desnecessário que tinha naquele instante no dia seguinte mais uma vez
eu estava pronto a considerar tudo isto um absurdo efeito dos nervos abalados e sobretudo um exagero sempre tive consciência deste meu ponto fraco e às vezes temia o ao extremo exagero tudo e é isto que me faz capengar repetia a mim mesmo de hora em hora aliás aliás apesar de tudo Lisa é bem capaz de vir Eis o refrão com que terminavam todas as minhas reflexões de então eu me inquietava tanto que chegava Às vezes a enfurecer-se virá virá sem falta exclamava eu percorrendo o quarto a Passos largos se não for hoje será amanhã mas
com certeza há de me encontrar assim é o maldito romantismo de todos estes corações puros ó ignomínia é estupidez ó mediocridade de todas essas almas Viz e sentimentais Ora como não compreender parece-me não compreender Mas neste ponto eu mesmo me Detinha e numa Grande comoção até Como foram poucas tão poucas pensava eu de passagem as palavras necessárias quão pouco Idílio e Idílio falso livresco inventado para revirar no mesmo instante toda uma alma humana ao jeito que se queria isso é que é virgindade isto que é um solo ocado por vezes vinha me a ideia de
eu mesmo ir vê-la contar-lhe tudo e pedir-lhe que não fosse a minha casa mas com este pensamento erguia-se em mim uma raiva tal que segundo parecia eu teria esmagado aquela maldita Lisa se ela aparecesse de repente ao meu lado tê-la ia ofendido coberto de escarros expulsado batido passou-se no entanto um dia outro um terceiro ela não vinha e eu comecei a tranquilizar me ficava particularmente animado depois das 9 e desenfreado às vezes punha-me mesmo a sonhar e com bastante doçura até por exemplo estou salvando Lisa justamente pelo fato de que ela ven a minha casa
e eu lhe falo faço a progredir cuido da sua instrução a seguir percebo que ela me ama que me ama apaixonadamente finjo não compreender sei bem que para este fingimento provavelmente apenas porque fica mais bonito finalmente toda envergonhada Bela trêmula aos soluços atira-se aos meus pés e me diz que sou seu Salvador e que ela me ama acima de tudo no mundo fico perplexo mas Lisa digo-lhe você pensa acaso que eu não notei o seu amor vi tudo adivinhei mas não me atrevia a atentar Primeiro contra o seu coração porque exercia influência sobre você e
temia que por nobreza você se obrigasse intencionalmente a corresponder ao meu amor fizesse a força nascer em si um sentimento que talvez não existisse e eu não queria Porque isto é depotismo é indelicado bem numa palavra eu me desmanchava aí em alguma sutileza europeia a George Sand indescritivelmente Nobre mas agora agora você é minha é a minha obra pura bela a minha linda esposa e corajosa e livremente em minha casa entra senhora e Soberana nota versos finais do poema de nie krasov do qual foi tirada a epígrafe do Capítulo 1 da segunda parte desta novela
fim de nota a seguir começamos a viver as direitas viajamos para o estrangeiro etc numa palavra eu próprio acabava por ter uma sensação ignóbil e por mostrar a língua a mim mesmo mas não deixarão vir a canalha pensava eu parece que não lhes permitem muito sair para passear Principalmente ao anoitecer não sei por porque parecia-me que ela devia vir sem falta ao anoitecer e precisamente às 7 horas Aliás ela me disse que ainda não se comprometeu de todo que tinha lá certos direitos quer dizer hum com os diabos ela virá virá sem falta ainda bem
que apolon me distraía com suas grosserias fazia-me esgotar a paciência era a minha úlcera o flagelo que me fora enviado pela Providência havia alguns anos que nos alfinet mútua e incessantemente e Eu odiava Meu Deus Como Eu odiava parece-me que nunca odiei ninguém como odiava sobretudo em determinados momentos era um homem de meia idade de ar importante que exercia durante parte do tempo o Ofício de Alfaiate mas sem se saber por desprezava além de qualquer medida até e me olhava intoleravelmente de cima aliás olhava a todos de cima bastava lançar um olhar àquela cabeça muito
loura de cabelos bem alisados ao topete que armava sobre a Fronte e que engordura com azeite aquela boca imponente sempre dobrada em forma de ís nota a letra igts V era a última do alfabeto russo foi suprimida pela reforma ortográfica de 1917 fim de nota para se compreender estar diante de uma criatura que jamais duvidava de si era um pedante no mais alto grau o maior de todos os pedantes que eu jamais encontrei sobre a terra e tudo isto acrescido de um amor próprio que talvez fosse decente apenas no Alexandre da marcedes o deixava apaixonado
cada uma das suas unhas completamente apaixonado via-se bem tratava de modo totalmente despótico falava comigo o mínimo possível e se lhe acontecia lançar-me um olhar Este era sempre firme Altivo autossuficiente e zombeteiro e às vezes me fazia chegar a um estado de furor cumpria a suas obrigações com ar de quem estivesse fazendo o maior dos favores Aliás não fazia quase nada por mim e até não se considerava obrigado a isto não podia haver dúvida de que ele me julg Ava o último imbecil do mundo e se me mantinha junto a si era unicamente porque podia
receber de mim mensalmente um salário concordava em não fazer nada em minha casa por sete rublos mensais por causa dele muitos pecados me serão perdoados o ódio chegava Às vezes a tal ponto que apenas o seu passo já me provocava quase convulsões mas o que me repugnava mas era a sua fala enin tinha uma língua um tanto mais comprida que o normal ou coisa semelhante e por isso falava chiando continuamente seava e parecia orgulhar-se muito disso pois imaginava que lhe acrescentasse considerável dignidade falava com suavidade espad as mãos atrás nas costas e os olhos baixos
enfurecem sobretudo quando se punha a ler o saltério atrás do seu Bic travei muitas batalhas por causa daquela leitura mas ele gostava terrivelmente de ler a noitinha com uma voz tranquila regular cantante como se estivesse encomendando um difunto é curioso que tenha acabado por fazê-lo atualmente costuma assumir a tarefa de ler o saltério nos enterros e também se ocupa da destruição de ratos e da fábrica de graxa de sapatos mas naquela época não podia expulsá-lo como se ele estivesse fundido quimicamente com o meu ser ademais ele não concordaria por nada em deixar a minha casa
eu não podia morar em chamb garni nota quartos mobiliados em francês fim de nota meu apartamento era meu Palacete minha casca o estojo em que me escondia de toda a humanidade e apolon o diabo sabe por parecia me pertencer àquele apartamento e durante 7 anos eu não conseguia enxota era impossível por exemplo reter o seu ordenado por dois ou três dias que fosse ele teria criado um caso tal que eu não saberia onde me esconder mas naqueles dias eu andava tão enraivecido contra todos que me Decidi não sei por que nem para que castigar apolon
e passar duas semanas sem lhe pagar o ordenado fazia muito tempo já uns do anos que eu me preparava para isto unicamente para lhe demonstrar que ele não podia atrever-se a ter aqueles Ares de importância para comigo e que se eu quisesse sempre tinha o recurso de não lhe pagar o ordenado resolvi não lhe falar sobre o assunto e até de propósito manter-me calado a fim de vencer o seu orgulho e obrigá-lo a falar primeiro sobre o salário então eu Tiraria da gaveta sete rublos mostraria que tinha aquele dinheiro e que o havia separado intencionalmente
mas que eu não queria não queria Simplesmente não queria pagar-lhe o ordenado e não queria simplesmente porque assim queria porque era a minha vontade de patrão porque ele era desrespeitoso e grosseiro mas que se ele me pedisse respeitosamente talvez eu talvez amoe lhe pagasse se não era capaz de esperar mais duas semanas três um mês inteiro mas apesar de toda a minha raiva foi ele quem venceu não cheguei a suportar quatro dias ele começou por aquilo que sempre fazia em semelhantes ocasiões pois não era a primeira tentativa e devo observar eu sabia de tudo isso
de antemão conhecia de qual a sua tática viu começava a fixar em mim um olhar extremamente severo não o desviava por alguns minutos seguidos sobretudo ao receber-me ou a despedida quando eu saía Se eu por exemplo conseguia suportá-lo e fingia não notar aqueles olhares ele calado como antes passava os suplícios seguintes então Sem Mais Nem Menos suave e tranquilamente em meu quarto quando eu estava caminhando ou lendo parava à porta levantava a mão as costas afastava um pé e fixava em mim o olhar que já não era apenas Severo mas Decididamente desdenhoso se eu lhe
perguntava de chofre o que queria não respondia nada continuava a olhar-me firmemente por alguns segundos e depois apertando os lábios de certo modo peculiar vira-se lentamente no mesmo lugar com um ar significativo e ia também lentamente para o seu quarto umas Du horas mais tarde tornava a sair de lá aparecendo de novo daquele modo na minha minha frente sucedia que enfurecido eu não lhe perguntava mais o que queria mas erguia a cabeça com ar dominador e também me ponha a olhá-lo fixamente acontecia nos olharmos assim por uns dois minutos finalmente ele se virava devagar com
imponência e tornava a desaparecer por duas horas se isto ainda não me fazia voltar ao bom senso e eu continuava a rebelar ele de súbito se punha a suspirar olhando-me a suspirar longa e profundamente como se me disse com aquele suspiro todo o alcance da minha queda moral e está claro acabava por vencer totalmente eu me enfureça mas era forçado a cumprir aquilo que fora o móvel do caso naquela ocasião apenas começaram as manobras habituais dos olhares severos fiquei imediatamente fora de mim e enfurecido voltei-me contra ele mesmo sem a aquilo eu já estava por
demais irritado espere gritei enfurecido quando ele se voltava lenta e silenciosamente de mãos para trás a fim de se retirar para o seu quarto espere Volte volte ordeno lhe devo ter V ferado de modo tão incomum que ele se voltou e se pôs a examinar-se até com certa surpresa Aliás continuava a Não Dizer palavra e isto justamente é que me enraivece como se atreve a entrar no meu quarto sem pedir licença e olhar-me deste modo responda mas depois de me olhar tranquilamente durante cerca de meio minuto ele recomeçou a virar-se espere rugi correndo para junto
dele não se mova assim Responda agora para que veio olhar se o senhor tem alguma coisa para me mandar fazer a minha tarefa é executar respondeu depois de um novo silêncio cando baixo e espaçadamente as sobrancelhas erguidas e tendo girado calmamente a cabeça de cima de um ombro a outro e tudo isto com uma tranquilidade aterradora não é isto não é isto que estou perguntando a você Carrasco gritei trêmulo de raiva Eu mesmo vou dizer a você Carrasco para que venha até aqui está vendo que não lhe pago o salário você mesmo por orgulho não
quer se inclinar e pedir e vem para me castigar com seus olhares estúpidos para me atormentar e você Carrasco nem suspeita como Isto é estúpido estúpido estúpido estúpido recomeçou a voltar-se em silêncio mas eu o segurei ouça gritei lhe aqui está o dinheiro você vê aqui está tireo da mesinha tirei o da mesinha todos os sete rubros mas você não os receberá não os receberá até que venha respeitosamente de cabeça baixa ped diz-me perdão está ouvindo isto não pode ser respondeu ele com certa autossuficiência nada natural pois será gritei dou-lhe a minha palavra de honra
será mas eu não tenho do que pedir perdão ao Senhor continuou ele parecendo não notar sequer os meus gritos Pois foi o senhor que me chamou de carrasco e eu sempre posso queixar-me disso na polícia do bairro vá apresente queixa o rei vá or neste mesmo minuto neste segundo e apesar de tudo é Um carrasco Um carrasco Um carrasco mas ele olhou-me apenas depois voltou-se e não atendendo mais aos gritos com que o chamava recolheu-se num passo harmonioso sem se virar se não fosse Lisa não teria acontecido nada disto concluí No íntimo a seguir depois
de permanecer parado por um minuto mais ou menos dirigi-me para o espo dele atrás dos biombos com ar imponente e solene mas com o coração batendo devagar e com força apolon disse baixo e espaçadamente ainda que perdendo o fôlego vá agora mesmo e sem mais delongas chamar o guarda ele já tinha sentado à mesa pusera os óculos e começara a costurar algo mas ouvindo a minha ordem rompeu em riso vá agora já neste mesmo instante vá ou você nem imagina o que acontecerá o senhor não está realmente em seu juízo observou ele sem sequer levantar
a cabeça continuando a ass siar lentamente e a enfiar o fio de linha na agulha e onde já se viu uma pessoa ir procurar uma autoridade contra si mesmo e quanto ao medo o senhor está gritando inutilmente porque não vai acontecer nada vá gritei esganiçar rando pelo ombro senti que um pouco mais e eu o espancar e nem eu vi como naquele instante se abriu de súbito quieta e lentamente a porta da antessala e certo vulto entrou deteve-se e perplexo se pôs a examinar lancei-me vagarosos de apolon ali está uma qualquer e pergunta pelo senhor
disse olhando-me com particular severidade depois se afastou e Deixou passar Lisa ele não queria ir embora e examinava noos com um ar zombeteiro fora fora comandei lhe Perdendo o Controle nesse instante a minha pêndula fez um esforço chiou e bateu às sete nove e corajosa e livremente em mim minha casa entra senhora e soberana do poema de ni krasov já citado achava-me em pé diante dela abatido humilhado repulsivo e ao que parece sorria procurando com todas as forças cobrir-me com as abas do meu roupão Zinho de algodão puído exatamente como ainda há pouco eu imaginara
no momento de desânimo decorridos alguns instantes apolon que estivera ali parado mais alto que nós afastou-se mas não me senti aliviado com isto O pior foi que ela também ficou de repente confusa e de um modo tal que nem eu esperava isto se deu quando me olhava está claro sente-se disse eu maquinalmente pondo para ela uma cadeira junto à mesa e sentando me no divã obedeceu me no mesmo instante dirigindo para mim os olhos bem abertos e provavelmente esperando que eu fizesse algo aquela ingenuidade foi justamente o que me enfureceu mas contive me eu poderia
esforçar-me em Não reparar em nada como se tudo Se passasse da maneira mais natural e ela e senti confusamente que ela haveria de me pagar caro por tudo aquilo você me encontrou numa situação esquisita Lisa comecei gaguejando sabia que era justamente daquele modo que não devia começar não não não fique imaginando coisas exclamei vendo que ela de súbito corar não me envergonho da minha pobreza pelo contrário orgulho-me dela sou pobre mas Nobre de caráter é possível ser pobre e ter nobreza balbuciei bem você quer chá não começou ela espere levantei me di um salto e
corri para chamar aolon bem que me era necessário sumirem a alguma parte apolum murmurei numa fala apressada e febril atirando na sua frente os sete rublos que estivera o tempo todo em meu punho aí está o seu salário como vê entrego-lhe mas em compensação deve salvar-me traga-me imediatamente da taverna chá e des torradas se você não quiser ir fará uma pessoa Infeliz você não sabe que mulher ela é Ela é tudo você talvez esteja pensando alguma coisa mas não sabe que mulher ela é apolon que já se sentara para trabalhar e tornara a pôr os
óculos a princípio espiou de viés o dinheiro em silêncio Sem largar a agulha a seguir sem me dedicar à mínima atenção e sem me responder nada continuou a lidar com o fio de linha que ainda estava enfiando na agulha fiquei uns 3 minutos à espera parado diante dele os braços aá Napoleão tinha as têmporas molhadas de suor sentia que devia estar pálido mas graças a Deus olhando-me ele provavelmente ficou com pena acabando de enfiar a linha su ergueu-se lentamente afastou lentamente a cadeira tirou lentamente os óculos lentamente tornou a contar o dinheiro e por fim
depois de me perguntar por cima do ombro se era para comprar uma porção inteira saiu lentamente do quarto quando eu regressava para junto de Lisa veio-me a mente não seria melhor fugir a si mesmo de roupão Zinho a todo vapor sem dar importância ao que acontecesse depois Tornei a sentar-me ela me olhava inquieta passamos alguns instantes em silêncio vou matá-lo exclamei de repente batendo com força o punho na mesa de modo que a tinta espirrou para fora do tinteiro Ah que é isto gritou ela estremecendo vou matá-lo vou matá-lo exclamava eu com voz esganiçada batendo
na mesa completamente fora de mim e ao mesmo tempo compreendendo perfeitamente como era estúpida aquela Cólera você não sabe Elisa o que este Carrasco é para mim é o meu carrasco foi agora comprar torradas ele e de repente eu me desfiz em lágrimas era uma crise tinha tanta vergonha em meio aos soluços mas não podia mais contê-los ela assustou-se o que tem mas o que é que tem exclamar agitando-se em torno de mim água quero água está ali balbuciava eu à voz fraca compreendendo aliás No íntimo que poderia muito bem passar sem água e não
murmurar debilmente mas eu por assim dizer representava para salvar a decência embora a crise fosse verdadeira serviu-me água olhando-me como que perplexa nesse instante apolon entrou com o chá tive de súbito a impressão de que aquele chá comum e prosaico era terrivelmente indecoroso e miserável depois de tudo o que sucedera e corei Lisa olhava para apolon e estava até assustada ele saiu sem nos olhar Lisa você me despreza disse eu olhando-a fixamente tremendo de impaciência por saber o que ela pensava ficou confusa e não soube responder t o chá disse eu com rancor eu estava
enraivecido contra mim mesmo mas naturalmente ela é que devia sofrer as consequências um rancor terrível contra ela Ferveu de chofre em meu coração era capaz de matá-la ali mesmo parecia-me para me vingar dela jurei mentalmente não lhe dizer mais nenhuma palavra enquanto estivesse ali ela é que é a causa de tudo pensava o nosso silêncio Durava já uns 5 minutos o chá estava sobre a mesa não o tocamos eu chegara a um estado tal que que de propósito não queria começar a tomá-lo a fim de tornar a situação dela ainda mais penosa e ela sentia
embaraço em começar por algumas vezes olhou-me com uma perplexidade triste e o obstinado calava-se o maior sofredor Sem dúvida era eu próprio pois percebia completamente toda a repulsiva baixeza da minha rancorosa estupidez e ao mesmo tempo não podia de modo algum conter-me eu quero sair de lá de vez começou ela com o propósito de romper o silêncio mas Coitada justamente disso é que não se devia começar a falar no momento que já era assim estúpido a um homem tão estúpido como eu o meu coração ficou dolorido de compaixão vendo a sua falta de jeito e
retidão desnecessária mas algo disforme esmagou em mim no mesmo instante toda a compaixão e até me espica ainda mais que se perca tudo no mundo passaram-se mais 5 minutos eu não vim estorvar continuou ela com timidez quase imperceptivelmente e começou a levantar-se Mas apenas vi esta primeira explosão de dignidade ofendida fiquei trêmulo de furor imediatamente perdi a contenção diga-me por favor para que veio a minha casa comecei perdendo o fôlego até mesmo sem atentar para a ordem lógica das min as palavras eu queria dizer tudo de uma vez numa Rajada nem me preocupou sequer por
onde começar porque você veio responda responda exclamava quase perdendo a consciência de mim mesmo vou dizer-lhe mãezinha para que veio aqui veio porque eu disse então a você palavras piedosas pois bem Você ficou enternecida com elas e agora quis ouvir de novo palavras piedosas pois saiba saiba de uma vez que eu então estava rindo de você agora também Rio porque está tremendo sim Eu ria eu tinha sido ofendido ao jantar pelos que estiveram naquela casa antes de mim fui até lá para espancar um deles um oficial mas não deu certo não o encontrei tinha que
desabafar sobre alguém o meu despeito tomar o que era meu apareceu você e eu descarreguei sobre você todo o meu rancor zombei de você o humilharam e eu também queria humilhar amassaram me como um trapo e eu também quis mostrar que podia mandar eis o que aconteceu e você pensou que eu fui para lá de propósito para salvá-la não você pensou isto eu sabia que talvez ela ficasse confusa e não compreendesse os pormenores mas sabia também que compreenderia admiravelmente o essencial e foi o que sucedeu ficou branca como um lenço quis dizer algo os seus
lábios torceram se com expressão doentia mas caiu sobre a cadeira como que decepada a Machado E durante todo o tempo que se seguiu ouviu-me de boca e olhos abertos com o tremor de um medo terrível o cinismo das minhas palavras esmagara salvar continuei pulando da cadeira e correndo diante dela de um canto a outro da sala salvar do quê mas eu mesmo Talvez seja pior que você por que não me lançou Então as fuças quando eu lhe Fui pregar sermão e você mesmo por que veio a nossa casa veio pregar moral eu precisava então ter
poder precisava de um jogo precisava conseguir as suas lágrimas a sua humilhação a sua histeria eis do que eu precisava Então mas eu próprio Não suportei isto porque sou um crápula assustei-me e o diabo sabe Para quê dei de bobo o meu endereço a você em seguida ainda antes de chegar em casa já eu a xingava a mais não poder justamente por causa desse endereço eu já odiava você porque lhe mentira então porque eu quero apenas jogar com as palavras devanear mentalmente mas na realidade sabe do que eu preciso que vocês todos levem a Breca
de uma vez aí está Preciso de tranquilidade agora mesmo sou capaz de vender o mundo todo por um copec para que não me importunem que o mundo leve a Breca ou que eu deixe agora de tomar o chá direi que acabe o mundo mas que eu sempre possa tomar o meu chá Você sabia disso ou não bem quanto a mim sei que sou um canalha um Patife um egoísta um preguiçoso nestes três dias tremi de medo que você viesse e sabe o que me inquietou de modo particular em todos esses três dias foi que então
eu Me apresente tão heroico diante de você e de repente você me veria indigente repulsivo com este roupão Zinho esfr angal eu lhe disse há pouco que não me envergonhava da minha pobreza pois saiba que me envergonho sim envergonho me disso mais do que qualquer outra coisa temoa acima de tudo mais do que se eu roubasse porque não sou tão vaidoso como se me tivessem arrancado a pele e o simples ar me causasse dor mas será Poss ív que até agora você não tenha compreendido que eu nunca lhe perdoei o fato de me ter encontrado
com este roupão Zinho quando eu me lançava sobre apolon como um cachorrinho raivoso o ressuscitador o exh herói atira-se como um vira lata vagabundo e cabeludo contra o seu criado e este ri dele e nunca desculpei também a você as lágrimas de a pouco que não pude conter como uma mulher envergonhada e também nunca Desc culparia a você As Confissões de que lhe estou fazendo agora sim você unicamente deve responder por tudo isto porque você é que apareceu à minha frente porque eu sou um homem canalha porque sou o mais repulsivo o mais ridículo o
mais mesquinho o mais estúpido o mais invejoso de todos os vermes sobre a terra que de modo nenhum são melhores que eu mas os quais o diabo sabe porque nunca ficam encabulados e eu vou receber assim em toda a vida papiro da primeira Lende que aparecer é uma característica minha e o que eu tenho a ver com o fato de você não compreender nada disso que tenho eu também com o fato de que você esteja se perdendo ou não naquela casa mas compreende você como agora depois de lhe contar tudo isto vou odiá-la porque esteve
aqui e me ouviu uma pessoa se revela assim apenas uma vez na vida e assim mesmo somente num acesso de histeria que mais você quer e por que depois de tudo isto você fica aí espetada na minha frente por qu Por que me tortura e não vai embora mas aí deu-se um fato estranho acostumar-me a tal ponto a pensar e a imaginar tudo de acordo com os livros e a representar a mim mesmo tudo no mundo como eu mesmo anteriormente compus era nos meus devaneios que em nem compreendi imediatamente aquele estranho fato eis o que
sucedeu ofendida e esmagada por mim Lis compreenda muito mais do que eu imaginar ela comprenda de tudo aquilo justamente o que auler sempre compreende em primeiro lugar quando ama sinceramente Isto é comprendera que eu mesmo era infeliz a expressão de susto e de dignidade cedeu a princípio em seu semblante a uma perplexidade amargurada e quando eu comecei a chamar-me de canalha e crápula quando me correram as lágrimas proferi toda esta tirada com lágrimas todo o seu rosto se contorceu em não sei que convulsão quis levantar-me deter-me E quando acabei de falar não foi para os
meus gritos que ela dirigiu a atenção para que está aqui porque não vai embora mas para o fato de que provavelmente era muito difícil a mim mesmo dizer tudo aquilo e estava tão aniquilada A pobre considerava-se infinitamente inferior a mim como poderia pois ficar zangada a ofender-se súbito pulou da cadeira num repente insom pável e querendo atirar-se toda para mim mas ainda tímida e não ousando sair do lugar estendeu-me os braços nesse ponto meu coração também se confr e ela se lançou subitamente a mim rodeou me o pescoço com os braços e chorou eu também
não resisti e chorei aos soluços de modo como nunca ainda me acontecera não me deixam eu não posso ser bondoso mal proferi em seguida fui até a Divan caí nele de bruços e passei um quarto de hora soluçando presa de um verdadeiro acesso de isteria ela deixou-se cair junto a mim abraçou-me e pareceu petrificar se naquele abraço mas apesar de tudo a histeria tinha que passar Afinal e e Eis que bem que estou escrevendo uma verdade repulsiva deitado de bruços no divã apertado fortemente contra Ele o rosto enfiado em Meu ordinário travesseiro de couro comecei
a perceber aos poucos como que de longe contra a vontade mas de modo incoercível que eu ficara então encabulado de levantar a cabeça e olhar Lisa bem nos olhos de que me envergonhava não sei mas tinha vergonha acudiu me também a transtornada cabeça o pensamento de que os papéis estavam definitivamente trocados que ela é que era a heroína e que eu era uma criatura tão humilhada e esmagada como ela fora Diante de Mim naquela noite quatro dias atrás e tudo isto me passou pela mente ainda naqueles instantes em que eu estava deitado de bruços no
divã Meu Deus será possível que eu atenha então invejado não sei não pude esclarecer isto até hoje mas então naturalmente podia compreendê-lo ainda menos que neste momento bem certo é que eu não posso viver sem autoridade e tirania sobre alguém mas mas nada se consegue explicar com argumentação e Por conseguinte não há motivo para se argumentar todavia consegui dominar e s ergui a cabeça Afinal era preciso acabar por levantá-la e eis que estou certo disso até hoje precisamente pelo fato de sentir vergonha de olhá-la em meu coração se acendeu de repente um outro sentimento o
sentimento de domínio e de posse meus olhos brilharam de paixão e eu apertei lhe fortemente as mãos como eu a odiava E como estava atraído por ela naquele instante um sentimento fortalecia o outro isto parecia quase uma Vingança em seu rosto apareceu a princípio como que uma perplexidade como que um medo até mas isto durou apenas um instante ela abraçou-me com ardor e entusiasmo 10 um quarto de hora depois eu estava andando a Passos largos numa impaciência Furiosa de um canto a outro do quarto e a cada instante acerca me do biombo e espiava Lisa
por uma pequena fresta ela estava sentada no chão a cabeça reclinada sobre a cama e provavelmente chorava mas não ia embora e justamente isso é que me irritava desta vez ela já sabia tudo eu a ofendera para sempre mas não há o que contar ela adivinhara que o arroubo da minha paixão fora justamente uma Vingança uma nova humilhação E que ao meu ódio de antes quase sem objeto se acrescentar já um ódio pessoal invejoso um ódio por ela Aliás não afirmo que ela compreendesse tudo isto com nitidez em compensação compreendera inteiramente que eu era um
homem Vio e sobretudo incapaz de amá-la sei que me dirão que isto é inverossímil que é inverossímil ser tão Malvado e estúpido como eu acrescentarão talvez que era inverossímil não passar a amala Ou pelo menos não avaliar aquele amor mas envero meu porquê em primeiro lugar eu não podia mais aproximar-me porque repito amar significava para mim tiranizar e dominar moralmente durante toda a vida eu não podia sequer conceber em meu íntimo outro amor e cheguei a tal ponto que agora chego a pensar por vezes que o amor consiste justamente no direito que o objeto Amado
voluntariamente nos concede de exercer tirania sobre ele mesmo nos meus devaneios subterrâneos nunca pude conceber o amor senão como uma luta começava sempre pelo Ódio e terminava pela subjugação moral depois não podia sequer imaginar o que fazer com o objeto subjugado e o que há de inverossímil nisso se eu já conseguira apodrecer moralmente a ponto de me desacostumar da Vida Viva e aver tiddo a ideia de censurar lisa de envergonhou palavras piedosas mas eu mesmo não adivinhara que ela não Viera absolutamente para ouvir palavras de Piedade mas para me amar Pois para a mulher é
no amor que consiste toda a ressurreição toda a salvação de qualquer desgraça e toda a Regeneração não podem ser reveladas de outro modo aliás eu não a odiava tanto assim quando corria pelo quarto e espiava pelo biombo através de uma pequena fresta dava-me apenas um sentimento insuportavelmente penoso o fato de que ela estivesse ali queria que ela sumisse queria tranquilidade ficar sozinho no subsolo a vida viva ou falta de Hábito comprimiram me tanto que era até difícil respirar passaram-se mais alguns minutos e ela ainda não se levantara como se estivesse esquecida de si mesma tive
o descaramento de bater devagarinho no biombo para lembrar de repente sobressaltou-se ergueu e começou a procurar o Seu Lenço o chapeuzinho a peliça Como se quisesse escapar de mim dois minutos depois saiu vagarosamente de detrás do biombo e me dirigiu um olhar penoso sorri com maldade Aliás a força Por uma questão de decência e virei-me evitando-lhe o olhar Adeus disse ela encaminhando-se para a porta de repente corri até ela agarrei lhe a mão abria coloquei a e Tornei a fechá-la e no mesmo instante Me virei e corri o quanto antes para o outro canto a
fim de não ver pelo menos quis ainda há pouco mentir escrever que eu fizera aquilo sem querer não sabendo o que fazia fora de mim por tolice mas não quero mentir e isto digo francamente que abri a mão dela e coloquei ali por raiva veio me à frente fazê-lo quando eu corria de um canto a outro do quarto e ela estava sentada atrás do biombo mas eis o que posso dizer com certeza cometi esta crueldade ainda que intencionalmente mas não com o coração e sim com a minha cabeça má esta crueldade era tão artificial mental
inventada livresca que eu mesmo não a suportei um instante sequer a princípio corri para um canto a fim de não ver e depois presa de vergonha e desespero precipitei atrás de Lisa abri a porta do apartamento e me pus a prestar atenção Lisa Lisa gritei para a escada mas sem coragem a meia voz não houve resposta e eu tive a impressão de ouvir seus passos nos últimos degraus Lisa gritei mais alto nenhuma resposta mas no mesmo instante Ouvi abrir-se lá embaixo pesadamente com um rangido à porta emperrada envidraçada que dava para a rua e fechar-se
pesadamente também o ruído soou pela escada ela partira voltei pensativo para o meu quarto uma sensação terrivelmente penosa me dominava de-me junto à mesa ao lado da cadeira sobre a qual ela estivera sentada e fiquei olhando com ar estúpido para a frente cerca de um minuto se passou de repente estremeci todo Diante de Mim sobre a mesa vi numa palavra vi uma nota amassada azul de cinco rublos aquela mesma nota que um minuto antes eu fechara em sua mão era aquela nota outra não podia ser não existia outra em casa quer dizer que ela tivera
tempo de jogá-la sobre a mesa no instante em que eu correra para o outro canto Pois bem eu podia esperar que ela fizesse isto Podia mesmo eu era tal ponto egoísta respeitava na realidade tão pouco as pessoas que não podia sequer imaginar que ela o fizesse Não suportei aquilo um instante depois como um insano corri a vestir-me joguei sobre mim o que pude às pressas e corri Velozmente em sua perseguição ela não tivera ainda tempo de percorrer 200 Passos quando saía para a Rua tudo estava quieto a neve despencava quase perpendicularmente forrando com espessa alfombra
a calçada e a rua Deserta não havia um transeunte não se ouvia um som sequer os lampiões tremel melancólica inutilmente corriam Unos 200 Passos até a Encruzilhada e me detive para onde teria ido E por que estou correndo atrás dela para quê cair diante dela chorar de arrependimento beijar-lhe os pés implorar perdão Eu até que desej Ava isto meu peito dilacerava se todo e Jamais Jamais poderei lembrar aquele momento com indiferença mas para quê pensei não irei eu odiá-la amanhã mesmo talvez justamente por lhe ter beijado Hoje os pés irei eu dar-lhe felicidade não constatei
acaso hoje novamente e pela centésima vez quanto vho não irei suplici de uma vez parado sobre a neve pensar nisto e perscruta a Bruma turva e não será melhor não será melhor fantasiava eu já em casa depois abafando com a imaginação a dor viva que me ia na alma não será melhor não será melhor se ela levar consigo agora e para sempre a afronta afronta Mas é uma Purificação é a mais corrosiva e dolorida consciência amanhã eu mesmo suj com o meu ser a sua alma e cansaria o seu coração mas a afronta agora não
se extinguirá nela nunca mais e por mais repulsiva que seja a imundícia que a espera a afronta há de elevá-la e purificá-la por meio do ódio Hum E talvez pelo perdão também aliás fará acaso isto com que tudo lhe seja mais leve e realmente desta vez proponho já da minha parte uma pergunta ociosa O que é melhor uma felicidade barata ou um sofrimento elevado vamos O que é melhor era isto que me vinha à mente nas horas que passei em casa naquela noite quase morrendo de Sofrimento moral nunca experimentara até então tamanha dor e arrependimento
mas poderia subsistir quando saí correndo de casa alguma dúvida sequer de que haveria de regressar da metade do caminho nunca mais encontrei Lisa e Nada ouvi a seu respeito acrescentarei também que fiquei por muito tempo satisfeito com a frase sobre a vantagem da afronta e do ódio embora eu mesmo talvez quase tenha adoecido então de angústia mas agora passados tantos anos isto me vem a memória de um modo demasiado mal muita coisa lembro agora realmente como um mal mas não será melhor encerrar aqui as memórias parece-me que cometi um erro começando a escrevê-las pelo menos
senti vergonha todo o tempo em que escrevi esta novela é que isto não é mais literatura mas um castigo correcional de fato contar por exemplo longas novelas sempre como eu fiz fracassar a minha vida por meio do apodrecimento moral a um canto da insuficiência do ambiente desacostumado de tudo o que é Vivo por meio de um raivo rancor no subsolo por Deus que não é interessante um romance precisa de herói e no caso foram acumulados intencionalmente todos os traços de um antih herói e principalmente tudo isto dará uma impressão extremamente desagradável porque todos nós estávamos
desacostumados da vida todos capengando uns mais outros menos desacostumado mesmo a tal ponto que sentimos por vezes certa repulsa pela vida viva e achamos intolerável que alguém a lembre a nós chegamos a tal ponto que a vida viva autêntica é considerada por nós quase um trabalho um emprego e todos concordamos No íntimo que seguir os livros é melhor E por que nos agitamos às vezes porque Fazemos extravagâncias o que pedimos nós mesmos não sabemos será pior para nós mesmos se forem satisfeitos os nossos extravagantes pedidos bem experiment por exemplo dar-nos mais independência desamarra a qualquer
de nós as mãos alargar o nosso círculo de atividade enfraquece a tutela e nós Eu vos asseguro no mesmo instante pediremos que se Estenda novamente sobre nós a tutela sei que talvez ficareis zangados comigo por causa disso e gritarei batendo os pés fale de si mesmo e das suas misérias no subsolo mas não se atreva a dizer todos nós mas com licença meus senhores eu não me estou justificando com este todos e no que se refere a mim apenas levei até o extremo em minha vida a aquilo que não ousaste levar até a metade sequer
e ainda tomastes a vossa covardia por sensatez e assim vos consolaste enganando-vos a vós mesmos de modo que eu talvez esteja ainda mais vivo que vós olhai melhor nem mesmo sabemos onde habita agora o que é Vivo o que ele é como se chama deixai-nos sozinhos sem um livro imediatamente ficaremos confusos vamos não sabemos a quem aderir a quem nos ater o que amar e o que odiar o que respeitar e o que desprezar para nós é pesado até ser gente gente com corpo e sangue autênticos próprios temos vergonha disso consideramos tal fato um opróbrio
e procuramos ser uns homens Gerais que nunca existiram somos ntim moros já que não nascemos de pais vivos e isto nos agrada cada vez mais em breve inventaremos algum modo de nascer de uma ideia mas chega não quero mais escrever do subsolo aliás ainda não terminam aqui As Memórias deste paradoxalista ele não se conteve e as continuou mas parece-nos que se pode fazer um ponto final aqui mesmo fim