O Preocupante Caso do País MAIS ANSIOSO do Mundo

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Olá, Ciência!
Brasil: país mais ansioso do mundo, segundo a OMS. O que explica o Brasil ter tantos diagnósticos de...
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Se tem um título que o Brasil ostenta,  é o de país mais ansioso do mundo. Mas por que o país do Carnaval tem cada  vez mais diagnósticos de ansiedade, depressão e outros transtornos mentais? Nesse episódio da série Soluções para o Brasil,  eu vou revelar 3 problemas do nosso dia a dia que estão contribuindo para esse cenário.
Você vai saber qual é o real impacto  desses problemas no desenvolvimento do país e como podemos enfrentar esses desafios  para melhorar a nossa saúde mental. Nós podemos pensar na saúde mental como um oceano. É normal e esperado que na superfície o oceano  oscile entre calmarias e ondas agitadas.
Todo mundo tem momentos de tranquilidade  e momentos de sofrimento emocional. Mas aqui nesse vídeo, eu vou focar  no que acontece abaixo da superfície. É lá que, discretamente,  surgem os transtornos mentais, como transtorno de ansiedade generalizada, transtorno de pânico, depressão e vários outros.
Quem sofre com esses problemas  também tem dias bons e ruins. A diferença é que o desconforto  emocional está sempre lá, profundo o suficiente para  os outros não perceberem, mas pronto para vir à tona a qualquer momento,  afetando a qualidade de vida da pessoa. Essa realidade está cada vez mais comum no Brasil.
No último mapeamento da OMS, que usou dados  de 2015, o Brasil tinha 9,3% da população com algum transtorno de ansiedade,  mais que o dobro da média mundial. E uma rápida busca usando o Google Trends mostra  que o interesse das pessoas pelo tema Ansiedade só cresceu e nunca esteve tão alto quanto em 2023. Mas nós brasileiros não estamos só mais ansiosos.
Nós também estamos nas primeiras posições  da lista quando o assunto é depressão. De acordo com o IBGE, o número de diagnósticos  de depressão aumentou 34% entre 2013 e 2019, quando ela afetou um a cada  10 brasileiros adultos. Você já parou pra pensar que toda vez que você  sai na rua, por uma questão de estatística, é provável que você cruze com  dezenas de pessoas com depressão?
Comenta aqui embaixo se você conhece alguém  que está vivendo com a saúde mental debilitada. Todos esses dados mostram que a saúde mental  da população brasileira não está legal. E tudo isso antes da pandemia.
Tem estudos mostrando que ela  intensificou um cenário problemático, com aumento dos sintomas de  ansiedade e depressão no mundo todo. Por que nossa saúde mental está tão abalada? Vamos aos 3 grandes problemas do Brasil que  ajudam a explicar esses números preocupantes.
Número 1: o brasileiro vive mal. Lucrécio, morador da periferia de Belo Horizonte, é confrontado o tempo todo  por duas realidades opostas. A primeira é a que ele vê nas redes sociais: seu craque de futebol favorito  desfrutando de luxo e conforto e muitas festas com gente bem arrumada.
Ele vê nos comentários as pessoas dizendo que  o Brasil é o país do Carnaval e da alegria. Mas aí vem a segunda realidade,  a que o Lucrécio vive. Ele sai de casa de manhã bem  cedo, pega um ônibus cheio e passa o dia trabalhando em um  escritório mal ventilado e mal iluminado.
Um sacrifício que o Lucrécio só faz  porque tem uma família para sustentar. E ao voltar pra casa, ele ouve seus vizinhos  comentando de um novo assalto no bairro. O Lucrécio não se sente realizado no trabalho, nem seguro em casa e mal consegue dormir  pensando nas contas que precisa pagar.
Tudo ao seu redor contribui para que ele não esteja exatamente em um oceano  calmo e com algumas ondinhas. Nas profundezas da mente de  Lucrécio, está a solidão, afinal, parece que todo mundo nas redes sociais já está com a vida resolvida, menos ele. E aí, se identificou com o Lucrécio?
Sem se dar conta, Lucrécio virou  refém do ambiente onde vive. Um ambiente que está roubando sua saúde mental. E pessoal, infelizmente, existem muitos Lucrécios  no Brasil e estudos científicos pelo mundo estão mostrando que essas pessoas estão em risco.
Um estudo conduzido na cidade  de Baltimore nos Estados Unidos mostrou que os moradores de  regiões com mais crimes violentos tinham um risco 61% maior de  se isolar dos amigos e família, não conseguir se concentrar e  ter dificuldade para dormir. Sintomas indicativos de uma saúde mental abalada. Para os participantes do estudo que  conviviam com a violência diariamente, o risco de depressão foi 19% maior em comparação  com moradores de regiões pouco violentas.
É o ambiente influenciando  diretamente na saúde mental. O medo constante somado à insegurança financeira, uma jornada de trabalho exaustiva e a pressão social por resultados impõem sobre nós uma carga de estresse constante, o que cria um cenário perfeito para  o surgimento de transtornos mentais. Aí é que tá.
Esse é um problema invisível  que nós nem nos damos conta. A verdade é que eu levo a minha vida daqui, você leva daí, e vamos superando  as dificuldades do dia a dia achando que é normal se  sentir esgotado ao acordar, ter alterações repentinas de  humor e dificuldade para dormir. Afinal, está todo mundo estressado, não é mesmo.
Mas ninguém fala do problema. Esse é  o desafio número 2 dos brasileiros: nós não falamos sobre saúde mental. “Ignora ela.
Ela só quer chamar atenção”. “Calma, é só você ter fé em  Deus que as coisas melhoram”. “Isso é frescura, mano, vira homem”.
“Pára de reclamar a toa e dê graças a Deus que  você tem comida na mesa e uma cama para dormir”. Era isso que o Lucrécio ouvia toda vez  que ele tentava desabafar com alguém. E eu aposto que você já ouviu  alguma dessas frases, né?
É porque elas de fato estão por  toda a parte e são a manifestação de um preconceito profundo da sociedade. Em geral, cuidados com a saúde mental não são  vistos como parte importante de uma vida saudável, mas sim como algo exagerado. Automaticamente, quem se preocupa com o  bem-estar mental é tratado com menosprezo, como nos contou a psicóloga Katie Almondes.
Entre você sentir, entre você relatar os seus  sintomas para alguém, entre você ser acolhido e você ser atendido no sistema de saúde mental, há um tempo enorme E aí essa distância ocorre  exatamente porque as pessoas não conseguem identificar quando os seus sintomas já refletem algo de um quadro psiquiátrico. E quando ela começa a reconhecer que  há algo errado, ou seja está errado, quando ela dá esse estalo para ela procurar ajuda médica a gente também tem um outro timing mais  longo porque aí onde entra o estereótipo de procurar ajuda em Saúde Mental significa que você tem um  estado alterado de consciência, ou que você vai ser visto como louco, louca, que você não tem mais  condições de funcionar sozinha. Então isso fere o seu senso de auto competência, de auto eficácia, sua  autoestima, seu autoconceito.
O transtorno mental vira um estigma que faz  a pessoa se sentir isolada e incompreendida. O que, por sua vez, pode agravar ainda  mais o estado de bem-estar mental. É um ciclo vicioso que consequentemente  gera uma demora para buscar ajuda, receber um diagnóstico e iniciar um tratamento.
Dados do IBGE mostram que 47% das  pessoas já diagnosticadas com depressão não recebem assistência médica e 81%  não fazem terapia com um psicólogo. E nesse meio tempo a pessoa pode incorporar  parte do preconceito que ela sofreu. Ela começa a acreditar que aquele sofrimento,  ao invés de uma condição mental tratável, é na verdade culpa dela que não teve determinação  ou fé suficiente para melhorar sozinha.
Isso é danoso até para o tratamento. Olha só, cientistas viram que  quem apresenta esse auto-estigma tem uma recuperação mais  lenta dos transtornos mentais. Isso nos mostra o tamanho do  impacto desses estereótipos.
Questionar o nosso estilo de vida e tudo  que nos é imposto é muito importante. Quebrar o silêncio sobre saúde  mental de forma aberta também. E a internet está aí como uma  ferramenta fantástica para fazer isso.
Mas ao invés de um debate saudável… o que nós vemos é isso aí. Testes tipo esse aí do Ursinho  Pooh que você faz na brincadeira e já sai com um atestado de  transtorno obsessivo compulsivo. Essa é só a ponta do iceberg do desafio número 3.
Se tem uma coisa que eu aprendi com a  minha mãe é que tudo em excesso faz mal. Uma pesquisa mostrou que o Brasil é o  segundo país que mais usa redes sociais nós gastamos 3 horas e 46  minutos do nosso dia com elas. 1 hora e 15 a mais que a média mundial.
Bom, pelo menos ta aí a explicação  para nosso talento com memes. Isso é inquestionável. Mas um outro resultado  desse excesso é que nós estamos mais expostos aos perigos das redes sociais.
Para começar, a forma como  elas funcionam favorece, acima de tudo, aquilo que atrai a atenção. Não necessariamente o que está mais… correto. Um outro estudo analisou 100 vídeos  do TikTok com a hashtag #TDAH, em referência ao transtorno de  déficit de atenção e hiperatividade, e viu que 52% deles tinham informações erradas.
27% eram de pessoas apenas relatando a  sua experiência pessoal com o transtorno, o que não representa a realidade de todo mundo. Não me entenda mal, ouvir  relatos de outras pessoas é um passo importante para perceber que o problema existe e que você não está sozinho nessa. Se você vive esquecendo objetos e  compromissos e vê na internet uma pessoa contando sobre sua experiência com TDAH, você pode se questionar “será  que eu tenho isso também?
”. Isso pode te estimular a procurar um profissional. Mas no estudo sobre o Tiktok,  nenhum vídeo analisado falava da necessidade de uma avaliação  psiquiátrica para o diagnóstico.
No entanto, essas informações incompletas ou  erradas foram assistidas 284 milhões de vezes. É esse tipo de vídeo irresponsável assim que  leva milhares de pessoas a se autodiagnosticar e procurar tratamentos por conta própria, sem o devido apoio de um  profissional da saúde mental. É claro que a saúde mental tem sim que ser  amplamente discutida.
Mas com responsabilidade. Do contrário, ela só vai reforçar estereótipos e abrir espaço para charlatões  vendendo curas milagrosas ao invés de ajudar quem realmente precisa. Inclusive, é por isso que eu e a  minha equipe trabalhamos dia e noite, para ocupar a internet com informações confiáveis e você pode fazer parte dessa  jornada se tornando um membro.
A partir de 2,99 por mês você apoia  o nosso trabalho e recebe benefícios. É só clicar no Botão SEJA MEMBRO  aí embaixo pra você conhecer. E uma excelente forma de ajudar  também é clicando no gostei Parece bobagem que um like faça tanta diferença,  mas a verdade é que nas plataformas digitais, a moeda de troca, pessoal, é a interação.
Não importa se o conteúdo é sério ou mal feito,  se é confiável ou cheio de teorias da conspiração, o fato de ter mais likes, comentários  e compartilhamentos indica para o algoritmo que aquele é um conteúdo relevante, que pode alcançar mais pessoas. Então clica no gostei nos conteúdos que  realmente estão falando coisas certas. Mas ao mesmo tempo, essa fórmula do sucesso parece ser um dos fatores que estão  destruindo a nossa saúde mental.
Redes sociais que nasceram para  você se conectar com os seus amigos e familiares de qualquer lugar do mundo, parece que geram o efeito  contrário depois de um tempo. Vários estudos relacionam as redes  sociais com problemas de saúde mental, como depressão, ansiedade, baixa auto-estima e crise de auto-imagem por causa do uso de filtros e da  comparação com outras pessoas. Não é à toa que o nosso Lucrécio se sente tão  desmotivado vendo a ostentação do seu ídolo enquanto ele mal tem acesso a  lazer, mesmo trabalhando tanto.
Ainda não dá para dizer se a rede  social que induz esses problemas, ou se esses transtornos causam  o uso excessivo de redes sociais ou se as duas coisas estão  ali atuando ao mesmo tempo. Quem veio primeiro né? O Ovo ou a galinha?
Independente da resposta, a gente precisa  olhar pras redes sociais com mais cuidado. E agora que nós discutimos todo esse contexto que impõe uma pressão sobre  a mente da nossa população, será que esse redemoinho bagunçando o oceano  da saúde mental dos brasileiros tem solução? Como um problema tão complexo pode ser resolvido?
Vamos descobrir se dá para ter uma  boa saúde mental vivendo no Brasil. Saúde mental é um tema cheio de nuances. Nossas condições de vida, os  estigmas, o efeito da internet, a genética, a situação econômica do país.
Tudo isso afeta. Mas como eu falei no episódio  anterior sobre negacionismo, não é porque o problema é complicado demais que ele deve ser ignorado. Pelo contrário, é agora que  mais precisamos de solução, já que os dados mostram que  a saúde mental do brasileiro vai se deteriorar cada vez mais se nada for feito.
O primeiro passo é fortalecer  o atendimento às pessoas em risco ou que já sofrem com transtornos mentais, mas que nem sempre têm acesso. Então, como é que funciona no SUS? Se você não tem acesso a um sistema de  saúde pública, que é um plano de saúde, o que é que você tem que fazer?
Você vai procurar uma unidade  básica de saúde do seu distrito, vai procurar uma consulta com o clínico. E aí a família com essa pessoa vai se queixar para o clínico que vai pedir para  que essa pessoa seja encaminhada para a unidade que tem uma  unidade de saúde mental. Onde lá vai ter, né, vão ter os profissionais  de saúde mental: psicólogos, psiquiatras A rede de atenção psicossocial é bem estruturada.
O problema está em como que funciona em cada  município. Aí é onde temos o primeiro gargalo. Pois é.
O Brasil conta com mais  de 2. 800 unidades de saúde mental para dar suporte multidisciplinar  aos pacientes e às suas famílias. Mas essas unidades estão presentes  em apenas 34% dos municípios do país.
Alguns municípios até têm psicólogos e  psiquiatras trabalhando no posto de saúde para compensar a falta de uma unidade  de saúde mental, mas essa é a exceção. Me conta… No postinho do seu  bairro tem psicólogo ou psiquiatra? Dependendo de onde você mora,  a resposta provavelmente é não.
Ou até tem, mas é UM psiquiatra para a cidade inteira e ele atende uma  vez por semana, não é mesmo? Nesses casos, a maioria dos atendimentos  fica na mão do clínico geral que teoricamente tem capacitação para isso. Mas se além dos atendimentos do dia a dia, ele também tem que absorver a  demanda de saúde mental da região, nós temos uma sobrecarga  na porta de entrada do SUS.
Aumenta o tempo de espera para todo mundo. E a qualidade do atendimento, cai. Talvez os gestores realmente acreditem que a  saúde do corpo é mais importante que a da mente ou seria pura e simples negligência?
Para realmente cuidar da  saúde mental dos brasileiros, nós precisamos tirar do papel a ideia  original do SUS de tratar a saúde de forma integral para todos aqueles que precisam realmente saia do papel. Eu sei que contratar mais profissionais da saúde e garantir estrutura para o  atendimento custa muito dinheiro. Mas os nossos gestores têm que enxergar esse custo como um investimento que  traz muito retorno para o país.
Podemos seguir o exemplo surpreendente da Jamaica. O Ministério da Saúde da Jamaica conduziu um estudo para descobrir quanto  custaria garantir tratamento para metade dos jamaicanos com  depressão, ansiedade e psicose. O investimento seria de 115 milhões de dólares  até 2033.
Mas eles olharam além do preço. Olhar para a saúde mental da população reduziria  mortes, desemprego e afastamentos do trabalho, além de aumentar a qualidade de vida, retornando  mais de 400 milhões de dólares para o país. Afinal, você que assistiu à Série  Saúde é Investimento aqui no canal, já sabe que uma população saudável  e feliz produz mais riqueza.
Por que o Brasil não faz o mesmo e não  prioriza os cuidados com a saúde mental? Nós temos a estrutura pronta no SUS. O que falta é investimento com estratégia.
Falta colocar dinheiro para onde  os dados apontam que mais precisa, e não para onde os políticos ganharão mais votos. E muito mais do que aumentar o número de  profissionais de saúde mental no Brasil, é necessário garantir condições  de vida melhores para a população. Tem vários estudos mostrando que programas  de transferência de renda mundo afora aumentam a segurança financeira,  reduzem violência doméstica e melhoram o bem estar das  famílias mais necessitadas.
Inclusive, um estudo brasileiro mostrou que  aumentar a cobertura do programa Bolsa Família ao longo do tempo foi associado com  uma redução das taxas de suicídio. Olha só! E as redes sociais, ein?
Como se blindar  da desinformação que circula por lá? O primeiro passo é entender que por mais que  você seja um especialista em alguma área, a sua capacidade de avaliar  o que é confiável e seguro sobre psicologia e saúde mental vai ser limitada. Podemos usar redes sociais para nos divertir, para aprender mais sobre  sintomas de transtornos mentais, podemos ouvir relatos de pessoas, mas temos que ter cuidado redobrado  com diagnósticos precipitados.
Ter uma noção de que certo sintoma pode  ser um problema de saúde mental é ótimo, mas isso deve soar como um  sinal de alerta para aí sim, você buscar um profissional de saúde  mental para cuidar do seu caso. Se a situação estiver bastante complicada, aí é  importante que você saiba que existe um número que você pode ligar para ter uma conversa anônima  e segura, o 188, do Centro de Valorização da Vida. Tudo isso em conjunto vai fazer com que nós cuidemos da nossa mente e da  mente dos nossos entes queridos, construindo um espaço seguro e saudável.
Essa é uma verdadeira solução para o Brasil. Mas nada disso será possível em um espaço  devastado por eventos climáticos extremos. Como pode o Brasil, dono de  grandes riquezas naturais, ser apenas um coadjuvante no  combate à catástrofe do clima?
No último Episódio da Série  Soluções para o Brasil, eu vou te contar qual é a chance  histórica que o Brasil tem de conduzir o mundo para um futuro sustentável. Um grande abraço e eu te  vejo no próximo vídeo. Tchau.
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