A NEUROCIÊNCIA DA APRENDIZAGEM

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Minutos Psíquicos
Você consegue aprender coisas novas graças ao seu cérebro, mas você sabe como ele alcança essa proez...
Video Transcript:
Henry Molaison, um norte-americano nascido  em 1926, tinha uma epilepsia tão grave que não conseguia nem trabalhar. Numa tentativa de  curá-la, cirurgiões da época removeram parte do seu cérebro. A epilepsia de fato melhorou e ele  continuou tendo um desempenho normal em testes de inteligência, mas a sua capacidade  de formar novas memórias foi perdida.
Eu sou o André, tenho um doutorado em psicologia, e hoje, com a ajuda do amigo e psicólogo Victor  Keller, quero te explicar um pouco sobre o que acontece no seu cérebro toda vez que você  aprende algo novo e também vou dar algumas dicas de como você aproveitar ao máximo a  sua capacidade cerebral de aprendizagem. Se gostou do assunto que a gente vai  abordar hoje, não deixa de clicar no joinha que ajuda muito a gente, inscreva-se  no canal e siga a gente nas redes sociais! A aprendizagem é o processo pelo qual alguém  adquire novos conhecimentos, opiniões, comportamentos ou habilidades.
Quando você  aprende algo novo, as experiências que você viveu deixam alguns rastros no seu cérebro. Psicólogos e neurocientistas chamam o conjunto desses rastros de memória de longo prazo.  Como explicamos no nosso vídeo sobre memória, existem vários tipos de memória de longo prazo  e vamos falar aqui de alguns dos principais.
As lembranças de eventos que você vivenciou, como o episódio de Naruto que assistiu hoje  ou a última viagem que fez antes da pandemia, formam sua memória episódica. Já  seus conhecimentos sobre o mundo, como saber a capital de um país ou a receita  de um bolo, constituem sua memória semântica. Juntas, as memórias episódicas e semânticas  compõem a categoria de memórias declarativas, que são aquelas que podem ser expressas de  forma consciente e através da linguagem.
O caso do Henry Molaison que descrevi no início  do vídeo foi um exemplo trágico da incapacidade de formar memórias declarativas. Depois da  cirurgia, Henry não conseguia adquirir novos conhecimentos sobre o mundo ou se lembrar  do que tinha vivenciado há momentos atrás. Um fato curioso sobre esse caso é  que ele ainda conseguia adquirir memórias não-declarativas.
Um tipo de memória  não-declarativa são as memórias procedurais, que incluem habilidades motoras, como saber  andar de bicicleta ou amarrar cadarços. Outro tipo são as memórias envolvidas no  condicionamento clássico, que resutlam das associações entre estímulos do  ambiente e reações comportamentais, emocionais ou fisiológicas, como salivar  ao sentir o cheiro de uma comida. Molaison conseguia aprender novas  habilidades motoras, como desenhar formas geométricas ou a disposição dos cômodos  na casa para a qual se mudou depois da cirurgia, mesmo não conseguindo falar intencionalmente  as informações que conseguia desenhar.
O caso de Henry, outros casos de lesões cerebrais  e novas técnicas de pesquisa permitiram que cientistas mapeassem quais regiões do cérebro  eram as mais importantes durante o aprendizado de algo. Antes de você formar uma memória,  informações são recebidas pelos seus órgãos sensoriais e passam por estágios iniciais de  processamento em diferentes partes do cérebro. No caso das memórias declarativas, a parte  do cérebro que parece estar mais envolvida com essas primeiras etapas de processamento  é o hipocampo.
Foi exatamente essa região e algumas próximas dela que foram removidas do  cérebro de Henry Molaison, impedindo que ele formasse esse tipo de memória e deixando clara  a importância dela no processo de aprendizagem. Nas horas e dias seguintes à essas etapas  iniciais, alguns pesquisadores suspeitam que o hipocampo e outras partes do córtex  interagem para associar novas memórias às antigas. Com o tempo, as atividades cerebrais  mais importantes para a consolidação de uma nova memória vão mudando do hipocampo para o córtex.
O sono profundo possui um papel muito importante na consolidação desse tipo de memória. Durante  essa fase do sono, algumas das nossas memórias são reativadas como se estivesse ocorrendo um replay  delas, o que pode influenciar no conteúdo dos sonhos, comoj[a explicamos no vídeo sobre sonhos. Já memórias não-declarativas parecem seguir outro caminho neural para se consolidarem.
Uma das  regiões mais importantes para isso ocorrer são os gânglios basais, os quais também estão  ligados à formação de hábitos, por exemplo. O sono também afeta bastante a consolidação  de memórias não-declarativas. Entretanto, é durante a fase do sono REM, aquela na qual  ocorrem a maior parte dos sonhos, que o sono mais impacta na consolidação desse tipo de memória.
A verdade é que existem muitos outros eventos em várias regiões do cérebro que contribuem  para a consolidação desses 2 tipos de memórias, mas tentamos nos prender mais àquelas  partes que são as mais importantes. Um dos grandes mistérios atuais na neurociência  é como exatamente a aprendizagem ocorre no nível celular. O que que as células do cérebro  fazem de diferente das outras células do corpo para que o aprendizado ocorra?
Por causa das dificuldades de estudar cérebros em funcionamento e ainda conseguir ver  em detalhes o que acontece num nível celular, os cientistas ainda não têm uma  resposta completa para essa pergunta, mas alguns avanços incríveis vem sendo feitos. Uma das principais teorias é a de que as memórias são mantidas através de redes de neurônios.  Já falamos sobre neurônios em outro vídeo, mas basicamente eles são células que podem  se "ligar" ou "desligar" e que se comunicam uns com os outros através das sinapses. 
Essas sinpases se fortalecem quando certos neurônios se comunicam frequentemente, algo  conhecido como potenciação de longo prazo. Quando aprendemos algo novo, as conexões dentro  de uma rede de neurônios são fortalecidas. Daí para frente, quando nos deparamos novamente com  esse novo aprendizado, será mais fácil que essa rede seja ativada e as conexões serão mais  fortalecidas.
Como explicamos no vídeo sobre se é possível apagar memórias, a rede de neurônios  que codifica uma memória é conhecida como engrama. Até recentemente, não era possível visualizar  engramas em seres vivos, só que nos últimos anos, cientistas juntaram técnicas da genética e  da neurociência para visualizá-los em animais como ratos. De lá para cá, os estudos sobre  engramas têm nos permitido fazer descobertas impressionantes sobre como a memória funciona.
Os métodos usados nessas pesquisas consistem em programar geneticamente neurônios específicos  para emitirem sinais de que estão mais ativos, tal como exibir um pigmento que  possa ser visto em um microscópio, ou para se ativarem mais quando expostos à  luz, uma técnica chamada de optogenética. Assim, pesquisadores conseguem  detectar e até mesmo controlar quando um neurônio ficará mais ativo. Ao  colocar ratos em situações de aprendizagem, cientistas puderam ver quais neurônios  estavam mais ativos durante o aprendizado e até decidir se o rato conseguiria aprender ou  não manipulando a exposição dos neurônios à luz.
Todas essas pesquisas sobre a neurociência e  a psicologia da aprendizagem tem nos permitido entender várias coisas sobre como seres  humanos aprendem coisas novas. Com base nisso, aqui vão algumas dicas sobre como  otimizar a sua capacidade de aprender. Dica número 1: garanta que você possui  um sono de qualidade.
Já está bem claro na ciência que dormir mal prejudica  a nossa capacidade de memorizar as coisas. Assista o nosso vídeo sobre  o sono que lá damos algumas dicas de como melhorar esse aspecto da sua vida. Dica número 2: evite o excesso de estresse.
Quando nos estressamos de forma aguda ou  frequentemente, a reação do cérebro é nos direcionar para fugir daquela situação e reduzir  o estresse. O problema é que ficar assim acarreta uma série de mudanças neuroquímicas que podem  interferir com a sua capacidade de aprender. Dica número 3: não fique totalmente  relaxado quando precisar aprender algo novo.
Eu sei que essa dica parece  um pouco contraditória com a anterior, mas o fato é que níveis muito baixos de estresse  podem fazer com que você não consiga ficar atento, se sinta muito desmotivado ou sonolento em  um momento em que precisa aprender algo. O ideal é manter de níveis baixos a moderados  de estresse. Isso tende a ser o suficiente para engajar o cérebro na tarefa de aprender,  mas não tanto que atrapalhe.
Geralmente, só de você estar em uma situação na qual precisa  aprender algo novo já é estressante o suficiente, mas caso não seja, pense em como você pode  aumentar um pouquinho isso de uma forma saudável. Dica número 4: quando estiver aprendendo  um material novo, relacione o mesmo com conhecimentos que já possui. Uma das formas  mais simples de gravar bem uma informação é relacionado-a com outras memórias e isso  pode ser feito de diferentes maneiras.
Ao relacionar a informação nova com informações  que já conhece bem, você estará se aproveitando das conexões já existentes em redes neurais do  seu cérebro para armazenar essa informação e, mais tarde, a ativação dessa rede  facilitará a recuperação da informação nova. Dica número 5: saiba mais sobre o tema que  está aprendendo. Talvez você pense que, se precisa aprender alguns poucos fatos sobre um  assunto, seria mais eficiente apenas decorá-los e não se preocupar com outras informações.
Só que é bem mais provável que sua aprendizagem seja mais efetiva e duradoura se você aprender  mais do que precisa. Quanto mais relações você puder fazer entre diferentes informações  ligadas a um assunto, mais rotas de recuperação existirão no momento em que você tentar se  lembrar de qualquer uma dessas informações. O fato de que um órgão do nosso corpo como  o cérebro é capaz de armazenar informações complexas sobre a realidade é maravilhosamente  bizarro, e ainda temos uma longa jornada pela frente para entender melhor essa capacidade  tão poderosa e necessária que é a aprendizagem.
Maravilhoso também é o fato de que estamos  finalmente desvendando vários dos mistérios do cérebro através do esforço de milhares  de cientistas. As novas descobertas sobre esse assunto poderão nos ajudar não  só a compreender melhor o ser humano, o que é algo valioso por si só, mas  também poderá ajudar milhares de pessoas que enfrentam dificuldades de aprendizagem. Muito obrigado a todos vocês que são apoiadores ou apoiadoras oficiais do Minutos Psíquicos. 
Vocês incentivam muito a gente a fazer vídeos como o de hoje, e se você gosta do nosso  trabalho, mas ainda não é um apoiador nosso, clique em "SEJA MEMBRO" aqui embaixo para  saber quais são os benefícios exclusivos que a gente oferece em troca do seu apoio. Hoje falamos um pouco sobre como aprendemos e quais são algumas das áreas do cérebro  que estão envolvidas na aprendizagem. Explicamos também como neurônios permitem que  a aprendizagem ocorra e demos algumas dicas de como você pode otimizar o seu aprendizado.
Comente aqui embaixo o que achou do vídeo, clique no joinha, inscreva-se no canal e  clique no sininho. Você acha que é possível apagar memórias? A gente já fez um vídeo sobre  isso e eu recomendo que você o assista agora.
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