[Música] muito bem-vindas e muito bem-vindos a terceira semana do curso de literatura infanto-juvenil nessa terceira semana a gente vai fazer um movimento um pouco diferente do que a gente vinha fazendo até aqui Relembrando nós estávamos num viés historicista digamos recuperando o primeiro a história das origens da literatura infanto-juvenil tanto arcaicas quanto modernas e no segundo momento pensando na origem da literatura infanto-juvenil brasileiro nas próximas três semanas o nosso movimento vai ser um pouquinho diferente que é claro que a história vai o tempo inteiro comparecer aqui como vocês vão ver mas é parar de fazer esse
eixo diacrônico parar de fazer esse eixo de recuperar a história e olhar alguns gêneros importantes na literatura infanto-juvenil e na literatura infanto-juvenil brasileiro os primeiros gêneros que vão ocupar essa semana são gêneros que eu vou chamar assim de maneira um pouco aproximada épicos Isto é o gêneros mobilizados para se contar uma história e o primeiro deles nós temos três aulas a semana o primeiro deles é a prosa infanto-juvenil brasileiro bom é antes da gente fazer qualquer coisa a gente precisa entender o que que é prosa claro que a gente tem uma definição bastante simples de
prosa que é prosa é uma história contada por meio de um narrador Isto é quando eu tenho uma história e tenho uma perspectiva contando a história eu chamo isso de prosa e a prosa pode ser romance que é uma prosa muito longa novela que é uma categoria um pouco dubia de classificação que é um pouquinho mais curta ou pode ser conto né que é enfim na narrativa mais curta e com arco menor e também tem outras categorias como crônica etc mas bom é prosa é contar a história por meio de um narrador Essa é uma
das definições tá esse narrador é importante porque porque ele pode ser em primeira pessoa que é alguém está contando uma história participando da história seja ele Prota ou não ele pode ser em terceira pessoa isso é alguém contando a história a partir de um ele então não é subjetivo mas é objetivo a uma perspectiva objetiva que conta aquela história e aí tem uma série de textos e leituras teorias sobre como se constrói esse narrador em terceira pessoa mas que não é o caso debatemos aqui e existe embora seja bastante comum na literatura recente mas não
é tão comum na história da literatura uma narrativa em segunda pessoa que é aquela que começa assim você acordou e está se sentindo bem uma narrativa que a maneira como ela se constrói coloca o outro em geral o leitor no centro dessa perspectiva você está fazendo isso você está fazendo aquilo por incrível que pareça há ótimos contos e romances e isso é muito legal escritos em segunda pessoa bom mas nós não vamos nos satisfazer com essa definição e vamos avançar um pouco mais e o que é literatura o Sartre que é essa figura que aparece
aí no slide ele é uma definição um pouco mais interessante que ele diz assim não prosa é uma linguagem mais heterônoma e que trabalha mais a serviço da matéria que ela está representando enquanto poesia é uma linguagem mais autônoma e que trabalha menos a serviço da matéria que ele está representando dizendo de outro jeito é o Sartre usa uma metáfora de um vidro ou seja a prosa é um vidro mais transparente em que eu consigo ver o fundo que é o assunto a matéria de maneira mais nítida do que a poesia a poesia é sempre
uma espécie de vidro opaco em que eu vejo o fundo Mas eu também vejo o vidro que no caso é a linguagem então a linguagem poética nunca sai da frente para mostrar aquilo que está no fundo de si né E aí o saque não está mais falando sobre contar ou não contar histórias sobre expressar ou não sentimentos mas está falando sobre a natureza da linguagem aquela linguagem trabalha mais heteronamente para a matéria que ela tá expressando ou ela trabalha mais autônomamente ela se mostra mais como linguagem se se mostra mais como linguagem tá mais para
poesia se se mostra menos tá mais para prosa isso também nem sequer diz respeito à maneira como os gênero se dividem Isto é eu posso chamar um romance de poético e poderia também chamar um livro que fale de sentimentos de prosaico tá é só para dizer que uma classificação tem a ver com contar ou não contar histórias e a outra tem a ver com a linguagem para nós aqui no âmbito específico desse curso nós vamos trabalhar com a noção de prosa com a noção de prosas São livros de história ou seja prosas são livros de
histórias mais longas ou livros de histórias mais curtas né a gente vai trabalhar menos com a definição do Sartre embora ela vai aparecer em alguns momentos e mais com a definição canônica que vem lá do Aristóteles na poética que diz que o épico é aquilo que conta a história nós vamos trabalhar com essa noção de prova bom é para trabalhar essa no de prosa e sobretudo para pensar prosa infanto-juvenil ou prosa infanto-juvenil brasileira eu vou mobilizar que muito rapidamente duas noções no Humberto Eco que são leitor modelo leitor empírico né o leitor modelo é aquele
que o próprio texto projeto e o leitor empírico é aquele que pode pegar o texto a qualquer momento e ler o texto Ou seja é qualquer pessoa que pega aquele livro então eu chamo de prosa infanto-juvenil brasileira as histórias cujo texto projetam um leitor modelo jovem ou criança embora um adulto como a gente já viu aqui várias vezes também possa pegar esse livro para ler se até aqui está razoável eu vou começar apresentando para vocês alguns livros inescapáveis assim livros autoras e autores e inescapáveis dentro do campo da prosa infanto-juvenil brasileiro e nós vamos fazer
isso mais ou menos ao longo dessa de todas essas aulas em que tem uma linguagem no centro eu não poderia falar de literatura enquanto o juvenil brasileira sem falar sobre o Zé Mauro de Vasconcelos que nasce lá em 1920 mas 64 e o seu clássico que depois virou televisão cinema que é o Meu Pé de Laranja Lima agora em 2020 foi o Centenário do nascimento do autor enfim um livro muito bonito sobre as dificuldades financeiras de uma família sobre sentimentos como solidariedade um livro terro mas ao mesmo tempo muito impactante sobre a enfim a vida
das pessoas com mais dificuldade a vida das pessoas com mais dificuldade de viver e financeiras etc é muito realmente eu tive que reler para fazer um ensaio recentemente é muito bonito e uma coisa de fato impactante é muito triste que esse livro não seja mais tão lido como foi até a geração passada Inclusive a minha geração bom eu não posso deixar de falar de jeito nenhum do Marcelo marmelo martelo de 1976 da Ruth Rocha nascida em 1931 se eu precisava localizar o Meu Pé de Laranja Lima como literatura juvenil Isso é para criança um pouco
mais velhas o Marcelo marmelo martelo é claramente um livro de Literatura Infantil que é um livro sobre uma criança que pergunta Tá mas porque que essas coisas têm esses nomes e não outros nomes né bom a Ruth Rocha a gente acho que todo mundo um pouco conhece ou ouviu falar desse livro ou ler esse livro para alguém ou ele mesmo leu Mas a gente não tem a dimensão do Sucesso editorial desse livro mais de 1 milhão de exemplares vendidos a Ruth Rocha também é uma autora muito profícua né ela já editou 200 livros então de
200 livros então também é uma autora inescapável quando a gente vai tratar de literatura infanto-juvenil brasileiro eu vou para um terceiro livro e uma terceira autora que é a Lígia bojunga que lançou a bolsa amarela em 1976 ali já de 1932 tem uma produção extraordinária desde os anos 70 desde a Angélica que é de 1975 e bom a bolsa amarela é a narrativa narrativa um pouco mais longa Então ela tá entre digamos Marcelo e o meu pé de laranja é para crianças um pouco maiores e a história de uma menina que ganha uma bolsa da
tia e nessa bolsa ela pode guardar seus principais desejos Pode guardar sentimentos e tal uma história maravilhosa tão maravilhosa que rendeu para aleija bojunga o Hans Andersen que é o Nobel da literatura infanto-juvenil vocês vão ver que o Brasil tem três prêmios desse O que é sinal do grande vício e da grande capacidade enfim e da grande excelência que a literatura infanto-juvenil brasileira alcançou ao longo dos anos mas percebam não vou comentar isso agora eu vou comentar isso mais adiante no curso ainda na aula de hoje mas percebam que essas Produções comecem em 1968 né
esse o que a gente pode chamar de uma espécie de bunda literatura infanto-juvenil brasileira o quarto livro que eu gostaria de comentar da Marina colasante outra autora importantíssima que é uma ideia toda azul dentro dos livros que eu comentei até aqui o primeiro livro de contos né tem 10 histórias com seres fantásticos seres mitológicos imaginárias Fabulosos também uma autora de ótima produção tem também uma dezena de livros ou mais e que marca a literatura infanto-juvenil com o traço um pouco mais poético e imaginativo do que os autores que nós vimos até aqui tanto o Zé
mal de Vasconcelos quanto a Lygia bojunga estão trabalhando dentro de uma Seara de observação realista bem importante né O Marcelo é a captação do universo infantil enquanto que a Marina colasanti vai estar mais próximo de uma produção lírica né ou poética embora escreva a prosa naquelas definições que eu comentei no começo bom a segunda autora dessa Seleta que é uma autora que ganhou o Husky Christian endersen e que estará também no nosso curso numa conferência enfim falando sobre a importância do lugar da literatura infanto-juvenil brasileira é a Ana Maria Machado de 1941 esse livro né
que é o bisa Bia bisa Bel desabilizabel ele é um livro sobre memórias relações familiares etc mas Ana Maria Machado altura de mais um tanto de livros infantis importantes mais livros para adultos mais livros de teoria livros de reflexão é uma professora enfim ela é de fato dentro desse Campo ou figura até onde vão as minhas luzes como uma intelectual muito atuante no campo da literatura infanto-juvenil ela tem pioneirismo na criação de cadeira de literatura infanto-juvenil na PUC do Rio de Janeiro Enfim uma pessoa muito importante para o campo e para essa produção e com
muita reflexão acumulada a respeito de Literatura infanto-juvenil e por fim Vou chamar a atenção para Lúcia Já Vou Indo que é um livro de 1987 da Maria Heloísa Penteado que é uma um livro que é uma espécie de criticar a pressa em que se valoriza o caminho se valoriza percorrer o caminho e as experiências mas especialmente eu trouxe a Maria Luiza Penteado aqui porque o caso de Lúcia Já Vou Indo é um caso muito exemplar de uma narrativa que nasceu no jornal ficou foi publicada 20 Anos Antes do jornal e ela seguiu publicando histórias no
jornal ou Em algum momento dentro da história brasileira a literatura infanto-juvenil ocupava os jornais e era e era um momento importante ou para as crianças lerem as histórias ou para os pais lerem essas histórias para as crianças e a Lúcia Já Vou Indo veio aqui como um exemplo disso né como um exemplo dessa atuação da literatura infanto-juvenil dentro das leituras cotidianas das famílias bom recuperado esse pequeno cânone eu vou voltar aquela pergunta mas a partir de uma de uma certa apuração que nós fizemos que ela pergunta que eu fiz lá na aula número 1 a
partir de uma certa apuração que nós fizemos até aqui né bom como a gente viu e espero que isso seja eu tô reforçando porque espero que seja nunca mais mencionado literatura infanto-juvenil não é uma literatura só para crianças e jovens né Lembrando que ela fala Lewis uma literatura feita só para crianças e jovens não é uma boa literatura Mas a gente pode apontar também a partir desse cano ali que eu recuperei uma série de características interessantes da literatura juvenil maior incidência de enredos fantásticos e fantasiosos Fabulosos maravilhosos todas essas a gente já viu eu vou
andar mais ou menos rapidinho até a última tá grande poder simbólico das narrativas né as narrativas significando amizade amor dedicação etc essa noção de símbolo que eu também não vou me aprofundar aqui mas que vem do Walter bem né que a ideia de que uma determinado valor pode subsumir aquela história a Literatura Infantil enquanto o Juvenil em geral carrega essa força né de a história poder ser resumida por um determinado valor a terceira característica a presença mais constante de conteúdo moral ou pedagógico né de ensinamentos de exemplaridade e a última que me interessa um pouco
mais para a gente desenvolver a questão final da aula que é uma maior Liberdade da literatura infanto juvenil diante do que os adultos costumam chamar de razoável isso que foi construído pela razão isso que é razoável isso que é isso que é o meio termo isso que é o verossímio ou Verdadeiro bom por que que eu tô dizendo sobre isso porque se a gente pensar e eu vou voltar a esse termo e a esse tema ao longo da semanas do curso se a gente pensar que os adultos vão cada vez mais gradativamente quando vão crescendo
né o sujeitos vão crescendo e vão tendo que dar conta do mundo real mundo real é apresentado e é imposto sobre eles a gente passa também a entender que em determinados momentos da infância o grau de liberdade que o sujeito tem para pensar o mundo para além do mundo que se apresenta é muito maior Isto É em vez de pensar o mundo é esse aí então eu não posso produzir narrativas que não sejam para esse mundo em determinado momento da formação das pessoas o sujeitos não tem essa esse mundo completamente pronto e aí eles têm
mais liberdade para conviver com outros mundos possíveis esse poder de criação da criança esse poder de imaginar mundos possíveis da Criança é uma coisa muito preciosa e que se reflete na produção da literatura infanto-juvenil Especialmente na produção da literatura infanto-juvenil brasileiro Agora eu tenho uma questão que é uma questão de ordem histórico que eu não vou responder vou deixar também vocês espero borbulhando com essa questão que é a seguinte Ana Maria Machado num dos vídeos do curso que vocês vão acompanhar ela identifica e nós podemos ver aqui no cânone identifica que o BUM da literatura
infanto-juvenil brasileira chegou um pouco depois do golpe militar Então ela diz assim ouve o golpe militar em 1964 e um pouco depois vários escritores começaram a produzir Literatura infanto-juvenil e aí a minha pergunta que eu vou só esboçar algumas hipóteses é se Vocês poderiam imaginar porque razões e isso aconteceu isso é é claro que não certo sentido a gente pode pensar assim uma preocupação muito urgente com o futuro né Então muitos autores autores e autoras né sobretudo autoras extraordinárias como nós vimos aqui vão se dedicar a construir a literatura infanto-juvenil mais criativa mais apurada mais
sofisticada possível tentando construir a criança do Futuro né diante dos adultos do presente que estavam indo no mau caminho acho que esse é um ponto que a gente pode considerar a gente também pode considerar que dentro do campo da literatura infanto-juvenil o olhar da repressão venha de maneira mais enviesada isso é aquilo que eu não posso dizer na literatura para adultos eu vou dizer na literatura para crianças né eu vou colocar por exemplo Marcelo marmelo martelo perguntando as coisas né então parece uma coisa engraçada de construir mas assim tal como o Caetano Veloso tava gritando
e alegria porque não porque não eu tenho Marcelo perguntando Mas por que que martelo chama martelo e marmelo chama marmelo é ou seja num tempo em que as perguntas eram difíceis de serem feitas Tem alguém fazendo perguntas então é interessante pensar que a produção da literatura infanto-juvenil brasileira tenha se intensificado nos anos de maior repressão e a gente tentar Claro que eu não vou fazer aqui até o final tentar aventar hipóteses de Por que que isso aconteceu e quais os sentidos disso né E aí eu queria muito que a gente recordasse o que eu falei
lá atrás lembrem que é um erro tratar literatura infanto-juvenil como uma literatura menor porque em determinados momentos da história literária é ela quem dá as respostas para problemas que a literatura de adultos não pode formular ou as respostas que a literatura de adulto formula de outro modo E aí a literatura infanto-juvenil tá dando as suas respostas e isso por si Na minha opinião já salva da peste de pensar como uma literatura menor bom Espero que tenha feito algum sentido essa linha de argumentação e a apresentação das autoras e dos livros e o autor também usa
mal de Vasconcelos espero que vocês estejam gostado do curso qualquer dúvida entre em contato com os facilitadores facilitadoras participem dos fóruns e nós nos vemos na próxima aula ainda da semana para falar sobre um segundo gênero ainda mais antigo do que a prosa que é o teatro infanto juvenil até mais [Música] [Música]