Esta é uma história baseada em fatos reais de Dona Jane hoje com 74 anos ela vive em meio ao Luo e riqueza quem vê Dona Jane e seu marido como milionários sequer consegue sonhar com Os horrores e tragédias que marcaram suas vidas o que você está prestes a conhecer não é apenas uma história de sucesso mas de sobrevivência diante da realidade esmagadora que viveram cuidado este relato real pode ser um dos mais intensos que você já ouviu deixa seu like agora para não esquecer e se inscreva se ainda não for inscrito fico feliz que você
está aqui comigo Gosto da sua companhia minha infância foi dura que só viu mais dura que pedra de moer milho isso eu te garanto éramos pobres mas pobres mesmo que nem rato de igreja meu pai coitado trabalhava feito um condenado na roça sol a sol chuva ou vento em casa ui era um homem bruto nas palavras sabe ignorante que doía falava o que vinha na cabeça sem pensar duas vezes sempre achando que estava certo em tudo já minha mãezinha Deus a tenha era uma santa vivia submissa cuidando da casa com aquele olhar longe parecia que
estava sempre lembrando de alguma uma coisa triste para ajudar nas despesas ela fazia uns bolos para vender nada chique não viu era bolo de fubá de cenoura de aipim quando não vendia tudo a gente comia o que sobrava eu pequenininha ainda já botava a mão na massa ajudava em casa e cuidava dos irmãos menores imagina só éramos em 13 irmãos contando comigo os mais velhos uns pegavam serviço na cidade outros iam pra roça com o pai eles que traziam as coisas frescas pra mãe fazer os bolos e nossa comida também as meninas ajudavam na limpeza
era cada um com sua tarefa menos os bebezinhos claro esses só mamavam e dormiam mas olha por mais difícil que fosse a gente sempre dava um jeitinho de brincar Criança é assim mesmo né arruma diversão até nas pedras do caminho foi nessa época que conheci o Mariano ah como o tempo muda as coisas ele era o menino mais bonito da vizinhança Na minha opinião é claro tinha um jeito de andar todo garboso a gente começou a brincar junto e foi crescendo uma amizade nos tornamos próximos quase inseparáveis tinha algo de estranho na casa dele algo
que só fui entender tempos depois a gente sempre combinava de brincar lá no campinho Nossa como era bom aquele tempo a gente jogava bola até cansar brincava de bolinha de good empinava pipa a Telma irmã mais nova do Mariano também virou minha melhor amiga éramos que nem três dedos de uma mão sempre juntos meus irmãos eram amigos dos irmãos dele e o José meu irmão até paquerava a Maria irmã do Mariano Parecia tudo tão simples naquela época a vida era dura mas a gente sabia fazer festa com pouco lembro que às vezes a gente nem
tinha o que direito em casa mas quando se juntava para brincar esquecia de tudo era risada que não acabava mais nossa comunidade era pequena dessas do interior onde todo mundo se conhece a escola era um reflexo disso pequena com uma sala grande apenas o professor João Alberto dava aulas para todas as turmas ao mesmo tempo era um desafio e tanto viu ele se desdobrava para atender alunos de todas as idades era bom mas às vezes virava uma confusão danada os menorzinhos ficavam com cara de tacho quando o professor falava de conta complicada PR os maiores
já os maiores quando a lição era mais fácil ficavam entediados sabe cochichando e fazendo gracinha coitado do professor João Alberto suava que nem quiabo para manter todo mundo interessado Tinha dia que a gente saía da aula com a cabeça fervendo mas o professor João Alberto aquele sim era um homem de paciência pelejava pelejava e no fim sempre dava um jeito de ensinar um pouquinho para cada um foi com ele que aprendi a ler a escrever e a fazer conta coisas que carreguei pra vida toda sabe naquela época lá pelos anos de 60 65 quase todo
mundo do bairro era católico menos umas duas ou três famílias que eram evangélicas eles eram gente boa trabalhadora o padre sempre dizia que a gente devia respeitar todo mundo independente da religião a gente ia pra missa todo domingo sem falta acordava cedinho vestia a melhor roupa que tinha às vezes até passada na véspera com ferro de brasa e lá íamos nós pra igreja o Padre Benedito falava alto e claro para todo mundo entender ele ficava lá no altar de frente pra gente fazendo aqueles todos as mulheres iam de vestido algumas até cobriam a cabeça com
um vinho de renda os homens mesmo no calor iam de calça comprida e camisa engomada lembro do cheirinho de vela e incenso que enchia a igreja do som do Sino chamando pra missa durante a semana a gente rezava o terço em família toda a noite minha mãe tinha um Oratório pequeno em casa com a imagem de Nossa Senhora Aparecida ali a gente acendia uma velhinha e fazia nossas orações na Quaresma então era reza que não acabava mais as crianças iam pro catecismo no sábado de manhã para se preparar paraa primeira comunhão eu lembro de decorar
o Pai Nosso a Ave Maria e o credo para poder fazer a minha foi um dia tão especial tinha as festas da igreja também a de São João era a maior um dos eventos mais importantes e aguardados na comunidade a gente fazia kermesse tinha barraquinha de pescaria de comida de brincadeiras todo mundo ajudava era uma alegria só Mudando de assunto tinha vez que o Mariano e a Telma sumiam que nem fumaça ficavam dias sem aparecer e os irmã mais velho deles esses iam pro Campinho mas era um silêncio de doer parecia que tinha passado uma
nuvem preta por cima da família deles eu boba que era ia até a casa deles chamar para brincar mas sempre dava de cara com a mãe deles na janela lá de longe ela dizia com uma voz estranha Eles não tão foram pra cidade e eu sem entender nada voltava para casa com o rabo entre as pernas quando eles apareciam de novo depois de uns dias eu ficava doida para saber o que tinha acontecido mas eles não soltavam nada desconversava escaldado E aí começava tanta brincadeira tanta Folia que eu acabava esquecendo de perguntar mas quando eu
tava sozinha em casa ficava matutando O que será que acontecia naquela casa hein Por que eles sumiam daquele jeito porque ninguém falava nada era um mistério danado viu e olha que eu era curiosa mas naquela época a gente não metia o bedelho em assunto de família dos outros não então eu ficava só imaginando criando mil na minha cabeça os anos foram passando e a gente foi crescendo junto que nem planta depois da chuva Parece que foi ontem mas quando vi já tava tudo mudado o Mariano aquele menino magrelo virou um rapagão forte trabalhador que só
vendo todo santo dia ele ia lá pra cidade pro armazém de frutas e verduras do seu Joaquim No começo era só para carregar caixa mas o Mariano era esperto demais logo logo ele caiu nas graças do seu Joaquim que começou a ensinar ele a dirigir o caminhão naquela época ele tinha apenas 16 anos menina você precisava ver a alegria do Mariano quando ele aprendeu daí pra frente era ele que ia buscar as frutas e verduras para vender no armazém saía cedinho ainda era escuro voltava com o caminhão cheio orgulhoso que só às vezes quando eu
podia ficava lá na esquina só para ver ele passar todo importante no volante daquele caminhão e eu bom eu virei uma mocinha Sonhadora sabe ficava imaginando como seria o futuro pensando em casar ter minha própria casa mas não pense que era só sonho não em casa o trabalho era dobrado tinha os irmãos para cuidar a casa para arrumar roupa para lavar era de sol a sol a mãe gostava dos panos de prato branquinhos de doer os olhos estendia na grama e deixava de molho No sabão de pedra que ela mesma fazia com soda a vizinhas
gostavam muito daquela receita de sabão dela era bom também para arear as panelas ficavam lindas e espelhadas Mas sabe que eu não Achava ruim era cansativo mas dava um orgulho danado de ver tudo limpinho arrumadinho A parte boa é que a mãe podia trabalhar menos Coitada já tava cansada de tanto fazer bolo para vender com a gente crescido tinha bastante filho para ajudar cada um fazia um pouco os menores varriam O terreiro os maiores cuidavam da horta eu ficava mais com a casa mesmo e olha que não era fácil não era tanta gente para dar
conta que às vezes eu achava que ia enlouquecer Sem contar os cachorros galinhas Patos Era bastante bicho lá lembro que tinha dias que eu ficava lá lavando roupa no tanque as mãos todas emug de tanto esfregar e ficava pensando no Mariano Será que ele estava pensando em mim também ah como eu sonhava quando me dei conta aquela amizade infantil se tornava aos poucos em amor você não vai acreditar no que aconteceu ali na nossa comunidade foi uma coisa tão horrível que até a alma mais dura desse mundo ia ficar abalada é melhor você se sentar
se ainda não tiver sentada só lembrar disso minhas pernas amolecem bom vou contar aconteceu uma coisa muito estranha a Telma com só 11 anos quando ficou grávida no começo ninguém sabia de nada nem eu nem ela mesma mas aí começaram os sintomas sabe como é E olha que a menina nunca tinha namorado piorou ter um marido foi aquele falatório no bairro todo mundo coxixando ninguém entendendo nada um dia a Telma foi se confessar Coitadinha devia estar com o coração na mão e foi lá no confessionário que ela contou tudo pro Padre Benedito meu Deus do
céu quando penso no peso que aquela menina carregava o padre quando ouviu aquilo ele não pensou duas vezes chamou a polícia na mesma hora foi o maior escândalo que aquela cidadezinha já viu a polícia chegou e levou o seu Antônio preso na frente de todo mundo as pessoas saíam na rua para ver o que estava acontecendo era gente chorando gritando desmaiando parecia que o mundo estava acabando e o Padre Benedito Ah minha filha ele pagou caro por ter feito a coisa certa a igreja suspendeu ele das funções isso quer dizer que ele não podia mais
rezar missa dar os sacramentos nada disso mas sabe o que ele fez preferiu se afastar de vez do que guardar aquele segredo horrível ele dizia que não podia ficar calado diante de uma coisa dessas nem que isso custasse o emprego dele olha até então eu não sabia de nada mas você sabe como é em cidade pequena né a fofoca corre mais rápido que água em Ladeira num piscar de olhos já tinham contado tudo para minha mãe ave maria quando ela veio falar comigo estava com uma cara que Deus me livre brava que só vendo ela
chegou perguntando toda séria se eu entrava lá na casa do Mariano eu sem entender nada disse que não que a gente só se encontrava no campinho falei que nunca ficava sozinha com ele sempre tinha um monte de criança junto na minha cabeça de menina boba achei que a mãe estava insinuando que eu tava namorando escondido Se eu soubesse aí foi que o mundo desabou minha mãe começou a contar uma história que me gelou até os ossos disse que o pai deles seu Antônio aquele que todo domingo tava lá na missa sentadinho na primeira fila como
se fosse um santo Ai meu Deus até me dá um nó na garganta de lembrar ela falou que ele mexia com os filhos dele sim com os próprios filhos até com o Mariano imagina só o pior é que não era fofoca não o padre mesmo tinha revelado pra polícia na frente de todo mundo e você sabe que padre não mente né ainda mais o nosso que era tão correto minha mãe contou que seu Antônio beb escondido E aproveitava dos filhos surrava Eles de deixar hematomas gravíssimos quando ouvi aquilo fiquei horrorizada parecia que tinham jogado um
balde de água fria em cima de mim de repente tudo fez sentido Era por isso que às vezes eles sumiam que não iam para a escola que a gente nunca podia brincar na casa deles fiquei com uma dó Danada da Telma do Mariano de todos eles como é que pode uma coisa dessas Deus amado sabe eu nunca tinha suspeitado de nada para mim eles eram só uma família normal igual a tantas outras o Mariano sempre tão alegre a Telma tão meiga quem ia imaginar o inferno que eles viviam dentro de casa fiquei pensando em todas
as vezes que a gente brincou junto em como eles deviam estar sofrendo por dentro e a gente nem desconfiava e o safado engravidou a própria filha naquela noite chorei tanto que molhei o o travesseiro inteiro fiquei pensando na minha amiga Telma no Mariano como é que eles aguentavam tudo aquilo e a mãe deles Será que ela sabia Por que não fazia nada Tantas perguntas na minha cabeça e nenhuma resposta por vários meses não tivemos missa na nossa cidadezinha era estranho demais a gente sentia falta daquele ritual de domingo daquela reunião da comunidade só quando chegou
aqui um padre substituto é que as coisas começaram a voltar ao normal mas já não era a mesma coisa o Padre Joaquim era muito querido a vizinhança queria ele de volta lá na paróquia mas seus superiores não aceitaram a igreja é muito rígida com sigilo sacramental depois que o pai do Mariano foi preso parecia que a família deles tinha sumido do mapa o Mariano não passava mais por ali com o caminhão e os irmãos dele não davam as caras em lugar nenhum eu e meus irmãos íamos lá chamar eles mas mesmo vendo movento na casa
ninguém saí era como se tivessem erguido um muro invisível entre eles e o resto do mundo numa noite já tarde Bateram na nossa porta com desespero era a mãe do Mariano a dona Salete com o rosto pálido e os olhos arregalados ela veio pedir para minha mãe ir na casa dela ajudar no parto da Telma disse que não estava conseguindo sozinha minha mãe saiu às pressas e eu que só queria ir junto mas ela não deixou eu e o resto da família ficamos naquela aflição danada imaginando mil coisas o que vou contar agora minha filha
é algo que dói amargamente na minha alma até hoje acabei cochilando ali na sala de tanta canseira por esperar dei um pulo quando ouvi a porta se abrir o dia já estava claro Quando minha mãe chegou bastou olhar paraa cara dela para saber que coisa boa não era com a voz embargada ela disse perdemos a Telma Senti meu sangue gelar a Telminha não podia ser mas era verdade e o que minha mãe contou depois só piorou tudo quando a mãe da Telma veio pedir ajuda a menina já estava em trabalho de parto H horas a
dona Salete tinha tentado fazer o parto sozinha uma estupidez Mas vendo que não conseguia resolveu chamar a vizinha mais próxima minha mãe quando as duas chegaram na casa encontraram os irmãos em cima do corpo já sem vida da Telma quase morri de tanta tristeza ao ouvir aquilo minha mãe disse que o Mariano estava deitado no peito da irmã chorando sem parar a mãe disse que passou a noite toda ajudando a limpar o corpo da Telma pro velório elas nem conseguiram tirar o bebê naquela noite senti que algo dentro de mim tinha morrido junto com a
minha melhor amiga Telma a menina Alegre que eu era ficou para trás enterrada junto com minha amiga o mundo de repente ficou mais escuro mais frio e o Mariano bem o Mariano que eu conhecia também morreu naquela noite o rapaz que vi no velório da irmã era outra pessoa com olhos vazos e um silêncio que gritava mais alto que qualquer palavra a cidade inteira ficou em luto aquele dia marcou o fim da nossa Inocência dali em diante nada mais seria como antes a vida que já era dura mostrou sua face Mais Cruel e nós ainda
tão jovens tivemos que aprender a lidar com uma dor que parecia grande demais para caber dentro da gente depois de um tempo não sei bem se foi um mês ou dois fui pro Campinho aquele mesmo lugar onde eu a Telma e o Mariano brincávamos fiquei lá sentada lembrando dos velhos tempos não demorou muito e o Mariano apareceu quando me viu ele fez menção de dar meia volta mas eu fui atrás Mariano eu disse vamos conversar um pouquinho falei que estava sofrendo muito assim como ele Ave Maria foi como se tivesse acendido um pavio ele ficou
brabo que só vendo você tem certeza que tá sofrendo igual eu ele disse os olhos faiscando de raiva E aí minha filha foi como se uma represa tivesse estourado ele começou a falar sem parar despejando tudo que estava entalado na garganta há anos me contou que o pai dele seu Antônio tinha um problema sério com a bebida mas não era daqueles bêbados que todo mundo conhece não era tudo escondido Longe dos Olhos da vizinhança a gente nem desconfiava o Mariano e a Telma nunca tinham me contado nada eu achava que era vergonha mas depois entendi
que era medo mesmo um medo danado ele foi contando e eu ali ouvindo tudo com o coração na mão disse que o pai batia neles e na mãe quase todo dia sempre em partes onde não aparecesse os hematomas e o pior Cada noite Seu Antônio exigia que um dos filhos dormisse com ele eram sete irmãos no total quando os mais velhos foram crescendo ele passou a preferir os caçulas só de lembrar disso me dá um nó no estômago eu tava ali ouvindo tudo aquilo e chorando que nem uma condenada mas o Mariano não parava falou
que a mãe deles sempre soube de tudo e permitia não que ela gostasse Coitada sempre apanhava também a família ia pra igreja todo domingo mas o pai proibia todo mundo de se confessar a verdade dizia que botava fogo na casa se alguém abrisse a boca minha nossa senhora eu não tava mais aguentando ouvir tanta coisa ruim era como se o seu seu Antônio fosse o próprio bichão lá debaixo como é que uma coisa dessas podia acontecer bem debaixo do nosso nariz e a gente sem saber de nada eu me sentia tão burra tão cega e
ao mesmo tempo uma dor no peito de pensar em tudo que o Mariano a Telma e os irmãos deles tinham passado e olha só o que o Mariano me falou o maior medo dele era do pai sair da cadeia e vir atrás deles para se vingar Ave Maria só de lembrar já me dá um frio na espinha ele me disse com aquela voz embargada Jane se não fosse a minha irmãzinha ter engravidado ninguém nunca ia descobrir o que aquele monstro fazia com a gente a Telma foi a única corajosa que contou pro Padre Benedito Todas
aquelas atrocidades eu nunca tinha pensado nisso sabe mas o Mariano tinha razão se a pobrezinha da Telma não tivesse ficado de barriga aquele inferno ter continuado por sabe quanto tempo que situação meu Deus do céu aí o Mariano começou a contar os olhos cheios d' água como os irmãos mais velhos às vezes tentavam enfrentar o pai disse que tinha vez que saía até porrada viu mas o velho era cheio de ameaça falava cada coisa que Até Deus Duvida e eles sabiam do que aquele homem era capaz no fim das contas acabavam desistindo de enfrentar ele
era medo mesmo sabe medo de acontecer coisa pior quando ouvi tudo isso não aguentei abracei o Mariano com toda a força que eu tinha nos braços parecia que eu queria proteger ele de todo o mal do mundo a gente ficou ali abraçado chorando que nem dois penitentes as lágrimas desciam quentes pelo rosto molhando a camisa um do outro era um choro de dor mas também de alívio como se todo aquele sofrimento guardado finalmente pudesse sair no meio daquele choro todo o Mariano soluçou Eu sinto tanta falta da Té o minha Jane tanta que chega a
doer aqui dentro ai minha nossa senhora Aquilo me cortou o coração atma tão novinha tão cheia de vida Que judiação Meu Deus Que destino Cruel para uma menina que mal tinha começado a viver naquela hora eu entendi o peso que o Mariano carregava nos não era só a dor do que tinha passado era o medo do que podia acontecer a saudade da irmã que se foi a culpa por não ter conseguido proteger ela era um sofrimento grande demais para um jovem só carregar foi nesse dia que eu prometi para mim mesma que ia fazer de
tudo para ajudar o Mariano a superar aquele trauma eu não sabia como mas ia tentar porque o amor é assim né a gente quer carregar um pouco do peso do outro mesmo sem saber direito como fazer isso sabe uma coisa que aconteceu depois de tudo isso eu comecei a ver meu pai com outros olhos é verdade que ele tinha aquele jeito meio bronco falava umas coisas sem pensar mas nunca nemuma vez sequer Ele olhou diferente para mim ou pros meus irmãos e o amor dele pela minha mãe era bonito de ver vinha direto do trabalho
para casa não bebia nem uma gota de pinga isso tudo me fez enxergar melhor o homem que ele era depois daquele dia em que o Mariano me contou aquelas coisas horríveis a gente continuou se encontrando mais vezes mas era como se tivesse um acordo silencioso entre nós não tocávamos mais naquele assunto pesado era como se a gente quisesse fingir que aquilo nunca tinha acontecido entende acho que era um jeito da gente lidar com tudo aquilo o Mariano voltou a trabalhar no armazém de frutas e verduras do seu Joaquim lembro como se fosse ontem um dia
ele parou lá em casa naquele caminhão Ford velho do seu Joaquim buzinando que nem doido gritou lá de fora J vamos dar uma voltinha menina fiquei mais vermelha que um tomate olhei PR minha mãe sem saber o que fazer e sabe o que a minha mãe falou vai lá filha aproveita um pouco hoje eu entendo que ela fazia isso porque tinha muita dó da família do Mariano ela achava bom que ele tivesse um pouco de distração sabe depois de tudo que aconteceu acho que todo mundo queria ver um pouco de alegria naquela família Aliás foi
nessa época que minha mãe e a dona Salete mãe do Mariano ficaram mais próximas era como se minha mãe quisesse cuidar um pouco da dona Salete também a gente via ela de vez em quando sempre com aquele olhar triste mas parecia que conversar com minha mãe fazia bem para ela naquele dia Acabei aceitando o convite do Mariano para dar uma volta a gente rodou um pouco pela cidade sem falar muito o silêncio entre nós era confortável Só de estar ali um do lado do outro já parecia bastante ele dirigia devagar como se quisesse fazer aquele
momento durar para sempre e eu bom eu ficava ali sentindo o vento no rosto pensando em como a vida podia ser imprevisível Foi então que ele falou com aquela voz que fazia meu coração disparar Jane tô de folga hoje Seu Joaquim deixou eu ficar com o caminhão para passear com você achei aquilo o máximo um caminhão só pra gente ele disse que ia me levar pra cidade e lá fomos nós chegando na praça principal da cidade Mariano queria me levar na lanchonete mas eu boba que era fiquei com vergonha não tinha me arrumado sabe acabamos
tomando um sorvete ali na praça Ele disse que eu podia escolher o melhor eu decidi por um dolé mesmo Sabor Morango na volta quando entramos no caminhão aconteceu nosso primeiro beijo meu Deus do céu senti meu corpo inteiro queimar foi uma coisa nem sei explicar direito sensacional é pouco para descrever ali na aquele momento achei que tinha descoberto o segredo da felicidade depois do beijo ele me olhou nos olhos e disse você sabe que te amo né Jan fiquei pasma porque na verdade ele nunca tinha me dito isso antes eu não sabia foi ali naquele
Ford vermelho velho que a gente se declarou um pro outro fizemos juras de amor eterno Prometemos nunca nos deixar voltei para casa naquele dia pisando nas conseguia par de srir de lembrar do beijo das palavras do Mariano fiquei acordada a noite toda repassando cada detalhe na minha cabeça imaginando nosso futuro juntos os meses foram passando e aquela vida virou nossa rotina o Mariano sempre me buscava para passear amos na lanchonete era nosso cantinho de namoro sabe a gentea mes de fórmica e um salgado e ficava ali conversando fazendo planos O bom de andar de caminhão
é que a gente sempre tava conhecendo lugar novo e acredite aquela cidadezinha sempre nos surpreendia com lugares que nunca tínhamos visto antes enquanto isso num desses dias que a gente voltou Fiquei sabendo que meu pai tinha dado a bênção pro meu irmão José se casar com a Maria irmã do Mariano virgenzinha foi um rebuliço só todo mundo sabia que a Maria não era mais moça pura mas sabe como é em cidade pequena né todo mundo fingia que não sabia de nada era aquele tipo de segredo que todo mundo conhece mas ninguém comenta olhando agora com
os olhos de quem já viveu muito fico pensando no que aquela pobre moça deve ter passado na época eu era nova demais para entender direito só ficava aliviada que ela não tinha engravidado daquele pai Carrasco dela imagina só o sofrimento o casamento deles Foi simples mas bonito a Maria tava com um vestidinho branco feito pela minha mãe o José todo orgulhoso parecia que ia explodir de felicidade eu fiquei olhando os dois e pensando como A Vida Dá Voltas eu pensava Logo vai ser eu aí com meu Mariano depois da cerimônia quando todo mundo tava comemorando
eu peguei a Maria no um canto e dei um abraço bem apertado nela não falei nada mas acho que ela entendeu às vezes um abraço diz mais que mil palavras vi nos olhos dela uma mistura de alívio e gratidão agora o que aconteceu depois foi uma tragédia tão grande que até hoje me dói o coração só de lembrar tem hora que eu penso que foi tudo um pesadelo ruim mas não foi não foi real e deixou marca em todo mundo era uma Madrugada Fria dessas que a gente se enrola todo no cobertor de repente escutamos
uns gritos desesperados de Socorro Ave Maria Pulei da cama num pulo só o coração quase saindo pela boca todo mundo acordou foi aquela correria a gente saiu pra rua ainda de camisola descalço mesmo os vizinhos também apareceram tudo assustado quando vi aquilo pensei que ia desmaiar ali mesmo era fumaça e fogo saindo da casa do Mariano parecia o próprio inferno na terra na hora me veio na cabeça foi o pai dele aquele monstro voltando para se vingar corri para perto da casa desesperada queria entrar salvar todo mundo mas não dava as janelas e portas estavam
todas fechadas com tábuas que nem uma prisão meu pai que Deus o tenha foi olhar o poço deles e viu que tinham tampado com umas tábuas bem grossas difíceis de tirar foi uma correria danada todo mundo indo buscar balde d'água em casa para tentar apagar o fogo mas era que nem jogar água em brasa não adiantava quase nada o fogo só aumentava E a fumaça Nossa Senhora era preta grossa subia pro céu feita uma nuvem de maldade aí meu pai homem corajoso que só ele viu uma porta que não tinha tábua Meteu o pé com
toda a força e derrubou pegou um pano molhou na água e botou no rosto quando ele ia entrar quem sai de lá o Mariano tossindo tanto que parecia que ia botar o pulmão para fora junto com ele vieram três dos irmãos dele tudo preto de fumaça os olhos vermelhos que nem pimenta agradecia a Deus e a virgenzinha na hora por eles estarem vivos o meu pai pediu pro Zé Antônio meu irmão buscar o pé de cabra lá em casa para abrir o poço deles meu pai desesperado perguntou cadê os outros nem bem ele falou isso
seu Sérgio Nosso vizinho entrou correndo na casa Ave Maria que homem valente a fumaça era tanta que a gente mal via ele entrando dali a pouco seu Sérgio saiu arrastando um dos irmãos do Mariano e disse eles estão lá no quarto Foi uma cena que nunca vou esquecer parecia que a morte tinha entrado naquela casa e escolhido quem ia levar meu pai o irmão de Mariano e o Mariano tomaram forças e Entraram na casa cada um voltou com o resto da família mas aí minha filha aconteceu o pior o pai do Mariano aquele sangue ruim
ainda tava consciente lá dentro quando seu Sérgio foi tirar ele o miserável deu uma facada na barriga dele imagina só o homem salvando a vida dele e ele faz uma coisa dessas foi uma luta danada lá dentro a gente só ouvia os gritos e barulhos de quebr depois de um tempo que pareceu uma eternidade seu Sérgio conseguiu derrubar o pai do Mariano O velho tinha inalado tanta fumaça que acabou desmaiando meu pai e os outros vizinhos entraram correndo e tiraram seu Sérgio de lá coitado Tava sangrando muito mas ainda tava vivo graças a Deus a
casa aquela não teve jeito o fogo consumiu tudo com o pai do Mariano ainda lá dentro e o que vou te contar agora é a parte mais difícil daquela noite quando Tiraram a mãe do Mariano da casa Coitada ela já tava sem vida toda machucada sabe o pai dele aquele monstro tinha feito um estrago terrível nela antes de atear fogo na casa o mesmo que ele fez com seu Sérgio Ele fez muitas e muitas vezes com a dona Salete Foi uma cena que nunca vou esquecer na minha vida ver aquela pobre mulher que já tinha
sofrido tanto naquele estado Ai meu Deus é de cortar o coração a gente ficou tudo em choque sem acreditar no que tava vendo como é que um ser humano é capaz de fazer uma barbaridade dessas com a própria família naquela hora senti que o mundo tinha perdido todo o sentido sem contar os irmãos mais novos do Mariano que viram o pai matar a mãe ali bem diante dos olhos deles e lá estava a nossa cidadezinha de luto de novo minha filha eu ficava olhando pro Mariano meu coração apertadinho sem saber o que dizer para consolar
que palavras podem aliviar uma dor dessas o corpo carbonizado do pai dele foi enterrado como indigente nenhum deles queriam saber nada sobre o homem a Maria minha cunhada Coitada quando soube o que tinha acontecido com a mãe dela e o resto da família quase bateu as botas foi uma sorte ela não estar morando mais ali na época Deus é pai porque se ela tivesse lá nem quero pensar no que poderia ter acontecido depois do enterro da dona Salete que Deus a tenha a situação ficou mais triste ainda a família toda sem teto só com a
roupa do corpo mas sabe como é interior um ajuda o outro o terreno ainda era deles graças a Deus e foi aí que a cidade inteira se juntou para ajudar nunca vi tanta gente unida viu foi um mutirão de fazer chorar todo mundo com uma ferramenta na mão limpando o quintal tirando os restos da casa velha tinha gente que nem conhecia direito a família mas estava lá debaixo do sol quente ajudando como podia neste tempo os irmãos ficaram na igreja em poucos dias levantaram uma casinha de madeira não era nenhum Palácio Claro mas era um
teto ver aquela casa surgindo era como ver uma flor nascendo no meio do asfalto sabe um sinal de esperança no meio de tanta tristeza o que mais cortava o coração era ver o irmãozinho mais novo do Mariano com só nove aninhos todo perdido no meio daquela confusão criança não devia passar por isso não é mesmo às vezes eu ficava imaginando o que passava pela cabecinha dele minha mãe Santa mulher todo dia tava lá na casa nova deles levava uma panela de sopa um bolo o que desse para fazer e não era só ela não as
outras também se revam uma levava roupa limpa outra ajudava a arrumar a casa era bonito de ver se você acredita que Deus agiu naquela situação escreva nos comentários a frase que minha mãe costumava dizer que está na passagem de João Capítulo 4 Versículo 21 escreva assim quem ama a Deus ame também seu irmão eu te darei um coraçãozinho em troca e saberei que você está escutando com atenção a minha história lembro de uma vez que fui lá com minha mãe a casa ainda cheirava a tinta fresca e madeira Nova o Mariano tava sentado na varanda
olhando pro nada quando me viu deu um sorriso triste não precisou falar nada naqueles dias aprendi que a vida pode ser dura mas também que as pessoas podem ser boas muito boas vi gente dividindo o pouco que tinha trabalhando de graça se importando de verdade foi uma lição e tanto mostrou que mesmo nas horas mais escuras sempre tem uma luzinha de bondade brilhando em algum lugar no final daquele ano Mariano me surpreendeu dizendo que queria se casar comigo o problema era que não tínhamos onde morar ele me contou que estava conversando com seu Joaquim para
alugar aquela casinha dos Fundos do Armazém Na verdade era um galpão de estoque Onde guardavam as frutas legumes mas Mariano disse que ia ajeitar para fazer um lar pra gente ele pediu a bênção do meu pai e da minha mãe não demorou muito e tudo estava arranjado nos casamos quando eu tinha 16 anos e ele 18 foi uma festa simples mas cheia de emoção lembro como se fosse hoje eu com um vestidinho branco feito pela minha mãe e ele todo orgulhoso num terno emprestado do meu pai minha mãe se superou fazendo um bolo de três
andares todo coberto de glacé ficou lindo parecia coisa de revista não tivemos lua de mel mas naquela época isso não parecia importante nossa primeira vez juntos foi um tanto estranha o Mariano coitado não se sentia muito à vontade com o toque no corpo dele eu entendia que era por causa daquele trauma do passado fui com calma a gente foi se descobrindo aos pouquinhos Sem pressa no começo ele ficava todo tenso mas com o tempo parecia que ia esquecendo aquelas coisas ruins do passado depois de um tempo as coisas entre a gente ficaram muito boas era
como se tivéssemos finalmente encontrado o nosso ritmo Quando se é jovem não tem tempo ruim a gente estava apaixonado e isso parecia ser o suficiente para superar qualquer dificuldade olhando para trás agora percebo como éramos j e ingênuos achávamos que o amor resolveria tudo que nossas vidas seriam como um conto de fadas não sabíamos dos Desafios que nos esperavam das dificuldades que teríamos que enfrentar ah aí começou uma nova fase da nossa vida comecei a trabalhar no armazém do seu Joaquim junto com Mariano e não é que eu gostei era um corre-corre danado mas eu
me sentia importante ajudando os fregueses arrumando as prateleiras e o melhor de tudo podia ficar mais perto do meu amado falando nele comecei a acompanhar o rapaz nas viagens de madrugada no caminhão Ave Maria que canseira mas era uma aventura e tanto a gente saía quando o galo nem tinha cantado ainda eu toda enrolada num chale velho da minha mãe para espantar o frio da madrugada o Mariano dirigia e eu ficava ali do lado vendo o Dia Nascer pela janela do caminhão era bonito demais ficamos nessa vida quase um ano aí um dia seu Joaquim
chegou com uma cara de poucos amigos disse que ia se mudar de cidade e vender o negócio menina foi um baque como é que a gente ia viver sem aquele trabalho e sem a casa mas aí aconteceu um milagre Seu Joaquim aquele homem de coração bom disse que ia dar o Caminhão velho pra gente imagina só falou que podíamos escolher entre vender ou ficar com ele ele disse que queria ajudar que sabia que estávamos apenas começando a vida a única condição era que a gente levasse a mudança dele para outra cidade claro que aceitamos na
hora fizemos a mudança do seu Joaquim num piscar de olhos parecia que a sorte estava sorrindo pra gente mas foi por pouco tempo logo veio outro problema desses que faz a gente perder o chão nosso plano era conversar com o novo dono do armazém tentar continuar pagando o aluguel daquela Casinha dos Fundos Afinal era o único Lar que a gente conhecia mas quando fomos falar com ele foi como se tivessem jogado um balde de água fria na gente o homem disse que ia demolir tudo queria construir um comércio mais moderno dizia ele e sabe o
que é pior nos deu só 20 dias para sair 20 dias como é que se arruma um lugar para morar em 20 dias o Mariano andava de um lado para outro feito barata tonta procurando solução foi então que ele teve uma ideia dessas ideias que a gente ouve e pensa será que ele bateu com a cabeça Ele olhou para mim e disse Jan e se a gente morasse no caminhão na hora Achei que ele tinha perdido o juízo como é que isso ia dar certo morar num caminhão como é que podia uma coisa dessas mas
o Mariano todo empolgado começou a explicar o plano dele pensa só Jan ele dizia a gente pega o caminhão faz umas entregas por aí não precisa pagar aluguel só o diz eu e eu posso arrumar serviço em qualquer lugar no começo achei uma doideira mas quanto mais ele falava mais eu ia me animando e foi assim que a gente decidiu largar tudo e ir morar num caminhão não demorou muito e o Mariano já tinha arranjado três ou quatro lugares para ir e voltar com mercadorias era que só vendo a gente comia em restaurantes de beira
de estrada uns com uma comida de dar água na boca outros nem tanto o banho era nos postos de gasolina teve vez que tomei banho tão gelado que achei que ia virar um dolé quando o corpo não aguentava mais a gente se dava ao Luxo de dormir numa pensão ah como era bom deitar numa cama de verdade de vez em quando mas na maior parte do tempo nosso colchão era o banco do camão reclinado o máximo que dava e o melhor é que estávamos fazendo um bom pé de meia guardando tudo no banco na poupança
fizemos essa vida por dois anos e pouco foi duro viu teve dias que eu chorei escondido com saudade de casa da minha mãe mas também teve muita alegria a gente era jovem estava junto e cada dia era uma aventura nova se aquele caminhão falasse Nem queira saber o que ele te contaria lembro de uma vez que a gente parou num lugar lindo cheio de IPs floridos o Mariano estacionou o caminhão pegou minha mão e a gente ficou ali olhando o pôr do sol naquela hora mesmo com toda a dificuldade eu me senti a mulher mais
feliz do mundo naquele dia eu ainda não tinha ideia mas já carregava nosso primeiro filho dentro de mim foi quando tudo mudou alugamos uma casinha pequena e velha para economizar o dinheiro que tínhamos juntado com tanto custo era um lugar simples mas a gente se esmerou para deixar tudo bonitinho lembro de passar horas limpando arrumando sonhando com o futuro não demorou muito e Nossa mocinha veio ao mundo decidimos homenagear minha sogra batizando a menina de Salete Ah que bebê rechonchuda nasceu com quase 4 kg uma bolinha de amor durante a gravidez eu a ainda acompanhava
o Mariano nas viagens mas depois que a saletinha nasceu Passei a ficar em casa enquanto ele seguia a estrada a fora foi uma época boa cheia de alegrias simples eu me dedicava de corpo e alma a cuidar da nossa filhinha o amor que sentia era tão grande que às vezes achava que meu peito ia explodir a menina mamava que era uma beleza ficava cada dia mais gordinha com aquelas perninhas roliças que dava vontade de morder e quando o Mariano chegava em Casa Nossa a saletinha ficava toda ouriçada os olhinhos dela brilhavam e ela se remexia
toda no berço Como se quisesse pular nos braços do pai era uma cena que aquecia meu coração olha só como a vida engraçada a nossa pequena mal tinha feito um aninho e eu já tava de barriga de novo parecia que a cegonha tinha feito ninho lá em casa nessa época o Mariano Andava todo empolgado com a ideia de trocar de caminhão ele ficava horas falando daquilo os olhos brilhando um dia ele chegou em casa com uma novidade tinha achado o caminhão dos sonhos Dele ave maria era uma belezura grandão todo reluzente o Mariano deu aquele
Caminhão velho de entrada e inteirou o resto com o dinheirinho que a gente tinha juntado com tanto custo eu fiquei com o coração apertado de ver nossas economias indo embora Afinal ainda pagar aluguel mas ver a alegria dele compensava tudo eu confiava no meu marido não demorou muito e o Mariano recebeu uma proposta de trabalho Nova Era para fazer viagens mais longe entregando carga em outras cidades vizinhas por um lado Era bom porque ia ganhar mais por outro Ai meu Deus significava que ele ia ficar mais tempo longe de casa quando ele me contou senti
um baque imagina só eu ali barriguda cuidando de uma criança pequena e agora o Mariano ia ficar fora por duas semanas seguidas mas que é que eu podia fazer a gente precisava do dinheiro e ele estava todo animado com o caminhão novo engoli o choro e dei força para ele e assim começou nossa nova rotina o Mariano saía numa segunda-feira carregado de saudade e promessas de voltar logo eu ficava ali contando os dias no calendário cuidando da nossa menina e sentindo o outro bebê crescer na barriga as duas semanas pareciam não passar nunca quando ele
voltava era uma festa a menininha corria pros braços dele eu chorava de alegria mas logo chegava o domingo à noite e lá ia ele de novo deixando um vazio do tamanho do mundo quando tava chegando perto do bebê nascer o Mariano deu um jeito de ficar mais tempo em casa graças a Deus ele não perdeu o nascimento da J nossa segunda princesinha Ah que dia aquele ela veio ao mundo Numa manhã de Primavera linda e saudável que só vendo o Mariano chorava que nem menino segurando ela no colo aquela foi uma época difícil viu eu
me via cuidando das pequenas praticamente sozinha era puxado demais a Salete já estava com 4 anos uma menina esperta e cheia de energia eu passava o dia correndo atrás dela e da irmãzinha menor trocando fralda fazendo comida limpando a casa às vezes quando deitava à noite sentia o corpo todo dolorido de tanto trabalhar foi nessa época que o Mariano chegou em casa um dia todo animado dizendo que tinha uma ótima notícia lembro como se fosse hoje ele entrou pela porta com um sorriso de orelha na orelha disse que ia alugar um barracão grande na cidade
e começar um negócio próprio a ideia dele era contratar uns amigos que já tinham seus próprios caminhões para fazer as viagens o Mariano não viajaria mais ficaria na cidade cuidando dos contatos com as empresas ele explicou que pagaria os motoristas e ficaria com uma parte do lucro na hora achei que era um ótimo negócio pensei comigo finalmente as coisas vão melhorar pra gente e foi assim que aconteceu o Mariano alugou o barracão um lugar grande e vazio que logo encheu de caixas papéis e um telefone que não parava de tocar ele passava o dia todo
lá fazendo contas conversando com os motoristas negociando fretes chegava em casa tarde da noite cansado mas com os olhos brilhando de empolgação no começo foi difícil o dinheiro era curto e a gente tinha que se virar com o pouco que entrava eu continuava cuidando das meninas e da casa agora com a preocupação de ver se o negócio ia dar certo às vezes deitada na cama à noite eu ouvia o Mariano resmungando fazendo contas preocupado se ia ter dinheiro para pagar os motoristas no fim do mês mas aos poucos as coisas foram melhorando o telefone tocava
mais os caminhões iam e vinham carregados e o Mariano começou a relaxar um pouco ele até começou a trazer uns presentinhos PR casa de vez em quando uma boneca Salete um vestidinho novo para Júlia olhando para trás agora vejo que aquela mudança foi o começo de uma nova fase na nossa vida o Mariano não viajava mais é verdade mas também não estava mais em casa passava o dia todo naquele Barracão voltava tarde sempre com a cabeça cheia de problemas do trabalho mas pelo menos ele dormia comigo todas as noites bom foi aí que tive uma
ideia colocar as crianças na escolinha e me oferecer para ajudar no galpão atendendo o telefone no começo o Mariano torceu o nariz tinha ciúmes sabe lá só tinha homem e ele achava que não era lugar para mim mas eu esperta que só fui logo providenciando a escolinha pertinho do galpão assim eu aparecia lá como quem não quer nada e dava umas ideias aqui atendia um telefone ali aos pouquinhos fui me infiltrando sem ele nem perceber e Olha só que coisa o Mariano começou a voltar menos cansado para casa mas o melhor ainda tava por vir
tinha uma transportadora Grande que o Mariano sonhava em fechar contrato mas não conseguia de jeito nenhum o homem que era o dono de lá nem queria conversa com a gente num dia quando o Mariano saiu para entregar umas coisas eu peguei e liguei escondido para essa transportadora pedi para conversar com o dono seu Marcelo falei que era uma empresa pequena assim mas era um negócio de família aí soltei a pergunta o senhor nasceu em berço de ouro O homem ficou meio sem jeito continuei se não nasceu deve saber que todo mundo começa de baixo se
o senhor não nos der uma chance alguém vai dar no futuro e o senhor vai se arrepender O homem ficou calado um tempão Achei que tinha desligado na minha cara mas aí ele disse que ia pensar no assunto três dias de agonia viu eu guardei aquele segredo não falei nada pro Mariano com medo de ele brigar comigo dizer que eu estava se metendo demais em seus negócios no terceiro dia depois de levar as meninas pra escolinha cheguei no galpão e quase caí para trás o Mariano tava lá todo animado me abraçando E agradecendo o seu
Marcelo dono da transportadora tinha ligado dizendo que ia fechar contrato de um ano com a gente disse que foi por causa da proposta que eu fiz naquela hora minha filha vi nos olhos do Mariano um brilho diferente não era só gratidão Não era como se ele tivesse me enxergado de verdade pela primeira vez a gente se abraçou ali mesmo no meio do galpão com todo mundo olhando e pulamos de alegria Foi um momento tão bonito que até hoje tantos anos depois me emociono só de lembrar aquele dia mudou muita coisa na nossa vida o Mariano
começou a me ver não só como a mulher dele mas como uma parceira de verdade a gente começou a tomar as decisões juntos ele valorizava muito a minha opinião era como se tivesse nascido uma nova Jane empreendedora olha só o que aconteceu depois parece até mentira viu nosso negocinho foi crescendo crescendo que nem fermento no bolo logo logo ficamos famosos na região toda o espertalhão que só ele começou a usar nosso CNPJ para comprar caminhão mais barato aí contratava os motoristas a frota foi aumentando naturalmente nesse meio tempo fiquei de barriga nasceu Nosso caçulinha o
hobson Ave Maria que alegria fiquei um tempinho em casa cuidando dele a gente decidiu que tava na hora de sair do aluguel Compramos uma casinha financiada por 30 anosem que antes mesmo do Robson fazer 10 anos a gente já tinha quitado tudo foi uma festa só e não é que a coisa foi melhorando cada vez mais antes dos 40 já éramos considerados milionários imagina só nós que viemos lá debaixo com aquele passado que você sabe bem como foi estávamos agora com cinco grandes transportadoras espalhadas pelo Brasil Compramos uma mansão viu eu que cresci dormindo em
quarto apertado com os irmãos agora vivia que nem Madame as crianças também tinham de tudo mas olha a gente não queria criar filho folgado não de vez em quando levava eles pro trabalho para ir aprendendo o valor do suor do dinheiro era engraçado ver aquelas criança criada no conforto de repente tendo que acordar cedinho para ir pro depósito ver como funcionava o negócio o Mariano fazia questão de ensinar tudo desde pequenininho dizia que filho nosso tinha que saber o que é trabalho duro para dar valor no que a gente conquistou Mas sabe por mais que
a gente tivesse dinheiro eu nunca esqueci de onde vim sempre que podia ajudava a família os vizinhos antigos fazia questão de ir na missa todo domingo agradecer a Deus por tudo que a gente tinha conseguido às vezes sentada naquela mansão enorme eu ficava lembrando da menina pobrezinha que eu fui ajudando a mãe a fazer bolo para vender parecia que tinha sido em outra vida mas sabe de uma coisa por mais conforto que a gente tivesse o que me deixava mais feliz era ver a família unida todo mundo com saúde isso sim era riqueza de verdade
Olha só como A Vida Dá Voltas Depois de tanto perrengue a gente conseguiu comprar uma casa bonita na cidade pros meus pais Ave Maria que alegria ver meu pai e minha mãe já velhinho morando num lugar decente depois de tanta luta era de encher os olhos d' água meus irmãos graças a Deus todos se casaram uns melhor outros pior mas estavam encaminhados na vida já a família do Mariano coitados parecia que tinham nascido com uma nuvem Preta em cima da cabeça alguns dos irmãos dele vieram trabalhar com a gente Isso foi antes mesmo da gente
ficar rico sabe a gente queria ajudar dar uma chance para eles mas aí minha filha aconteceu uma coisa que até hoje me dói o coração de lembrar o Jaime irmão do Mariano sofreu um acidente na estrada Foi numa curva perigosa da BR dessas que a gente sempre falava para tomar cuidado ele não voltou para casa nossa senhora que tristeza o Jaime era tão Novo cheio de vida deixou dois filhinhos pequenos um menininho de 4 anos e uma bebezinha de nem um ano ainda tava começando a ganhar um dinheirinho bom no trabalho com caminhão fazendo planos
e de repente num piscar de olhos tudo acabou você precisava ver o Mariano no velório parecia que tinham arrancado um pedaço dele ficou lá parado olhando pro caixão do irmão Sem derramar uma lágrima Mas eu conhecia meu marido sabia que por dentro ele tava Despedaçado Sabe às vezes eu pensava que o Mariano carregava o peso do mundo nas parcia que a vida dele era marcada por dor uma atrás da outra primeiro aquela infância sofrida depois a Telma a mãezinha dele e agora o Jaime era como se o destino tivesse escolhido exatamente aquela família para sofrer
depois do acidente a gente acolheu a viúva do Jaime e as crianças que mais a gente podia fazer eram família né o Mariano se empenou em cuidar dos sobrinhos como se fossem acho que era um jeito dele lidar com a culpa porque ele se culpava sabe achava que se não tivesse chamado o Jaime para trabalhar com a gente nada disso teria acontecido Ah minha filha a vida é uma caixinha de surpresas viu a gente acha que tá tudo bem que finalmente as coisas tá melhorando e de repente vem uma rasteira dessas mas fazer o qu
a gente tinha que seguir em frente né pelos que ficaram pelos negócios pela fam bom meus queridos Essa foi a história da minha vida que eu quis compartilhar com vocês não foi fácil reviver tudo isso viu Tem hora que a gente pensa que o passado ficou para trás mas ele sempre encontra um jeito de voltar e mexer com a cabeça da gente espero que essa história tenha tocado o coração de vocês de alguma forma se você ainda não se inscreveu no canal Por que não faz isso agora Tem muitas outras histórias de nós os mais
velhos que podem ensinar algo para vocês deixa o seu like também ele é muito importante e se você gostou dessa reflexão tem vários outros vídeos aqui no canal dá uma olhada e escolhe outro para assistir Quem sabe você não encontra uma história parecida com a sua ou aprende algo novo com as experiências de nós os avós obrigada por me ouvir às vezes tudo que a gente precisa é de alguém para escutar nossa história fiquem com Deus e até a próxima