Documentário 'Carne, Osso' - filme completo

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Repórter Brasil
Quem trabalha em um frigorífico se depara diariamente com uma série de riscos que a maior parte das ...
Video Transcript:
[Música] imagina 8 horas numa mesa né direto fazendo só aquele movimento ali né Aqua aquele mexendo com os braços coisa assim né ah todo dia eu pegava a faca e ia desossar tirava a carne do osso Seria a mesma atividade o dia inteiro de manhã até final da [Música] tarde é que tinha que tirar tipo a cartilagem de tirar os ossos do peito às vezes Tinha que abrir ele no meio às vezes quando era para exportação ele era o peito [Música] inteiro a gente tem que manter a esteira cheia sempre tem que ir a esteira cheia de carne preparadinha bem arrumadinha para que passe no no forno e saia na [Música] embalagem assim a gente tinha era umas mesas com número cada pessoa tinha o seu número cortar frango tirar coxa tirar asa tirar peito tirar carcaça examinando carcaça tinha que fazer em torno de 3. 700 por hora né sozinha então tem que ser um corte Preciso né tem que tirar bem a carne do osso não pode ficar carne tem que tirar cartilagem não pode ter cartilagem tem que cuidar para não rasgar a pele [Música] e tem que pegar aqui tchau mas tu tem que saber pendurar tu não pode dizer assim que caia pega o peito pega o lado da coxa coisa era 10 cubinhos mas era por segundo era muito muita carne muito muito não sei como te explicar tinha que encher 365. 000 Buraquinhos aqui lá aquela cobrança de produção produção produção faz a conta tem dia que eles fazem até 6 Tonel de peito recheado e coisa e ainda cobrando se tu desviasse prestasse atenção numa outra coisa tu não conseguia mais vencer o serviço depois era muito apurado muito apurado daí tu não conseguia vencer tu tinha que prestar atenção ali abaixar a cabeça e dar conta do [Música] recado se demorasse olha se sentasse uma mosca no rosto da gente não dava tempo ter fazer assim com a mão PR você tem que cumprir o que eles colocar na esteira eu acredito que era um seis segundos eu acho para você desossar uma [Música] peça por o ritmo é muito acelerado eh tem épocas que não mas aí tem épocas que eles firmam contrato de exportação lá tantas toneladas lá eles T que fazer aumenta a velocidade da linha e tem que tem que andar sem parar dava alguns segundinhos para tu aiar a faca né mas fazia em média de 4 C por por minuto eram 1 1800 carcaças por dia e é bem acelerado [Música] aquela esteira ela era ligeira você tinha que vencer ela [Música] né era muito rápido vinha muito rápido era muito muito rápido nós chegava 5:30 bati o cartão né você aí você tem o todo o procedimento para sentar d na empresa lavar as mãos né lavar as mãos com álcool lavar mão com uns produtos lá lavar a bota ali nós se preparava um pouco antes amola as facas via como é que tava o material de trabalho da gente e depois disso nós ia fazer a rotina mesmo do trabalho né oos serviço que tem que fazer no dia a dia né eles eles tinam que aumentar o abate o máximo por exemplo para matar pelo menos de 800 eles queriam tentar matar 1 boi antes do almoço entende que o abate parava entre 11:30 e meio-dia 11 11 11:30 E meio-dia então quanto mais eles diminuíssem para eles a meta de produção deles chegar tentar chegar até 1000 boi de manhã seria mais viável porque na parte da tarde sobraria menos entende ou seja conseguiria matar 1200 bois sem aumentar funcionário e sem aumentar a despesa de hora extra lá tem uma meta por mês entendeu tem uma meta por mês tem que fazer essa meta por mês entendeu aí para fechar essa essa meta tinha que acelerar e às vezes a gente acelerava se a gente não acelerada às vezes tinha que ficar fazendo hora esse para poder cumprir essa meta às vezes quando no final do mês fechava a produção ele aumentava a velocidade da máquina né para fechar a produção porque é o seg a gente batia o cartão cinco e pouco mas bate acabava depois da das 8 horas trabalhada início eles não pagavam H extra e era aquele rolo tem muita muitos amigos meu que que tá ainda na justiça contra eles né eu mesmo eu mesmo ainda tô né a respeito disso de hora extra tempo que eu trabalhei de faqueira e não não pagaram é prêmio essas coisas ainda tá ainda nós chegamos a agora aqui na frigorífico A ideia é fazer uma uma avaliação Geral das condições de trabalho e também da da parte de legislação né Principalmente a questão da jornada de trabalho o excesso de jornada é um um dos principais fatores de de do aumento do risco de acidente de trabalho nesse tipo de atividade também vai ser um foco da nossa da nossa inspeção mas a a ideia primeira mesmo é a gente avaliar as condições de trabalho aqui do do frigorífico aí presata eh vcan s Oi de novo não não a gente tá percebendo que você tá um pouco cansado trabalho mas desempenhava a função que era necessário pro corpo né o corpo tinha condições de desempenhar a função fazia aquele trabalho não era um trabalho para dizer assim ele empunhava um trabalho em cima da gente trabalho que você não conseguisse fazer né a gente forçava mesmo mesmo quando ele falar moje eu quero 80 90 amassada aí a gente trabalhava um pouco a mais Mas dava para fazer é corrido né Tem parte é pesado entende e sem falar que você é um área de risco porque você imagina eu est trabalhando na plataforma aqui com você ó aqui do meu lado tem um faqueiro entende tem que fazer a a pata do boi ali carrear esfolar que fala com a faca aí do lado seu tem um outro outro faqueiro tem um alicate que depois que eu solto corrão o outro esfola passa eu passava para ele a pata ele cortava no alicate esse mocotó para ele fazer a outra parte dele você toma os seus devidos cuidado ali você aprende ali você procura trabalhar entende mas é o grau de dificuldade é grande a a a condição estrutural do do prédio não é adequada para uma produção de um frigorífico sim para um abatedor que abate 80 60 100 cabeças dias no máximo e eles abatem 400 cabeças com essa estrutura precária de delimitação física entendeu Você percebe sobrecarga de trabalho de alguns trabalhadores entendeu então é um problema estrutural proximidade muito grande de trabalhadores trabalhando com faca né ah a questão da prevenção com relação à Queda em altura os postos trabalho não existe a sobrecarga física o o problema estrutural de coleta no piso da do da do sangue da Graxa da Graxa que cai no sangue que não coleta adequadamente o cara pode [Música] escorregar é um serviço estressante entende é um serviço desgastante porque ali Você trabalha do lado estufa que tem calor você trabalha eh sob pressão né o pai de família que tá ali ele depende do emprego Então por mais que ele reclama ele fala pro pessoal de comissão de CIPA de técnico ali ele também tem um medo né tem um receio dele porque ele fica cobrando cobrando ele não vê solução dele depois ele começa a cobrar aí a pessoa começa mudar ele de setor de serviço então ele tem o receio de ser mandado embora duas vezes ao dia tinha ginástica mas acho que era uns dois minutinhos mas você não tinha tempo você fazia ali mesmo onde você tava trabalhando Ah daí tinha instrutor lá daí fazia uns alongamentos parava uns 5 10 minutinhos né E daí fazia os alongamentos os braços as pernas costas porque a gente fazia uns exercícios uns aquecimento antes de começara o trabalho mas mesmo assim tinha dias que E você já chegava cansado nem sempre tu chegava no trabalho recuperado do do dia anterior [Música] a gente começou desando três cox meia depois quando eu saí de lá quando nesses 11 anos que passou cada vez eles exigiam mais quanto mais estudava a conta mais eles queriam que tu desse produção eu já desava sete coxas por [Música] minuto simplesmente a cronoanálise levou assim não se você faz em 15 segundos essa tarefa você faz quatro vezes isso em um minuto bom se você faz isso em um minuto você você vai fazer isso em ele reprojeto por uma hora e por uma jornada e isso foi introduzido assim de uma forma eminentemente de uma vista vista da produção não se questionou o o o custo de manter esse sistema por exemplo uma desossa de de perna de de frango por exemplo tem 12 cortes né e mais seis outros movimentos pega a a perna atira o osso atira a perna coloca o produto então esses 12 cortes em 15 segundos né 12 cortes em 15 [Música] segundos mais seis outros movimentos então são 18 movimentos para desar em 15 segundos uma perna de [Música] frango [Música] 12 cortes em 15 segundos mais seis outros movimentos então são 18 movimentos para desar em 15 segundos uma perna de frango que é coxo sobre coxo é extremamente comum encontrarmos trabalhadores no setor de frigoríficos exercendo de 80 a 120 movimentos em um único minuto estudos médicos dão conta de que até 35 movimentos por minuto se está dentro de um padrão de segurança para a saúde do Trabalhador portanto nós estamos falando de três vezes mais movimentos em um único minuto do que esse limite considerado seguro uns n desça nem um almoçar tipo assim para tirar o show se não tirasse não ia nem almoçar tinha que vencer então levava O Show daí acende a luz tem uma luz né daí acente aquela luz lá o cara que tá abastecendo ali no meio ele vai abastecer Ah tu levou show vai em outra caixa em cima só que daí ele vai lá entrega o teu nome PR pro supervisor ó de Sara tal lá ela e aa lá levaram um show às vezes 1:15 da manhã tava lá dentro e não era contado nada porque daí não passava cachar o guarda liberava catr nó I embora isso aí não era nunca vinha no pagamento [Música] eu acordava às 2 horas da manhã pegava condução às 3 horas da manhã chegava na empresa eu primeiro tinha que me trocar me arrumar quando tava pronta pro trabalho aí sim bateu o ponto aí o teu ritmo de trabalho ele já vai diminuindo porque tu já vai ficando mais cansado já vai surgindo algum problema né então ali eu já tinha a sensação de que eu tava me sentindo mal lá dentro né tinha dias que eu chegava na empresa eu me arrependia porque que eu tinha ido mas mesmo assim eu nunca deixava de ir né porque eu sabia que eu tinha meus filhos para sustentar e eu era sozinha que tinha tinha que trabalhar porque eu era sozinha para sustentar os filhos [Música] né muitas vezes a gente trabalhava sobre aão a pressão do encarregado Às vezes a gente fazia tava fazendo já o possível mas ele queria mais o que mata eles é cobrança e cobrança e cobrança né porque eu pensava assim eu chego lá e eu pensava assim eu chego lá e trabalho depois que eu peguei a manha da coisa né digo né Não sem demora vem um tem que fazer isso o outro vem te cobra eu lembro assim que tinha dia assim que a pressão era tão grande que às vezes vinha japonês visitar as pessoas de fora que comprava o produto eles te cobrava tanto tanto tanto assim que aquilo ali tu Chegava a tremer quando eles chegava em cima de ti assim ó te cobrar era muito nervosismo a pessoa não aguentava sabe ouvir tanta coisa e não poder dizer nada porque se dissesse alguma coisa capaz até ter botar pra rua né então tu tinha que ouvir Tá quietinho ali e por isso ficava guardando tudo pra gente daí claro que fica doente né porque o serviço era muito pressionado era muito uma caixa de coxa e sobrecoxa de 20 kg a gente cortar em 6 minutos 6 minutos e meio então era muita pressão entende então você não tinha como você dizer meu Deus se tu olhar pro lado ali ir no banheiro o teu show virava então é 20 kg de coxo para te cortar em duas um tachão para te cortar em 6 minutos 5 minutos então é daí eu olhava para que o lá já estava meio doente já tava bastante doente comecei a chorar disse eu não aguento mais eu vou morrer aqui dentro Eu tinha até medo de que fosse mandada embora né porque eu sabia que a pessoa quando começava a se afastar por causa de problemas de saúde Principalmente quando é problema na na junta do braço ou coluna A empresa demite e é que nem eu falei antes já né Eu como eu tava sozinha Tinha que trabalhar para sustentar os filhos e eu não não queria testado até muitas vezes eu falava pro médico né Eu não vim trabalhar consultar para pegar testado eu quero me tratar porque eu quero que alivie a dor porque nós adianta eu me afastar e ficar sentindo dor porque ao mesmo tempo que eu sentia dor eu sabia que eu tinha que trabalhar então era muitas vezes levantar 2 horas da manhã sem ter dormido na verdade deitado mas não conseguido dormir [Música] a indústria frigorífica é orgulho para nós no mundo porque nós ganhamos muito mercado né no mundo todo estado tem interesse porque emprega muito uma cadeia muito longa né e o Estado tem interesse que essas empresas consigam cada vez ficar maiores né Eh interesse da sociedade só que elas tem que chegou a hora de se voltar para essas questões também o mesmo estado brasileiro que quer deseja e estimula o crescimento econômico tem que também contabilizar entre os gastos né essas esses acidentes e essas doenças são realmente os maiores contribuintes o que dão as empresas que dão maiores retornos eh de fpm para o município então ao mesmo tempo em que a gente eh está cobrando a empresa tem toda uma imagem perante essa comunidade e as autoridades municipais que não é o que a imagem que a fiscalização tem e não tinha muito que tu conversar com os companheiros a gente às vezes procurava fazer uma brincadeira entre a gente né tipo acumular as formas tipo atrapalhar quem tá pendurando para dar uma alisadinha assim né para tipo como é que eu vou dizer para relaxar um pouco a tensão do trabalho né porque tipo elas queriam nem que conversasse supervisora dia tá muita conversa e pouco trabalho e as mulheradas trabalhavam muito muita trabalhadeira da mesa é tudo fechado tu olha para um lado é tudo é um monte de gente trabalhando iroda é barulho é negcio daí ainda numas épocas eles começaram a proibir a conversa eu não podia nem conversar com o colega do lado porque diziam que atrapalhava e tal eu você ficava o dia inteiro lá nemum muda lá dentro né eu você fica atus Liv chegava no fim do dia um estress do [ __ ] não para não pode olhar pro lado não dá para ir no banheiro né foi mais que duas vezes no banheiro ou já vai pro escritório passou dos 5 minutos vai pro escritório 5 minutos dá para você subir só as escadaria chegar até o vestiário das mulheres na 5 minutos tu não tem liberdade para tu ir no banheiro tu não pode ir sem tu pedir ordem pro supervisor teu encarregado teu isso aí é é é Cruela disso aí e tem gente que até louco fica lá dentro Eu eu tipo assim eu começava a chorar eu não não queria mais ficar lá dentro até um dia eu disse para meu marido não vou mais trabalhar e acabou eu eu sempre achava que a depressão era um uma uma uma farça da pessoa ass pensava assim né isso eu tinha comigo né digo que não pode né em vez não né aquilo vai vai vai que te leva e queira não queira mas você conversa com o médico serviço médico dessas empresas não todo caso de depressão de frigorífica é porque brigou com o marido porque o marido traiu a mulher traiu não sei o que morreu o pai morreu a mãe morreu a tia morreu o vizinho quer dizer eles neg aquilo que eu comento é o processo de negação isso não existe depressão não é culpa do trabalho e eu achei que não existia depressão e ela é desgraçada eu tava enterado que nós podemos perceber no judiciário trabalhista que o volume de transtornos mentais relacionado ao trabalho doenças neurológicas relacionadas ao trabalho ou doenças em geral tem aumentado aumentado bastante e especialmente por essa conduta febril e a produtividade acelerada essa competitividade intensa [Música] l é eu tive eh problema de de tendinite né problema muscular devido ao ao trabalho repetitivo ali na na prensa para poder dar vencer a velocidade que a nora tinha né quando deu uns 5 anos comecei a sentir dor né e cada vez eu fazia uma coisa os médicos davam que não não tem nada agora por fim foi fui apertando né deu um monte de coisa lá o seguinte tenho tudos os exames ali né deu C4 C5 nas costas derramamento no ombro eu não saberia nem assim chutar um número mas é é alto É alto é uma porcentagem bem grande assim de 80% mais ou menos do público atendido na reabilitação aqui na região é de frigoríficos ainda é um pouco difícil porque o círculo vicioso ele já foi criado né o trabalhador adoece vem para NSS E se ele não consegue retornar ele fica aqui e as empresas vão contratando outras pessoas Então já criou um círculo que agora para desfazer né não é tão rápido e fácil todo dia a enfermaria tava cheia cheia de gente cheia num dia assim faltava 10 pessoas e tu sabia que realmente estava doente porque às vezes tu tava assim tu olhava para aquela pessoa ela tava até roxa de tanta febre no começo parece que ela não dorme direito então mas aí chega o fim de semana ela dá uma descansada aí depois Com o tempo ela percebe que não que mesmo os fins de semana não são suficientes para que ela se restabeleça seja do ponto de vista físico e seja do ponto de vista psíquico começa a sentir mais cansaço aí dores localizadas não Começo E essas dores vão se generalizando tendinites epicondilites problemas de ombro cotovelo punho pescoço muita exigência né assim Acho que tem a questão também do levantamento e transporte de cargas nessas empresas eh a própria posição né é assumida nas linhas de produção às vezes muito tempo em pé muito tempo sentado né somado as temperaturas Frias e também a gente encontra um grande quadro de Sofrimento psíquico associado existem alguma coincidência aí ou isso realmente decorre do fato de trabalhar porque existe uma possibilidade de coincidência de acaso mas será que o acaso alcança tantas pessoas e num número tão grande quando comparado a 30 milhões de trabalhadores 5 milhões de empresas 1300 segmentos econômicos então primeiro passo nosso foi fazer um mapeamento epidemiológico a pesquisa mais expressiva que nós temos em nível nacional é a da Previdência Social Isto é é o banco de dados da Previdência Social o mercado de trabalho no setor de frigoríficos emprega mais de 750.
000 pessoas nesse país 250. 000 no setor de abate de bovinos e mais de meio milhão de trabalhadores no setor de abate de aves e suínos essa população se expõe tal qual as demais populações concorda trabalhar em banco trabalhar em hospital livraria Comércio Serviço enfim existe um adoecimento que é esperado baixo tá vivo você destacando o segmento 10 11 que é a bate de rees onde se insere frigorífico você verifica que queimaduras e corrosões tem seis vezes mais doentes com Queimados por queimadura do quando comparado com os demais trabalhadores chega 596 o excesso de risco brincadeira abate de aves suínos pequenos animais para plexos nervosos sinit do carpo o excesso de risco é de 743 o excesso de risco isso par plexo nervoso tanto que o médico do trabalho insistiu ele eu precisava de um tempo para me me recuperar E para ele esse tempo para ele não existia essa doença eu praticamente ia procurar ele cada semana né E era Diclofenaco de Sódio era antiinflamatório era o que ele fazia e várias pessoas se queixavam porque todo mundo ia lá consultar o que ele fazia era dava um declofenaco e tudo bem mandava trabalhar ele nunca mandou fazer um um exame um raio X Ele nunca mandou fazer tudo que tu tinha declofenaco acalmava ah falava assim hoje tu vai consultar com o dor declofenaco porque era só isso que ele dava mesmo pra gente tomar então o apelido dele era esse Doutor de clofenac Doutor declofenaco acho que é tava com alguma coisa era declofenaco do sódio e tu tu só recebe o golpe Quando tu vai ser mandado embora daquela maneira né porque eu achei que eu nunca tinha trabalhado C assim nada que a gente fosse variz né então pode acontecer para qualquer um mas eles podiam que nem me deixar fazer uma perícia ou encaminhar pro incs ou né uma coisa assim eles não me deram Liberdade aquilo que para mim foi foi chocante né porque daí então assim eles me jogaram fora Nem só eu quantos né então não posso dizer que foi o único né né durante o tempo que você tá lá com saúde e tal você serve para eles né Depois quando começa a dar problema de saúde daí você é um estorvo na empresa né eles dão um jeito de de tirar você fora da do grupo teria vontade de chegar numa firma pedir um emprego né para trabalhar eu vou lá trabalhar um diais não vou mais eu acho que né hoje hoje em dia tudo tudo com os exames né fazer exame da coluna vão ver desde eu andar né tudo torto que nemum né esse é um problema e é de interesse do conjunto da sociedade não é só de um setor o Estado tem que se posicionar não se pode fazer de forma tão impune ações que levam ento tem incapacidade gente tantos trabalhadores a carre tira ela se prendia um na outra e quando uma perna ia a outra ficava parada então quando a outra chegava de escapar o boi vinha vinha com tudo a foi ia i era avisado PR para est mudando isso foi avisado pros teros granas para est mexendo nisso aí né para est deixando legal pra gente trabalhar de uma forma melhor né E não foi e não foi feito aí nesse dia aconteceu isso aí escapou quando o boi veio eu tava tirando a pata dianteira dele foi onde ele bateu no meu braço direito que é o braço da faca né e no outro eu tava segurando foi onde a faca atingiu o meu braço esquerdo que foi feio o negócio que cortou feio mesmo e aí eu perdi o movimento desse do do quarto e do quinto dedo e até hoje eu não tenho não tenho movimento mais 100% 120 pontos por dentro e por fora quando eu fui mandada embora da da da empresa eu fazia mais menos um mês e meio que eu tinha feito cirurgia no pé aí fiquei 15 dias afastada e retornei Quando fiquei acho que CCO dias que eu trabalhei no setor daí eu fui mandado embora tem gente adoecendo vamos trabalhar em cima disso eles não estão fazendo porque o que acontece é mais barato começa adoecer des demite e é o que a gente tem visto vai lá começa vai vai começou ADC ADC Rua Chama outro um tempo a doe rua Chama outro a a rotação é muito alta dessas empresas né a o a História Natural da doença faz com que a medicina do trabalho use essa essa distância entre o início e o do trabalho e início da doença como tempo de troca de pessoal mas só que é uma coisa assim bem difícil porque a pessoa que se criou no caso desde criança trabalhando hoje eu tô apenas com 48 anos eu teria muito tempo para trabalhar ainda né se sentir sem força mais não é fácil Olha eu já tive época que eu não conseguia mexer uma panela Olha eu para ser bem sincera te dizer como quando eu saí de lá o meu supervisor ainda me açou se eu colocasse a empresa na justiça que eu tinha direito de né se eu colocasse isso eu tinha direito de indenização porque eu fui demitida com problemas mas eu não queria eu a primeira coisa que eu pensei em não prejudicar meus filhos que estavam lá né porque eu já tinha sido demitida então se eu colocar na justiça meus filhos também vão ser demitidos o rapaz que que é o mais velho dos meninos no caso tava com se mes empresa vocês falaram que eles jamais iam pegar meus parentes né parente dele nem minha filha né nem a filha dele Eles não iam pegar na empresa quando ela ia para serviço tanto que eu procurei outras empresas para trabalhar depois né só que eu era assim passava em todos os outros exames só não passa no raio x da coluna porque daí quem já trabalhou em frigorífico tu tem que fazer a raio x da coluna braço né um monte de de de raio x tu tem que fazer então todos os raios X apresentam problema [Música] muitas vezes eu me queixo que por não poder mais trabalhar né aí diz ó mais velha diz eu acho que dava pra mãe parar de pensar em só trabalhar mãe já trabalhou tempo que que tinha que trabalhar mãe já criou os filhos Já fez tudo por nós agora deixa que nós trabalhamos mas eu me sinto mal me em casa daí eu não saio nem dos vizinhos passear tomar um Chimarrão porque eu me parece assim eu me sinto envergonhada de não tá trabalhando eu me sinto assim bem mal mesmo não poder trabalhar hoje muitas vezes eu me arrependo sabe porque que eu trabalhei tanto de me arrebentar trabalhar e hoje tô né sem condições de trabalhar e não tenho renda nenhuma é não é fácil [Música] ó hoje agora tô fazendo tô fazendo tô fazendo bico né n porque eu não posso trabalhar registrado porque as empresas vê isso já quer mandar um embora né aí o que acontece eu tô fazendo bico né tô fazendo bico no fazendo meio fio né fazendo meio fio mexendo com asfalto né aí tive que aprender trabalhar de novo segurado de outro jeito para mim poder trabalhar né para mim poder tá tá no meu dia fazer meu dia a dia normal né é a profissão que eu que eu aprendi né Quase que eu tive que sair dela por causa desse acidente mas assim eu não tenho tanto estudo assim não Sou formada em nada então a única coisa que com o meu medo de me manter minha família aquilo dali eu tive que opinar por aquilo ali de novo né o cara não tem escolha cara quando você não tem escolha cara por uma coisa você tem que permanecer no que você sabe tem jeito ou aquilo ou então você vai roubar então melhor se trabalhar ali que o cara aprendeu ali aquele negócio ali ele se machuca tá certo mas é o serviço do cara ele tem que tem que fazer aquil ali de novo ele tem que tentar continuar para aquilo ali né ele ele até permanece ele fica com assustado igual eu fico de trabalhar de novo mas fazer o que né aqui esse esse bairro aqui no estado matogroso do Sul em Campo Grande São um bair onde reside Hoje os trabalhadores em na indústria frigorífica eles na esse bairro nasce aqui em 1970 Hoje nós estamos aí mais de 40 anos os trabalhadores Residem aqui na mesma situação trabalhador que começa como auxiliar na indústria virando desossador nessa indústria a dele é a mesma porque você tá verificando aqui que a mudança Não tem qualquer tipo de mudança na condição social dele são trabalhadores com nível de escolaridade muito baixa salário né muito baixo todo mundo queria queesse aumento S queriam cobrar né mas aumento não quer D para ser bem sincera aumento mesmo da empresa eu só tive um em 4 an sai 5 horas de casa e chega 4:4 da tarde para ganhar R 500 eu trabalhei 14 anos operador 6 que quase ganhava mais ganhava 97 970 pil a grande realidade que o nosso país nós precisamos discutir o modelo de produção de diminuir o número de horas que esses trabalhadores são colocado na produção Não tem outra situação hoje uma planta que deveria ter em torno de 2. 000 trabalhadores para bater 1000 1000 cabeças de gado ela tem a proporção de um por um na verdade você colocar um homem para desar um boi inteirinho sozinho ou muda o sistema de produção ou diminui o número de horas exposta essa situação de risco que hoje os trabalhadores n indústri frigorífica em qualquer lugar do país é exposto hoje então basicamente O que que tem que ser buscado o que que o ministério do trabalho tá buscando junto com o ministério público e tal que que estamos buscando é conscientizar as empresas que elas necessitam reprojetar essas tarefas que que é reprojetar as tarefas eh introduzir pausas para que exista uma recomposição nos tecidos dos membros superiores da coluna introduzir pausas e algumas vai ter que ter diminuição de ritmo de produção mas nós estamos hoje todo mundo chegando só no diagnóstico do setor as empresas ainda refratárias aesse diagnóstico na área de segurança e saúde essas grandes empresas o valor máximo da multa R 6.
000 6 7. 000 né ainda a nossa legislação prevê que ele quem paga paga com 50% de desconto ou seja se você lavrar 50 autos de infração num grande e uma grande unidade dessas Se ele pagar se o empregador pagar todas as multas vai dar 150. 000 is não faz vem cócegas para mudar o processo produtivo e a estrutura do da fiscalização poucos auditores você faz 50 aos infração numa unidade quando é que você vai retornar de Novo 1 ano 2 anos 3 anos quer dizer a mudança do processo produtivo custa muito mais do que 150.
000 Então paga as multas daqui 2 anos pagando de novo daqui 2 anos pagando de novo daqui TR anos pagamos de novo e não muda o processo Elas não querem porque se na vista simples diminui a produção Mas você ganha em uma série de outros outros cois menos rotatividade dos trabalhadores menos absenteísmo dos trabalhadores menos contingente mantido em casa com atestado de 1 a TR dias menos afastamento dos trabalhadores eh menos e substituição de trabalhadores quando eles se ausenta o meio ambiente do trabalho de um frigorífico é um meio ambiente agressivo aí você diria o seguinte mas dá para eliminar isso não não dá é um ambiente complexo por quê que ele lida com Inúmeras pessoas com grau de compreensão dos mais diversos é uma estrutura hierárquica complexa muitas vezes a pretensão da empresa hierárquica é boa mas ela não consegue fazer aquela ideia a pretensão do ambiente de trabalho sadil ultrapassar as barreiras da estrutura a portare da empresa fica mais de 15 M da entrada como é a indústria de alimento entende para chegar até o abate a pessoal da fiscalização eles tem que ir lá tem que trocar de roupa de fazer isso aí o que que acontece para eles entrar dentro da indústria se acontecer uma coisa tiver uma coisa errada lá até esse meia hora vamos supor que eles lev para chegar a 20 minutos até eles entrar lá dentro já arumou já mexeu já fez isso já fez aquilo entendeu [Música] eao n [Música] lar não sei por só quando tinha visita era mais lento eles mudavam a rotina do trabalho era bem mais lento não sei por que era assim só quando tinha visita é geralmente quando tem auditoria quando as linhas são tocadas a uma velocidade eles reduzem e colocam mais pessoal ou se a temperatura é muito frio eles eles aumentam a temperatura para que não que porque eles não pagam salubridade para tudo pessoal tinha dias que ela chegava a 8 gra né a gente eles falavam para nós que ficava entre 12 de 11 a 13 né mas não era bem isso a gente acompanhava o termômetro a gente só tinha um moleton não o dia da semana não lembro não mas o dia do acidente eu lembro foi dia 18 de fevereiro de 97 por volta de umas 7:30 8 horas da manhã mais ou menos eu não saía dentro de casa eu só ficava ali dentro do barraquinho senão D no quintal colocava a cabeça no portão ficava com vergonha al de das pessoas me ver daquele jeito até as pessoas que iam me visitar lá no começo eu procurava pedir para minha irmã para mim se esconder não fala que eu não tô é um impacto muito grande porque você aconteceu esse acidente eu tinha 26 anos 27 anos e toda vida fui acostumado trabalhar na roça desenvolver atividade com os dois braços aí foi que dificultou muito mesmo que até você e esquecer aquilo que você já passou e aprender uma nova vida é muito complicado e principalmente numa situação dessa do jeito que eu entrei na câmera fia e tava câmera tinha muito gelo e o gelo entrou na bota e quando eu fui subir a escada aqui eu liguei a máquina que eu fui subir a escada para poder operar a máquina quando cheguei no último dgal pisei escorreguei e caí dentro na máquina eu ia caindo com os dois braços aí tinha um ferro de lado assim aí ainda consegui segurar com esse braço aqui aí a máquina que eu apoiei com esse braço e pegou na rusca sem f e me puxou para dentro na máquina no tempo que eu tava lá cara eu vi quatro acidente feio né fe Que tipo de acidente acidente do cara e cortar o dedo na serra acidente do cara aa cortou a perna do cara tirou a perna dele fora acidente do rapaz também que perdeu o movimento do dedo no correntão tirando do boi e os demais é acidente pequeno assim de core de faca de dar em torno aí de 15 pontos 10 pontos essas coisas assim né eu eu não eu acho que eu não sou ninguém para dizer índice aqui entende mas se eles pesquisassem no Ministério de Trabalho na justiça do trabalho os órgãos que fiscalizam acidente de trabalho acidentes de auxílio doença e viesse aquele ambiente ali Eles teriam certeza que não é entende o a maravilha não é aquele Recursos Humano ali não deve funcionar por porque o in é grande traumatismo de cabeça duas vezes mais traumatismo de abdômen três vezes mais traumatismo de ombro e braço três vezes mais esses traumáticos já são clássicos né os traumáticos são clássicos a novidade aqui é que trouxe os crônicos né 209 A cada 100. 000 trabalhadores 209 terão algum tipo de doença relacionada a transtorno mental quando você vai pro segmento ave isso vai para 712 isso dá 3,41 vezes mais ok ave transtorno mental 3,41 vezes mais doentes nem para trno mental do que no demais segmentos econômicos só quem sabe é quem passou às vezes as pessoas presen de fora V fal coitado do Luna aí perdeu um braço mas fala da boca fora não sente não passa o que a gente passou e até hoje ainda passa o trabalho é o local que o empregado vai ganhar a vida não é local para encontrar a morte encontrar doenças ou mutilações e isso no Brasil infelizmente continua sendo uma questão séria H varas no trabalho nesse país em que mais da metade dos processos existentes são de trabalhadores que vieram do setor de frigoríficos se por um lado há todo um discurso por parte das empresas de melhoria das condições de trabalho a realidade os números não demonstram bem isso então a necessidade de atuação efetiva do Ministério Público dos órgãos de fiscalização e do Poder Judiciário para o estancamento dessas demandas e da melhoria das condições de trabalho desses trabalhadores vai ser bom para todo mundo para toda a cadeia produtiva porque essa empresa inclusive vai pagar menos tributo vai vai oferecer pro mercado uma propaganda honesta ó compre Minha Carne compre meu meu produto que além de bom bonito barato cheiroso gostoso ele não adoece o trabalhador que ele não contaminou o lençol freado que ele não poluiu o ar percebe é outra [Música] dimensão o pessoal da empresa eles me deram assistência poucos poucos dias depois também me abandonaram lá até os os planos que a gente tinha lá como por exemplo unim essas coisas M cortaram tudo E para finalizar eles me deixaram abandonado aí que eu fui correr atrás dos meus direitos mas isso já foi Calculo que um ano 2 anos segur trabalho é uma espécie de tributo uma contribuição social espécie de tributo Federal quem toma conta disso é Receita Federal do Brasil as empresas pagam isso todo mês em cima da folha salarial 1% 2 3% frigorífico e Ave paga 3% que presume que elas são de risco grave Ok então esse esse dinheiro essa grana cai na Receita Federal do Brasil cuja aplicação é específica para custear o INSS dos benefícios AC dentários Ok por outro lado nós temos a conta de de despesa quanto NS gasta com os alejados acidentados as viúvas de hoje a conta não fecha tem mais despesa do que ingresso O que as empresas produzem O que as empresas alimentam esse Seguro social seguro trabalho é 7 B menos do que elas produzem de doente elas produzem muito mais doente do que elas pagam o seguro e o que é dito pela mídia infelizmente é o rombo da Previdência pergunta Quem produz o rombo da Previdência essa pergunta fundamental porque uma coisa você olhar a quantidade de benefícios que o INSS paga outra coisa é perguntar por que chega tanto alejado no INSS essa pergunta correta honesta Por que se chega 2 milhões de trabalhadores no Brasil ano e a gente diz o seguinte olha como que a empresa não viu que esse empregado estava adoecendo ele se afastou por dois meses por um problema de uma inflamação nos tendões ele se afastou depois por mais três meses por inflamação dos tendões e normalmente voltava para o mesmo ambiente de trabalho né fazendo a mesma atividade tem frigorífico em que 20% da força de trabalho está adoecendo isso tá constatado em perícia judicial se nós projetarmos essa realidade para o mercado de trabalho de frigorífico nesse país são 90 90.
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