é a minha juventude eu diria que foi um período muito rico né um período de desabrochar da não só da vida mas eu diria de pensar a vida como futuro como possibilidade futuro o que era uma fase dos povos indígenas começando interagir com a modernidade com a sociedade Nacional eu diria com a sociedade Global então um jovem que nem eu aspirava muitíssimo sonhos muitos ideais não só ideais individuais ou coletivos da comunidade como pensar o Brasil como contribui para a nossa comunidade a nossa sociedade nacional e mundial diria assim eu diria que no âmbito indígena
é A Conquista dos direitos à educação a educação escolar Isso parece uma coisa trivial mas não é a antes da condição de 88 havia quase clareza e certeza na cultura da política brasileira de que o sim o direito à educação é Inclusive a escolarização era tratado com uma assistência no âmbito da FUNAI assistência significa se o gestor quer dar alguma coisa de mas não tem obrigação portanto os isso não tinham direito então acho que a conquista da construção para cá foi o determinante né de que a educação escolar para os indígenas é um direito e
efetivamente resultou disso que os sistemas de ensino as instituições públicas de ensino fizeram seu esforço dificilmente se encontra hoje no Brasil um uma aldeia sem algum tipo de educação escolar não nem digo de escola Porque infelizmente um texto dessas escolas indígenas no Brasil se aquece tem prédio possuem médico ou seja funciona de repente como nós estamos aqui debaixo de árvore no quintal a um tá peridian construído pelo pela comunidade não é e a educação a fazer uma educação que tem que ser diferente dos não-índios tem que contemplar as suas cosmologias as suas filosofias seus modos
de vida as suas línguas Nós não somos da língua portuguesa né Cada povo tem a sua língua essa ideia de que a nossa educação tem que prezar pela língua portuguesa porque somos um país que só tem uma língua oficial isso não é verdade né Nós temos ainda 180 línguas indígenas e alguns municípios como o meu só lugar da Cachoeira já mais de dez anos atrasado tô três línguas cooficiais no município portanto são línguas oficiais dentro do município e tudo isso hoje é amparado pela lei e a uma compreensão dos gestores Então eu acho que temos
sim sem dúvida nenhuma muita coisa nesses últimos 20 anos pouco mais pode condições de 88 para considerar como Conquista como o avanço da ser comemorados a ser garantido né a quantidade inclusive para manter-se direi eu acho que temos ainda gigantesco desafios né problemas serve para resolver para os indígenas por exemplo hoje querem participar das conquistas da modernidade um exemplo querem Conectar seu mundo o processo de educação hoje requer essa conexão com o mundo via internet por exemplo e apenas três por cento das escolas indígenas Têm algum tipo de acesso à internet né então esse tipo
de exclusão ainda precisa ser superado eu não digo que isso é um problema por exemplo do mundo do branco da modalidade do colonizador não isso envolve também os povos indígenas né eu tenho a compreensão de que a prática de racismo não é exclusividade do colonizador não é a por alguma razão histórica as nossas tradições as nossas culturas os nossos povos foram de algum modo sendo induzidos a prática de racismo os povos indígenas estão e eu acho que esse é o pior mal que teremos que enfrentar na educação brasileira obviamente que nesse embate as maiores vítimas
são aqueles que pertencem a segmentos mais frágil como os povos indígenas os quilombolas a as pessoas do glbt e assim por diante o que eu acho que de outra parte a gente avançou por exemplo acesso ensino superior os indígenas conquistaram esse direito hoje quase tem mais indígenas superior do que no ensino médio não dá para pensar uma educação com qualidade e Sem o sem a superação do preconceito da discriminação e do racismo o ensino médio como tal do mundo do branco na minha avaliação é basicamente um rito de passagem daí às vezes nem se tem
a identidade do ensino médio principalmente no Brasil a gente não sabe muito claramente Qual é a identidade do ensino médio para que ela serve muitos classificam apenas como um trampolim por exemplo para o ensino superior Na verdade acho que o jovem que sabe aproveitar É sim um rito de passagem fundamental para a vida não falam vestibular mas para a vida porque o momento é que você forma a identidade mas também todas as capacidades necessárias não somente capacidade técnica solução mas principalmente capacidade de Moraes capacidades espirituais para que aquele jovem para que aquele ser humano jovem
e possa estar habilitado competente para então encarar a vida como eu disse aqui como ela é né Nós indígenas banir somos muito concretos nós hein a vida como ela é não procuramos pintar a tanto possibilidades que não sejam na história milenar possíveis né Acho que o papel dos gestores é facilitar ou de alguma maneira criar oportunidade que favoreçam de certa maneira o combate a superação dessas desigualdades a toda uma cultura que precisa ser superado para isso seja no mundo indígena seja no mundo não indígena que é essa ideia e a dia responsabilidade pelos processos de
educação que passa então pela gestão acho que aí tem um embate entre a educação escolar indígena educação indígena Por que os índios entendem mesmo no campo da gestão essa responsabilidade coletiva voltada para o ser humano para a coletividade Então aí é muito mais fácil você tratar dessa questão da digitais diferencie ações e na visão individualista É muito difícil você combater essa desigualdade que você começa desde origem diferenciando Os alunos não é os alunos é que tem que necessitam de tratamentos especiais a os superdotados os menos dotados dos quase não dotados aqueles que têm enorme dificuldade
de por exemplo conseguir altas notas na isso vai diferenciando e diferenciado muitas vezes negativamente que gera desigualdades e injustiças no mundo indígena isso não ocorre porque os tratamentos são são coletivos não há muita diferenciação o que importa é o indivíduo enquanto parte de um grupo daí acho que a necessidade de se pensar como tratar isso no âmbito da gestão muitas vezes o gestor EA gestão é que amarrar as possibilidades de transformação Você tem uma cultura de patrimonialização individual né então é a minha Esse é o meu gestor E aí isso vai para a esfera ideológica
partidária e assim por diante que não tem nada a ver com efetivamente educação no sentido mais amplo né de da dignidade de dar a instrumentos de possibilidade de convivência para os quais os conhecimentos são fundamentais não acho que é um outro desafio enorme aqui no Brasil pela cultura bastante eu diria ditatorial que tem a nossa escola adicionalmente né basta olhar que a origem da do nosso processo escola vem de escolas missionárias não tem a gestão mais autoritária do que uma escola confessional acho que avançamos muito no Brasil Mas precisamos avançar mais ainda somos democratizar mas
isso significa olhar cada vez mais para a coletividade senão para os interesses particulares seja ele é de que gestão forno é parte da área de grupo ideológico e assim poder ir e eu tive sorte né de Ter iniciado por onde eu devia que foi ser professor da minha Aldeia quer dizer para ter Exatamente Essa raiz profunda dentro da minha cultura dentro do processo de educação depois experimentar um pouco de tudo do mundo do branco como funciona Exatamente exatamente para contribuir com essa conexão Depois de professor eu fui por exemplo o primeiro secretário de educação indígena
de um município dentro de um sistema público estamos falando de uma época que pouco tempo se dizia que o índio não podia assumir cargo como este porque pela nossa legislação o índio era incapaz né então acho que foi um dos primeiros que quebrou esse paradigma do ponto de vista da capacidade da confiabilidade do ponto de vista da competência né de gestão num sistema público depois foi um por seis anos coordenador-geral de educação indígena no Ministro de educação que o posto que cuida de toda a política nacional de educação escolar indígena e Mais atualmente numa pa
a gestão da Universidade Federal publica né É o caso da Universidade do Amazonas onde atualmente sou diretor de políticas afirmativas exatamente lidando com isso bom universidade para que para os rins não estão nós vamos tentando construir esse acesso e permanência na universidade de indígenas com mínimo de eu não diria prejuízo mas de tensões e conflitos e que esse acesso permanência de índios na universidade possa ser revertido como uma conquista aqui de fato contribui para a garantia dos direitos dos indígenas que significa praticamente a garantia de continuidade de uma vida digna de uma vida com qualidade
e de forma que eles queiram né são os conselhos particularmente o Conselho Nacional de Educação é continua sendo fundamental como garantia de voz de representação porque a único lugar onde a digamos as autoridades da educação brasileira os a decisão da educação brasileira podem ouvir é diretamente ou o índio Está apresentando a voz dos índios EA uma questão que geralmente é muito complexa para pensar política pública para os povos indígenas É que geralmente os formuladores e gestores e tomadores de decisões eles fazem isso a partir de gabinete que estão em grandes centros urbanos como Brasília São
Paulo Rio de Janeiro não tem nenhum conhecimento lá na ponta então geralmente eu nem diria para uma vontade mas por desconhecimento Toma decisões que não se aplicam aquela realidade então a participação nos conselhos permite fazer essa conexão não é um alerta maior e poderiam ser mais ainda fortalecido e melhorados se houvessem investimentos na qualificação dos participantes indígenas né dos mesmos indique participam desses conselhos que poucos têm ainda hoje a oportunidade de fazer é uma graduação e pós-graduação nós que convivemos diariamente com colega gestores em diferentes níveis de escola de Universidade percebemos o quanto de fato
a gente ainda tem muito forte o ranço desse autoritarismo né É muitas vezes o gestor ele usa a mão de ferro a com até boa intenção de não perder o controle sobre a ordem da sua escola quando olhei ao redor e noventa porcento dos meus pares professores e professores tem mais de 60 anos quizer fica claramente essa cultura ainda muito forte do poder que tem que ser controlado muitas vezes a força seguindo uma pedagogia a pedagogia e diria Paulo Freire e da opressão mesmo não é É então às vezes isso acaba tomando muito pouco tempo
então quizer Tem que haver acho que uma um avanço muito maior na mente e hoje tem a ver com processo de formação né Eu sou muito otimista que a gente está caminhando rapidamente para isso Acha virar uma nova geração de pedagogo de educadores e gestores com cada vez mais essa sensibilidade tem que ter sensibilidade não basta apenas ter a compreensão ter objetividade no estabelecimento de uma sensibilidade e competência como lidar com isso que não mundo indígena avançar cada vez mais da chamada autonomia da pedagogia ou seja fazer com que o processo educativo não seja mais
uma responsabilidade exclusiva nem preferencial das escolas para mim eu só acredito lógico na Perspectiva indígena que educação que tem que ser assumida pela comunidade acho que o maior erro que a educação escolar ocidental fez para ela própria e para outras sociedades é ter de alguma maneira destituído a família EA Comunidade dos e se uma família que às vezes tem um filho não dá conta de um filho como um professor vai cuidar de 40 50 60 alunos não acho que há uma incoerência ao se pensar nisso então eu apostaria nesse tipo de processo para o futuro
que acha que também no mundo dá um destacado cada vez mais avança nisso né nessa co-responsabilidade do processo educacional Eu imagino que cada vez mais então temos que relativizar esse modelo de profissionalização do professor enquanto responsabilidade pela educação eu conheço uma escola indígena no nordeste que não tem a figura de diretor são 39 escolas de um povo não tem um diretor porque tudo é assumido coletivamente colegiado da mente é uma maravilha tem resultados absolutamente é positivos né melhores do que a avaliação de outras escolas que não têm que não adota esse modelo da pedagogia coletiva
eu não diria que a necessidade de por exemplo anular o gestor o papel do gestor eu acho que a questão toda é o tipo de gestor nós temos um problema sério muito muito inclusive do campo da educação atualmente com o estou numa universidade que é dividida em várias disciplina portanto várias áreas de conhecimento a gente percebe claramente de certa maneira as fraquezas dos educadores uma delas se chamava absolutamente vaidade vai dar de individual do educador né E é isso que às vezes é transferida para o campo da gestão E então a gestão escolar acaba sendo
Refém de um personalismo do gestor acho que isso é que tem que ser superado você pode manter o gestor EA gestão coordenada por uma pessoa mas em que efetivamente a gestão seja coletiva no acho que no caso brasileiro Eu queria essa necessidade sair dos personalistas para fugir das vaidades individuais das escolas indígenas continuam com a figura do diretor Mas cada vez mais participativo e democrático para valer não apenas no nome Os Atuais de instrumentos de avaliação eu diria somos mais escuro dentre os demais discriminatórios possíveis e imagináveis porque Vejam uma contradição enorme que existe no
caso dos bani-la nossas escolas baniu a maioria são bilíngues e algumas são monolíngues na língua baniwa é isso assegurado o garantido pela constituição são os bandidos não estão fazendo nenhuma pirotecnia do ponto de vista do Direito São simplesmente seguindo o direito que conquistaram que é poderia ser bilíngue mas também podem ser monolíngues na educação básica por exemplo e muitas escolas são monolíngues algumas são lindos veja o problema é que quando vem as avaliações prova Brasil e nem todos nenhuma vem na língua indígena o correto era o Enem prova Brasil todos os outros quando forem fazer
avaliação dos alunos baniwa tinha que fazer e inclusive na língua para língua de de outro modo é absoluta exclusão absoluta negação do direito Então veja a origem né do programa Cidade avaliação o segundo a questão é que estamos avaliando o que de fato a sua absorção de XX conhecimento para passar depois na seleção do vestibular isso é muito reducionista porque não dá para dizer que todos os jovens ind a todos jovens baniwa querem ir para a graduação eu diria que hoje 95% Jorge barriga não querem ir para casa só tem um direito dele que querem
continuar a viver lá na sua terra com a sua cultura isso absolutamente autônomos e não precisam da faculdade Eles não precisam da graduação no centro da Universidade acho que o maior desafio dos processos de avaliação no Brasil diz respeito ao desrespeito é essa enorme diversidade societárias o grande problema é que hoje noutro alguns sonhos que eu acho que são quase impossíveis de serem realizadas o sonho de uma sociedade de paz de respeito sem discriminação sem racismo e isso me parece muito difícil para o tipo de sociedade de culturas tão vaidosas que temos né em que
curiosamente um parece que só se realiza quando nega o outro quando odeia o outro quando discrimina os porque eu consigo eu continuo vendo enorme dificuldade dos povos indígenas do Brasil terem um lugar a cidade né quando o óleo todos os dias em sendo assassinados brutalmente com no caso do Mato Grosso do Sul crianças né os Pistoleiros então na escola vamos lá mata uma criança a luz do dia coletivamente né que pensando caramba tá difícil né de conseguir um espaço Digno Para os povos indígenas Então o meu sonho seria por alguma razão Milagrosa essa humanidade se
entendesse né em que a solidariedade EA Fraternidade que nossas tradições indígenas tanto nos ensinam pudesse não chegar isso não é mas quem sabe né Milagres podem de fato acontecer mas não sou pessimista acredito e por isso o educador né educador não pode ser um pessimista embora tem que ser realista entender que é difícil mas tem que acreditar que é possível E aí a gente trabalha todo dia com as nossas crianças que os nossos jovens