Preste atenção nesse som. Ok, chega. Esse som foi feito para chamar sua atenção.
Funcionou pra você? Porque pra mim sim. E eu estou bem atento e também um pouco confuso.
Por que exatamente alguém tocaria esse som de propósito? O que você acabou de ouvir é o cabeçalho sonoro do sistema de alerta de emergência dos Estados Unidos. Quando algum tipo de emergência está pra acontecer, como o impacto de um furacão, esse som toca três vezes para indicar a emergência.
A mensagem sonora é replicada por vários canais de comunicação registrados para isso, incluindo canais de rádio e televisão. O cabeçalho sonoro tem como função chamar a atenção de qualquer pessoa que está ouvindo para a mensagem de voz que vem logo em seguida. Ela explica os detalhes da emergência.
E após essa explicação, outro som toca três vezes indicando o fim da mensagem. Por exemplo. .
. Maravilhoso! Apesar de conseguir chamar sua atenção, talvez o cabeçalho sonoro chame a atenção do jeito errado.
Ou, pelo menos, é isso que os estudos mais recentes sobre som e psicologia indicam. Sons podem ser muito mais poderosos do que a gente imaginava nos anos 80, que é quando esse alerta foi desenvolvido. Eu vou falar sobre o som de um jeito que vocês nunca ouviram.
Perdão pelo trocadilho. É que eu precisava de um jeito natural pra introduzir a Alura nesse vídeo. A amplitude de coisas que eu já aprendi com eles é incrível.
Recentemente eu fiz esse curso aqui do ChatGPT e eu amei. Aí eles decidiram fazer uma imersão Dev usando o Gemini, que é o IA da Google, e eu precisava vir contar pra vocês de primeira mão. É 100% gratuito e são 5 aulos pra você aprender a criar um projeto com HTML, CSS e JavaScript, do zero usando o apoio do Gemini.
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Um som produz vibrações repetidas que causam leves variações na pressão atmosférica e essas vibrações se propagam carregando o som com elas. Por exemplo, você tem cordas vocais na sua garganta. Quando você fala, os músculos das cordas vocais fazem as suas cordas vibrarem.
E as vibrações das cordas vocais fazem o ar da sua garganta vibrar e essas vibrações são modificadas quando passam pela sua boca. As vibrações que saem da sua garganta pela sua boca se propagam ao seu redor pelo ar atmosférico na velocidade do som, mais ou menos 340 metros por segundo. E no caminho, essas vibrações podem encontrar o ouvido de outra pessoa.
A forma do ouvido é similar à de uma antena, e foca as vibrações sonoras da atmosfera no seu tímpano. E o tímpano é uma membrana sensível que capta a vibração do som e transmite essas vibrações mecânicas em um sinal elétrico que é transmitido para o seu cérebro através dos nervos correares. O seu cérebro processa os sinais elétricos e compara os sinais de cada ouvido para determinar a localização da origem do som e gerar a percepção sensorial do som.
Essa é a explicação fisiológica e física do ato de escutar e entender o que você está escutando. Mas além da percepção sensorial, o som também pode provocar emoções e sensações. A maneira como você reage a um som depende de uma série de fatores biológicos e pessoais.
Por exemplo, o cérebro humano é calibrado pela evolução para dar atenção a sons que parecem choros de bebês. Risadas e avortes das pessoas que nós gostamos podem trazer a sensação de calma. Sons associados com trauma podem disparar gatilhos e fazer pessoas reviverem esses traumas.
O som de um alarme matinal pode causar uma profunda irritação. O aspecto psicológico do som é poderoso, ainda mais porque nós não podemos escolher desligar os nossos ouvidos. Nós somos forçados a ouvir sons que acontecem próximos de nós, diferente de outros sentidos.
Um alarme luminoso pode ser ignorado se você estiver olhando para outra direção, ou se você estiver atrás de uma parede. Mas um som alto o suficiente vai atravessar uma parede e ele vai ser escutado por qualquer pessoa próxima. O que faz de sons excelentes formas de comunicar informações que não devem ser ignoradas.
Inclusive o cabeçalho sonoro de emergência americana, que eu mostrei no começo desse vídeo, tem como objetivo ser difícil de ignorar. As frequências usadas no cabeçalho estão bem no meio da capacidade auditiva humana. E também podem ser ouvidos por pessoas com problemas de audição.
de audição. E como vocês perceberam, o som não é harmônico como as notas de uma música são. Ele tenta impressar o que consegue de sons que humanos acham desconfortáveis, como o sodo de bebês.
Esse som quer chamar sua atenção. Ele quer te deixar em alerta e te irritar. E isso talvez não seja o ideal para um alarme de emergência.
Mas nós vamos entender o porquê disso. Melhor, sua música. Músicas causam reações emocionais.
A exata reação depende da música e de quem está escutando ela. Você provavelmente tem músicas que ama e músicas que prefere evitar. E essas mesmas reações emocionais podem ser usadas na prática para melhorar ou piorar o seu dia a dia.
Sendo um pouco simplistas, nós podemos classificar as reações emocionais a sons e músicas em um gráfico de duas dimensões. A direção vertical representa a excitação causada pela música. Quanto mais alto no gráfico, mais excitante é o som.
E quanto mais baixo, mais calmo ele é. Já o eixo horizontal mede a resposta emocional. O lado esquerdo representando emoções negativas, e o lado direito representando emoções positivas.
Quais músicas e estilos musicais estão em cada parte do gráfico varia de pessoa pra pessoa. Por exemplo, eu acho Radiohead estimulante e divertido. E, por outro lado, acho Death Metal meio desagradável.
Mas, novamente, isso é totalmente subjetivo. Fique à vontade pra discordar nos comentários. O que é interessante é que diferentes tipos de sons têm diferentes efeitos emocionais.
Sons estimulantes têm um efeito mensurável no sistema nervoso. E por conta disso, escutar uma música animada faz o seu corpo se preparar pra se mover. Já uma música animada com emoções negativas te deixa irritado.
Como escutar música alta no ônibus às seis da manhã só porque alguém se recusa a usar fone de ouvido. Já uma música pouco estimulante pode levar a emoções positivas na forma de relaxamento ou até tristeza. E sim, tristeza pode ser algo positivo para uma música.
Muitas músicas são tristes de propósito e são bem recebidas exatamente por isso. Existem pesquisas indicando que ouvir músicas tristes afeta a produção de certos hormônios que são conectados com a regulação de estresse, como por exemplo a prolactina. Os resultados ainda são bem preliminares, mas eles indicam que músicas podem ajudar na regulação emocional a nível fisiológico.
E isso não é nem de perto a única utilidade da música. Músicas animadas melhoram a sua performance atlética de forma significativa. Escutar músicas que te deixam animado aumenta o quão rápido você consegue correr, ou o quão pesados são os pesos que você consegue levantar na academia.
Os exatos mecanismos ainda estão sendo estudados. Uma das hipóteses de como isso acontece é que a música gera uma sensação de bem-estar que atrasa a resposta de cansaço do corpo e isso permite que o seu corpo continue performando em alta capacidade por mais tempo antes de os alertas internos de fadiga dispararem. Um terceiro exemplo de uso da música é ouvir música trabalhando ou estudando.
Não existem evidências de que ouvir músicas estudando ou trabalhando melhora a performance diretamente, mas existem evidências de que músicas melhoram a sensação geral de bem-estar durante esforços de longo prazo, desde que a música não seja uma distração ou irritação. Ou seja, ouvir música enquanto você estuda pode criar uma associação emocional positiva com os estudos. E isso talvez torne mais fácil você tolerar estudar por mais tempo sem se cansar ou se irritar, o que aumenta sua eficiência indiretamente.
Então sim, aquele lo-fi baixinho tocando no fundo pode ter efeitos positivos na sua performance a longo prazo. O que não quer dizer que você precisa ouvir música o tempo todo para sentir esses efeitos. Escutar músicas que você gosta durante as pausas entre sessões de trabalho ou estudo focado pode ter um efeito parecido.
O mapa do efeito da música não é só um mapa de como músicas afetam emoções, mas um mapa de como músicas podem afetar respostas fisiológicas. Sons podem mudar os tipos de químicos que atravessam o seu corpo ativamente, ou o quão bom você é levantando peso, ou o tipo de pensamentos que cruzam sua cabeça. O som certo pode forçar reações emocionais específicas ou comunicar informação de forma rápida.
E não é à toa que uma versão mais discreta disso é basicamente onipresente no mundo moderno. Muitas aplicações digitais, seja o seu celular, computador ou televisão, usam pequenos trechos sonoros para comunicar ou reforçar informações, como por exemplo aquele som de. .
. e de digitar num teclado de touchscreen. Basicamente tentando imitar o som de um teclado de verdade.
Nossa, o som aqui ficou perfeito. Ou um som agudo quando você tenta fazer uma operação em um computador travado, alertando que é melhor você esperar um pouco. Marcas como os serviços de streaming usam pequenos trechos sonoros como representações auditivas das suas marcas, que você talvez reconheça sem nem mesmo citar qual marca que é.
Esses pequenos trechos sonoros conseguem transmitir informação de uma forma bem discreta. Antes desse vídeo, eu nunca tinha parado pra pensar no quanto o meu cérebro associa sons a coisas específicas sem que eu notasse. Esses pequenos trechos de áudio úteis são chamados de earcons.
Uma mistura de ear, que significa ouvido em inglês, com a palavra icons, que significa ícones. Um dos principais usos de earcons é criar interfaces de áudio para facilitar o uso de aparelhos digitais por pessoas com algum problema de visão. Da mesma forma que deletar um arquivo ou copiar um texto podem ser associados a ícones gráficos, essas mesmas funções podem ser associadas a ícones sonoros.
Por exemplo, o som de um vidro quebrando é usado em alguns serviços como um earcon para deletar o arquivo. Os earcons podem ser tanto os sons mais abstratos, como um beat num ritmo específico, ou os sons que remetem a algo específico no mundo físico ao nosso redor. Quando os sons remetem ao mundo, às vezes eles são chamados de ícones auditivos.
Mas a exata nomenclatura não está perfeitamente determinada. Algumas referências usam Earcons e ícones auditivos como sinônimos. Outras adicionam ainda mais categorias, como os Spearcons, que são os Earcons que incluem palavras.
E. A. Games.
Challenge Devil, repem. Mesmo esses sons curtos podem gerar reações psicológicas e fisiológicas da mesma forma que música. Um alarme como o cabeçalho do sistema de segurança americano, que pra você lembrar é esse som.
É um earcon que tem como objetivo chamar sua atenção. E agora eu finalmente posso explicar por que ele talvez não seja um alarme ideal. Quando um alarme de emergência nacional toca, as pessoas que vão ouvir esse sinal vão estar seguindo suas vidas normalmente.
E algumas delas vão estar fazendo tarefas perigosas, como operar maquinário pesado, dirigir caminhões ou trabalhar com rede elétrica. Se o alarme for tão bom em chamar atenção, ele pode distrair essas pessoas das suas tarefas. E isso pode causar acidentes.
Se, por exemplo, um caminhão sofreu um acidente sério, isso pode atrapalhar uma ordem de evacuação que vier com um alerta de emergência. Uma pesquisa em 2022 mostrou que avisos sonoros mais abstratos podem dificultar tarefas de memória espacial de curto prazo, que é importante para operar maquinário pesado. Além disso, sons abstratos como beats e chiados são mais difíceis de serem corretamente identificados quando alguém está focado em algum outro trabalho.
Em comparação, um som mais musical que começa baixo e aumenta a intensidade parece melhorar a capacidade de resposta rápida sem causar tanta distração. O que parece bom para um alerta, mas, por um outro lado, um som mais musical é mais fácil de ignorar, o que pode fazer com que o alerta não seja levado tão a sério. Então a natureza e progressão do som podem ter efeitos que influenciam desde o quão rápido o sinal do alerta é identificado, até como as pessoas reagem e o quanto elas se distraem das tarefas que estão fazendo no momento.
E nós ainda nem falamos sobre a irritabilidade do som. Um som que te irrita pode, primeiro, causar uma resposta mais emocional do que racional, dificultando a tomada de decisão imediata que uma emergência às vezes exige. outra coisa é a familiaridade do som.
Um experimento com caminhoneiros na Suécia mostrou que sons familiares são mais facilmente reconhecidos e causam menos irritação quando usados como alarmes. Mas ao mesmo tempo, esses sons são mais facilmente ignorados e minimizados pelos motoristas. Então, sons excessivamente familiares podem acabar virando som de fundo ao invés de sinais percebidos.
Existe um verdadeiro oceano de possíveis reações psicológicas e fisiológicas aos mais diversos sons. E só agora nós estamos começando a realmente explorar a profundidade e utilidade desse oceano sonoro. Em algum lugar nesse espectro de excitação e irritação, existem sons que seriam os alarmes perfeitos que alertam sem distrair, que indicam o perigo sem irritar e que informam sem poderem ser ignorados.
E sim, o efeito de um alarme melhor pode ser mínimo, mas sinais de alerta vão afetar milhares ou milhões de pessoas no decorrer do seu uso. Mesmo efeitos mínimos vão ser sentidos nessas escalas por pelo menos alguns indivíduos. Escolher o som certo pode até salvar vidas.
O problema é que nós ainda não sabemos que som é esse. A maior parte das pesquisas investigando mais profundamente os efeitos de alarmes e avisos sonoros são muito recentes. E existe muito a ser investigado sobre qual exatamente é o equilíbrio ideal entre chamar atenção sem distrair, irritar sem incomodar e ser familiar o suficiente para ser lembrado, mas não o suficiente para ser ignorado.
Deixando isso ainda mais claro, o som perfeito para um alarme ainda não foi encontrado. A Anatel, agência nacional de telecomunicações, está começando a estudar o uso de alertas sonoras enviadas para celulares para casos de desastres naturais. A agência inclusive já escolheu um som para o celular tocar em caso de alertas climáticos, que inclusive eu não vou tocar nesse vídeo porque a familiaridade com o som pode afetar o cão da cérebra levado.
O som que a Anatel escolheu está mais perto de ser um alarme, como o que eu mostrei no começo desse vídeo, do que com esse alarme ideal hipotético que equilibra sons naturais e artificiais. E isso é de propósito. Alertas clássicos como esses já são familiares e já foram testados o suficiente.
Não faz sentido abandonar o que funciona antes de nós termos certeza de qual seria o som do alarme perfeito. As pesquisas sobre o que é um alarme ideal ainda estão acontecendo. Existe muito para ser aprendido sobre quais são as características ideais para um som de alerta.
Então por hora, esses são os sons que foram feitos para chamar sua atenção. Tá bom, chega. Muito obrigado e até a próxima.
Derrubei tudo!