Padre Paulo Ricardo ensina como viver bem o tempo da Quaresma

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Padre Paulo Ricardo
Quando o mundo desperta no dia seguinte ao Carnaval, é Quarta-feira de Cinzas. Para os mundanos e pa...
Video Transcript:
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém. Inspirai, ó Senhor, as nossas ações e ajudai-nos a realizá-las para que, Vós, comece para Vós.
Em mim, tudo aquilo que fizermos por Cristo, Senhor nosso. Amém. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós.
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém. Muito bem!
Nós estamos aí, agora, iniciando a nossa quaresma. Próxima quarta-feira, quarta-feira de cinzas, nós já vamos começar esse tempo penitencial. Então, no programa de hoje, gostaria de oferecer a vocês uma breve reflexão para que você viva esse tempo de quaresma.
A Igreja tem toda uma pedagogia de santidade; portanto, não é simplesmente um tempo em que o padre se veste de roxo e pronto, acabou. Você só vai lembrar que está na quaresma quando está na igreja. Não!
Nós entramos num tempo sagrado, um tempo diferente, um tempo com uma densidade diferentes. Veja só, é aquilo que nós chamamos de kairós. Por quê?
Porque existem tempos diferentes, assim como, por exemplo, existe um espaço santificado. Quando você entra dentro de uma igreja, você não está na sala da sua casa; você está num espaço onde você está mais aberto para a ação da graça, na verdade. Então, por quê?
Porque nós, seres humanos, precisamos disso. Nós precisamos distinguir o profano e o sagrado. Então, quando a gente reserva um espaço e consagra este espaço a Deus, aquele espaço é um lugar onde nós espiritualmente nos abrimos mais.
É isso que é muito interessante com relação ao nosso ser humanos e não sermos anjos. Os anjos não têm essa mesma realidade que nós, porque eles não têm corpo. Nós temos corpo; nós temos a nossa forma de viver com o espaço e com o tempo.
Então, assim como você tem um espaço sagrado, onde você entra, você tem também um tempo sagrado, um tempo de uma densidade espiritual diferente em que você se abre mais para a ação de Deus. É claro que Deus age o ano inteiro, e está presente em todos os lugares, mas se você tem um espaço sagrado, ali você se abre mais para essa presença. Se você tem um tempo sagrado, você se abre mais nesse tempo.
A quaresma é um tempo sagrado. Em grego, acho que muita gente já ouviu essa distinção: existem duas palavras para dizer tempo, uma é "cronos", ou seja, o tempo cronometrado, como tempo matemático igual. Mas existe o "kairós", e o kairós é o tempo com uma densidade diferente.
O que nós iríamos, por exemplo, é quando você tem uma fruta que está madura. Vamos supor que você vai lá a um pé de manga e vê que não há nenhuma fruta pendurada; nós não estamos no kairós da manga. Mas, quando de repente os frutos começam a surgir e você vê aqueles frutinhos um pouco verdes, mirrados, você fica esperando: Kairós!
Aqui já vai anunciando! De repente, quando os frutos estão maduros no pé, você diz: Então é tempo de manga; ou seja, é tempo! Essa palavra tempo significa o diferente de 365 dias no ano; não é uma estação, é um tempo especial.
Então, a quaresma é um tempo, um kairós, é um tempo sagrado no qual nós iremos entrar. Então, gostaria com esse programa preparar você. Claro, o mundo não tá nem aí pra isso; muito a vivenda onde o carnaval é maluquice, certo?
Tudo bem, deixa pra lá. Mas você não, você é cristão católico. Então, agora você precisa já começar a pensar nos seus propósitos.
Quais mais? Porque, neste tempo, nós queremos nos unir ao mistério da paixão, morte e ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo. Então, a forma de nós todos usarmos, vivermos intensamente o mistério pascal, é através desses dois tempos sagrados que estão colocados pela Igreja ao redor do tríduo pascal.
É o centro do ano litúrgico, é a Páscoa do Senhor, com o tríduo, ou seja, os três dias. Quais são os três dias? Quinta à noite começa e a sexta é o primeiro dia; sexta à noite, sábado, segundo dia; sábado à noite e domingo, terceiro dia.
Seu tríduo pascal: paixão na sexta, ressurreição no domingo. Este é o centro do ano litúrgico. Em um extremo do tríduo, nós temos a paixão, como se a gente pegasse a paixão de Cristo e estendesse durante todo o tempo da quaresma.
No outro extremo do triângulo, nós temos a Páscoa e nós pegamos a Páscoa e estendemos pelos cinquenta dias do ano, quase uma espécie de grande borboleta. Assim é, com esse núcleo no tríduo pascal, essas duas asas, desses dois kairós, desses dois tempos em que nós estamos entrando. Então, é importante já iniciarmos a quaresma, tendo em vista a paixão do Senhor, tendo em vista o fato de que nós, com a nossa oração, nosso jejum e a nossa esmola, nós nos unimos a essa realidade da paixão.
Mas por que é que é necessário esse tempo de paixão? Porque Deus, quando nos salvou, não poderia nos salvar de outra maneira. Bom, o fato é o seguinte: nós, com o pecado original, estamos marcados pelo egoísmo.
Então, este é o inverno que está dentro de nós; ele precisa morrer. É necessário, então, que algo morra em nós para nascer o homem novo, para que nós estejamos na estatura de Cristo Jesus. Então, algo precisa morrer para que algo nasça.
Essa é a dinâmica de morte e ressurreição. Bom, até aqui somente uma explicação teológica de uma realidade que nós precisamos agora viver na quaresma, né? E o que é que a Igreja nos propõe na quaresma?
São as três obras raras, mais as três obras que vamos ver no evangelho que é proclamado na quarta-feira de cinzas: são as obras que estão no Sermão da Montanha. No capítulo 6 do evangelho de São Mateus, a esmola não é. Jesus diz: “Quando deres esmola, não mandes tocar a trombeta adiante de ti.
” Muito bem, essa esmola. E o jejum, não é? “Quando jejuardes, não fiqueis de rosto triste como os hipócritas.
” E, além disto, nós temos a oração. “Quando orardes, não sejais como os hipócritas. ” Então, a esmola, a oração, o jejum, essas três realidades, elas estão intimamente ligadas.
Porém, aquilo que nós queremos na tarde, entre nós, queremos modificar. Por quê? Porque veja o princípio espiritual importante: que você entenda isso, é que nós precisamos nos abrir para a ação divina, para a ação da graça.
Tudo que se move é movido por alguma coisa. Nós, que estamos no pecado, quem está no pecado, está sendo movido. O que nos move?
Bom, nós precisamos desligar esse motor. Essa é a missão da quaresma: para nos abrir para um motor divino, para que Deus aja em nós. São João coloca isso de forma bastante clara na sua primeira carta, a primeira carta de São João, capítulo 2, versículo 16, e diz: “Tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não vem do Pai, mas do mundo.
” Ora, o mundo passa e também a sua concupiscência, mas aquele que faz a vontade de Deus permanecerá para sempre. Então, o que é que a Igreja quer com a quaresma? A Igreja quer, na realidade, entenda bem, não tanto que nós deixemos de ser pecadores, porque isso a Igreja é clara, a todo momento, mas, mais ainda, ela quer que nós deixemos de ser mundanos.
Por quê? Porque, na vida espiritual, entre uma pessoa que é um pecador e que está fora do estado de graça, ele está longe de Deus; e um santo, existe uma coisa no meio. Um negócio estranho essa coisa no meio entre o pecador e o santo é que somos nós, nós que somos cristãos, que podemos estar em estado de graça, mas que somos mundanos.
São João diz assim: “Não ameis o mundo, nem o que há no mundo; se alguém ama o mundo, não está nele o amor do Pai. ” Então, vamos prestar atenção em como devemos agir na quaresma. Veja, nós devemos mortificar a concupiscência da carne como penitência.
Entre todas as penitências, né, aquela que se destaca é o jejum, que nós vimos no evangelho. A concupiscência dos olhos, que nós vamos explicar o que é, é combatida com a esmola, com o desprendimento dos bens materiais; e a soberba da vida, que é combatida com a oração. O jejum e a esmola, oração, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos, a soberba da vida, só você entender que existe aqui um esquema, e este esquema de contraposição agora precisa ser explicado para a gente saber viver isso verdadeiramente durante esse tempo de quaresma.
Então, vamos lá, vamos fazer a explicação para você saber como é que vai viver a quaresma. Veja só, a primeira coisa: tudo o que há no mundo é a concupiscência da carne. O que é a concupiscência da carne?
Veja só, a primeira coisa que quer dizer carne. No grego original, se você for ver, diz assim: "Roth pantónio em um tom cosmu. " É preciso me ater a isso.
O que é “sac carne”? Sarkoz é a nossa alma. Por incrível que pareça, não falam da alma.
Acontece que a carne não é o corpo; a carne é a alma. Mas como assim? Bom, enquanto o seguinte: quando a Bíblia fala de corpo, ela fala de soma.
Soma, após isso, é o corpo; a carne, em hebraico, passou, em grego, é “sark” e, em latim, é “caro. ” A carne é o ser humano na sua dimensão de fragilidade. É, por exemplo, quando Jesus diz que Ele se tornou “filho do homem.
” Essa palavra “homem” é o homem na sua fragilidade, né? Ele se tornou o filho da fragilidade. Acontece que dentro dessa nossa fragilidade, do pecado original, o que acontece é que há uma desordem.
Uma desordem que Jesus não sofreu, Nossa Senhora não sofreu, porque eles não têm um pecado original, mas que nós sofremos com o pecado original, que é o seguinte: é uma falta de ordem. Aquilo que deveria dominar, que a alma, que deveria, dócilmente, tranquilamente, né, politicamente, como disse Tomás de Aquino — pedagogicamente, adaptando nossa linguagem — nós deveríamos, nossa alma, levar o nosso corpo a servir a Deus amar. É conduzir o nosso corpo a servir a Deus.
O que acontece pelo pecado? O nosso corpo domina. E aí a alma, dominada pelos instintos carnais, distintos do corpo, fica tão dominada pelo corpo que nós apelidamos de carne.
A alma carnal é a alma dominada pelas necessidades do corpo. Essas necessidades são necessidades egoístas de conforto. A nossa tendência de buscar a felicidade no prazer, você encontra isso nos animais.
Ou seja, qual é a lei da concupiscência da carne? É forjar, gera, buscar o prazer. Só gera, busca o prazer.
Se for dominado por essa lei, você não vai amar nunca, porque você só vai amar quando você for capaz de abraçar algo desagradável e doloroso, bem de outra pessoa, pelo bem do outro. Então, aí você entra numa dinâmica diferente: a dinâmica do amor, em que a alma diz que o corpo ainda está doendo, mas aguenta firme, cara. Né, tá doendo, mas é pro seu bem e para o bem dos outros, para o bem das pessoas que você está ajudando.
Então, aqui está a realidade de nós sabermos que existe verdadeiramente uma tendência de o corpo dominar a alma, mas nós temos que inverter isso. Então, a penitência visa isto. Penitência quer dizer o jejum; penitência quer dizer você se privar de alguns confortos, algumas coisas agradáveis.
Então, você, durante a quaresma. . .
Faça a sua listinha de penitência: você vai deixar de comer doce, vai deixar de tomar café, de se descansar depois do almoço. Vai dormir no chão, vai, nas quartas e nas sextas, diminuir bastante, né, o consumo de coisas agradáveis. Muitas pessoas são opostas àquilo que é uma tradição bastante bela na Igreja.
Não é que é deixar de consumir carne durante a quaresma. É por isso que existe o tal do carnaval, né? Ou seja, carne vale: é adeus à carne, uma despedida da carne, porque durante os 40 dias de quaresma temos que fazer uma abstinência de carne.
Não é obrigatória, mas é tradicional e é uma das sugestões, né? Digamos assim, mais fortes para nós que vivemos no tempo de quaresma, é deixar de comer carne. A pessoa fica perguntando: "Mas padre, por que carne?
" Não é porque essa coisa é a seguinte: a carne é um alimento que dura mais tempo no estômago. Se você come peixe, o peixe é de fácil digestão, né? Então você logo logo fica com fome.
A ideia é da carne, essa é a questão. O pessoal se equivoca com relação à abstinência. Quando a Igreja diz que é necessário fazer a abstinência de carne, a pessoa não pode comer carne vermelha.
Não sinto nada disso! Quem foi que inventou essa história de carne vermelha? Carne é carne; quer dizer o seguinte: aquilo que não é fruto do mar e ovos.
Pode ter paciência. Então, você não vai comer carne, quer dizer: carne de boi, carne de porco, esses animais mamíferos, em geral, mas também de aves. Não é o que você pode comer: são frutos do mar.
Aí sim você considera isso não carne. Então, é um conceito tradicional jurídico, não é um conceito biológico. É evidente que peixe é uma carne, mas não é considerado carne nesse sentido.
Já então, a pessoa pode comer leite, ovos e frutos do mar. E o resto é considerado carne, e portanto, mesmo a carne branca do frango é carne. Então, só para esclarecer isso aqui: a pessoa faz, hoje, junto, pra quê?
Para mortificar a concupiscência da carne, ou seja, sua tendência de trazer. Você pode acrescentar outras coisas e fazer, e assim entrar nessa dinâmica de se abrir. Você se abrir para a ação divina, você está cortando uma ação que é, digamos assim, animal.
Tudo que você é movido por essa busca de prazer, por esta fuga da dor, você abraça algo que é um pouco mais desagradável e doloroso, para então poder dar o passo de ir para Deus e deixar-se mover pela graça de Deus. Que é o que nós vamos ver quando nós comentamos agora a questão da oração. Mas, então, São João diz assim: "Tudo que há no mundo é a concupiscência da carne" e poder diz "a concupiscência dos olhos.
" Isso é uma coisa que as pessoas não entendem muito. É preciso tocar à tona o futebol. A concupiscência dos olhos é, veja, aqui é algo que não é propriamente animal; é algo típico do homem.
Por quê? Porque os animais não têm uma coisa que os homens têm: uma sede de conhecer as coisas. E essa vontade de conhecer as coisas, de ver as coisas, que nós chamamos de concupiscência dos olhos, nenhum animal é capaz de passar o dia inteiro no Facebook.
Nenhum animal é capaz de passar o dia inteiro em outro desafio. Nenhum animal é capaz de passar o dia inteiro fazendo zapping diante da televisão, mudando de canal. E não existe nada em um animal que seja capaz de ficar clicando em um site o outro tempo todo, ou seja, um animal capaz de passar uma tarde inteira rodando, vendo vitrine de shopping e não comprar nada.
Nenhum animal é capaz de ficar telefonando de um ponto contando uma novidade ou uma fofoca. Então, isso daí é algo que está no ser humano. Isso é desordenado.
Por quê? Porque Deus nos fez para saber, para buscarmos a verdade, para contemplarmos a verdade. Mas esta tendência, criada por Deus, desordenada, vira curiosidade.
E essa curiosidade os marqueteiros já aprenderam como é que funciona, como é que a dinâmica espiritual. De tanto ver uma coisa, você termina querendo possuir. Isso é algo que também não há nos animais; ou seja, os animais não têm avareza.
Um animal não fica querendo comprar coisas ou acumulando dinheiro. Mas se você mostrar muitas vezes a mercadoria para a pessoa, ela termina querendo comprar aquilo. A concupiscência dos olhos tem esse efeito colateral.
E é aqui que, então, nós vemos essa realidade tremenda que é o que move o nosso mundo atual e que está destruindo nossas famílias, destruindo tudo. Nós precisamos, durante o tempo da quaresma, fazer uma experiência, não é? É mais do que somente dias mola, é uma experiência de pobreza, enxugar um pouco a nossa necessidade de consumo.
Não é que o tempo todo esteja gastando coisas que nós não precisamos e indo atrás de necessidades que nós não temos. É uma verdadeira escravidão, né? É uma realidade que não nos faz bem.
Então, assim, tudo isso nasce da concupiscência dos olhos. Então, é muito importante a gente se dar conta disto. A generosidade da esmola se desfazer de coisas, porque você termina possuindo demais, tendo demais, e isso espiritualmente não lhe faz bem.
Jesus diz: "Não podeis servir a Deus e ao dinheiro", porque isso termina realmente tendo um caráter de idolatria. A avareza e o amor do dinheiro realmente se constituem numa idolatria, uma realidade que vai tomando conta de nossas vidas. O terceiro ponto é a soberba.
Da vida, né? Que em grego é "ré". Alagoas, Roney, ato bio, você vai encontrar outras traduções.
Por exemplo, a tradução da CNBB diz: "A ostentação da riqueza é mais interpretação do que é verdadeiramente tradução. " A tradução é tradicional, é super abrangente. Então, a soberba da vida, porque ela se contrapõe exatamente ao fato de que nós precisamos de Deus e precisamos nos humilhar.
Sobre a vida, é o contrário essa autonomia, essa coisa de dizer "eu me basto a mim mesmo". "Sereis como Deus", né? E isto aqui é o ponto fundamental que a gente resolve na oração.
Vamos explicar isso para você. Veja, no fundo, no fundo, nós temos uma doença espiritual. A doença é que todo mundo que não reza tem seu ser; reza pouco.
Se você não tem uma vida de oração, onde você realmente, todos os dias, tem um período longo de oração íntima, onde você se senta com o mendigo na soleira da porta de Deus para pedir a graça, se você não tem uma vida de oração íntima com Deus, saiba que você sofre deste mal. Uma chama-se pela janista, ou semi pela janista. O que quer dizer isso?
Quer dizer o seguinte: você acha que dá conta de amar, dá conta de ser santo, dá conta de fazer o bem, dá conta de ir pro céu e deixar o inferno com suas próprias forças. Mas você, me desculpa, isso é super breve, né? Isso é soberba da vida.
Você acha que é "o cara" e que consegue amar. Mas a primeira coisa que você precisa aprender na sua vida espiritual é exatamente a sua incapacidade, ou seja, você precisa desesperar de você. Se você não desesperar de você, como vai esperar em Deus?
Como é que você vai ter a verdadeira esperança? Ou seja, o verdadeiro cristão católico, através da oração, se põe diante de Deus e exerce, verdadeiramente, a sua confiança no Deus que auxilia. Deus que auxilia, Deus que vai me amparar.
Eu não dou conta de amar. Ou seja, se tudo o que há no mundo, de São João, é a concupiscência da carne, com a concupiscência dos olhos sobre a vida, ou seja, isso que me move, é isso que move o mundo. Como é que eu vou fazer para ser movido por Deus?
Eu preciso, primeiro, parar de ouvir os apelos da carne, jejum e penitência, parar de ver de forma avarenta o mundo, como se eu fosse uma espécie de sumidouro querendo tudo pra mim. Aqui, a pobreza, né? A esmola, a caridade para com aqueles que necessitam.
Mas eu tenho que parar de ser movido pela soberba. Então, quer dizer que eu tenho que colocar diante de Deus. Mas, para que tudo isso aconteça, eu preciso realmente dar espaço para que Deus aja na sua graça.
Isso não tem outro jeito. Na oração, com a vida de oração, quanto mais próximo de Deus você está, mais você vai mudando. Deixa eu explicar pra você uma das coisas que você poderia fazer, se for possível.
Eu sei que conhece o seu contexto, mas uma das práticas quaresmais que eu mais incentivaria você a realizar é a prática de ir à missa todos os dias e comungar todos os dias. Claro, supondo que você esteja em estado de graça, supondo que você também tenha se confessado. Agora, todos os dias ir à missa e comungar.
E comungar bem, como um lugar bem, quer dizer o seguinte: não é receber a comunhão em paz, eu vos alcance, como Garbin que diz o seguinte, receber a comunhão e estar com Jesus, como um filho diante do Pai, como mendigo na porta do Senhor que irá ajudá-lo, como necessitado da graça e da intervenção divina, daquela força que vem do alto, amando Jesus e pedindo a ele: "Senhor, tenha compaixão de mim. " Porque se não vier, diz: "Não vier, diz em meu auxílio, eu estou completamente perdido, eu estou longe de Vós. " Essa é a realidade da oração.
Nós precisamos nos manter sempre nessa realidade da oração. É evidente que há a batalha espiritual, porque além da carne e do mundo, existe um outro inimigo da alma, que é Satanás. E é interessante, vai ser o evangelho do primeiro domingo da quaresma.
Interessante que nós vemos as tentações de Jesus no deserto. Este ano, como é o ano que a gente proclama o evangelho de São Marcos, não se entra tanto nos detalhes. São Marcos não descreve as tentações, mas se você for olhar em São Mateus, Jesus, que o capítulo 6 de São Mateus nos ensina as três obras quaresmais, que são o jejum, a esmola e a oração.
Na tentação do deserto ele coloca exatamente Jesus passando pelas mesmas realidades que nós. E é exatamente por isso que a Igreja vive a quaresma, porque Jesus passou 40 dias no deserto, o povo de Israel passou 40 anos no deserto, nós, 40 dias de quaresma. Então, Jesus no deserto, veja o que ele viveu, diz assim que o tentador se aproximou e disse: "Se você é Filho de Deus, manda que essas pedras se transformem em pães.
" É a tentação da epidemia, até Sarkoz, ou seja, a concupiscência da carne, o prazer da comida, que a gente combate com o jejum. E depois, o diabo levou Jesus lá em cima, no alto do templo, e disse: "Se você é Filho de Deus, jogue-se daqui abaixo, pois está escrito que ele dá ordem aos seus anjos. " Isso é a soberba, vaidade, faz o espetáculo.
"Mostra que você é o cara", né? Que os anjos vão te servir. A soberba, como é que combate o coração, né?
Soberba da vida. E, finalmente, o diabo leva Jesus até a montanha muito alta, mostra o mundo e a sua riqueza e diz: "Eu te. .
. " Darei tudo isso de cair de joelho para me adorar. E aí nós estamos falando aqui o que da concupiscência dos olhos, né?
Mostrou ele todos os reinos, e eu te darei tudo isso, essas riquezas, né? A avareza, como é que a gente combate isso? Com a esmola, o desapego à pobreza.
Então vejo que existe aqui uma, digamos assim, uma perfeita coordenação. Nós poderíamos depois mostrar como isso daqui, lá no capítulo 3 do livro do Gênesis, corresponde exatamente à meia tentação pela cobra sul e Eva nessas três tentações de Cristo no deserto. E você então enxerga que nós entramos nesse tempo, nesse kairós, nesse tempo oportuno, nesse tempo de ação da graça divina.
Mas, para que a graça haja, para que a graça entre em ação, saiba: existem os inimigos da alma que estão em ação. Não é a carne, o mundo e o diabo estão aí em ação. É uma luta, é uma batalha espiritual.
Peça Nossa Senhora, peça ao seu anjo da guarda que acompanhe você neste tempo. No livro do Apocalipse, capítulo 12, né? Diz que a mulher foi para o deserto e ali travava batalha com os seus, o restante dos seus filhos, o restante da sua descendência.
Também nós não estamos no deserto com esta mulher, essa mulher é a Igreja, essa mulher é a Virgem Maria. Vamos ao deserto, estamos travando a batalha contra o dragão cor de fogo, né? Nós estamos aí, mas não estamos sozinhos.
É a graça divina, é um tempo espiritual extraordinário. Não é exatamente porque o diabo sabe a importância de uma quaresma bem vivida que ele nos ataca, que ele vem contra nós. Mas nós não temos por que temer, não estamos sozinhos.
Nós entramos, o povo de Deus entra neste deserto sabendo que do outro lado, no final desses 40 anos, tem a Páscoa, a entrada na terra prometida. É esse o caminho que nós temos para a nossa santificação, porque a santidade consiste exatamente nisso: em nos matarmos esse mundano que está dentro de nós, para vivermos a santidade. Sem oração, sem penitência e sem verdadeiro desapego dos bens materiais, não vai funcionar.
Por isso, a você, meu irmão, minha irmã, uma santa e feliz quaresma debaixo da bênção de Deus, na intercessão de Nossa Senhora e do auxílio do seu santo anjo da guarda. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.
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