Se quisermos diminuir a violência urbana, precisamos entende-la primeiro. Do contrário, correremos o risco de escolher soluções ineficientes ou que podem acabar aumentando mais ainda o problema. Eu sou o André, doutor em psicologia e para mim violência boa é violência prevenida.
A violência ocorre quando uma pessoa causa intencionalmente um dano ou abuso a outra pessoa ou a ela mesma. Ela pode tomar muitas formas, tais como suicídio, violência sexual, maus-tratos infantis, bullying, guerras ou terrorismo e já falamos de quase tudo isso aqui no canal. Atos violentos podem ser estimulados ou inibidos por muitos fatores.
Muitos mesmo. Se você vive em um lugar com maiores níveis de desigualdade entre gêneros ou de renda, por exemplo, maior tenderá a ser a violência nesse lugar. Regiões e cidades mais quentes do mundo tendem a ser mais violentas em média independentemente de variáveis como idade, pobreza e cultura de honra.
Dias, meses e anos mais quentes também se relacionam com maior violência. O clima mais quente talvez te predisponha a agir mais violentamente por afetar neurotransmissores no seu cérebro, tais como a serotonina, que costumam regular coisas como impulsividade e disposição para interagir com outros. Se ocorrerem mais interações sociais e as pessoas estiverem mais impulsivas em regiões mais quentes, então fica mais fácil delas sairem se esbofeteando também.
Claro que muitos outros fatores também entram nessa equação. A sua disposição a agir violentamente depende de várias influências químicas como as da serotonina, dopamina, GABA, testosterona e cortisol que interagem com o seu ambiente de maneiras complexas até poderem te impactar de alguma forma. Esses diferentes neurotransmissores e hormônios vão ter efeitos inibitórios e excitatórios em você que, ao se somarem, poderão te predispor em algum nível a reações mais violentas ou menos violentas.
Uma predisposição para a violência pode surgir enquanto a pessoa ainda está no útero da mãe ou no início da vida. Em ambos os momentos, a má nutrição, por exemplo, pode ser um precursor de violência por prejudicar o desenvolvimento de partes do sistema nervoso. Pais que batem nos seus filhos para discipliná-los aumentam as chances dos seus filhos usarem a violência também para resolverem conflitos no futuro.
Ao mesmo tempo, quanto mais os filhos percebem que os pais desaprovam a violência, menos violentos eles tendem a ser. Como já explicamos em outro vídeo, pais que praticam maus-tratos infantis aumentam as chances dos seus filhos cometerem crimes, autolesão e suicídio na adolescência ou fase adulta. Pessoas mais violentas costumam ter mais dificuldades de inibir os próprios comportamentos, uma capacidade diretamente ligada ao lobo frontal do cérebro.
Algumas disfunções e lesões nessa área podem se relacionar com uma maior tendência a ser violento. Tanto é que quando cientistas usaram a estimulação transcraniana por corrente contínua para estimular eletricamente o córtex pré-frontal dorsolateral de alguns participantes, esses participantes se mostraram menos dispostos a agir violentamente do que outros que não foram estimulados desse jeito. Muita gente acha que quem comete atos violentos deve ter algum transtorno mental.
Na verdade, é muito mais provável que uma pessoa com transtorno mental seja vítima de violência do que uma autora. Na prática, poucos crimes violentos parecem estar diretamente ligados aos transtornos mentais mais comuns. Muito mais clara é a relação da violência com o abuso de substâncias.
Diferentes pesquisas indicam que o álcool tem um papel causal e direto em atos de violência. Cocaína, heroína e metanfetaminas podem se relacionar com maior agressividade, enquanto alucinógenos tendem a reduzir a disposição a agir violentamente. As causas da violência humana também incluem disputas de poder entre grupos criminosos, interesses econômicos dos países, conflitos históricos entre nações e por ai vai.
Hoje sabemos que a violência é previsível e prevenível. Sempre haverá violência onde houverem humanos, mas as pesquisas sobre violência nos ajudaram a entender que existem muitas formas de diminuí-la, o que já seria ótimo para todo mundo. Como eu disse, são muitos os fatores por detrás da violência.
Não falamos muito de evolução e nem de cultura, por exemplo, só para citar alguns. Talvez exploremos isso melhor na próxima live exclusiva da Galera Psíquica, o grupo de apoiadores oficiais do nosso canal. Clique em SEJA MEMBRO para ter acesso a esse e outros conteúdos exclusivos!
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