bem-vindo bem-vinda mais um conexão futura ao vivo aqui pelo seu canal futura e você também pode assistir ao nosso programa pelo nosso site futuro ponto org.br e hoje a gente abre espaço para falar da literatura afro-brasileira ou literatura negra uma fala não só de defesa da igualdade racial e da valorização das manifestações de matriz africana mas também da inclusão do olhar do escritor negro da escritora negra na arte literária no mercado editorial no nosso país essa expressão literária surgiu na década de 1940 com a articulação de movimentos como o teatro experimental do negro ea partir
de então a produção de autores negros foi se destacando se posicionando politicamente até o amadurecimento de uma geração inteira de autores produzindo hoje nós vamos falar sobre a produção desses autores negros no brasil eo reconhecimento dessa literatura então quais são as características da literatura negra contemporânea quais os seus principais autores e como anda em um espaço no mercado editorial para isso a gente recebe aqui no estúdio a conceição evaristo que é escritor e doutor em literatura comparada pela universidade federal fluminense a uff ea fernanda felisberto que a professora de literatura da universidade federal rural do
rio de janeiro pela internet daqui a pouquinho a gente conversa também com o eduardo já assis duarte que é professor de pós graduação em letras estudos literários da universidade federal de minas gerais e também coordenador do líder afro um portal da literatura afro-brasileira onde quer que você esteja você pode participar dessa conversa como todas as outras vezes pelas nossas redes sociais pelo canal futura oficial no facebook pela roupa canal futura no twitter tem também nosso a zap que é 21 96 86 68 414 ou então dá uma tarefa nada pra gente no zero operadora 21
273 5020 muito bem-vindas meninas o programa close e é importante a gente começar entendendo do que se trata a literatura porque muita gente ainda não ouviu falar nesse tipo de literatura então assim não existe um conceito fixo mas pra gente iniciar um entendimento conceição o que é essa literatura negra bom eu diria é pra gente poderia começar pensando é numa produção é literária em que o sujeito é da escrita tanto sujeito como objeto da escrita é o próprio negro homens e mulheres que vão criar seus textos literários a partir de uma subjetividade negra certo fernanda
e tem uma experiência é negra brasileira que é diferente de uma experiência de ser branco no brasil que é diferente de ser africano no brasil em cima dessa experiência é que parte de de um lugar de uma vivência de uma cesta realidade que essas histórias todas são construídos certo doados e tá me ouvindo já porque ouvindo muito bem você quer complementar a ideia sobre a construção de uma idéia da literatura negra efetivamente o peso que a literatura negra ela não é um fenômeno africano as literaturas africanas é oposição à invenção por literatura sobretudo os de
língua portuguesa de países muito jovens não estão muito empenhados ainda em fixar uma literatura angolana é uma literatura moçambicana e vamos por aí a literatura negra é um fenômeno da diáspora negra sobretudo nas três américas não é e é um fenômeno que começa nos estados unidos na década de 1920 e passa pelo caribe na década de 1930 é exportada para a frança na década de 30 com o movimento da negritude francesa e chega ao brasil nos anos 40 com o teatro experimental do negro do dia do nascimento é um fenômeno conforme já foi colocado de
expressão dessa subjetividade negra e dessa experiência negra é num país culturalmente e do dominado pelo poder branco sim é na verdade a própria cultura negra gente fala tem moralidade muito forte né uma expressão corporal muito forte através dos jogos da dança das lutas da própria culinária né das cores como é que isso também acaba atravessando a escrita é entender eu tenho sempre perguntado por exemplo porque que é não há nenhuma dificuldade de se pensar por exemplo numa música negra de se pensar numa culinária negra igual você falou e no caso brasileiro marcado justamente pelo tema
conhecimento africano e porque é uma dificuldade de se pensar numa escrita negra numa escrita que passa da nokia e parta da nossa experiência que esteja é é comprometida com a nossa o com a nossa ruralidade que traga por exemplo nosso posicionamento à maneira do sujeito negro é se colocar no mundo interpretar é interpretado e de interpretar suas alegrias as suas dores porque que isso não pode ser considerado como um material e como uma opção inclusive temática para se põe pra se produzir uma literatura negra porque não pode pensar que nós negros é a partir da
nossa perspectiva né a partir do nosso posicionamento no mundo porque nossas experiências não podem se transformar no texto literário numa ficção uma petição e para além também da questão da sociologia das ciências sociais porque claro quando se fala da literatura negra afro brasileira passa também por essas questões do movimento de inclusão do ativismo mas passa pela criação mesmo do olhar né com uma ficção como arte mesmo e temos e eu acho que temos um desafio também muito importante de humanizar esses personagens né porque é nós temos aí um conjunto de representações do snea os negros
na literatura brasileira muitos prédios no espaço da rua com pouca referência no espaço da casa com pouca referência de relações familiares de relações afetivas e o que todas essas escritora de escritores fazem é tc esse fio de afetividade é tecesse field de humanidade porque temos os dramas universais nossas histórias você vai encontrar todos os dramas universais amor ódio ciúmes enfim todos os dramas que movem a literatura universal também estão presentes nas nossas histórias mas a partir de uma de uma experiência negra pra perceber essa nuance né então eu acho que é uma é é um
compromisso que autores e autoras tem com essa nossa literatura eduardo indo ao encontro do que a fernanda está comentando a questão da literatura negra lá passa ter um viés político também por isso porque ela muda o lugar do negro da negra na história da humanidade perfeitamente que você tem na literatura brasileira é uma literatura de hegemonia branca a gente não pode ter mais vergonha de falar isso mas quanto tempo podemos conhecer a falar isso a literatura brasileira canônica é uma literatura branca é uma literatura feita por escritores brancos 1 carbônico é o clássico né que
aquelas obras clássicas nec que viram referência e que estão estudadas né bola na universidade de essex é uma literatura de autoria branca escrita por brancos cuja maioria dos seus personagens e branco isso já está comprovado inclusive em pesquisas e como com de centenas de romances publicados pelas últimas décadas do século do século 20 os personagens negros mal passam de sete por cento nos lugares que eles ocupam também né são os mesmos exatamente no caso das mulheres os sonhos domésticas ou prostitutas ou coisa desse tipo no caso dos homens são malandros mas enfim maus elementos e
é difícil você ter um negro protagonismo então esse é um problema muito sério e quando você tem a presença do negro numa literatura brasileira não é reconhecida canônica etc ninguém grande medida você tem uma representação marcada pela polícia os estereótipos né a mulá apanhada por exemplo que aquela mulher que uma mulher só noturna ela só é corpo ela não é alma cozinha cama cozinha exatamente banco vamos por aí o queen é o contrário do que você vê uma escrita de autoria negra feminina também como a da conceição que a gente vai mostrar que é que
essas figuras telas de mergen como seres humanos na sua integridade claro conceição falar em protagonismo queria que você contasse um pouquinho a sua passagem pelo salão do livro de paris que rendeu alguns olhares inclusive da imprensa né é porque realmente você passou por lá e chamou a atenção uma escritora negra brasileira né estando num local como aquele com uma obra consolidada é eu tenho afirmei muito isso lá em paris e afirma que no brasil e afirmou é essa minha afirmativa também é uma afirmativa que tem um é eu faço questão de fazer esse questionamento é
uma posição política e eu tenho dito na verdade eu chamei muita atenção e em paris é muito pelo fato de ser uma mulher negra presente no num evento internacional de literatura quer dizer na verdade naquele momento eu quebrava com o imaginário é tanto imaginário estrangeiro como muito mais dinário brasileiro porque o brasil ele tá ele está acostumado a ver as mulheres negras nas escolas de samba é na cozinha no exterior é sempre sempre há aquele aquele estereótipo e o que eu tenho dito a filinto nós sabemos cozinhar nós sabemos cuidar do corpo do outro nós
desenvolvemos muito bem em funções e que a sociedade coloca como tu saco é funções subalternas mas sem isso a sociedade não vive e sabemos dar aulas sabemos escrever sabiam se pensar sabemos filosofa mas aí já já já são posições que o imaginário é brasileiro não acata em relação às mulheres negras então eu fui a fruta é eu fui a fruta rara send e um objeto de spam o objeto elemento o jeito que ele fala isso um sujeito é de espanto e também afirmei la em uma mesa quer dizer isso muito dentro da da nossa perspectiva
da nossa é é maneira de encarar o mundo quer dizer quando é nós mulheres negras e eu acho que eu posso falar pensar em termos de mulheres negras não só a escrita de conceição evaristo mas quando nós produzimos um texto em que estamos falando do outro é e que estamos dizendo dessa autoridade humana nós estamos falando de nós mesmo né que se lá em paris ficou ficou muito comprovado né sim é diferente um outro era eu agora sem sombra de dúvida foi muito bom atentar é pra mim para jogar justamente o movimento da literatura isso
agora assim como escrever né para desse ponto de vista também no mercado editorial é fernanda que é isso outras barreiras você também tem uma livraria então você trabalha direto com essa questão do mercado né de produção e distribuição e de entendimento disso como uma opção de leitura e como uma produção real é na verdade é a aja a história da escrita nem da população negra está entre ficar mendes ligado com o mercado editorial porque um dos primeiros livros brasileiros na editor brasileiro foi paula brito nem ainda no século 19 um escritor negro que tinha uma
gráfica na época uma tipografia né que era ali na na praça tiradentes e o espaço dele também de tipografia não só um lugar de encontros mas também de produção né ele publicava ele publicou machado de assis ele por então ele já é nós já temos essa essa história muito antiga mas é claro quando entro elemento comercial é o filtro começa a acontecer e de certa forma é é uma grande dificuldade ainda para boa parte dos escritores e os escritores é chegar a esse mercado editorial é mas isso não significa que é esse grupo não está
publicando não está produzindo é têm um empenho de várias pessoas tinha oliveira silveira era um escritor do sul ele brincava sempre que muitos autores publicavam na editora do autor da família do aluno porque de alguma forma alguém da família tinha um apoio para seguir uma ligação afirma ivan valente econômica se lembram mas eu não posso também deixar de registrar que a a implementação da lei 10 639 que impulsionou né com que essa esse baú de histórias né ele fosse aberta é essa senhora da hora né um pouco mais é claro que temos uma crítica né
em certa forma é no que tange às pessoas que têm acesso a algumas alguns espaços editoriais e outros não mas eu acho que é a lei é possibilitou a abrir-se baú de histórias mas ainda está muito longe do que a gente gostaria em termos de difusão então por isso a importância dos blogs eu acho que a maioria dos autores hoje em dia tem também essa possibilidade dos blogs e das antologias literárias as antologias elas acabam acolhendo de certa forma né muitos desses autores que são obra as coletivas e dali muitos saem com uma trajetória individual
então tem um mais antigo nem atuando que são os cadernos negros mas tem alguns toques lá na bahia é enfim tem alguns coletivos né que estão organizados em torno dessa semana por falar em machado de assis eduardo estava guardando essa questão pra você também falar afinal de contas você estuda isso né qual é o lugar que lhe ocupa a partir da sua perspectiva de pesquisa nessa questão de uma pré construção de literatura negra no brasil olha o machado é um caso raríssimo é uma mão figura exponencial da literatura de língua portuguesa em todos os países
é um dos principais autores e não o principal autor da língua portuguesa no caso do machado ele é um precursor ele é um grande precursor né nós estávamos comentando que o fenômeno da literatura negra ele é um fenômeno do século 20 é uma tradição da literatura negra ocidental é uma tradição do século 21 machado junto com lima barreto junto com cruzes osasco junto com a maranhense dona maria firmina dos reis eles são precursores do machado é um caso e especialíssimo em função de toda a repressão que havia naquele momento era uma pessoa que depende de
um emprego na ele tinha um emprego público é ele dependia profundamente desse emprego e estava profundamente consciente das perseguições políticas que acontecia a todas aquelas pessoas que se manifestavam publicamente contra a escravidão machado então usa a ginga do que luiz costa lima chama de capoeirista da palavra para driblar a freira da palavra expressão e ainda falou um capoeirista da palavra na capoeira com certeza que ele está jogando o que tá brincando mas ele é aluno tanto ele está lutando tanto é assim que machado de assis em todos os seus romances mata os senhores disse ele
tem uma grande ironia permanente por isso que quando a gente na verdade nos é apresentado machado de assis na escola a gente não tenha uma certa maturidade para entender e use o quanto ele trabalha essas questões as entrelinhas no que ele escreve linhas eu fui para um debate com o pessoal do movimento negro e um jovem me perguntou mas quem é o herói negro o machado já fica de us 1 bi dos palmares do machado de assis e eu dizia eu respondi quem é o herói branco do machado de assis é uma literatura anti-herói cuca
é uma literatura antiética e quer dizer o brás cubas é um canalha o bentinho é um derrotar do que dizer e do ioiô mais incrível é um senhor de escravos que está morto brás cubas tá morto na primeira página do livro eo autor não terra e o autor faz e se esse defunto jogar os podres dessa classe escravista dominante ao longo do livro inteiro e mais incrível ainda o livro foi publicado primeiro no jornal melhor na revista brasileira ou seja esse de vulto entrava todos os domingos nas casas dos senhores de escravos colocando a língua
tem formato de folhetim em pequenos capítulos isso em 1880 sem oito anos antes da abolição e você imaginar que o grande livro da abolição que o abolicionismo joaquim nabuco é de 83 é de três anos depois de ver o machado ele é um precursor em vários sentidos nós estamos por falou o assassínio prefeito lá ele é um precursor inclusive no sentido de não fazer uma literatura panfletária de não fazer uma temperatura de palanque ou seja ele usa a ironia em vez daquela retórica de palanque como fala escritor orgulho por tas a falar da revolução sem
falar da revolução bom nós estamos encerrando indo quase o encerramento ainda tem uns minutinhos eu quero que você faça da sua obra conceição favor da sua obra dos seus livros das suas publicações para que as pessoas possam conhecê-las daniel ramos uma uma taboca é o começo pelo porsche ag ciência que foi o primeiro livro meu publicado não o primeiro escrito é possível e vicência na verdade tem sido esse o meu carro chefe foi traduzido para o inglês lanças unidos me parece que em 2007 perdi agora a data e foi lançado foi essa obra que foi
lançada é no salão do livro em paris e está sendo público é preparada uma uma tradução em espanhol no méxico e uma outra também em italiano até por uma aluna da da professora constância do art depois bem becos da memória beco da memória um livro que ficou guardado 20 anos ele também já está na segunda na segunda edição tem tido uma procura também boa o t assim veio o livro de poemas poemas da recordação e outros movimentos que não está aqui depois vêm submissas lágrimas de mulheres esqueci o ano é e olhos d'água que eu
me lembro que foi esse ano é olhos d'água e uma vez que assim os dois últimos são são livros é de contas todos eles com exceção de olhos d'água que é por uma editora de médio porte é que a editora pallas mas todos eles são publicados por editoras pequenas é também contando muito com com amy audácia o bancar totalmente a publicação ou pelo menos à metade mas eu acho que é uma audácia que baralhou pela letra não só prova vamos seguir nessa é uma questão pra você fernanda é esse pouco apreço a literatura é do
robson lopes do rio de janeiro a questão e se pouco apreço à literatura negra não seria devido à sempre quando pensamos no negro lembrar-nos primeiro da cultura da dança da música seria bom se olhássemos para a literatura também já que ela é incrível e riquíssima com certeza até porque é se a gente pegar até o próprio exemplo do machado de assis é muito jovens passam pelos seus anos escolares leandro machado mas sem saber que está olhando o autor negro então é essa é poder difundir dentro dos danos escolares né esses autores que temos produção para
poder dialogar com as distintas séries né dos alunos é uma forma de você já na formação trazer esses alunos trazer esse eleitor é pra essa formação e atrair a questão da própria lei que fala da dor é dada do aprendizado do ensino da cultura afro então tá aí uma oportunidade também de inspirando em termos de literatura negra gente eu vou ter q encerrando infelizmente mesmo eu quero encerrar com uma fala que da série amarela fala me surpreendo muito que nos dias de hoje a avaliação das pessoas ainda seja relacionada com a cor ainda há muito
julgamento ela fala o talento não tem cor obrigada pela sua participação também eu quero mostrar que na verdade dá o endereço da livraria da fernanda que atende pela internet né efe facebook.com barra que tabu ponto livraria negra também é quero lembrar que a bienal do livro do rio de janeiro fica até dia 13 de setembro onde também a oportunidade de interagir com esse tipo de literatura que mais dá o site letras ponto ufmg ponto br dali terá frio que é um movimento liderado pelo eduardo em minas gerais obrigada viu eduardo pela sua participação aqui no
conexão futura mais uma vez e profissionalizar dia 27 eu estarei na feira do livro no largo da carioca ótimo a ifab horários em si não é só aos 17 hora e com as reservas 11 horas às 17 horas ela me bater é no dia 27 ou 29 mas ainda está eu não vou ter tempo de olhar no site não confirmava que o pessoal entra no site da bienal para confirmar carioca obrigada viu obrigada guarda obrigado a vocês duas até uma próxima oportunidade gente obrigada pela atenção pela companhia de vocês a gente volta na segunda feira
a partir das duas e meia beijo