Nós convidamos para este programa a professora Viviana Bos do Departamento de Teoria Literária e Literatura Comparada da Universidade de São Paulo. E nós pedimos para que ela nos orientasse sobre o poema A terra desolada de TSL. TST Thomas Stern.
É isso, exatamente. Eliot. Então, professora, eh, eu acho que terra desolada, terra devastada, esse esse poema tem no Brasil várias traduções, terra estéril, né?
Terra gasta. Eh, eu queria que você falasse sobre o poema, mas antes era interessante a gente entender o Elliot, um pouquinho dele, a época dele. Ele viveu em que período?
Ele é foi antes da Primeira Guerra. Ele nasceu no final do século XIX. É isso sim.
Ele nasceu em 1888, no meio dos Estados Unidos, numa cidade chamada St. Louis, que fica as margens do rio Mississippi. E a imagem do rio é muito importante na poesia do Elliot, a procura da água.
Então é um tema que vai reaparecer tanto na Terra devastada ou desolada, quanto depois no grande outro poema dele, que é Os Quatro Quartetos, não é? Mas eh quando jovem ele foi primeiro estudar em Harvard, ele estudou filosofia, literatura, estudou até um pouco de sânscrito, que também vai aparecer na terra devastada. Eh, estudou bastante, leu bastante Dante Aligeri, bastante Bodler, os simbolistas franceses, Laforg, Shakespeare, os elisabetanos, tudo isso vai, ele estudou literatura, literatura e filosofia.
E filosofia, tá? essas coisas todas vão reaparecer na obra dele. E depois ele foi paraa Inglaterra, na verdade fazer uma tese sobre um filósofo inglês em Oxford, tá?
Mas ele se cansou um pouco da vida universitária, especialmente porque ele chegou na Inglaterra exatamente no momento em que começou a Primeira Guerra Mundial, em 1914. E a universidade se esvaziou porque os jovens foram todos convocados pra guerra. E ele como americano, os Estados Unidos não entrou imediatamente na guerra.
Então ele resolveu ficar em Londres, onde ele fez algumas amizades muito duradouras com grandes escritores, com Esra Pound, que era um americano que também estava lá, com Virginia Wolf e outros escritores e acabou se casando com uma inglesa, se tornou professor de literatura num colegial durante algum tempo, depois eh foi trabalhar no banco, no Lloyds, Bank, onde ele trabalhou, porque ele sabia muitas línguas e isso era importante no banco, né? E finalmente foi trabalhar num editor onde ele ficou quase que toda a vida. Mas durante esse período da Primeira Guerra, ele começou a escrever o poema The Wasteland.
Mas ele já escrevia isso? Já já escrevia desde antes? Já.
Ele já tinha publicado, ele publicou dois livrinhos, né? O Proofck e outros poemas, depois um outro de poemas. H, já sobre a influência, sob a influência do da do modernismo, do vorticismo, do imagismo, não é?
Das vanguardas, né, que estavam eh naquele momento no seu auge, né? E e aí, bom, aí ele começa, faz esboços, né, desse desse longo poema durante a Primeira Guerra. Eh, a gente vai voltar a falar do poema, né?
E e aí depois eh desse poema, ele vai ainda publicar outros livros ao longo dos anos 20 e durante a Segunda Guerra que ele escreve um outro grande poema que é Os Quatro Quartetos. Quatro Quartetos. Eh, e também ao longo de toda a vida ele vai escrever crítica literária.
Ele escreveu bastante sobre os poetas metafísicos ingleses, sobre Bodelir, sobre Humamlet, sobre Shakespeare. Ele tem ensaios que são muito conhecidos no Brasil, como o Tradição e Talento Individual, né, que que até hoje a gente lê nos cursos de Letras. E no final da vida ele vai escrever principalmente peças de teatro.
Ah, então ele não fica na poesia apenas. É apenas. É.
E aí, mas o teatro é só no fim? Só no fim? Não, não.
Ele escreve antes. E na verdade, se você lê o Terra Devastada, você vai observar que já tem várias cenas, né? Ele sempre teve esse esse talento dramático.
Ah, mas depois, eh, nos anos 30, ele escreve uma peça religiosa que é o assassinato na catedral, que tem a ver com o assassinato do Thomas Abecket, que é um mártir, né, da igreja. anglicana, anglicana, arte da Idade Média, eh, escreve algumas peças também meio cômicas que se passam nessas mansões de campo inglesas ou em casas de família e tal. Ele ganhou o prêmio Nobel, não esquecemos isso, em 48, né?
Legal. E você trouxe uma peça que ele escreveu aqui, né? Não, não é uma peça, é um livro sobre os gatos.
Eh, porque esses poemas The Wasteland, os quatro quartetos são poemas muito sérios, né? Eh, no caso dos quatro quartetos é uma meditação sobre o tempo, sobre a arte, mas esse livro é um livro engraçado, porque ele também tem um lado satírico, né? E vocês, bom, todos sabem que depois da morte dele, esse livro inspirou um musical que é o Cats, né?
eh, e pelo qual ele se tornou muito famoso. E esse livro, KS, ele foi traduzido pro português genialmente pelo Ivo Barroso. Tá muito bem em português os poemas do Elliot, do Elot, né?
Muito bem. Então, vamos falar um pouquinho sobre o poema principal que você que é considerado o principal poema dele, né? É um poema assim eh que tem referências a todos esses escritores que você falou, todos esses poetas que você citou.
Eh, tem citações em várias línguas. Qual é a importância desse poema? Como é que a gente pode definir a importância desse poema Terra devastada?
Bom, primeiro, em relação ao título The Wasel, né? Was a gente é é uma palavra difícil de traduzir, porque a gente viu aqui em português nós temos a terra gasta, a terra desolada, a terra devastada, a terra inútil, porque o ex tem uma relação com esterilidade, com eh o que o que está murcho, o que o dejeto, o resíduo, né? E é um poema que eh sintetiza um momento de crise eh da civilização.
Então ele chegou em 22 esse poema, ele foi publicado em 22. Ele foi escrito principalmente 20 e 21 no momento de grande crise pessoal do do Elliot, mas que de uma certa maneira antenava também a crise europeia, né? Então é um momento em que a Europa está saindo da guerra, tem uma milhares de desempregados, depressão econômica, as pessoas estão enterrando os seus mortos, né?
E o e o poema tem um aspecto assim meio purgatorial, né? Como se ele ele é composto, é como mosaico, né? Ele é composto de cenas em sequência que aparentemente uma não é relacionada à outra, não é um poema orgânico, um poema que tem um começa e vai levando uma história até o final.
É, é, não é como se como se as partes não totalizassem num todo. E ele mesmo diz ao longo do poema, né, que o que ele pode mostrar para nós leitores é um amontoado de imagens quebradas. Num outro momento ele diz: "O que eu estou aqui eh montando são fragmentos, não é?
Que eu escorei das ruínas de uma cultura, né? E ainda uma imagem muito forte é cotos stamps, cotos mutilados e murchos do tempo, né? Então o poema ele é como se fosse uma montagem, mas não mais como as montagens de vanguarda do Picasso ou do Brac ao qual ele foi relacionado que formam um tipo de composição totalizadora.
Não é uma coisa única, né? Não é assim. É como se fosse pelo contrário, pedaços quebrados, cotos tem a ver com mutilação, com amputação.
Então a guerra, né, e a crise ela está por trás da própria construção do poema, né? O poema, como se sabe, é dividido em cinco partes, né? A primeira, que se chama justamente o enterro dos mortos, começa com aquele verso famoso, né, que é o famoso abril, é o mais cruel dos meses, que sua um pouco estranho para nós do hemisfério sul, porque no hemisfério norte o abril é o começo da primavera.
Exato. E é justamente a isso que ele tá se referindo, né? Então é um momento que a terra ainda não brotou, né?
Não brotou, começa a chover. E aí os tubérculos e as sementes eh deveriam começar a a florescer, a sair da terra. E por que que isso é cruel?
Então por que ele por que ele não comemora esse esse momento, né, que é comemorado, né, inclusive é comemorado justamente no no nos cantos da cantuária, que é um poema medieval, né, doer. Eh, começa o contrário. Abriu a mais doce dos meses.
Então ele vai no inverso aqui. Ele vai no inverso de propósito. Por quê?
Porque a Terra se move no sentido de memória e desejo, que são movimento pro passado e pro futuro. Seria tão bom se continuássemos no inverno, cobertos pela neve, imóveis, né? Mas agora teremos que nos mover e o futuro nada promete de bom, né?
E aí, nessa primeira parte há uma série de referências ao horóscopo, ao tarô, às profecias que não vão se cumprir, né? O que que a mulher que leu o tarô vê? Ela vê uma multidão andando em círculos, né?
Eh, e no final ele vai dizer cidade irreal, onde onde os mortos saíram da terra. Hoje em dia tá na moda zumbis, né? Mas é exatamente isso.
Esses seres que suspiram, que olham pros próprios pés, que andam em multidões pela ponte de Londres, ele vai se referir muito à hora violeta, que é a hora do crepúsculo, em que as pessoas saem do trabalho, né? E e aí é justamente ele imagina uma cena no final em que ele encontra um amigo Stedson, você que esteve comigo nos navios, na guerra, né? Ele se refere à guerra e mas ele se refere a uma outra guerra, né?
E isso que é estranho. Ele fala: "Você esteve comigo na guerra de Cartago e Roma na antiguidade", né? Como se a cultura europeia estivesse já em bebida de barbárie há séculos, né?
Quer dizer, a destruição é contínua, né? E o poema tá exorcizando muitas camadas de tempo e de espaço, né? Eh, você por acaso aquele cadáver que você enterrou no seu jardim já começou a brotar?
Né? Ele pergunta, né? Então, por isso que se chama enterro dos mortos.
Então, tem algo de sinistro, ele vai se referir ao deserto, né? A a eu vou te mostrar o medo, né? Numa num punhado de pó, né?
Há um futuro que não existe, água que não vem, a chuva que não vem. Mas no meio de tudo isso, há uma visão lírica, né, da menina dos dos liláses. É isso, exatamente.
Ele vai ver uma menina, os cabelos úmidos, com os braços cheios de flores, né? Eh, que e quando ele falar não pude, meus olhos me faltaram, né, contemplando no coração da luz o silêncio, né? Então, como o nosso Manuel Bandeira, ele tem esse alumbramento ou uma visão, né, que tem a ver com o florescimento, né, com a juventude, eh, com o amor puro, né, eh, no meio dessa terra, eh, devastada, né, e poema, ao longo de todo o poema, você tem como indícios de uma caminhada, ele disse que se baseou um pouco nos ritos de fertilidade, não é antigo.
egípcios e gregos, né? Eh, que imaginam a volta da chuva. Eh, até algumas relações com Santo Graal, tem o rei pescador, eh, que é um rei infértil, né, na história do do Santo Graul, eh, que que ele tá ferido e a terra toda se torna estéril, né?
Então, ele tem algum, ele diz que usou muito livremente essa mitologia, né, que vai aparecendo ao longo do poema, né? E, e é interessante. Bom, aí você tem então essas sequências como se fossem camadas do tempo, cenas, né?
E aí na segunda parte que se chama um jogo de xadrez, muda completamente o ambiente e você tem uma mansão, uma sala riquíssima, cheia de perfumes sintéticos, brisas, brisas, joias, eh um candelabros e uma mulher sentada assim na frente do espelho histérica, diz: "O que que nós vamos fazer? Não há nada o que fazer. Onde estamos?
" E uma voz que talvez seja de um homem responde: "Estamos no beco dos ratos, onde os mortos perderam os seus ossos". Coisa terrível, parece Becks, né? E e aí então você tem esse esse mundo eh de muita opulência, mas estéril, vazio.
E e aí tem uma tapeçaria na parede nessa sala muito chique com a cena da de Filomela, que é aquela figura da antiguidade eh que foi violada por um rei. E ele cortou a língua dela para que ela nunca contasse, mas ela se transformou num rotol e ela canta com voz inviolável no deserto, né? Então você tem essas contradições entre cultura e barbárie, eh, na mansão rica e logo depois na cena seguinte, que se passa num bar de Londres bem popular, que tem duas mulheres que você vê que são bem simples numa conversa assim meio vulgar e uma diz: "Ah, o seu marido foi pra guerra, mas ele já deve estar voltando, né?
" Quando ele voltar, ele vai querer saber o que que você fez com o dinheiro que ele te mandou para você colocar uma dentadura, a set of te, né? E ela diz: "Ah, eu gastei o dinheiro porque eu tive que tirar uma criança, né? Eu tomei pílulas e agora eu tô com essa cara velha.
Fala: "Você só tem 31 anos, você tem uma cara de velho". E aí elas têm essa conversa que revela tanto na mansão quanto numa classe, digamos, mais pobre, essa futilidade das relações humanas, né? E ao mesmo tempo tem um garçom, você sabe que os bares em Londres, não sei se ainda é assim, mas eles têm que fechar às 10:30, 11 horas.
E tem um garçom que fala: "Apressem-se, está na hora, né, que que você deveria pagar embora, né, em inglês, hurry up, it's time, né? " Mas parece o próprio tempo que está falando, né? E aí, essas duas mulheres se despedem com a frase da Ofélia antes de se jogar no rio, né, que é: "Boa noite, jovens donzelas, boa noite, né?
Good night, sweet ladies", né? Então, tem uma relação com o rio estranha, mas que tem relação com a água, né? Mais com a morte do que com a vida.
Bom, e por aí vai o poema na terceira parte, eh, que é o o sermão do fogo. Sermão do fogo, né? Que tem que também são relações humanas e de amores eh fugazes, efêmeros, o rio poluído, o rio Tamisa, cheio de lixo, o rei pescador do Santo Graal, que pesca num canal poluído.
Ah, também cenas em que as ninfas foram embora do rio, né? Bom, e aí ele tá em Londres, tá no rio Reno, são as ninfas do misturado de cidade, né? Cidade, né?
Muito. Você vê que ele tá em Londres, na quarta parte que é misteriosíssima, que é morte pela água. Então você passou do fogo pra água, né?
E é curta, né? É curta e muito lírica também de novo, porque é sonora, como se fossem as ondas, essa morte pela água, né? flebas o fenício.
E aí tem a ver com as cartas do tarot, que a roda da fortuna faz com que aquele que tava no alto agora tenha naufragado e tem uma relação com a tempestade do Shakespeare. Tem uma canção, né, que fala: "É, agora os seus olhos são pérolas". Antes eram olhos, agora são pérolas, né?
Então, há uma metamorfose que é uma característica desse poema, né? os corpos que passam pela água e pelo fogo. Eh, mas o final, que é a quinta parte, será triste ou feliz?
Os intérpretes estão discutindo isso até hoje. O que disse o trovão, né? O que disse o trovão, né?
Porque você tem uma paisagem desértica, uma montanha, uma caminhada pelo deserto com sons muito longincos de pássaros que anunciam chuva ou de um trovão que anuncia chuva. multidões caminhando, um momento meio surrealista de uma mulher que penteia os cabelos, eh, que tem um filho morcego perto dela. Uma cena muito estranha.
As cidades que caem, que ruim, Jerusalém, Atenas, Londres, cidades ruindo. Então, lembra uma cena meio apocalíptica de guerra. E ao mesmo tempo o trovão sobre o rio Ganges, eh, ele diz uma palavra em sânscrito que é dá, que é a raiz sânscrita de dar também em português, né?
Uhum. Mas as pessoas entendem de três maneiras d, pode ser ter compaixão ou pode ser ter autocontrole, ter controle. Data, daadvan e damiata.
três palavras em sânscrito, né, que ele vai interpretando, né, dar tudo que você é, eh, ter compaixão, né, eh, deixar de se trancar com a própria chave em si mesmo. Ah, ter controle como quem controla um barco no mar. Bom, a gente poderia falar longamente sobre o que cada um quer dizer, cada uma dessas coisas, mas ele termina com o enlouquecimento com várias línguas ao mesmo tempo, o príncipe da quitânia na torre arruinada, essas ruínas escoradas e finalmente com o que seria um final de um dos cantos dos upanhades, que é chanti, né, que quer dizer a paz que ultrapassa todo o entendimento.
é um tipo de mantra, né? Como se ele estivesse implorando por paz, né, no final do poema, né, uma paz eh profunda. Então, a gente não sabe se virá a chuva, se não virá, né, eh, nessa hora violeta do crepúsculo, enfim, né?
Então, é um poema muito complexo, mas com cenas muito eh precisas e intensas. E como é que ele foi recebido quando ele surgiu? Quer dizer, eh, ele ele essa essa interpretação se deu ao longo, enfim, isso foi em 1920, você falou que ele escreveu sem, quase 100 anos, estamos perto de fazer 100 anos desse poema.
Eh, quando ele, como é que ele foi recebido naquela época, naquele pós-guerra? Fez sucesso ou não? e e pela crítica com a maior estranheza possível e pelos estudantes e pelos jovens com grande empatia.
As pessoas começaram a recitar esse poema. Elas se identificavam sem entender ainda o que queria dizer, porque ele disse, bom, mas depois ele foi interpretado de mil maneiras, especialmente pelos New Critics, né, que viam um fio eh muito claro no poema. Hoje em dia já não se acha tanto isso, mas ele diz: "Bom, eu agradeço todas essas interpretações, mas na verdade isso são eh peças de lamentos rítmicos que saíram do meu peito, né?
Eh, porque ele ele mesmo não achava que o poema tinha unidade, né? Eh, como se sabe, o ele trabalhou bastante com o Esra Pound, que era amigo dele, a que ele dedica o poema, né? Eh, e que ele dizia, o Esra Paundes, que ele foi um tipo de parte do poema, né, que o Hélio escreveu e ele ajudou o poema a vir à luz, né?
Eh, e, eh, bom, mas depois, então, na hora não foi muito bem recebido, foi considerado muito estranho também o fato de que ele colocou notas no poema, né? Desde a primeira edição do poema você tem algumas notas. Ele que explica o poema.
É isso. Não, não explica nada, mas ele diz de onde ele retirou as referências, as alusões, a Shakespeare, a Dante Aligueira, a Bodellera, a várias referências aos quadros parisenses, aos poemas principalmente urbanos do Bodler, né, que as muitas cenas de Londres, né, e não explica nada, mas ele disse que ele colocou as notas apenas porque ele não queria ser chamado de plagiário, ele queria dizer exatamente de onde ele tinha tirado cada imagem e também porque a edição do livro ia ficar muito curta. Então, para aumentar um pouquinho e tal, ele diz isso, não sei se é verdade, né?
Mas na hora isso foi considerado muito pedante, né? Que história é essa de um poema que precisa de notas para ser para ser decodificado? E além do que as notas, na verdade, ele diz: "Bom, eu me apropriei livremente da mitologia egípcia ou do tarô ou das histórias do Santo Graal e de fato muito livremente ele vai transformando aquilo, né?
Das peças do Shakespeare, né? E bom, mas tem, quer dizer, na verdade tem livros e livros de explicação, né? Eh, ele deu muito alimento pros críticos e até hoje as pessoas vão procurar que ali se o poema é um poema conservador de nostalgia do passado, se ele tá dizendo bem antes era melhor ou pelo contrário, desde o começo da civilização você tem essas cenas terríveis de violência, né?
esse desejo de restauração que está junto, né, na própria cultura. Todos esses elementos estão eh misturados, né? O comer, a epígrafe do poema, não falamos sobre isso, é terrível, porque é uma profecia que Apolo faz para Ciba, o Apolo diz paraa Cibila: "Você terá a vida eterna".
E a Cibila vai ficando cada vez mais velha, cada vez mais enrugada. Ela já tá virando pó. E ela diz para Polo que ela deseja, que o maior desejo que ela tem é morrer, né?
Então esse o começo é: Sibila, o que desejas, né? Ela diz: "O meu maior desejo é morrer". Então a epígrafe não pronuncia nada de otimista, né?
Eh, ela é tão velha quanto a cultura europeia, né? E ela prediz um futuro que não parece dos mais alviçareiros, né? Mas temos que lembrar isso, né?
que se trata de um poema escrito logo depois da Primeira Guerra. Por sinal, ele é contemporâneo ao exatamente contemporâneo ao Ulisses do Joyce, do James Joyce. E ele escreveu logo depois sobre ele gostava muito do Ulisses.
Ele fala bem, assim como ele se refere ao poema dele e faz referências ao Ulisses, ele diz, assim como no Ulisses, você tem um substrato mítico para falar do mundo contemporâneo, né? eh, enfim, como se tivesse uma mistura de ordem e desordem no livro. Esse esse poema, ele acabou marcando um momento da literatura.
Quer dizer, a gente ele era americano, mas se se naturalizou em inglês. A gente pode pode falar que é um é um escritor inglês, um escritor americano, como é que a gente se refere aí? É uma questão, porque ele e o Wesre Pound são considerados os pais do modernismo norte-americano e ambos fizeram isso na Inglaterra, fizeram isso, foram pra Europa, né, por motivos até diferentes entre si, mas eles tinham uma grande atração pela cultura europeia, o que estranhamente é muito característico dos escritores norte-americanos, como a gente vê do Harry James, que estava na Inglaterra, já era mais velho quando ele foi para lá, do Paul, né, que escreve contos baseados em Veneza, no mundo europeu, né?
Mas o poema é um marco, é um marco enorme pro modernismo, né? Tanto americano quanto inglês, né? E é um modernismo diferente do modernismo dos anos 10, porque ele usa os mesmos procedimentos que o Picasso usava, por exemplo, que o Stravinski usa na sagração da primavera, que é outra referência pro Elliot, mas não mais com aquele com aquele tôus otimista dos primeiros manifestos.
Então ele usa a assamblagem, a montagem, a decomposição, mas com já com um outro tom completamente diferente do primeiro modernismo. Bom, professora, a gente tá chegando ao final. Só queria dizer que ex tem várias traduções desse poeta, várias traduções de poetas, de eh brasileiros, né, tal.
Ah, tem aqui a Idelma Ribeiro de Faria, tem uma tradução conhecida, o Ivan Junqueira também tem uma uma tradução bem conhecida. Eh, tem alguma outra que você gostaria de citar para quem quiser ir atrás do poema? Sim.
Então, no caso, o Ivan Junqueira, que traduz como terra desolada, a Idelma como terra gasta, o Paulo Mendes Campos, uma boa tradução, a terra inútil e o Ivo Barroso, que traduziu também, não sei se o poema inteiro, uma parte inteiro, eu encontrei um trecho de tradução do Ivo Barroso chamado A terra devastada, né? eh fez uma tradução um pouco diferente. Na verdade, ele explica aqui que procura usar, como era um poema modernista, ele procura usar palavras mais coloquiais.
Então ele vai, faz uma busca da coloquialidade no poema, se bem que não é não é uma coisa simples, né? Não é uma tarefa simples. Agora, a tradução, ela ela representa o poema ou é interessante fazer a comparação da língua quando se lê?
É sempre interessante fazer a comparação da língua, né? Se você puder olhar eh como é que é em inglês por causa da sonoridade, que é muito difícil sempre de manter numa outra língua por causa das referências, não é? Eh, mas eu acho traduções boas, né?
Já trabalhei um pouco com a tradução do Ivan Junqueira e com a Idelma Ribeiro de Faria, né? A gente tentou dramatizar uma vez com o grupo de teatro e funcionou. Ficou interessante.
Muito bem, professora. Obrigado por suas explicações. Obrigado sua orientação aqui sobre o poema A terra devastada ou desolada do Elliot.
Muito obrigada a vocês. Até a próxima oportunidade.