Teorias do Currículo - Teorias pós-críticas do currículo: estudos feministas e teoria queer

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Disciplina: Licenciatura Univesp - Universidade Virtual do Estado de São Paulo Professora: Marcos ...
Video Transcript:
[MÚSICA] [MÚSICA] [MÚSICA] >> [MARCOS] OLÁ, PESSOAL! ESTA É A VIDEOAULA NÚMERO 12 DA DISCIPLINA TEORIAS DO CURRÍCULO. NESTE MOMENTO ESTAMOS DISCUTINDO AS TEORIAS PÓS-CRÍTICAS.
EM ENCONTROS PASSADOS DISCUTIMOS AS TEORIAS TRADICIONAIS, PASSAMOS PARA AS TEORIAS CRÍTICAS, NA VIDEOAULA ANTERIOR, NA VIDEOAULA NÚMERO 11, DISCUTIMOS A CONTRIBUIÇÃO DO MULTICULTURALISMO CRÍTICO, E HOJE DISCUTIREMOS A CONTRIBUIÇÃO DOS ESTUDOS FEMINISTAS E DA TEORIA QUEER PARA AS DISCUSSÕES SOBRE CURRÍCULO. OS OBJETIVOS DA DISCIPLINA SÃO CONHECER AS TEORIAS DO CURRÍCULO; IDENTIFICAR AS TRANSFORMAÇÕES SOCIAIS QUE IMPACTARAM AS TEORIAS CURRICULARES; IDENTIFICAR AS CARACTERÍSTICAS DAS TEORIAS TRADICIONAIS, CRÍTICAS E PÓS-CRÍTICAS DO CURRÍCULO; COMPREENDER COMO OPERAM AS POLÍTICAS CURRICULARES; COMPREENDER OS DIVERSOS ASPECTOS ABARCADOS PELO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO. ENTÃO, COMO VOCÊS PODEM VER, HOJE DAMOS CONTINUIDADE À DISCUSSÃO DAS TEORIAS PÓS-CRÍTICAS, CONHECENDO, TOMANDO CONTATO OU, PARA MUITAS PESSOAS QUE PARTICIPAM AQUI DO NOSSO CURSO, SE APROFUNDANDO NESSA DISCUSSÃO DAS TEORIAS PÓS-CRÍTICAS.
O OBJETIVO DA VIDEOAULA DE HOJE É IDENTIFICAR AS CARACTERÍSTICAS DAS TEORIAS PÓS-CRÍTICAS COM ESPECIFICIDADE NOS ESTUDOS FEMINISTAS E NA TEORIA QUEER. COMO VOCÊS SABEM, NÓS ESTAMOS TRABALHANDO COM A IDEIA DE QUE, NA MEDIDA EM QUE O TEMPO PASSA, A SOCIEDADE SE TRANSFORMA, AS RELAÇÕES SOCIAIS SE TRANSFORMAM, AS RELAÇÕES DE PRODUÇÃO TAMBÉM SE TRANSFORMAM, E ISSO IMPACTA DIRETAMENTE NA ESCOLA, NOS OBJETIVOS DA ESCOLA, NA FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA, NA PEDAGOGIA DESENVOLVIDA NA ESCOLA E, CONSEQUENTEMENTE, TAMBÉM NAS TEORIAS DO CURRÍCULO. JÁ VIVEMOS EM UMA SOCIEDADE EM CASTAS COM UM MODELO CURRICULAR, QUE NÓS JÁ DISCUTIMOS EM ENCONTROS ANTERIORES; PASSAMOS PARA UM DESENHO SOCIAL, UMA CLIVAGEM DE CLASSES, NUMA SOCIEDADE DIVIDIDA, SOBRETUDO, A PARTIR DAS RELAÇÕES DE PRODUÇÃO, DAS RELAÇÕES MATERIAIS DE PRODUÇÃO DA SUBSISTÊNCIA.
NESSE SENTIDO, FICOU BEM FORTE UMA TEORIA TRADICIONAL: A ESCOLANOVISTA. DISCUTIMOS ATÉ AS CONTRIBUIÇÕES DESSA TEORIA NAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS CONTEMPORÂNEAS. EM SEGUIDA PASSAMOS À ANÁLISE, AO ESTUDO DO TECNICISMO EDUCACIONAL E, CLARO, A SUA PRESENÇA MARCANTE NAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DE MUITOS PROFESSORES E PROFESSORAS, NAS NOÇÕES DE CURRÍCULO QUE ATRAVESSAM MUITOS SISTEMAS, SEJAM ELES PÚBLICOS OU SISTEMAS PRIVADOS.
NESSE CONTEXTO, OS TERMOS ENSINO, APRENDIZAGEM, AVALIAÇÃO, MÉTODO, PLANEJAMENTO, EFICÁCIA E OBJETIVOS GANHARAM MUITA SOLIDEZ NO CAMPO PEDAGÓGICO, NA TEORIA CURRICULAR. E MUDAMOS A DISCUSSÃO DE CURRÍCULO, PASSANDO INICIALMENTE PELAS TEORIAS CRÍTICO-REPRODUTIVISTAS, UM CONJUNTO GRANDE DE AUTORES QUE IDENTIFICAVA NA ESCOLA UM DISPOSITIVO, UM MECANISMO DE REPRODUÇÃO DA DESIGUALDADE SOCIAL. DESIGUALDADE ESSA QUE SE FEZ PRESENTE TAMBÉM NAS CONTRIBUIÇÕES DAS TEORIAS RECONCEPTUALISTAS E NEOMARXISTAS.
DISCUTIMOS A PARTIR, SOBRETUDO, DAS CONTRIBUIÇÕES DE WILLIAM PINAR, MICHAEL APPLE E HENRY GIROUX. E PASSAMOS PELA NOVA SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO, QUANDO ESSE CAMPO TEÓRICO NOS AJUDA A QUESTIONAR O QUE É CONSIDERADO CONHECIMENTO VÁLIDO, CONHECIMENTO LEGÍTIMO. POR QUE ESSE CONHECIMENTO TEM QUE ESTAR NO CURRÍCULO E NÃO O OUTRO?
OS TERMOS JÁ APARECEM OUTROS. . .
UMA TERMINOLOGIA COMEÇA A CIRCULAR NO CAMPO DO CURRÍCULO, COMO IDEOLOGIA, REPRODUÇÃO, CLASSE, CAPITALISMO E CULTURA DOMINANTE. CHEGAMOS ÀQUELAS TEORIAS QUE NÓS PODEMOS CHAMAR DE MAIS PROPOSITIVAS NO CAMPO DAS INTERVENÇÕES. INICIAMOS COM A PEDAGOGIA CRÍTICA TAMBÉM, MAS A PEDAGOGIA CRÍTICA LIBERTADORA - A CONTRIBUIÇÃO FUNDAMENTAL DO PATRONO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA, O PROFESSOR PAULO FREIRE.
E CONCLUÍMOS ESSE MOVIMENTO DAS TEORIAS CRÍTICAS COM A CONTRIBUIÇÃO DA PEDAGOGIA DOS CONTEÚDOS, ESPECIFICAMENTE A PEDAGOGIA HISTÓRICO-CRÍTICA, E TAMBÉM A PEDAGOGIA CRÍTICO- SOCIAL DOS CONTEÚDOS - CONTRIBUIÇÕES DOS NOSSOS COLEGAS PROFESSORES BRASILEIROS DERMEVAL SAVIANI E JOSÉ CARLOS LIBÂNEO. BOM, A PARTIR DO ENCONTRO PASSADO, DEMOS INÍCIO À DISCUSSÃO DAS TEORIAS PÓS-CRÍTICAS E SUAS CONTRIBUIÇÕES AO DEBATE CURRICULAR. COMEÇAMOS A CONVERSA COM O MULTICULTURALISMO CRÍTICO, FOCALIZANDO OS TRABALHOS DE VERA MARIA CANDAU E DE ANA CANEN.
OUTROS AUTORES DO MULTICULTURALISMO TAMBÉM INFLUENCIARAM OS TRABALHOS DELAS, COMO PETER MCLAREN, O PRÓPRIO STUART HALL, HENRY GIROUX, E VÁRIOS OUTROS, QUE NÃO VÊM AO CASO AQUI NA ESPECIFICIDADE DAS NOSSAS CONVERSAS. O QUE É IMPORTANTE É PERCEBER QUE O MULTICULTURALISMO CRÍTICO É UMA TENTATIVA POLÍTICA E PEDAGÓGICA DE RESPONDER ÀS CARACTERÍSTICAS DA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA. ENTÃO, DESDE O INÍCIO DO NOSSO CURSO, DESDE O INÍCIO DA NOSSA DISCIPLINA, ESTAMOS TRABALHANDO COM A LÓGICA DE QUE VIVEMOS NUMA SOCIEDADE BASTANTE DIFERENTE DO DESENHO SOCIAL ANTERIOR.
TRABALHAMOS COM LÓGICA QUE VIVEMOS, HABITAMOS, COABITAMOS UMA SOCIEDADE PÓS-MODERNA. NESSE SENTIDO, ALGUNS SETORES ESTÃO MAIS DISTANTES DO CENTRO, OUTROS SETORES ESTÃO MAIS AO CENTRO. OU SEJA, OUTROS SETORES TÊM MAIS ACESSO A TUDO AQUILO QUE SE PRODUZ EM TERMOS DE BENS MATERIAIS E CULTURAIS.
O MULTICULTURALISMO FOI UM ESFORÇO PARA TENTAR INSERIR DETERMINADOS GRUPOS SOCIAIS NESSE CONTEXTO. HOJE AVANÇAMOS PARA UMA OUTRA CONTRIBUIÇÃO, PARA A CONTRIBUIÇÃO DA TEORIA QUEER E DOS ESTUDOS FEMINISTAS. QUEER, COMO VOCÊS JÁ DEVEM TER OUVIDO, COMO VOCÊS JÁ DEVEM TER LIDO, PODE SER TRADUZIDO, GROSSEIRAMENTE, COMO "ESTRANHO".
OU SEJA, EXISTE ALGUMA COISA ESTRANHA NESSE PENSAMENTO QUEER. É O QUE NÓS VAMOS HOJE CONHECER UM POUCO. E AÍ A GENTE CONTINUA INSISTINDO PARA QUE TODOS VOCÊS FAÇAM AS LEITURAS SUGERIDAS, AS LEITURAS RECOMENDADAS, QUE VÃO PERMITIR APROFUNDAR NESSA DISCUSSÃO.
O DEBATE DOS ESTUDOS FEMINISTAS E DA TEORIA QUEER TEM COMO AUTORAS MUITO IMPORTANTES A GUACIRA LOPES LOURO, A JOAN SCOTT E A JUDITH BUTLER. VOCÊS DEVEM SE LEMBRAR QUE NO VÍDEO DE APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA, NAQUELE PEQUENO VÍDEO QUE A GENTE FEZ EM OUTRO ESPAÇO, EM OUTRO LUGAR, EU MOSTREI PRA VOCÊS A JUDITH. ENTÃO, AQUELA CADELA TEM ESSE NOME EM HOMENAGEM A ESSA AUTORA AQUI.
POR ISSO QUE EU DISSE QUE A JUDITH IRIA NOS ACOMPANHAR AO LONGO DA DISCIPLINA. E AQUELE OUTRO CACHORRINHO QUE TAMBÉM APARECE SEMPRE LÁ NO FUNDO TAMBÉM TEM UM NOME EM HOMENAGEM A UM OUTRO AUTOR QUE HOJE NÓS VAMOS CONHECER, QUE NESSA DISCUSSÃO AQUI NÓS TAMBÉM VAMOS ENFRENTAR. POIS BEM, RETOMANDO, QUE NO CAMPO PÓS, SER PÓS É IR ALÉM, SER PÓS É AGREGAR DETERMINADAS CONTRIBUIÇÕES DAS TEORIAS CRÍTICAS E À ESSAS CONTRIBUIÇÕES ACRESCENTAR OUTROS MARCADORES, OUTRAS PROBLEMÁTICAS, OUTRAS NOÇÕES, MUDANDO POR COMPLETO A NOÇÃO DE CONHECIMENTO, A NOÇÃO DE CULTURA E A NOÇÃO DE LINGUAGEM.
NESSE CASO, OS TERMOS SÃO IDENTIDADE E DIFERENÇA, SIGNIFICAÇÃO, DISCURSO, REPRESENTAÇÃO, CLASSE, RAÇA, ETNIA E GÊNERO. E ESSES DOIS CAMPOS QUE NOS AJUDAM A PENSAR AS TEORIAS PÓS-CRÍTICAS A PARTIR DAS CONTRIBUIÇÕES DE JUDITH BUTLER, DE JOAN SCOTT E DE GUACIRA LOPES LOURO, UMA PROFESSORA BRASILEIRA QUE ATUA, PRODUZ E MILITA NA DISCUSSÃO DO CURRÍCULO, NA DISCUSSÃO DA EDUCAÇÃO A PARTIR DOS ESTUDOS FEMINISTAS, VAI NOS AJUDAR A PENSAR O CURRÍCULO DE UMA OUTRA MANEIRA. ENTÃO, CONVIDAMOS TODOS VOCÊS A PENSAREM UM POUCO SOBRE UM CASO JÁ NÃO TÃO COMUM.
VOCÊS VÃO SE LEMBRAR QUE DURANTE A DISCUSSÃO DAS TEORIAS CRÍTICAS, NÓS INSISTIMOS MUITO EM CASOS COMUNS. AGORA, COM AS TEORIAS PÓS-CRÍTICAS, NÓS ESTAMOS USANDO EXEMPLOS NÃO TÃO COMUNS. POR QUE ESSA PREOCUPAÇÃO?
PORQUE NÓS TEMOS CERTEZA QUE EM ALGUMAS ESCOLAS, ALGUNS PROFESSORES E ALGUMAS PROFESSORAS EM ALGUMAS REDES DE ENSINO, ESTAS TEORIAS JÁ ESTÃO EM CIRCULAÇÃO, ESTÃO INFLUENCIANDO AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS, E É POSSÍVEL QUE MUITOS DESSES CASOS QUE A GENTE MENCIONA, CASOS NÃO TÃO COMUNS, ACONTEÇAM. DAÍ A IMPORTÂNCIA DE DIZER: "OLHA, AQUI NÃO HÁ RARIDADE ALGUMA". ESSES CASOS ACONTECEM, MAS NÃO SÃO TÃO COMUNS.
EM MUITAS ESCOLAS OU NO TRABALHO DE MUITOS PROFESSORES E PROFESSORAS, NO MOMENTO EM QUE SELECIONAM OS MATERIAIS, NO MOMENTO EM QUE SELECIONAM OS TEMAS, NO MOMENTO EM QUE SELECIONAM AS ATIVIDADES, ELES SE PREOCUPAM TAMBÉM EM APRESENTAR A VISÃO QUE A MULHER ELABOROU, PRODUZIU E DISSEMINOU SOBRE AQUELES ASSUNTOS QUE ELES ESTÃO TRABALHANDO. ENTÃO, LENTAMENTE, A GENTE PERCEBE VÁRIOS PROFESSORES E PROFESSORAS SUBSTITUINDO OS REFERENCIAIS EXCLUSIVAMENTE MASCULINOS E TRABALHANDO COM TEMÁTICAS EXCLUSIVAMENTE MASCULINAS, OU SEJA, O PONTO DE VISTA MASCULINO SOBRE A PRODUÇÃO DOS CONHECIMENTOS, E ACRESCENTANDO - NÃO DISSE SUBSTITUIR NO SENTIDO DE RETIRAR TOTALMENTE, MAS SUBSTITUINDO A EXCLUSIVIDADE, OU SEJA, ACRESCENTANDO - TAMBÉM A PRODUÇÃO DE CONHECIMENTOS DAS MULHERES, A VISÃO DE MUNDO QUE AS MULHERES COLOCAM EM CIRCULAÇÃO. É PRECISO LEMBRAR TAMBÉM QUE NÓS TEMOS VISÕES DE MUNDO COLONIZADAS.
MUITAS MULHERES PODEM REPRODUZIR VISÕES DE MUNDO HEGEMÔNICAS QUE FORAM PRODUZIDAS, ESTABELECIDAS E LEGITIMADAS PELO PENSAMENTO HÉTERO E PELO PENSAMENTO MASCULINO. NÓS AQUI ESTAMOS DEFENDENDO, A PARTIR DOS ESTUDOS FEMINISTAS, A PARTIR DA TEORIA QUEER, A CRIAÇÃO DE ESPAÇOS PRA OUTRAS REPRESENTAÇÕES, PRA OUTRAS VISÕES. ENTÃO, QUEM SABE NÓS NÃO PRECISEMOS FICAR COM APENAS OS HERÓIS E POSSAMOS TRAZER TAMBÉM AS HEROÍNAS.
QUEM SABE A GENTE POSSA ESCOLHER PRÁTICAS A SEREM ANALISADAS, PRÁTICAS SOCIAIS QUE TAMBÉM PERTENCEM AO UNIVERSO FEMININO E QUE SÃO PRODUZIDAS - QUE TEM A VER COM O REFERENCIAL QUE A GENTE VAI DISCORRER AGORA - TAMBÉM PELAS MULHERES. AS COISAS EM SI NÃO SÃO NEM MASCULINAS, NEM FEMININAS. AS COISAS EM SI SÃO SIGNIFICADAS A PARTIR DO GRUPO QUE TEM CONDIÇÕES DE DIZER O QUE AQUELA COISA É.
NÓS JÁ ESTUDAMOS UM POUQUINHO SOBRE ISSO NO MULTICULTURALISMO, NA MEDIDA EM QUE A GENTE FOR AVANÇANDO, A GENTE VAI CONHECENDO UM POUCO MAIS ESSE CAMPO QUE ESTAMOS INICIANDO AGORA. AS REFERÊNCIAS QUE FORAM APRESENTADAS PARA VOCÊS, QUE ESTÃO DISPONÍVEIS PARA LEITURA, NOS AJUDAM A ENTENDER BASTANTE ISSO QUE NÓS ESTAMOS FALANDO. POIS BEM, PONTUALMENTE, O QUE É A TEORIA QUEER?
E O QUE OS ESTUDOS FEMINISTAS NOS AJUDAM A PENSAR EM TERMOS DE TEORIA CURRICULAR E QUE PODE IMPACTAR NÃO SÓ A PRODUÇÃO DE DOCUMENTOS CURRICULARES E POLÍTICAS CURRICULARES, MAS TAMBÉM A PRODUÇÃO DE PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EFETIVAS? É IMPORTANTE LEMBRAR QUE AS LINHAS DE PODER, COMO DIZIAM OS AUTORES DAS TEORIAS CRÍTICAS, NAQUELE MOMENTO, ELAS ERAM PREDOMINANTEMENTE A PARTIR DAS RELAÇÕES DE CLASSE. A PARTIR DA CONTRIBUIÇÃO DOS ESTUDOS FEMINISTAS, A GENTE PODE DIZER QUE AS LINHAS DE PODER TAMBÉM SÃO MARCADAS PELO PATRIARCADO.
OU SEJA, EXISTEM RELAÇÕES QUE ESTÃO PAUTADAS NO GÊNERO. DETERMINADOS GRUPOS SOCIAIS TIVERAM MAIS CONDIÇÃO DE FAZER E DIVULGAR, DE COLOCAR EM CIRCULAÇÃO SUAS IDEIAS, SEUS PENSAMENTOS E SUAS FORMAS DE SIGNIFICAR. GRUPOS, NORMALMENTE, CONSTITUÍDOS POR HOMENS.
OU SEJA, HOMENS CIS, UMA CORRESPONDÊNCIA A HOMENS CISGÊNEROS, ENTRE A ORIENTAÇÃO SEXUAL, ENTRE A IDENTIDADE DE GÊNERO E A QUESTÃO "BIOLÓGICA". OS ESTUDOS FEMINISTAS SUPERARAM, ELES ROMPERAM COM AQUELA IDEIA QUE BASTAVA COLOCAR TODAS AS MULHERES NA ESCOLA. VOCÊS SABEM MUITO BEM QUE A ESCOLA DURANTE MUITO TEMPO, A INSTITUIÇÃO ESCOLAR FOI RESTRITA AOS HOMENS.
VOCÊS SABEM MUITO BEM QUE ATÉ POUCO TEMPO ATRÁS A UNIVERSIDADE ERA RESTRITA AOS HOMENS. O CAMPO DA POLÍTICA, O CAMPO DAS LIDERANÇAS POLÍTICAS, O CAMPO DO MUNDO DA ARTE, DO MUNDO DOS ESPORTES E ETC. ERA PRATICAMENTE MASCULINO.
E COM O PASSAR DO TEMPO, GRAÇAS A UMA SÉRIE DE LUTAS, ETC. E ETC. OU SEJA, FOI NO SÉCULO PASSADO, NA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO PASSADO, QUE A MULHER COMEÇA A VOTAR, QUE A MULHER NÃO PRECISA MAIS DE PERMISSÃO PARA VIAJAR, NÃO PRECISA MAIS DE PERMISSÃO DO MARIDO OU DO PAI PARA VIAJAR, E POR AÍ VAI, MILHARES DE EXEMPLOS QUE TODOS VOCÊS CONHECEM BEM.
E AÍ, A DISCUSSÃO DOS ESTUDOS FEMINISTAS É: NÃO BASTA GARANTIR O ACESSO NA ESCOLA, MAS PRECISA SE DISCUTIR TAMBÉM O QUE ESTÁ SENDO ENSINADO NA ESCOLA. LEMBRE-SE QUE A DISCUSSÃO DO CURRÍCULO PASSA TAMBÉM PELO CONHECIMENTO. OU SEJA, QUAL É A VISÃO QUE É COLOCADA EM CIRCULAÇÃO NA ESCOLA?
AS TEORIAS QUE NÓS ESTAMOS AGORA CONVERSANDO, OS ESTUDOS FEMINISTAS E, PRINCIPALMENTE, A TEORIA QUEER, O QUE ELAS QUEREM TAMBÉM É PERTURBAR A TRANQUILIDADE DA "NORMALIDADE". PORQUE A ESCOLA VAI NORMALIZANDO QUE A ÚNICA MANEIRA DE ESTAR NA SOCIEDADE É SER HETEROSSEXUAL, TODAS AS OUTRAS POSSIBILIDADES SÃO DESCONSIDERADAS. E ISSO COMEÇA, ÀS VEZES, NA EDUCAÇÃO INFANTIL, ONDE A GENTE JÁ COLOCA UM BANHEIRO PRA MENINO, UM BANHEIRO PRA MENINA, E VAI REFORÇANDO PRÁTICAS SÓ DE MENINO, PRÁTICAS SÓ DE MENINA, CORES DE MENINO, CORES DE MENINA, ATIVIDADES DE MENINO, ATIVIDADES DE MENINA.
E ISSO SE ESTENDE AO LONGO DA EDUCAÇÃO BÁSICA. OU SEJA, A ESCOLA VAI ATUANDO COMO UMA ENTIDADE QUE VAI NORMALIZANDO ESSA RELAÇÃO. E, ORA, A SOCIEDADE NÃO É CONSTITUÍDA POR PESSOAS EXCLUSIVAMENTE HETEROSSEXUAIS.
NA SOCIEDADE EXISTEM VÁRIAS FORMAS DE EXPRESSÃO DA SEXUALIDADE E VÁRIAS ORIENTAÇÕES SEXUAIS. DAÍ A IDEIA DA TEORIA QUEER PERTURBAR ISSO QUE É TOMADO COMO "NORMAL". É IMPORTANTE LEMBRAR QUE A SEXUALIDADE, NESSE CAMPO TEÓRICO, É UMA CONSTRUÇÃO SOCIAL.
E É ÓBVIO, PARECE ÓBVIO PRA VOCÊS QUE NÓS ENTENDEMOS A SEXUALIDADE DESSA MANEIRA. PORTANTO, O SER HOMEM, PORTANTO, O SER MASCULINO, O SER HOMOSSEXUAL, O SER HETEROSSEXUAL OU OUTRAS ORIENTAÇÕES SEXUAIS POSSÍVEIS, TUDO ISSO É UMA CONSTRUÇÃO SOCIAL. SOMOS NÓS, SUJEITOS DA CULTURA, QUE VAMOS DIZENDO: ISTO É ISTO, ISTO É AQUILO.
EM OUTRAS SOCIEDADES, EM OUTROS TEMPOS, DE OUTRAS MANEIRAS, ESSAS RELAÇÕES JÁ SE ESTABELECERAM COM OUTRAS LÓGICAS E OS SIGNIFICADOS FORAM ATRIBUÍDOS DE OUTRAS MANEIRAS. OU SEJA, NUMA SOCIEDADE PATRIARCAL, NUMA SOCIEDADE PROFUNDAMENTE INFLUENCIADA PELOS VALORES RELIGIOSOS DE UM DETERMINADO SEGMENTO, PELOS VALORES DE UMA DETERMINADA CLASSE, QUE NÓS VAMOS TRAÇAR E VAMOS ATRIBUIR SIGNIFICADOS "X", "Y" E "Z" A DETERMINADAS FORMAS DE EXPRESSÃO DA SEXUALIDADE. E AÍ, UMA PREOCUPAÇÃO MUITO IMPORTANTE DA TEORIA QUEER É COM A NOÇÃO DE IDENTIDADE E A NOÇÃO DE PERFORMATIVIDADE.
PARA A TEORIA QUEER, NÓS NÃO SOMOS HÉTERO, HOMO, BI, TRANS, ETC. E ETC. PARA A TEORIA QUEER, NÓS ESTAMOS EM MOVIMENTO, NÓS ESTAMOS SENDO, NÓS ESTAMOS FAZENDO, NÓS ESTAMOS NOS TORNANDO, NÓS VAMOS NOS MODIFICANDO.
OU SEJA, A IDEIA É A TENTATIVA DE DESESTABILIZAR, DE TENTAR RETIRAR A FIXAÇÃO DAS IDENTIDADES, A FIXAÇÃO DAS ORIENTAÇÕES, A FIXAÇÃO DOS RÓTULOS. OU SEJA, A TENTATIVA, A CONTRIBUIÇÃO DA TEORIA QUEER É CRIAR UMA CONDIÇÃO PARA QUE TODAS AS OUTRAS FORMAS DE EXISTÊNCIA SE TORNEM VÁLIDAS, SE TORNEM POSITIVAS. POR ISSO QUE OS AUTORES E AS AUTORAS, PRINCIPALMENTE ESSAS QUE NÓS MENCIONAMOS, AS TRÊS AUTORAS QUE NÓS MENCIONAMOS, ELAS VÃO DEFENDER QUE O QUE NÓS TEMOS É PENSAR QUEER.
OU SEJA, A PREOCUPAÇÃO PRINCIPAL DE UM PROFESSOR, DE UMA PROFESSORA QUE VAI TOMANDO CONTATO COM ESSAS DISCUSSÕES É CRIAR CONDIÇÕES PARA QUE A ESCOLA SE ABRA PARA TODAS ESSAS FORMAS EXISTENTES, TODAS ESSAS FORMAS DE VIDA EXISTENTES NA SOCIEDADE, E QUE VALORIZE TAMBÉM OS CONHECIMENTOS, AS FORMAS DE EXPRESSÃO E AS REPRESENTAÇÕES QUE ESTÃO ANUNCIADAS POR ESSES OUTROS GRUPOS SOCIAIS. OU SEJA, NÓS PRECISAMOS PARAR DE TRATAR QUE AS IDENTIDADES QUE NÃO SÃO HETERONORMATIVAS SÃO DESINTERESSANTES. NÓS PRECISAMOS AJUDAR AS CRIANÇAS A ENTENDER, E NÓS TAMBÉM PRECISAMOS, OBVIAMENTE, DEFENDER ESSA IDEIA, DE QUE TODAS AS IDENTIDADES SEXUAIS SÃO LEGÍTIMAS, TODAS AS FORMAS DE EXPRESSÃO DA SEXUALIDADE SÃO LEGÍTIMAS, TODAS ELAS COABITAM A SOCIEDADE E TODAS ELAS PRECISAM APARECER.
APARECER É SE FAZER REPRESENTAR DENTRO DO CURRÍCULO. PORTANTO, PROFESSOR E PROFESSORA, UMA IMPLICAÇÃO CURRICULAR É O USO DE MATERIAIS, É O USO DE IDEIAS, É O USO DE CONCEITOS QUE TENHAM SIDO PRODUZIDOS E QUE, DE ALGUMA MANEIRA, REPRESENTEM ESSES GRUPOS SOCIAIS. A PIOR COISA QUE UM PROFESSOR OU UMA PROFESSORA PODE FAZER É SILENCIAR SOBRE ISSO OU, ATÉ PIOR, EMPREGAR DISCURSOS OU PRÁTICAS QUE DESLEGITIMAM A EXISTÊNCIA DESSAS OUTRAS FORMAS, TANTO AS OUTRAS IDENTIDADES SEXUAIS, AS OUTRAS IDENTIDADES DE GÊNERO E AS OUTRAS ORIENTAÇÕES SEXUAIS.
PARA USAR UMA EXPRESSÃO MUITO INTERESSANTE DA GUACIRA LOPES LOURO, O QUE A ESCOLA PRECISA FAZER É COMBATER A HETERONORMATIVIDADE COMPULSÓRIA. OU SEJA, TODOS NÓS SOMOS, ATÉ MESMO PELAS APRENDIZAGENS ESCOLARES, PELAS APRENDIZAGENS DO CURRÍCULO, OBRIGADOS A PENSAR A PARTIR DA LÓGICA HÉTERO E NOS COMPORTAR A PARTIR DA LÓGICA HÉTERO. ESSA É, EM SÍNTESE, A CONTRIBUIÇÃO DOS ESTUDOS FEMINISTAS E DA TEORIA QUEER PARA O CAMPO DO CURRÍCULO!
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