Brasil no Olhar dos Viajantes - Episódio 4

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TV Senado
O quarto episódio da série Brasil no Olhar dos Viajantes apresenta as viagens e expedições científic...
Video Transcript:
[Música] h [Música] se até o século X Os relatos de viagem ajudaram a construir a imagem de um Brasil decrépito isolado na periferia do mundo civilizado como explicar a presença de tantos e variados visitantes ávidos por conhecimento fama ou riqueza que em nome da ciência ou da arte lanaram se olar natural e social brasileiras protagonizando um dos mais instigantes capítulos da Aventura humana nos trópicos havia um interesse gigantesco e o Brasil foi invadido por naturalistas e pintores Viajantes que queriam literalmente fazer América em termos das suas carreiras por conta das guerras napoleônicas as viagens pela
Europa São cortadas pelas próprias guerras Então os artistas Viajantes que faziam os percursos internos da Europa ficaram por um momento sem para onde ir até que com a abertura da com a vinda da família real portuguesa pro Brasil se criou uma nova rota os pintores às vezes eram meio Aventureiros e pensavam bom eu vou dar uma deslanchado na minha carreira se eu voltar paraa Europa cheio de imagens ah pitorescas digamos assim diferentes dessa terra nova à medida que começaram a chegar ao Brasil as missões diplomáticas comerciais científicas e artísticas ou mesmo ah Aventureiros pessoas que
vinham por conta própria atraídos pela possibilidade de um país novo etc essa produção foi intensíssima a divulgação de imagens eh se fazia presente na no cotidiano das pessoas aconteceu na virada do século X uma revolução da comunicação quase que como a gente tá vivendo hoje naquela época a litografia foi inventada e era forma de Reproduzir uma imagem o mais rápido possível mais fiel possível e o mais barato possível então passou a ilustrar jornais a cultura de massa na verdade teve o sua Gênese nesse período a iconografia do Brasil do país como um todo e de
suas particularidades desde a fisionomia vegetal e geológica até os usos e costumes da terra atraíram um grande número de Viajantes de artistas Viajantes e produziram enormemente surge o portanto essa busca do sentimento do pitoresco do que é interessante do que é Ah palatável para um novo gosto que tava e surgindo na época ao mesmo tempo eu acho que é muito importante a contribuição de Viajante artistas Viajantes que a gente pode chamar genericamente mas que não tiveram uma formação artística na Europa mas eram diplomatas eram Comerciantes eram enfim profissionais de outras áreas que se detiveram diante
dessa surpresa dessa novidade do país e dos seus usos e costumes e fizeram grandes anotações o chambel por exemplo era um oficial da Marinha ele não era um artista o chamin publica em Londres em 22 1822 antes mesmo de debr um livro sobre o Brasil fartamente ilustrado com gravuras que não foram gravuras de metal água tinta aquareladas eu acho que eles contribuem enormemente porque o olhar afetivo deles era registrar uma paisagem para si próprio ou para mandar para alguém das suas relações diz assim Olha onde eu estou Olha que país é esse além dos desdobramentos
políticos e históricos a presença da família real portugesa trópicos a partir de 1808 acabou permitindo que o Brasil fosse redescoberto revelado pelo olhar de cientistas Viajantes que penetraram no Sertão profundo dessa parte Generosa e ainda pouco conhecida do continente Por que que esses estrangeiros vêm para cá não é eh evidentemente que não é pura curiosidade ou o desejo de conhecer novas espécies são interesses também comerciais quer dizer a gente tá no momento de disputas né de disputas entre as nações se as pioneiras viagens de condamine e os pensadores iluministas inspiraram a corrida de novos exploradores
por lugares remotos da terra um outro personagem esteve presente no imaginário de boa parte dos Viajantes que decidiram conhecer de perto o novo mundo a partir do século X e a incluir o Brasil nos seus itinerários e Relatos Alexander Hum que na sua época era um um um grande cientista que se dedicou à à astronomia para você ter uma ideia e à vulcanologia a oceanografia a botânica a mineralia etc etc custeava ele próprio as suas viagens e despesas um bom plan viajou pela América hispânica e que né isso ainda e antes da da vinda da
família real né o o hbot viaja de 1799 a 1804 e ele no início da viagem ele quis né em 1801 ele quis junto com bplan passar a fronteira e entrar nos domínios portugueses consegue percorrer o rio Orinoco e alguns afluentes e chegam até subindo a Orinoco passando o canal do ciari a Alto Rio Negro né que naquele trecho serve de fronteira entre o Brasil e a Colômbia ele não pode entrar ele é impedido pelas autoridades locais de continuar a sua viagem por razões políticas na época né Ele é um né simpatiza mais com a
própria com a ideia de república ele é muito crítico à escravidão humb espera meses em san Carlos de Rio Negro um lugarejo que eu conheço e a resposta é não então o Brasil perdeu a chance né de ter sido estudado por um grande naturalista um homem Seríssimo ele não pode entrar no Brasil foi uma gafe na história uma grande gafe na história da ciência o relato dele a experiência dele eh o que ele escreve sobre América Tropical eh foi fundamental para essa próxima geração por assim dizer que vem ao Brasil a partir da abertura dos
Portos em 1817 por ocasião de seu casamento com o futuro Imperador do Brasil Dom Pedro I a arquiduquesa da Áustria Maria Leopoldina desembarcou no Rio de Janeiro acompanhada por um grupo de cientistas austríacos e alemães que integraram a primeira expedição estrangeira dedicada a desenvolver estudos e pesquisas de História Natural nos domínios portugueses à frente da chamada missão austríaca Como ficou conhecida estiveram zoólogos Johan ean osot a missão ainda contaria com a presença de taxidermistas e artistas como o pintor thas [Música] Ender eles ficam meio ano no Rio de Janeiro para preparar a expedição umair índios
que ajudam né na parte operacional como tradutor para contactar tribos nesse trecho Thomas hender ainda os acompanha o pintor O Thomas hender fica doente e e abandona a Expedição volta pro Rio de Janeiro e volta pra Europa a Expedição deu prosseguimento ao seu longo itinerrio províncias de São Paulo e Minas Gerais subindo o Rio São Francisco até os limites de Goiás atravessaram os Sertões da Bahia Pernambuco Piauí e Maranhão ao chegarem a Belém do Pará a Expedição se dividiu para explorar alguns dos principais rios que formavam a bacia amazônica reencontrando um ano depois em Santarém
de onde retornaram a Europa em 1820 o interessante do itinerário é essa travessia do Sertão que era era uma região ainda pouco conhecida por naturalistas europeus uma proeza digamos a palavra sem nenhum exagero percorrer regiões às vezes remotas onde é difícil tudo do combustível alimentação assistência médica considerado um feito extraordinário na história da ciência durante os 3 anos de viagem e mais de 10.000 Km percorridos pelo território brasileiro os naturalistas da expedição conseguiram reunir e levar para Europa milhares de espécimes de nossa fauna e flora e um vasto material etnográfico sobre os povos indígenas com
os quais mantiveram contato o SPS já ele era o zoólogo da expedição E no entanto como o SPS morreu 6 anos depois ele não teve tempo de de explorar n a própria pesquisa que ele fez em termos de de botânica o a contribuição do do marus é fundamental ele foi o idealizador da maior Flora eh que já se escreveu sobre um um país com a colaboração de especialistas de vários países F márcios também seria o responsável pela publicação do maior inventário sobre a diversidade da flora brasileira publicado entre os anos de 1840 e 1906 Flora
brasilienses onde foram descritas e catalogadas mais de 22000 espécies sendo que mais de 5000 delas pela ciência é um projeto né que só termina no início do século 20 o Matos ele é uma das um dos naturalistas que que tem uma importância bastante grande por ele ter escrito muito sobre o Brasil ele morreu com 80 e tantos anos e por assim dizer ele se tornou um brasilianista a hisória dessa Aventura ficou registrada nos diários da expedição reunidos por for Marcius e Johannes pick nos três volumes da obra Viagem Pelo Brasil nos anos de 1817 e
1820 publicados entre 1823 e 1831 constituindo um dos mais importantes relatos de viagem escritos sobre o Brasil Os relatos dessa viagem foram bastante divulgados pela Europa e América e ganharam luxuosas edições contendo o atlas com as ilustrações baseadas nos desenhos de Thomas Ender f márcios e outros artistas que acompanharam a [Música] Expedição graças ao talento literário e e a capacidade intelectual de fácios é possível acompanhar os passos dos Viajantes enfrentando os precários caminhos e os desafios da tarefa de conhecer e estudar a paisagem do Grande Sertão brasileiro eles viram um Brasil que não existe mais
um Brasil que não tinha ainda a fotografia não não havia sido descoberta eles desenharam esse Brasil eles viram esse Brasil eles deixaram Thomas hender deixou 770 aquarelas sobre o Brasil o encantamento provocado pela imensidão dos Campos e das florestas a variedade da vida e dos costumes dos seus primitivos habitantes e as impressões do sobre as virtudes e defeitos do modelo de sociedade que se erguia por [Música] aqui eles para além dos estudos da natureza estudam a nossa sociedade fato de sermos uma sociedade mestiça né em que há a mistura racial e ao mesmo tempo ão
isso é um fator de choque da mesma forma que eles querem classificar as plantas e os animais e descobrir novas espécies eles observam que aqui a mistura entre negro e índio mas também a mistura de branco com negro e com índio Eles procuram também classificar né entender o que que significam essas misturas o que que é o cafuso o que que é o o que que é o mulato por outro lado também existe eh a discussão né até que ponto que Justamente a mestiçagem é positiva há várias passagens né num relato de viagem que são
absolutamente eh preconceituosas e depreciativas né em relação a negros sobretudo no entanto eles consideram que por meio da escravidão e a religião o fato desses africanos que chegam aqui no Brasil serem cristianizados que isso contribuiria pro processo civilizador então eles acham que os negros né com o tempo com o trabalho eles têm condições de avançarem eles consideram que os índios eh estão entre né o mundo animal e o mundo humano né e eles ficam um pouco em dúvida né da humanidade dos índios mesmo e que eles estariam fadados né a decair independente do europeu ter
chegado na no Brasil isso era algo que mais H menos h iria acontecer eh porque eles não tinham né Eles não eram dotado do germe da civilização nesses termos que eles eles se referem aos índios o olhar que eles têm é um olhar que considera né o o europeu o branco e como civilizado como representante da civilização os negros e os índios e n e as misturas é uma categoria [Aplausos] inferior o conceito que eles têm É de fato um conceito né de que a a humanidade ela caminha né num sentido só e para um
sentido mesmo eh de aperfeiçoamento que é oo termo mesmo quees usam né perfit enquanto os naturalistas EUR L impressões do Brasil e amostras consideráveis de sua riqueza natural uma revolta Liberal sacudia a Metrópole Portuguesa e as circunstâncias exigiam o retorno Imediato do Rei de sua longa e já Inconveniente Temporada [Música] tropical e o Trono em 1821 Dom João VI embarca no cais do porto de volta ao velho continente levando na bagagem uma parte generosa do Tesouro da coroa deixando para trás seu filho Pedro nomeado príncipe Regente O Retorno do Rei a Portugal deu início a
um período de instabilidade política e social provocado por aqueles que defendiam o retorno do Brasil à condição de colônia e os que alimentavam sonhos de autonomia A exemplo do que vinha ocorrendo na América Espanhola movimentos Rebeldes agitavam as províncias ameaçando a integridade política e territorial do reino lusitano conciliando suas aspirações absolutistas e a manutenção dos privilégios da aristocracia Dom Pedro declara a independência em 1822 e é proclamado Imperador do Brasil um testemunho privilegiado desse momento conturbado de nossa história está nos diários de viagem de uma escritora britânica chamada Maria grahan publicados na Inglaterra em 182
viúva de um oficial da Marinha inglesa que falecera em missão no Chile graças a sua origem e seus talentos pessoais Graham foi uma das poucas mulheres a frequentar ambientes até ali restritos à presença de estrangeiros o que a levou a conhecer de perto a sociedade da corte e a desfrutar da intimidade da família real tornando-se confidente da Imperatriz Leopoldina e preceptora de seus filhos esse privilégio instigou a escritora viajante A traçar um retrato peculiar de uma sociedade iletrada e pouco refinada em seus hábitos e costumes essa proximidade a fez construir uma visão crítica do regime
e da realidade brasileira e a tratar de questões políticas em seus relatos revelando por exemplo a presença constante e a grande influência que Comerciantes oficiais e diplomatas ingleses exerciam sobre as decisões da corte na defesa de seus interesses e que foram decisivas no destino do Brasil daquele [Música] tempo diante desse cenário histórico agitado em 1824 um notável naturalista aguardava com inquietude a autorização do imperador dom ped Prime para que colocasse em prática seu ambicioso projeto George V langsdorf desembarcou no Rio de Janeiro no ano de 1813 nomeado cônsul geral da Rússia com a missão de
incrementar as relações comerciais e diplomáticas entre os dois reinos a autorização para O Viajante percorrer o território brasileiro deveria ser dada primeiro pelo Imperador n se o Imperador não autorizasse as expedições não aconteceriam langsdorf estivera em Santa Catarina em 1803 onde permaneceu por 3 meses como Botânico da Esquadra do comandante krusenstern em uma viagem de circ navegação apaixonou-se pelo que viu e alimentou por anos a vontade de realizar uma expedição científica pelo interior do [Música] Brasil a Rússia em 1824 assim como a Áustria Prússia e a Inglaterra não haviam reconhecido a independência do Brasil não
haviam reconhecido o Brasil como uma nação independente Soberana então em função dessa questão diplomática e política o langsdorf não obteve teve autorização em 1824 para fazer expedição pelo território brasileiro desempenhando sua missão diplomática e Comercial tentava reunir os recursos humanos e financeiros para a Expedição nesse meio tempo adquiriu uma fazenda nos arredores de Nova Friburgo para implantar ali um projeto agrícola inovador e a intenção do langsdorf para permanecer em sintonia com os interesses do Império Brasileiro era colonizar aquela região com imigrantes alemães austríacos Suíços etc isso era o trabalho político dele de aproximar as Nações
né ele era um diplomata deveria funcionar também como um ponto de parada e hospedagem dos principais Viajantes cientistas naturalistas botânicos etc que vinham da Europa para fazer trabalhos no Brasil enquanto as circunstâncias políticas retardavam sua grande empreitada langsdorf explorava os arredores da Fazenda mandioca e o caminho que ligava o Rio de Janeiro a Minas Gerais na companhia de vários naturalistas famosos que passaram pelo Brasil e do pintor alemão Johan Moritz rugendas ele veio pro Brasil numa missão científica então o papel dele era produzir desenhos que e e a serviço da ciência participando dos primeiros trechos
da viagem de langsdorf rugendas fez um registro bastante pessoal da paisagem Urbana e rural dos lugares por onde passou mas seu trabalho científico não agradou ao chefe da expedição A incerteza sobre Os destinos da viagem e o temperamento exaltado de ambos marcariam o fim dessa promissora parceria langsdorf que era visto com uma figura de personalidade muito forte né um cientista muito rigoroso né Queria que o rugendas eh fosse menos artista e mais desenhista né Queria orientar o trabalho do rugendas queria conduzir muito o trabalho do rugendas Então logo eles se desentenderam e o rugendas foi
declinado do cargo pint oficial dai Mas se a Expedição perdeu um colaborador a história da arte e da iconografia brasileira do século X ganhou um capítulo especial rugendas deu prosseguimento à sua viagem Passando por São Paulo Minas Gerais Mato Grosso Espírito Santo Bahia e Pernambuco registrando em desenhos e aquarelas o lado pitoresco desse Novo [Música] Mundo representando suas florestas Campos e a vida selvagem os diferentes povos indígenas seus hábitos e [Música] [Música] costumes retratando em seu cotidiano os negros africanos [Música] idas conç decia demonstravam uma grande capacidade de adaptação a novos modos de vida interagindo
nas margens dessa nova sociedade com a qual foram obrigados a [Música] conviver [Música] não é mera documentação né é também uma forma de conquistar os olhares sobre as plantas sobre os animais sobre os tipos étnicos sobre a natureza sobre a terra de um modo geral após retornar à Europa em 1835 rugendas publica o álbum viagem pitoresca através do Brasil contendo mais de 100 litografias baseadas no material artístico produzido durante suas viagens e um relato sobre a sua experiência de vida em terras [Música] brasileiras o langsdorf na procura de um outro pintor que talvez fosse um
pouco mais disciplinado descobre no Rio de Janeiro uma figura importante da família toné o filho do nicolá An Ton o Adrian Ton ele havia feito uma viagem de circo navegação pelo Globo com o conj de Frin recebeu então o convite do langsdorf para ocupar o cargo de primeiro desenhista da expedição atendendo a um anúncio publicado por langsdorf nos jornais um outro personagem seria incorporado a Expedição graças ao seu espírito Aventureiro e múltiplos talentos juntou-se ao grupo o francês hercul [Música] flor hercul flor tornou-se o geógrafo e segundo desenhista da expedição que contaria ainda com o
zoólogo francês edard Men o astrônomo Russo Nestor rub e o botânico alemão [Música] ludel 1825 o grupo finalmente parte em direção à província de São Paulo a Expedição longsor portanto com essa equipe formada né parte do Rio de Janeiro para Santos inicialmente a decisão era de fazer uma expedição via terrestre né percorrendo caminho de São Paulo Goiás Mato Grosso e grá Chegando chegando a Porto Feliz o langsdorf decide que a Expedição não vai seguir o caminho terrestre mas vai seguir a rota fluvial das antigas Monções Paulistas né aquele ponto de partida era uma espécie de
Rota programada né dos Viajantes e dos Expedicionários Comerciantes que partiam do interior do Brasil o flor nessa posição de geógrafo Ele também era o responsável pela Logística da expedição chega primeiro a Porto Feliz onde ele conhece o Francisco Álvares Machado que era uma figura importantíssima do interior paulista era um cirurgião Mor que tinha uma sesmaria ali na região de Porto felize apresa pro herc todos Osias e aprenta pro herc tambm os escravos que tem que ser adquiridos ou alugados né para trabalhar na construção das pirogas na construção dos batelões enfim na construção de todo o
Equipamento necessário para conduzir a Expedição pelo interior do Brasil a Expedição então parte de Porto Feliz em 1826 em direção a Cuiabá né o eles permanecem em Cuiabá por volta de 10 meses aproximadamente é ali em Cuiabá e no entorno de Cuiabá né visitando as principais aldeias visitando as principais fazendas que o ul e os demais membros da expedição executam praticamente todos os trabalhos da expedição [Música] langsdorf sob o rigoroso controle de langsdorf os artistas da expedição tratavam de registrar para a ciência a variedade de plantas e dos animais reunidos pelos naturalistas no decorrer da
[Música] viagem Adrian Tonet representou paisagens e cenários nos seus desenhos e aquarelas numa composição dominada pela estética romântica buscando uma abordagem mais intimista nos retratos que produziu dos povos indígenas seus hábitos e costumes [Música] com seu traço marcado pela disciplina e o talento natural de um autodidata a serviço da ciência hercul flor também registrou paisagens a arquitetura de vilas e lugarejos [Aplausos] florestas e retratos bastante realistas das várias etnias que habitavam a região Sem dúvida os primeiros desenhos a representar tribos indígenas do Alto Xingu como por exemplo osam que viviam praticamente isolados ainda daquilo que
naoca como civilização no Mato Grosso a Expedição se dividiu n o langsdorf ficou basicamente em Cuiabá trocando correspondências com a Rússia e fazendo tratativas com o presidente da província e coordenando os trabalhos da expedição eles tinam um ponto de encontro próximo a Santarém né onde depois eles seguiriam em direção a Belém de onde eles partiriam I de volta pro Rio de Janeiro além das dificuldades naturais do caminho e das adversidades do ambiente Tropical os desentendimentos entre seus componentes e o estigma da tragédia marcariam o destino dessa tumultuada viagem em Mato Grosso já rompido com a
Expedição o jovem e impetuoso anné ao tentar atravessar o Rio Guaporé sob forte tempestade é levado pelas águas e morre afogado em janeiro de 1828 inúmeros casos de malária e de outras doenças tropicais acometeram os Viajantes especialmente langsdorf cujas febres intermitentes levaram o chefe da expedição ao esgotamento que o fez chegar ao fim da viagem doente e sem controle de suas faculdades [Música] mentais o langsdorf sofreu com as chamadas febres intermitentes né o febrão a malária e não conseguia relatar com consciência aquilo que ele via então ele ele coloca ele encarrega o hercul de relatar
o essa fase final da expedição o hercul tem um relato contínuo da expedição langsdorf desde a partida do Rio de Janeiro passando pela organização da expedição em Porto Feliz e todo o trajeto a travessia de cada Cachoeira né o as caçadas Então como os Viajantes eh organizavam as regiões de pouso As populações que eles encontravam no interior do Brasil né o acolhimento que eles recebiam ou não os perigos que eles corriam né o a ameaça dos mosquitos Então você tem um relato completo pitoresco eu diria né de todos os aspectos da expedição por outro lado
você tem um relato ato muito cuidadoso No que diz respeito às instituições brasileiras ao funcionamento das instituições brasileiras no interior do país então por exemplo você consegue ter clareza do funcionamento da escravidão em São Paulo no Mato Grosso no Grão Pará né você consegue ter clareza eh da autoridade e da influência que exercia um grande fazendeiro no interior do Mato Grosso né na no papel que esse fazendeiro exercia não só na política local mas na defesa dos limites do território brasileiro com as regiões do Paraguai Bolívia peru e o próprio herc relata dificuldade de atravessar
o território ocupado pelos Guaicurus em função das Guerras travadas pelos Guaicurus com outras tribos indígenas né e com o próprio exército brasileiro e é um relato muito especial porque é uma figura que percorreu regiões que na época eram desconhecidas pelo próprio império mesmo diante dos infortúnios da sua jornada a Expedição langsdorf ainda assim é considerada uma das mais importantes missões científicas do século X sobretudo pelo imenso acero produzido milares de páginas de anotações manuscritas além de Diários desenhos aquarelas registros cartográficos amostras de plantas e animais do Brasil enviados sistematicamente para Rússia langsdorf morreria na Alemanha
no ano de 1852 sem jamais recuperar sua sanidade mental e a memória de sua Grande Viagem langsdorf do Brasil o Brasil também apagaria de sua memória a passagem do naturalista por essas terras graças ao trágico desaparecimento de um jovem artista e pelo alegado fracasso de sua missão Porém uma fatalidade ainda acrescentaria mais dramaticidade ao enredo dessa expedição grande parte desse material foi considerado desaparecido ou extraviado por mais de 100 anos esses desenhos ficaram cerca de 100 anos 100 anos guardados nos porões do arquivo da academia de ciências de São Petersburgo né eles começaram a ser
literalmente desenterrados ou desencaixados né aproximadamente 1929 1930 esses desenhos foram vistos por olhos Bras né A primeira vez em 1960 quando o padre Dom Clemente da Silva nigra fez uma visita à Rússia e publicou na Revista Cruzeiro na época em 1962 um longo artigo relatando o que ele havia visto na rúsia nem mesmo os esforços do escritor Jorge Amado de Rodrigo Melo Franco de Andrade diretor do Departamento do patrimônio histórico Dom Clemente da Silva nigra diretor do Museu de Arte Sacra de Salvador e uma missão cultural chefe por a chatobrian em 1963 conseguiram trazer de
volta ao Brasil o acervo da missão somente em 1987 após longos anos de tratativas os brasileiros tiveram a con uma parte desse tesouro cultural e científico através de exposições e [Música] pesquisas mas que permanece guardado e pouco acessível nos arquivos [Música] Russos até final do século vies tiveram o Brasil como destino Charles Darwin por exemplo esteve no Brasil por alguns meses em 1833 como parte do itinerário de sua famosa viagem ao redor do mundo como naturalista tripulante do navio beagle daren dedicou algumas páginas do seu diário de viagem ao Brasil registrando seu encantamento a natureza
do país mas sua indignação com a violenta e desigual sociedade escravocrata [Música] brasileira em 1865 o cientista suíço Lui ag no comando de uma expedição científica so os auspícios do governo de uma ex-colônia os Estados Unidos da América realizou viagens de pesquisa pelo Rio de Janeiro Minas Gerais Nordeste do Brasil e Amazônia tendo como principal objeto de estudo a mestiçagem da sociedade brasileira agis defendia a tese de que os negros eram inferiores e deveriam ser mantidos da civilização buscando reafirmar sua teoria de que aação era um fator de degeneração da [Música] humanidade nesta galeria de
homens ilustres também figuraram Viajantes cujos feitos memoráveis fariam inveja a muitos heróis consagrados Nos romances de ação como la ou Indiana [Música] Jones Richard Francis Burton foi uma mistura de aventureiro e erudito que ganhou fama como explorador destemido poeta tradutor escritor Místico espadachim nas horas vagas e agente secreto do governo Inglês em período integral Richard Burton portanto já era uma celebridade quando chegou ao Brasil em 1865 nomeado csul britânico na cidade de Santos em meio à tediosa tarefa diplomática empreendeu uma grande viagem pelo interior do Brasil navegando de Canoa pelo Rio das Velhas e todo
o percurso do Rio São Francisco até o [Música] mar além da descrição dos lugares e tipos humanos que encontrou pelo caminho como um fiel e dedicado súdito da coroa ingles acabou realizando um levantamento sistemático das reservas de ouro e diamantes das Minas Gerais [Música] o olhar desses Viajantes sobre a natureza a sociedade ou os potenciais a serem explorados por aqui alimentou o Imaginário europeu sobre o Brasil por mais de 300 anos Porém esse enor Acer cultural e artístico só foi incorporado à nossa Cultura a partir da criação do Instituto Histórico e geográfico brasileiro em 1838
onde passaram a se reunir as primeiras gerações da Elite política e intelectual brasileiras após a independência Bras em defesa da afirmação da Monarquia e da legitimidade desse Novo Império que surgia tornou-se indispensável consolidar suas fronteiras e criar os símbolos da sua nacionalidade Mas além de uma língua uma bandeira e um hino que exaltasse as suas virtudes foi preciso resgatar o seu passado e criar a sua [Música] história Eu acho que o século XIX é um Marco no Brasil né é um Marco nesse sentido de produção historiográfica brasileira não havia nenhum livro escrito por brasileiros né
sobre a história do Brasil quando se cria o ihgb 1838 é incentivado por Dom Pedro I em 1842 se lança um concurso chamado Como se escreve a história do Brasil né E quem vence Esse concurso é o vão márcios nesse texto o márcios justamente diz que diferencia né o Brasil e o que empresta especificidade ao Brasil é o fato de sermos uma sociedade eh miscigenada ou mais até né que as três raças contribuíram para a formação da Nação e que o historiador eh para entender o Brasil tem que pesquisar e conhecer a história dessas três
raças né do negro do índio do português a imagem seduziu grande maioria dos sócios do institut composta por uma aristocracia que se considerava herdeira da linhagem Lusitana que se instalou nos [Música] trópicos considerado não produtor de Cultura oio como não produtor de Cultura Quem era detentor da civilização e da [Música] Cultura o europeu tentar ser como ele tentar introduzir os mesmos procedimentos civilizacionais com o objetivo de resgatar um suposto passado de glórias que despertasse o sentimento de nação em uma população composta em sua maioria por analfabetos e excluídos nossos historiadores reviraram os arquivos da antiga
Metrópole gráfico disperso pelas províncias Em Busca das fontes primárias do nosso passado mas o que encontraram foi o resultado do enorme descaso dos portugueses para com a memória dos três séculos de ocupação Colonial Portugal não publicava nem as crônicas dos seus próprios cronistas e Viajantes a maior parte das Crônicas redigidas por portugueses relações etc foi foi descoberta no século X foi nessa época que se descobriu a carta de Caminha que se descobriram outros documentos importantes foi a partir desse momento que Os relatos dos Viajantes estrangeiros sobre o Brasil se transformariam em Fontes preciosas de informação
e exerceriam grande influência no modo como nossas elites intelectuais e políticas passariam a conhecer e interpretar esse passado visto pelos olhos dos outros a primeira Elite intelectual que disse assim nós somos brasileiros e pensamos o Brasil primeira Elite que se entende como uma elite intelectual brasileira ela pensou muito pelo filtro dos Viajantes nós tivemos a nossa identidade enquadrada definida pelo outro estrangeiro desde o nosso Nascimento digamos assim esse contraponto entre natureza pródiga e um povo o meio Bárbaro perdido na Luxúria que precisa ser civilizado isso é muito forte para essa Elite intelectual intelectual administrativa política
que conduziu os rumos do Brasil no século XIX este outro que nos definiu foi um outro que se definiu desde o princípio como superior como civilizado em Oposição a nós os bárbaros Os Canibais n os mestiços os incivilizados durante o século X o que que o que que nos informa como nação moderna É temos uma natureza exuberante está colocada a natureza no lugar da história n já que nós não tivemos uma idade média uma história vigorosa mas nós temos uma natureza monumental se você quiser até hoje a importância da natureza no Imaginário da identidade do
brasileiro é ainda né um ponto Fortíssimo por outro lado estão sendo elaboradas teorias científicas que vão nos inferiorizar de uma sobremodo para nós foi muito dramático você passar três séculos de colonização sendo definido pelo outro e no século X que a partir das teorias racialistas das teorias climáticas as teorias ditas científicas né que tinham na época um teor de verdade sobre mestiçagem sobre o clima tropical tudo isso visava uma inferiorização nítida E aí é que eu acho que se complica muito a situação da autoimagem do Brasileiro ao longo do século XIX tudo vai se modificando
até o modernismo só com o modernismo que vão buscar né historicizar os nossos processos a nossa formação eh enquanto nação deixando essa Perspectiva da biologia da natureza e tentando buscar a cultura a ênfase na diversidade cultural do [Música] brasileiro giberto Freire Sérgio Buarque Caio Prado todos eles se voltam para esses relatos coloniais mas já se voltam com uma perspectiva crítica os modernistas buscaram também a ideia da unidade aonde está a nossa identidade Gilberto Frei disse o que nós temos de diferente a nossa mistura a nossa missena nenhuma experiência Colonial permitiu esse tipo de de de
organização social como houve no Brasil Mário de Andrade vai dizer o brasileiro né o sem nenhum caráter que ele está se formando o caráter dele tá se formando macun Naí é feito na cidade na floresta índi negros brancos Imigrantes você não fala menino Ai que preguiça o modernismo brasileiro tem muito dessa coisa do Povo Feliz do povo sem compromisso etc só que você inverteu os sinais onde o estrangeiro via uma mácula você vê uma virtude nunca fomos catequizados fizemos foi carnaval que dizer Rio do colonizador que ele não é o dono absoluto da verdade nós
temos o que dizer nós estávamos felizes aqui e podemos ser felizes de outras maneiras contraponto da Felicidade é a preguiça quer dizer o brasileiro é muito feliz porque ele é descompromissado ele é meio preguiçoso não é ele é cordial no sentido que entende o Sérgio boques de Holanda ele é cordial porque ele vai te pedir um favor né porque ele quer quebrar as hierarquias e com isso ele quebra qualquer princípio de racionalidade na condução da sua sociedade também isso é uma ideia muito forte literatura de viagem né que o brasileiro é é emocional ele não
não tem muita racionalidade porque ele não tem cultura eh ele é muito ele se deixa levar pelos seus instintos digamos assim né meio Bárbaro e isso você veja uma consequência histórica desses relatos dos Viajantes internalizar uma estrutura de sentimento colonizada inferiorizada como se o brasileiro tivesse uma identidade ligada a uma essência ontológica imutável eu acho que desde o modernismo esse estigma vem sendo revertido de reverter o nosso complexo de de inferioridade Rodrigues vai chamar o nosso complexo de viralatas me lembro você disse in brasileiro é um um um viralata pois e você despreza os cães
viralata viralata é um jovem primeiro lugar o viralata é um sujeito viu tremendo que emana luz Há um peixe que é mas tem luz própria eu diria que é isso Pria e justamente hoje nós estamos tentando encontrar outros conceitos que romp com essa ideia de centro periferia não a nossa identidade foi se modificando foi sendo reconstruída Como diria o Gar Ribeiro regiões culturais tão diferenciadas Você tem o tem o cab você tem mulato tem tem o mestiço Você tem o caipira Você tem o migrantes a variedade cultural é muito maior do que é o negro
do que o índio do que o branco o Brasil com opressões escravidão discriminações o que seja tem uma experiência de cinco séculos em conviver com diversidades culturais raciais religiosas sem passar por nenhuma espécie de apide África do [Música] Sul sem ter nunca em na sua história uma instituição como a cucusclan nos Estados [Música] Unidos nossa construção de forma de sociabilidade diferenciada a nossa capacidade de convivência com a diferença FL desse jeito futebol [Música] a nossa capacidade de reinvenção de criatividade ela talvez tenha assim alguma coisa a dizer pro mundo e não apenas né os estereótipos
do praia caipirinha e carnaval estudar literatura de viagens no Brasil hoje tem um pouco esse sentido de entender como chegamos hoje onde chegamos perspectiva que nós temos de nós mesmos também veio em larga medida de fora e é preciso pensar isso para que ela passa ser um pouco mais de dentro também isso é importante quem você pensa que é o que somos ou pensamos que somos são temas recorrentes na nossa história e em boa medida fazem parte daquilo que herdamos do passado de como lidamos com [Música] isso é lá que podemos encontrar as respostas para
essas dúvidas [Música] primordiais ou a razão delas [Música] existirem da ye h
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