Às vezes, quando começam a fazer meditação, algumas pessoas me dizem que são um caso perdido, que é impossível controlar seus pensamentos. Eu lhes asseguro que isso é um sinal de melhora. A mente delas sempre foi revolta; acontece apenas que, finalmente, elas estão notando isso.
No passado, elas deixavam sua mente vagar livremente, seguindo as correntes de pensamento que surgissem, fossem quais fossem. Agora, porém, que têm maior percepção do que ocorre na mente, elas podem começar a mudar. Às vezes, a meditação faz as coisas parecerem piores, colocando nossos defeitos em evidência.
Pensávamos que estávamos bem, mas agora não parece. Nesses momentos de autoavaliação honesta, é difícil não desanimar. Se perseverarmos, porém, teremos oportunidade de olhar para trás e sentir a satisfação nas transformações que realizamos através da nossa prática.
Aprenda a Domar a Mente. Chagdud Tulku Rinpoche. “A Raiz do Dharma é a sua própria mente.
Dome-a e estará praticando o Dharma. Praticar o Dharma é domar a mente. Quando domar a mente, você estará livre”.
- Dudjom Rinpoche. O Buda ensinou oitenta e quatro mil métodos para domesticar a mente. Teríamos dificuldade em ouvir oitenta e quatro mil ensinamentos diferentes, e seria ainda mais difícil aplicá-los como práticas.
Mas podemos começar com práticas que são relativamente fáceis de realizar e que podem ser profundamente transformadoras. Você pode se queixar de que meditação não é fácil. Mas lembre-se de que você está conduzindo sua mente como um cavalo selvagem para dentro do curral do estado desperto.
Domar a mente pode ser comparado a domar um cavalo selvagem. Em vez de amarrar o cavalo firmemente com um cabresto curto, o que poderia amedrontá-lo e levá-lo a se machucar ao tentar se soltar, nós o pomos em um curral bem amplo. Na realidade, ele não está livre, mas não se sente confinado porque tem liberdade para se movimentar.
À medida que passamos mais tempo com o cavalo, conforme ele passa a nos conhecer e percebe que ninguém vai machucá-lo, ele perde lentamente parte do medo, e podemos nos aproximar. Uma vez que ele começa a se acalmar, podemos gradativamente diminuir o curral. De modo semelhante, quando queremos domar e pacificar a mente, não devemos tentar contê-la de início, porque ela irá reagir e pular de um lado para o outro, como um cavalo em um cabresto curto.
Em vez de deixar os pensamentos selvagens e descontrolados, construímos um amplo curral de pensamentos virtuosos, transformando os pensamentos negativos em positivos. A mente não está realmente livre; no entanto, não está completamente confinada. Assim, trabalhamos com as qualidades de movimento da mente e sua manifestação incessante.
Agora mesmo, contemple sua mente. Relaxe em uma meditação não planejada. Quando os pensamentos intervêm, gere compaixão.
Pense no sofrimento dos outros e gere compaixão. Veja a – -profundidade do sofrimento dos outros e tenha uma perspectiva sobre o seu próprio sofrimento. Refletimos desta forma, depois abandonamos todos os pensamentos e descansamos a mente em uma meditação não-conceitual.
Descanse aí, em uma meditação não planejada e não-conceitual. Descanse na paz do relaxamento natural. Quando os pensamentos surgem, você retorna a sua prática.
Pense no sofrimento dos outros e gere uma compaixão genuína e abrangente. Desenvolva um amor altruísta e ilimitado por todos os seres. Então, novamente, abandone todos os pensamentos e descanse.
Descanse a mente. Abandone os pensamentos sobre o passado, o presente e o futuro. Apenas descanse a mente em uma meditação não-conceitual.
Esvaziamos nossas mentes de preocupações e distrações, e aplicamos nossos poderes de concentração. Concentração significa direcionar a mente repetidas vezes para a meditação, até que ela esteja totalmente imersa, totalmente absorvida nela. Meditação significa dirigir a mente, treiná-la pela repetição até que ela esteja de acordo com as nossas intenções espirituais mais elevadas.
A princípio, impedidos por venenos, hábitos e obscurecimentos mentais, devemos fazer um grande esforço. Mas uma vez que nos libertamos dos emaranhados e da confusão, a meditação se torna fácil. Alguém que contempla e medita sinceramente no Dharma geralmente sente mudanças positivas dia após dia, ou certamente semana após semana.
Essas mudanças incluem uma diminuição dos venenos e das tendências habituais da mente, bem como uma maior compaixão pelos outros, e uma perspectiva mais clara sobre a vida. Agora, assuma firmemente o compromisso de praticar o caminho, até alcançar a libertação do sofrimento. Para o bem de todos os seres, pratique o caminho.