No passado, São Paulo era uma cidade de bondes, calçadões estreitos e avenidas que mal davam conta do seu próprio crescimento. Com o passar das décadas, viadutos foram erguidos, avenidas duplicadas, linhas de metrô escavadas sob os pés de milhões de pessoas e a capital se transformou na potência urbana que conhecemos hoje. Mas agora algo ainda maior está em curso.
Está começando o mais ambicioso projeto de mobilidade urbana da história de São Paulo. Um pacote gigantesco de obras que vai muito além do trânsito. São 55 intervenções estruturais, 19 bilhões em investimentos em parques, drenagem, requalificação de espaços inteiros e conexões viárias que vão mudar de vez a forma como a cidade funciona.
Neste vídeo, você vai entender como São Paulo está mais uma vez se reinventando e porque esse novo ciclo de obras pode ser tão impactante quanto aquele que há 80 anos moldou a metrópole que conhecemos hoje. Esse projeto é o Melhoramentos de São Paulo, um programa lançado no início da atual gestão e que tem um objetivo claro, preparar a cidade para as próximas gerações. O plano foi inspirado na grande transformação que São Paulo viveu há 80 anos, quando o então prefeito Francisco Prestes Maia idealizou um ousado projeto de urbanização que mudaria para sempre o rosto da capital.
Com base em estudos urbanos europeus, ele desenhou um sistema de avenidas radiais e perimetrais, criou grandes eixos aviários e lançou as bases para o crescimento vertical e horizontal da cidade. A partir daquele momento, São Paulo deixou de ser um centro urbano desorganizado para se tornar uma metrópole em expansão acelerada. Agora, em pleno século XX, o contexto é ainda mais complexo.
A região metropolitana ultrapassou os 21,9 milhões de habitantes, o equivalente à população de países inteiros. O trânsito chegou a um ponto de saturação em muitas áreas. A infraestrutura existente já não atende a demanda crescente e os impactos das mudanças climáticas colocam a cidade sob constante risco de enchentes, ilhas de calor e colapsos de mobilidade.
Ao mesmo tempo, novas necessidades surgem: a mobilidade sustentável, a descentralização dos polos de emprego, a valorização dos espaços públicos e a reconexão de territórios fragmentados por décadas de urbanização acelerada. É nesse cenário que São Paulo volta a se reinventar, não com pequenas reformas, mas com uma intervenção urbana em escala metropolitana. As intervenções foram organizadas em quatro grandes eixos estratégicos que juntos formam a espinha dorsal do novo plano de transformação urbana da capital.
O primeiro e mais robusto é o de mobilidade e viário, que concentra 24 obras e cerca de 13,8 bilhões de reais em investimento. O segundo eixo é o de pontes, viadutos e túneis, com cinco grandes projetos que vão eliminar gargalos históricos e melhorar a fluidez entre zonas da cidade, somando 652 milhões em obras. O terceiro é o de drenagem, que reúne 22 intervenções voltadas à redução de enchentes e aumento da resiliência climática, com 2,8 bilhões de reais destinados a combater alaramentos em regiões vulneráveis.
E por fim, o quarto eixo de requalificação urbana traz quatro grandes projetos que somam 1,9 bilhão deais em investimentos para revitalizar áreas degradadas. Recentemente, São Paulo foi novamente paralisada pelas chuvas intensas. Imagens da água invadindo estações da linha três do metrô viralizaram nas redes sociais e escancararam um problema antigo.
A drenagem da cidade não suporta mais os eventos climáticos extremos que têm se tornado cada vez mais frequentes. Ruas alagadas, túneis interditados, famílias ilhadas e prejuízo para o comércio se repetem ano após ano, como se a cidade estivesse condenada a conviver com o caos, toda vez que o céu resolve desabar. Mas agora esse cenário começa a ser enfrentado com o que promete ser uma das maiores ofensivas contrachentes da história da capital, o eixo de drenagem do programa Melhoramentos de São Paulo.
Dentro desse eixo, a prefeitura está investindo R 2,8 bilhões deais em 22 grandes intervenções voltadas à contenção de enchentes, canalização de córregos, microdrenagem e construção de reservatórios. Todas as regiões da cidade serão beneficiadas por essas obras, mas quatro delas se destacam tanto pelo valor investido quanto pelo impacto esperado. A mais simbólica é a canalização do córrego Itaquera, na zona leste, onde constantemente as águas invadem ruas e colocam em risco milhares de moradores.
A obra foi iniciada em abril de 2025 e vai beneficiar diretamente a região da Vila Minerva, com a canalização de 450 m do curso d'água e a construção de uma nova passarela. O investimento total é de R 13,2 milhões deais, com previsão de conclusão até dezembro de 2025. Na zona sul, a canalização do córrego Veleiros, localizada nas imediações da Avenida dos Lagos, representa outra frente prioritária.
Com orçamento de R$ 43 milhões deais e prazo de 18 meses para a execução, o projeto busca eliminar pontos crônicos de alaramento, especialmente em áreas com alto adençamento populacional e solo já bastante impermeabilizado. Além da canalização, o projeto prevê obras complementares para contenção e redirecionamento do fluxo pluvial, diminuindo o risco de transbordamento nos períodos de chuva intensa. Outra obra de grande porte é a do córrego rodeio, também na zona leste, na área de cidade Tiradentes.
O projeto já começou e terá cerca de 1000 m de canalização, além da reestruturação das margens e melhoria da rede de microdrenagem. No extremo sul da capital, o córrego abacateiro também receberá intervenção. Com investimento de R,2 milhões deais e previsão de 8 meses de execução, a obra vai contemplar a canalização de um trecho urbano altamente vulnerável.
O projeto prevê nova estrutura de canal fechado, substituição de galerias antigas e adaptação do entorno para a melhor absorção das águas. Além dessas quatro obras prioritárias, outras intervenções compõem o eixo de drenagem do programa. Estão previstas canalizações nos córregos Caguaçu e Germano, ambos localizados em São Mateus, na zona leste.
Cada um desses projetos terá 880 m de extensão, com o objetivo de eliminar alaramentos crônicos em pontos sensíveis da região. Também fazem parte do pacote diversas ações de reforço em galerias pluviáries, construção de reservatórios de detenção subterrâneos e implantação de novas redes de microdrenagem em bairros como Capela do Socorro e Sapopemba. É importante destacar que essas obras não se limitam à escavação de canais ou a troca de tubulações.
Muitas delas envolvem soluções integradas com foco em infraestrutura verde, recomposição de margens, contenção de erosão e até instalação de parques lineares em áreas de vársia que funcionam como esponjas naturais de absorção de água. Já o eixo de pontes, viadutos e túneis contempla cinco grandes obras com um investimento total de R 652 milhões deais. Essas intervenções visam eliminar gargalos históricos e melhorar a fluidez entre diferentes zonas da cidade.
Um dos destaques é a extensão do complexo viário jornalista Roberto Marinho até a rodovia dos Immigrantes, que inclui a construção de dois túneis e a criação de um parque linear de 314. 000 m², beneficiando diretamente 700. 000 pessoas na região.
Além disso, o complexo contará com o sistema inteligente de gerenciamento de tráfego, com a implantação de rede lógica, telecomunicação, pórticos e semaforização, permitindo o controle do fluxo de tráfego por meio de câmeras e semáforos inteligentes. No eixo de requalificação urbana, o programa prevê quatro grandes projetos com um investimento de R$ 1,9 bilhão deais. Essas iniciativas têm como objetivo revitalizar áreas degradadas, promover a integração urbana e melhorar a qualidade de vida dos cidadãos.
Um dos principais projetos é a requalificação do Parque Dom Pedro II, uma das áreas mais importantes do centro da cidade, que há anos se encontra em processo de degradação. A requalificação inclui a demolição dos viadutos Antônio Nacaxima e 25 de março, construção da nova ponte do carbo, requalificação e reorganização do viário, construção de novo terminal Parque Dom Pedro I com praça panorâmica e galeria comercial, além de implantação de 100. 000 1 m² de novas áreas verdes, dois novos reservatórios de águas pluviais, microdrenagem, reforço de galerias, construção de novo boulevard, requalificação das praças Fernando Costa e Raquebe Chof e a gestão das áreas pelo concessionário até o fim do contrato de 30 anos.
Além do Parque Dom Pedro II, o programa inclui a implementação de um veículo leve e sobre trilhos no centro da cidade, como parte do plano de requalificação urbanística do centro de São Paulo, com desenvolvimento orientado ao transporte sustentável. O VLT visa melhorar a mobilidade, levando sustentabilidade e conforto ao mesmo tempo em que requalifica o seu entorno. Esse novo modal de transporte será integrado aos demais sistemas existentes, proporcionando uma alternativa eficiente e ecológica para os deslocamentos urbanos.
Outro projeto relevante é a requalificação de espaços públicos e a criação de áreas de convivência em diversos bairros da cidade. Essas ações visam transformar locais antidegradados em ambientes agradáveis. As obras de requalificação urbana também envolvem a recuperação de vários patrimônios históricos e culturais, preservando a memória da cidade.
Essas intervenções são realizadas em parceria com órgãos de preservação e contam com a participação da comunidade, garantindo que as transformações atendam as necessidades e expectativas dos moradores. Dentro do eixo mais importante do programa, o de mobilidade e viário, a cidade de São Paulo concentra o maior volume de recursos, 13,8 bilhões deais destinados a transformar radicalmente o modo como os paulistanos se deslocam. E entre as 24 obras previstas, algumas se destacam pela grandiosidade.
Um dos projetos mais caros e ambiciosos é o prolongamento da Avenida Jornalista Roberto Marinho até a rodovia dos Imigrantes, orçado em mais de R 2,6 bilhões deais, com previsão de conclusão entre dezembro de 2025 e janeiro de 2030. Outro destaque estratégico é o sistema de interligação da Avenida Cena Madureira. Um projeto ainda em fase de estudo, mas que já tem um orçamento estimado em R50 milhões deais.
A proposta é aliviar o tráfego de uma das áreas mais congestionadas da zona sul, integrando o fluxo entre os bairros da Vila Mariana, Ibirapuera e Vila Clementino. Mesmo ainda sem cronograma definido, trata-se de uma intervenção essencial para o intenso trânsito hospitalar e universitário. No extremo sul, a ligação viária Graú na Gaivotas também promete resolver um problema antigo de mobilidade local, conectando de forma mais direta bairros populosos e reduzindo o tempo de deslocamento diário de milhares de pessoas.
A obra, com valor estimado em R50 milhões deais tem prazo de execução entre junho de 2025 e maio de 2028 e inclui abertura de novas pistas, drenagem, reurbanização de calçadas e sinalização moderna. Na região noroeste, a esperada ligação viária Pirituba Lapa começa a tomar forma. Essa obra é vital para descongestionar a Avenida Raimundo Pereira de Magalhães e ampliar a conexão entre duas regiões com intenso tráfego.
Com investimento de mais de R9 milhões deais, o projeto está previsto para ser concluído até janeiro de 2027. A construção inclui um novo traçado viário, obras de contenção, passagens subterrâneas e implantação de ciclovias integradas ao sistema de ônibus. Já na zona leste, o conjunto de corredores BRT forma o coração das melhorias para o transporte público.
O BRT Aricanduva, com investimento de mais de 1 bilhão, deve ser finalizado até dezembro de 2026, enquanto o BRT Radial Leste 1 está em andamento até março de 2026, com orçamento de R47 milhõesais, complementando o sistema, o BRT Radial Leste 2, com valor estimado em R$ 980 milhões deais. Juntos, esses três corredores prometem transportar centenas de milhares de passageiros por dia com ônibus articulados, faixas exclusivas e estações modernas. Complementando a integração de Modai na mesma região, o terminal Itaquera passa por uma reestruturação com orçamento de R$ 252 milhões deais.
A previsão de entrega é abril de 2026 e o objetivo é conectar de forma mais eficiente o metrô, trens da CPTM e o BRT. oferecendo mais conforto, segurança e fluidez no embarque. Já o terminal Itaim Paulista, orçado em 280 milhões deais, será construído entre abril de 2025 e agosto de 2028 e vai atender uma das áreas com maior dependência de transporte coletivo da cidade.
Na região Sul, outra intervenção de peso é o corredor Interlagos, que terá investimentos de 100,5 milhões, com prazo estimado entre setembro de 2024 e novembro de 2025. O projeto pretende reformular o sistema viário da Avenida Interlagos, criando faixas exclusivas, modernizando pontos de parada e dando nova fluidez ao tráfego entre bairros como Cidade Dutra, Socorro e Jardim Umuarama. Somado a isso, o corredor Itapecera, com R 78,8 milhões deais também seguem obras e deve estar pronto até dezembro de 2025.
Fechando os principais destaques, está o conjunto de obras de requalificação dos corredores da Avenida Celso Garcia, uma das vias mais antigas e problemáticas da zona leste. A primeira fase já está em andamento com orçamento de R2,8 milhões deais prevista para ser concluída até julho de 2026. As próximas duas etapas, chamadas trechos do e 3, receberão investimentos adicionais de R$ 100 milhões deais e 140 milhões deais, respectivamente, com entrega entre dezembro de 2025 e junho de 2027.
Mas e você, o que acha deste pacotão de obras? Comente. Este é o Urbana.
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