[Música] [Música] olá olá a todas e todos meu nome é Antônio cheres eu sou editor da Penguin companhia que para quem não conhece é o selo de clássicos da Penguin no Brasil e a gente vai lançar ainda em 2024 Três livros que entraram na lista da Fuvest Estamos aqui hoje para falar do opúsculo humanitário da Nísia Floresta mas também vamos lançar o Nebulosas da poeta Narcisa malha e Memórias de Marta que é um romance da Júlia Lopes de Almeida apesar da da Fuvest ter instado a a Penguin a acelerar esses lançamentos a gente já tem
um trabalho desenvolvido há anos de publicar autores e autoras brasileiras que muitas vezes foram esquecidos do cânon e que estão voltando agora e e e tendo a sua importância redescoberta tal é o caso da Júlia Lopes Almeida que a gente já tinha publicado o romance a falência mas aqui estamos para falar da nízia floresta um nome que tem Aparecido muito muito muito porque além de ter sido escritora e poeta a Nísia Floresta foi uma importantíssima Educadora uma das um dos nomes mais fundamentais quando se vai falar de educação no Brasil a nía floresta para quem
não conhece ela nasceu em 1810 em papari na capitania da Paraíba atual Rio Grande do Norte e ela teve uma vida muito errática no sentido de que ela passou por tudo quanto é canto numa época que era muito raro Se viajar ela foi para Goiana Olinda Porto Alegre e residiu na França ela faleceu em em Juan na França em 1885 e essa série de viagens que ela fez também se reflete na obra dela como veremos muito a seguir e para então nos apresentar essa autora para discutir eh minúcias da obra dela ninguém melhor do que
a Constância Lima Duarte a Constância para quem não conhece ela Professora Doutora de literatura brasileira na UFMG e é ela quem assina o estabelecimento de texto A cronologia e as notas do opúsculo humanitário que a Penguin está lançando agora a Constância foi uma das grandes pesquisadoras das Acerca das pioneiras da literatura e do feminismo que é um caso obviamente onde se encontra a Nísia Floresta e publicou diversas diversas diversas obras que giram em torno dessa figura tão e sus gêneros que é a nízia floresta eu vou passar a bola pr pra Constância e a primeira
coisa que eu quero te pedir Constância é que você apresente Quem foi nízia Floresta para quem chegou agora e nunca tinha ouvido falar dela quem foi essa mulher Por que que ela viajou tanto qual a importância dessas viagens para ela obrigada Antônio Obrigada Editora Obrigada pel pelo convite para estar aqui é sempre um prazer falar Deise floresta e de outras deí muito especialmente para falar de Nisa Floresta eu começo dizendo o seguinte que essa surpresa que nós temos ao conhecer Nisa Floresta ao saber da sua existência num tempo assim tão longino se deve apenas ao
fato de não conhecermos a história das mulheres porque existiam além dela existiram no seu tempo no naquela época outras mulheres eruditas atuantes conscientes da condição de opressão que seu sexo vivia e que denunciaram isso apenas seus nomes não foram registrados no cânone que é outra história né história de poder história de dominador de dominado é outra coisa eu digo que essas mulheres comunis e Floresta sofreram de memor cídio de apagamento de assassinato da memória Maria Firmina dos Reis Anne orit de barandas no Rio Grande do Sul Narcisa amia Júlia Lopes de Almeida E tantas outras
que estão ressurgindo estão tendo suas obras reeditadas e causando essa surpresa que niia provoca nízia como você falou nasceu no interior do Rio Grande do Norte residiu em Pernambuco Rio Grande do Sul Rio de Janeiro antes de se transferir para Europa onde conheceu inúmeros países morou em Portugal na Inglaterra na França principalmente onde faleceu Mia publicou Imaginem 15 livros entre romances contos crônicas eh relatos de viagem poesia e publicou e esses livros esses 15 títulos estão publicados em francês inglês italiano e português Claro vejam então a a a riqueza a surpresa que essa escritora provoca
né e e e o que ela contém o tanto que ela contém para ainda ser descoberto além desses 15 livros que eu citei nízia colaborou nos jornais do seu tempo não só no Brasil nos em país em que ela viveu a gente encontra textos dela em Florença Onde Ela morou alguns anos por em Roma em Portugal tá então e no Rio de Janeiro com certeza nos principais jornais da corte tem texto din nízia Floresta bom seu primeiro livro Falei em 15 títulos né seu primeiro livro foi a tradução de um livro inglês que circulava em
francês anônimo tá chamado direitos das mulheres injustiça dos homens durante muito tempo esse título Esse livro foi foi atribuído a Mary stony Craft Mr goldwin seu nome de casada porque o tradutor francês assim atribuiu na capa assim informou na capa nízia quando traduziu o texto francês também colocou na capa do do livro em português traduzido livremente do francês do livro de Mrs goldwin mas pesquisas recentes grande muitas pesquisas já mostraram que Mary Stone Craft nunca publicou esse livro não é autora desse livro pesquisas estão mostrando que foi sim de uma escritora inglesa anônima que publicou
anônimo algumas pesquisas na Inglaterra na França ficam tentando descobrir quem teria sido essa autora desse primeiro livro bom isso não importa o que importa é que nízia uma jovem em Recife em Pernambuco teve o conhecimento desse livro e o traduziu pro português então esse é o primeiro livro de nier que mostra apesar de não ser de sua autoria o fato dela traduzir Com certeza revela a identificação dela com esse tema Não é com a temática com essas questões queria entender também um pouco de dessa questão das viagens né Por que que ela viajou tanto e
como que isso marcou e moldou a obra dela eu imagino que para uma cabeça com a dinisa com um pensamento tão aberto contemporâneo Nis floresta fala-se nízia à frente do uma mulher à frente do seu tempo eu questiono um pouquinho essa expressão eu fico achando sabe que ela estava antenada com o seu tempo n estava sabendo o que estavam falando lá fora na América do Norte na Europa Recife pern naquele tempo antes de qualquer navio chegar no Rio de Janeiro ou chegar na Bahia chegar em chegava em Pernambuco para pegar água ali para trocar água
para abastecer e os jornais também chegavam chegavam os jornais chegavam os eh Viajantes quantos Viajantes primeiro desceram em Pernambuco depois seguiram pro Rio de Janeiro em outros navios então bom nízia Floresta foi uma pessoa antenada com o seu tempo e eu imagino que as tantas leituras que ela fez que deve ter feito os tantos contatos que ela fez não só isso como eu também penso o Estreito que devia ser a corte era Muito estreito ela tinha uma um olhar uma visão muito mais Ampla e ela sabia que do outro lado lá tinha também eu penso
que ela foi buscar áries mas para ela respirar e ela encontrou outros pares com quem ela pôde dialogar mais eu eu penso muito nisso lendo o opúsculo humanitário que que tem essa questão de que ela vai falar que que a educação feminina é uma medida de civilização né E isso que ela vai encontrando nas viagens dela mas eu queria justamente aproveitar agora para desviar de autora para a obra e pra gente discutir um pouco o opúsculo humanitário que foi lançado Originalmente em 1853 E então para o nosso nosso espectador que está chegando agora que está
se deparando pela primeira vez com essa obra queria que você explicasse um pouco o que que impulsionou ela a escrever esse esse essa obra sobre educação né como você falou ela foi poeta acima de tudo né E por que que ela vai se dedicar a fazer um tomo sobre educação e sobre E focar tão focado em educação feminina né e pensando numa reforma né No Brasil o opúsculo humanitário ele não surgiu como livro né em 1853 ela eles Ele eles são ele foi construído a partir de 62 artigos que foram publicados antes em jornais da
corte 62 artigos em que ela ela revela a sua erudição o quanto ela conheci o quanto ela estava consciente o quanto ela sabia da opressão da condição feminina naquele tempo e não só naquele tempo ela começa na antiguidade grega como as mulheres da opressão das mulheres tudo isso para chegar na educação Claro eh você comentou nisia foi uma Educadora né nisia Floresta foi professora teve escolas ela deu aulas particulares digamos em sua casa quando morou em Recife menina jovem 18 20 anos depois morando em no Rio Grande do Sul também ela teve uma escola para
meninas Colégio Brasil e no Rio de Janeiro ela tem o que mais ficou conhecido o Colégio Augusto um colégio que durou 17 anos Imaginem 17 anos e foi um dos principais da corte pelo avanço das ideias das disciplinas que eu eram oferecidas como recebeu muitas críticas também pelo avanço por ensinar latim às meninas eh etc história geografia etc disciplinas que eram próprias que só estavam presentes no nos colégios de garotos dos meninos o opúsculo humanitário ele revela a erudição de nisia floress eu fico imaginando até hoje quando eu releio o quanto que ela pesquisou o
quanto ela leu sobre a condição feminina na Europa em vários países da Europa na América do Norte não só e na Ásia ela fala da Ásia da África e para denunciar a essa essa condição subalterna em que as mulheres viviam o opúsculo humanitário contém uma tese que não é Dinis e Floresta era a tese que estava nas mentes mais avançadas naquele momento olhe a atualidade dessa tese minha gente o progresso de uma sociedade depende da educação que é oferecida à mulher é esse grande o grande mérito do opúsculo humanitário denunciar a condição subalterna e mostrar
que isso pode ser mudado ou que só seria mudado com a educação se pesquisamos a o número de escolas tinha assim algumas centenas de escolas para meninos de padres Claro particulares ou não e cinco ou seis para meninas sabe as as meninas eu tô falando de meninas da Elite e da da Brancas é a mulher branca né ela trata da condição menina da mulher branca da Elite ela percebe ela se dá conta junto com os pensadores os filósofos daquele momento europeus principalmente que era a educação que daria uma dignidade à mulher e fazer Faria dela
uma melhor mãe e melhor esposa porque esse foi o primeiro objetivo da educação das meninas torná-las conscientes dos seus deveres e papel sociais porque a mulher não tinha papel não tinha nenhum direito era um um uma escrava doméstica era dada era vendida né tinha o dote o casamento tudo era arranjado entre famílias as mulheres eram objeto eram tratadas como objeto pelos pais pelo marido pelos irmãos e e não tinham não tinham nem não tinham nenhum direito de se manifestar em relação à educação dos filhos não tinha o ess essa virada essa chave que vai virar
nesse momento que vai mostrar que através da educação a mulher culta a mulher bem informada ela vai ser melhor mãe melhor esposa vejam então na valorização da Maternidade vem a valorização da mulher na família e na sociedade o que era o feminismo no século XIX é obviamente muito diferente do que é no no século XXI e essa essa ênfase Justamente na na figura da mãe na figura da esposa é o que talvez um um leitor leitora contemporâneo vai ter um um certo choque uma certa barreira porque ele vai pensar Poxa me falaram que S Um
clássico feminista ela tá me ensinando a ser uma boa mãe mas eu queria Então justamente puxando Então esse gancho eh que você falasse elaborasse um pouco o que que um um um leitor de Ensino Médio que vai lá vai pegar esse livro Vamos ser sinceros porque vai cair no V vular eh o que que esse o que que esse leitor eh O que que você acha que você pode falar para facilitar talvez em alguma medida essa leitura que contextualização é necessária para esse leitor conseguir leitor leitora eh conseguir eh acessar o livro O Grande mérito
de um livro como este de Nísia Floresta este entre outros né de estar indicado como Leitura para o para os jovens nesse momento nesse nosso momento é fantástico porque vai permitir a ele primeiro ampliar o seu conhecimento sobre a história das mulheres a história não começou do jeito que eles conheceram que nós que estamos agora não é não começou desse jeito meninas e meninos estudando juntos podendo eh escolher a profissão casar não casar ter filho no Então esse livro eu acho que ele tem o grande mérito de mostrar isso olha temos uma história teve um
momento em que as mulheres não tinham nenhum direito não eram valorizadas em nada isso foi uma conquista de mulheres conscientes claro que teve apoio de muitos homens conscientes também com a cabeça mais aberta que perceberam que não podia deixar metade da da humanidade naquele naquele patamar tão subalterno e e e mostrar como você lembrou do do movimento feminista né que também o movimento feminista que essa essa ideia esse conceito de feminismo não tem só não pode ser lido só com ideia como a gente conhece hoje então esse esse momento Essa consciência que o feminismo nos
deu hoje deu a todos a homens e mulheres que a mulher é dona do seu corpo que a mulher eh tem sua vontade que a mulher pode estudar ser ter a profissão que ela quiser vai entender Que bom que não foi sempre assim tem várias eh eh estudiosas que falam num proto feminino Não eu acho que é transformação do do pensamento feminismo feminista né é a transformação dele e no tempo deí e Floresta surgiram inúmeros jornais inhos jornais inho é carinhoso jornais inhos periódicos de mulheres para mulheres e de homens também para mulheres falando do
direito à educação Então isso é muito importante foi a primeira grande Bandeira tudo começou aí e começou primeiro assim o direito que a mulher era possível era capaz de ser alfabetizada que ela tinha razão ela tinha inteligência também havia quem dissesse que não tinha né então H foi preciso mudar essa mentalidade tão importante quanto a história do movimento feminista é a história do antifeminismo do backlash das iniciativas das tentativas de derrubar esse pensamento que não foi fácil nada foi fácil esse livro revela isso que havia como Nisa floresta e havia outras mulheres conscientes do seu
tempo conscientes então mulheres que não concordavam com isso nisia foi uma delas Ah mas o mas o opúsculo humanitário ele revela muito mais revela então pros leitores que havia na naquele tempo em 1850 tivemos mulheres muitas mulheres horrorizadas com a escravidão africana não concordando mostrando o os malefícios que aquilo causava a família esse livro revela que nízia Floresta entre outras defendeu a o fim da escravatura Então eu acho que esse livro revela tanta coisa tanta coisa da mentalidade da do do que ní e Floresta pensava e o que e do seu tempo do que do
que havia de mais contemporâneo não mais avançado naquele momento é me parece que que na verdade tudo que ela faz tá permeado por uma consciência social não apenas em questão de gênero mas também outras questões e eu queria queria te perguntar muito brevemente assim quase como um um apêndice eh a questão do Lágrimas de um caet porque nele ela ela trabalha a questão indígena né e que me parece também permeado por de certo modo por essa reflexão que você já antecipou sobre uma parte da população se julgar eh superior quando não dona de outra parte
né você falou bom metade da população é mulher e também uma porcentagem muito grande da população brasileira era feita por pessoas escravizadas e é claro por indígenas Então como como era isso como você vê isso se articulando também eh A Lágrima de um Caeté é um um poema épico quase uma epopeia que Nísia Floresta publica em 1849 na primeira metade do século XIX ainda a Lágrima de um caité caité era a população no indígena que habitava quase que o o o litoral do Nordeste onde hoje temos quatro ou cinco estados eram terras dos Caetés era
um povo bravo eh comeu sardinha aquele aquele Bispo que naufragou lá eh sabe canibais fortes bravos é uma população que vai ser dizimada pela pela entrada do Branco do invasor Branco naquelas terras in Nísia Floresta ela ela tem consciência disso ela vai veja ela vai ela se antecipa a qualquer pensamento da época de favorável à população indígena ela vai defender esse direito o o o o título A Lágrima de um Caeté porque é um sobrevivente é eh quem o narrador tem duas vozes narradoras a da autora a voz da poeta tá aí e e da
palavra ao indígena e ele chora o começa e termina o poema 722 versos São 50 páginas mais ou menos esse livro belíssimo belíssimo nosso romantismo minha gente seria outro se a gente conhecesse essa página de Nísia Floresta não ia ser só José de Alencar Senhora Peti Peri eh Gonçalves Dias eh etc etc que fala do índio bonzinho do índio pré-cabralino antes do do Cabral chegar nízia fala da dizimação do indígena nízia fala do seu momento presente que o índio estava sendo dizimado e grande lição que a a esse poema dá que a voz autoral deixa
é quando o Índio ele quer lutar ele quer se unir aos revoltosos de de Pernambuco Pernambuco teve várias revoluções querendo se separar né todo mundo sabe querendo Independência tá o Nordeste tentou Independência desesperadamente em várias revoluções então o o indígen ele tem o Caeté esse sobrevivente que perdeu mulher esposa terras bens perdeu tudo ele diz isso ele quer ficar para lutar junto com os pernambucanos pelo pela independência e a voz autoral diz não essa luta não é sua foge foge pro fundo das das matas lá você vai encontrar outros seus e vai ter chance de
sobreviver então Falando com minhas palavras mas a ideia era do poema era essa então esse poema Antônio eu acho sabe ímpar nós não temos outro na literatura brasileira no romantismo brasileiro que trate o indígena dessa perspectiva voltando pro opúsculo humanitário e pensando na na figura importantíssima Já que é um livro sobre educação e temos que pensar nos educadores né ou seja os professores professoras que vão eh lecionar em sala de aula esse livro e que talvez tenha um conhecimento muito superficial de de Nísia Floresta estão talvez tendo conhecimento pela primeira vez acontece né Afinal a
gente tá falando de um de uma artista muitas vezes deixada de lado eh pelo cânon então Eh mas pensando para além Ok é um documento histórico muito importante etc mas como que como que um um mediador um educador que ferramentas você indicaria que ele pode usar para para conseguir traduzir esse documento histórico pro pro aluno como tornar mais palatável para além é óbvio das suas notas da sua cronologia Existe alguma alguma coisa Central no texto eh que talvez a gente não tenha mencionado ainda algum você falou dos vários eh ensaios que na época talvez não
se chamasse de ensaios de artigos publicados em jornais que se transformaram no opusc humanitário tem algum em especial que você eh sinaliza como fundamental assim pro pro pro educador prestar atenção e transmitir pro pro aluno para uma leitura para se promover uma leitura de Nísia Floresta de din Nísia ou de Narcisa malho ou de Júlia Lopes de outra escritora do século XIX eu acho que é necessário para o educador virar a chave sabe ele tem que ler aquele texto com um pé no momento histórico em que ele foi construído em que ele foi foi constituído
pode mantém o seu pezinho aqui no século XXI Claro mas tem que conhecer a realidade o contexto daquele momento em que o livro aquela aquelas ideias foram colocadas num numa obra né foram verbalizadas se quem for ler Mia Floresta vai estranhar de cara bom a linguagem nós temos ali uma outra uma outra gramática uma outra formulação de ideias uma outra construção um vocabulário Claro claro são 100 quase 200 anos c e nem sei quantos anos atrás então primeiro eu sugiro eu eu oriento sempre isso sintoniza pensa naquele Entra naquele momento tenta perceber aquele momento histórico
de que fala aquela obra é claro com o olhar de hoje para se dar conta do quanto que aquilo é passado mas também tá no presente é isso é a história das mulheres foi feita com todos esses percalços nízia está no primeiro n primeiras páginas dessa história nisia Floresta escreve né ela tava estava vivendo vivenciando ali dá pra gente dizer que de certo modo do opúsculo humanitário é um projeto de reforma Educacional tô usando a palavra reforma com muita atenção não sentio que é uma proposta de revolução do dia paraa noite as coisas viram mas
de uma reforma progressiva podemos pensar nessa coisa gradual sim não é uma reforma é uma proposta ela faz proposta né a medida ela critica critica critica a educação que era dada das mulheres e mostra como deveria ser e faz uma proposta do que ela considerava eh que como deveria ser a educação das meninas para torná-las conscientes de si né na família e é o que vai acontecer se a maternidade foi o grande eh alavanca para trazer a mulher para valorizar a mulher foi também depois foi usado falei do backlash foi usado também para tirar a
mulher do do do do do público né de repente ela só podia ser mãe e dona de casa e e esposa não cabia mais na mulher outra outra função sabe então é eh é interessante eu acho que tudo isso esse livro permite é toda essa discussão a valorização da Maternidade importantíssima fundamental naquele momento histórico e que isso avançou né E que isso não ficou só aí houve tentativas de segurar Quando viram que bom é bom a mulher ser boa dona de casa e mãe de família quiseram prenderla nessa redoma a rainha do lá a santa
mãe então é é é importante eu acho que tudo isso é importante sabe esse livro eu penso penso acredito ele vai permitir uma uma discussão em sala de aula uma uma tempestade de de ideias na cabecinha dos jovens né dos jovens que talvez nunca tivessem pensado nisso podem ter pensado que a vida sempre foi assim como eles encontraram só para encerrar uma última pergunta eu queria perguntar um pouco da da recepção do livro no sentido de que como você mesmo falou nesse Panorama histórico o analfabetismo era predominante entre as mulheres Então quando você tem uma
mulher como Anísia Floresta escrevendo artigos que depois seriam com compilados em livro o público alvo imaginado é masculino ou não como foi isso como foi a recepção quem foram os primeiros leitores de Nísia Floresta no Brasil especialmente Mas se você quiser falar da Europa com certeza foram homens eh muitos dos seus livros ela trata da mulher mas ela se dirige ao leitor ao homem que tá lindo ao pai ao marido né el ela quer convencer esse marido esse pai de que aquela que as filhas a esposa teriam direitos serem mais bem consideradas etc os homens
eram os leitores da época mas foi o momento 1830 1840 começaram a surgir as primeiras escolas femininas a em 1837 é a lei surge a lei que autorizando a abertura de escolas públicas para meninas até então as escolas as meninas que eram alfabetizadas eram em casa as professoras tinham suas suas salas de aula dentro de suas casas ou então nos Conventos né a garota para esperar o marido uma coisa ia era guardada ou a mulher quando o marido viajava ia para longe eram guardadas nos Conventos e os Conventos eram os grandes depositários da do saber
né da da as bibliotecas Então as meninas aprendiam a ler a elite da Elite uma minoria nos Conventos ou em escolas particulares os pais mais esclarecidos que permitiam que suas meninas aprendessem a ler Mia Floresta por exemplo o pai era um advogado português com a mente aberta que ela aprendeu eh línguas foi para um convento em Goianas falou Ela morou em com Goiana Alguns alguns poucos foi a primeiraa escola dela era um convento um convento aberto não um convento para para formar noviças não necessariamente mas um um convento que acolhia meninas para dar educação meninas
da Elite naturalmente então voltando à sua questão sim as os leitores em sua maioria deviam ser os homens que não deviam nem todos deviam gostar das ideias que estavam ali naturalmente e algumas poucas mulheres eu falei que 1827 foi a primeira escola abertura da primeira escola abertura não a autorização para abertura de escolas então no Rio de Janeiro abriram cinco Quando aconteceu isso choveu professoras educadoras europeias inglesas portuguesas francesas para abrir escolas no Rio de Janeiro Claro mulheres aventureiras mulheres aventureiras que viram um mercado de de trabalho abrindo ali num lugar novo correram para abrir
escolas a escola de ní e Floresta o Colégio Augusto no Rio de Janeiro ele ele se destaca porque eram só diretoras estrangeiras mes e e e estrangeiro in nízia Floresta eh eu queria na verdade te agradecer Constância tanto pelo seu tempo aqui eh como te parabenizar por esse trabalho incrível que você tem feito não apenas em em em em pesquisar nissa floresta e e mas em compartilhar com o mundo e e esses frutos da da sua pesquisa enfim é uma é uma dedicação imensa e eu realmente parabenizo você e agradeço pela participação aqui tenho certeza
que que os professores e alunos e alunas vão sair daqui com uma visão muito mais completa de de quem foi nisia floresta e da importância do do opúsculo humanitário então fica aqui meu muito obrigado e se você quiser dar umas últimas palavrinhas agora é a chance Obrigada Eu que agradeço a oportunidade Desculpa minha empolgação eu me empolgo quando falo Dinis Floresta eu viro num sala de aula gesticulando e desculpem peço desculpa se houve exagero devo ter deixado frases pelo meio ideias pela metade isso acontece porque outra coisa atravessa na frente desculpem tô a disposição gosto
é um prazer sempre falar de Nísia fico feliz Fiquei muito feliz gostei quando vi o opúsculo humanitário nessa importante relação de obras indicadas paraa leitura de jovens e em vamos ter outro também o conselhos a minha filha que é um outra outra chave de proposta nisi Eu eu acho Fantástico eu acho que é uma abertura a editora está promovendo uma grande um um grande espaço de leitura de compreensão da nossa história para as jovens né Eu acho maravilhoso e obrigada mais uma vez pela pelo convite para estar aqui com você [Música]