Território do Brincar | Renata Meirelles | TEDxSaoPaulo

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TEDx Talks
A Renata Meirelles viaja por todas as regiões do Brasil registrando o brincar das crianças em sua fo...
Video Transcript:
[Aplausos] por onde eu ando eu tenho escutado uma mesma frase as crianças não brincam mais já virou quase até um mantra da vida moderna mas eu me pergunto sei lá não brincam mesmo eu passei dois anos na estrada percorrendo o brasil no projeto território do brincar em companhia do meu marido o documentarista david luiz ex e os nossos dois filhos pra gente pesquisar chegar mais perto e registrar o flock brinca então as nossas crianças mas por onde a gente passava a gente era recebido por os adultos que infelizmente repetiram o mesmo mantra da vida moderna
podia ser uma pequena comunidade quilombola no maranhão tipo mil habitantes um vilarejo litoral do ceará os adultos eram unânimes não aqui as crianças não brincam mais nossa gente ficou assustado mas se a gente tivesse acreditado nisso a gente teria tido um enorme problema porque o que a gente estava querendo era registrar o lado o potente da infância tipo lado cheio do copo ou como o pesquisador ganho de piorski que tanto nos ajuda a olhar profundamente esse trabalho eles noites ele nos diz é que é pra gente focar na saúde do brincar naquilo que há mais
vivo na experiência das crianças sabe quem nos salvou as crianças é claro o enorme não que a gente recebia dos adultos era rapidamente transformado em um gigantesco sim das crianças cada pequeno lugar que a gente chegava nosso primeiro contato com eles era mostrando filmes de curtas metragens que a gente havia feito em comunidades anteriores tinha menino que nem se aguentava acabar o filme saia correndo para casa buscar alguma coisa diz assim olha eu sei fazer isso eu sei brincar disso então acho que a primeira coisa que a gente aprendeu com o território de brincar é
que era preciso lapidar um pouquinho mais o nosso olhar pra gente conseguir enxergar o que brincam às crianças estou aí a céu aberto fazendo coisas incríveis mas o nosso foco era olhar um gesto o que será que nos dizem os gestos das brincadeiras o que eles nos revelam o que está por trás do gesto essa era uma opção nós e aí vamos ver alguns exemplos das coisas que a gente conheceu das crianças brincando por exemplo isso crianças brincando com a beleza o belo ele é uma busca do ser humano e as crianças elas já sabem
isso a gente não precisa ensinar a elas as crianças querem a beleza elas buscam isso ea gente vai lapidando o olhar e vai entendendo o que isso significa esse manuseio delicado das pontas dos dedos que vão lá manuseando a flor a lama uma vez uma escola aqui em são paulo me convidou pra responder perguntas de crianças de mais ou menos 56 anos sobre essas fotos aqui que até já virar um livro as crianças das três salas elas me perguntaram uma mesma coisa que eu fiquei 1 ou o que é isso as crianças falaram assim mas
renata aonde que essas crianças elas encontraram terra para brincar tem uma autora que eu estou encantada por ela neste momento ela chama de grife ela tem um livro que chama que nesse livro ela fala pra gente que as crianças na geração atual elas estão sofrendo de um mais novo abandono o distanciamento da terra mãe do latim mater a matéria natural então quando a gente vê esses pratinhos de comida quando a gente vai olhar dentro de si jeff as crianças nos revelam que é urgente a gente plantar mais flores para serem vividas por elas que é
urgente a gente oferecer pra elas um cantinho de terra para que elas cresçam enraizadas dentro da sua própria natureza mais adiante a gente conheceu tantas e tantas brincadeiras entre elas essa aqui aqui gesto é pra cima é um verdadeiro combate às forças da gravidade é uma brincadeira de quem quer crescer de quem quer ser grande o desafio seguinte é conseguir entrar no rio timo no pulso certo do brincar e aí o desafio principal desse jogo ajustar o seu gesto na beleza do gesto belo não tem pra ninguém o jogo está ganho mas não é sente
uma beleza padrão é uma beleza que expressa a potência de cada um mas será que olhar para a potência do outro é fácil será que quando a gente enxerga a potência do outro muitas vezes também a gente não se depara com a nossa própria impotência será que no nosso dia a dia a gente está sendo convidado a se expressar livremente pela própria potência eu vejo isso nessas crianças se consegue ver essas são brincadeiras universais elas nos une muito mais do que nos separa elas nos conectam com uma memória coletiva como se existisse um grande rio
lá no fundo onde todos nós todos nós vamos beber lá na mesma fonte quando a gente caminha mais adiante a gente ver crianças brincando intensamente com meios de transporte carros barcos aviões e três helicópteros motocicletas entra dentro desse gesto é o gesto do ir dos seguir a saga dos seguir a sua própria jornada em suas crianças estão fazendo quando estão brincando disso quando a gente vê esses meninos que faça o seu próprio brinquedo a gente vê que mesmo aquele mais simplesinho algo que ele que é feito com uma latinha puxado com arame esse brinquedo tem
movimento ele anda ele segue adiante e é isso que estão buscando essas crianças ir adiante seguir o seu próprio caminho os barcos eles pedem simetria eles pedem leveza eles pedem precisam é um verdadeiro diálogo entre água e ar barco feito por criança tem que navegar se não eles não trazem a verdade que o brinquedo tem q já viram criança que diz assim mas isso é verdade verdadeira a criança tem total noção dessa distinção entre o que é uma verdade na verdade verdadeira quando elas estão brincando elas estão se ajeitando dentro das verdades do mundo a
isso que elas querem na verdade de si mesmas será que a gente está deixando com que elas vivam a sua verdade porque pra isso elas precisam de tempo elas precisam de liberdade elas precisam de ócio elas precisam disso para exercitar esse músculo do desejo que faz com que a gente possa se escutar a nós mesmos a saber né a sabemos quem somos brincar até ver com isso quem eu sou porque sem isso elas crescem acreditando que vai sempre ter alguém de fora dizendo que quer pra fazer e ainda pior dizendo que que é pra elas
desejarem eu acho que a maior loucura é a gente acreditar que a loucura do outro é que várias ser vivida e é isso que a gente faz se a gente não dá para as nossas crianças esse respiro de vida para se escutar quem elas são brincar é ser quem eu sou enquanto a gente tiver dizendo reforçando esse mantra a gente não está assumindo que queremos uma sociedade livre que se expresse livremente vamos estar construindo seres mais fracos mas manipuláveis a gente vai para acreditando que existe um suposto vazio na infância e que a gente adultos
que precisamos preencher esse vazio já que é um vazio né crianças não sabem nada elas esvaziadas então a gente tem que preencher como a gente faz isso há gente a cola elas com o consumo de objetos atividades informações estímulos e ou não tem como escutar si mesmo não tem como respirar quem o sul há de novo a dgrhe fi nos coloca que criança que só tem brinquedo industrializado para brincar elas têm um vão por dentro que não se pode ser suprimido pelo seu próprio brincar pelo seu próprio imaginar e aí elas viram verdadeiros pedintes da
indústria do entretenimento uma vez eu conheci um menino em roraima o menino aptiana que sabia fazer um pião da semente do tucumã super difícil de fazer depois a gente passou horas jogando o peão é no dia seguinte quando eu passei pelo jogo onde a gente tinha jogado eu encontrei o peão da menina no chão e eu falei nossa idéia é ficar super preocupado procurando o seu brinquedo aí eu peguei o peão e limpei assim foi no rio sai atrás dele disse aqui tá se o peão se deve estar procurando esse menino ele me disse uma
coisa que eu não quis que se ele olhou pra mim com uma cara assustada e falou assim renata a brincadeira já acabou foi embora e o lar campeão na mão pra este menino o brinquedo só faz sentido quando a brincadeira tá viva caçá peão passar sementes construiu o peão jogar é tudo parte do mesmo ciclo depois aquela semente volta a ser floresta e fecha o ciclo do brincar e quando a gente vê crianças construindo os seus próprios brinquedos a gente percebe vários mecanismos que elas já têm de aprendizado criança quando constrói brinquedo se utiliza do
corpo inteiro pra isso da língua até o ponta dos pés elas buscam viver os diferentes desafios que os mais diversos materiais oferecem para elas e elas aprendem a manusear ferramentas como serrotes facões martelos porque elas têm ao lado dela adultos que sabem fazer e aí numa observação bastante silenciosa sem dizer nada elas ficam perto dessas pessoas que sabem fazer e assim como de corpo pra corpo elas vão adquirindo como que por osmose novas habilidades elas vão adquirindo autonomia o aprendizado se dá pelos sentidos pelo olhar pelo escutar pelo pegar pela experiência vivida e isso as
crianças já sabem a gente não precisa ensinar isso pra ela ela já vivem isso mas elas vivem isso de uma forma espontânea de uma forma livre então se a gente quer assumir essa sociedade que pode se expressar livremente pela sua própria potência a gente precisa acreditar efetivamente no que fazem as crianças a gente precisa acreditar na infância o brincar ele é um ato de resistência pela vida é essencial uma senhora no recôncavo baiano quando a gente mostrou pra ela imagens das crianças da sua própria comunidade brincando ela disse assim nossa isso parece um espelho de
oxum que vem mostrar pra gente a beleza que somos escutar e olhar a brincadeira livre espontânea das crianças nos revela a beleza que somos como seres humanos é isso que o território do brincar tem tentado fazer e como nos diz a querida pesquisadora lydia hortélio haverá um dia em que a revolução virá pelas crianças e eu quero estar lá pra ver obrigado [Aplausos]
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