BLACK MIRROR 7x01 - Pessoas Comuns | Análise

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PH Santos
Black Mirror S07E01 - Common People (Pessoas Comuns, Netflix, 2025) Amanda (Rashida Jones) e Mike (...
Video Transcript:
Um casal vive uma vida simples, marcada por pequenos rituais, como todo ano, por exemplo, né? Comemorar o aniversário de relacionamento comendo um hambúrguer duvidoso em um motel que se tiver uma estrela tem muito. Mas tudo bem, eles se bastam.
O tempo um do outro é mais do que o suficiente. Essa vida começa a mudar depois que a esposa tem um tumor cerebral e fica em estado vegetativo. Surge então o River Mind, uma tecnologia experimental que substitui parte do cérebro por um implante, conecta a consciência do usuário à nuvem e a devolve ao corpo.
Portanto, devolve vida. A promessa é de mais tempo de vida. A consequência é o total esvaziamento dessa vida.
Porque de que adianta se encher de tecnologias? Se no fim das contas não se pode viver apesar delas. Essa é a sinopse e algum dos questionamentos iniciais do primeiro episódio da sétima temporada de Black Mirror chamado Common People ou em bom português pessoas comuns.
O episódio é escrito por Charlie Brook e dirigido por Ellie Penquey, diretora de John is off lá da sexta temporada. Eu vou trazer agora minhas reflexões sobre o episódio, então já deixa um like, se inscreve aqui no canal e na descrição tem link pros vídeos sobre os outros episódios. dessa série.
Vamos [Música] lá. A entrada da tecnologia acontece bem rápido. É bem como o pessimismo também toma de conta aqui do episódio.
É só a tecnologia do River Mind entrar que o casal começa meio que se a desconectar. Cada dia um pouco mais. Cada dia que foi comprado para que eles tivessem mais tempo, no final fez aquele casal ter menos liga.
Porque se antes o Neverm eles se bastavam, agora não mais. Agora eles precisam sustentar o que supostamente sustenta suas vidas. Eu digo supostamente porque antes da tal tecnologia eles viviam e agora eles apenas seguem o rumo da vida.
É, são coisas completamente diferentes. Esse casal é apresentado inicialmente como comum, como ordinário, como medíocre. Eu uso essas palavras, mas perceba, por essência elas não são palavras ruins.
Medíocre é quem está na média. Ordinário é que mantém-se na ordem. Comum.
Comum é o padrão, é o que deveria ser. Apesar das dificuldades para engravidar ou pagar uma conta ou outra, a vida deles parecia ser suficiente. Suficientemente comum, mas suficiente.
O marido paga pelo tratamento da esposa, só que a partir daí ambos precisam pagar mensalmente pelo serviço que a mantém viva. O problema, e é daí que vem o pessimismo do episódio, é que esse tempo nunca chega de verdade, porque ambos passam a ser refém dessa tecnologia, dessa modernidade, desse avanço. Atraímos as tecnologias com a promessa de facilidade, mas depois nos tornamos reféns, aprisionados a essa tecnologia, aprisionados à sua dinâmica, via de regra, comercial.
Mas será que isso é só com tecnologia? Dá para extrapolar. Vivemos conectados com assinaturas e pagamentos diante do medo de perdermos a vida.
Porque o básico, o comum, o ordinário não nos é dado com qualidade. Portanto, pagamos plano de saúde, pagamos o medicamento crônico ou até um serviço de tecnologia que se for interrompido, ameaça algo essencial da vida. É a sociedade do marca-passo Frem.
Para colocar foi de graça, para manter é preciso seguir as suas regras e de preferência pagar uma mensalidade. Eu não estou dizendo que saúde não vale isso, tá? Não é isso.
Estou dizendo que quando a saúde vale, inclusive a saúde, cria-se um paradoxo. Se tempo é vida e todo o tempo está sendo despejado para pagar pelo que mantém a saúde, em que momento se vive de fato? Basta estar vivo para viver?
Será? Será? Recebemos facilidades através da modernidade.
É verdade. Mas será que ganhamos mesmo aquela vida prometida? A resposta é não.
E nesse processo esquecemos que o antigo já era o suficiente. O jeito velho já bastava. O vintage, o vintage era era o que a gente [Música] precisava.
No início do episódio, uma jovem diz que zombaram do tênis dela por ser velho. Amanda, personagem da Racheda Jones, responde que não é velho, é vintage, inclusive que é legal. Por isso aí já se propõe a discussão de como transformamos coisas funcionais em velharias, porque o novo vem e muda nossa percepção de utilidade, de utilidade, mas não de funcionalidade.
O velho jeito ainda seria possível. Como é para aquela garota que usa aquele tênis? Será que não valia o tempo vivido pelo casal Amanda e Mike até ali, até o fatídico dia do que aconteceu com ela?
A resposta que Mike nos dá é que não. Porque veja bem, esse tempo era vivido de forma simples demais. E num mundo complexo como o nosso, onde tudo tem que ser plus, tudo tem que ser um a mais, a vida comum nunca parecerá suficiente.
Olha, se Mike Amanda dentro dessa vida comum, não necessariamente aceita por eles, não é isso que eu tô falando, mas aceita pelo consenso, né, pelo senso geral, se acontecesse aquilo 10. 000 vezes, eles tomariam aquela decisão 30. 000 mil vezes na minha percepção de São Junipeiro, né, lá no no texto que eu trouxe, eu falo, né, eu falei, melhor dizendo, que o amor, o amor é tempo, o tempo que desfrutamos com o outro.
E esse episódio reforça isso, mas de um ponto de vista mais bruto. Tudo que Mike e Amanda fazem é buscar tempo um com o outro para terem tempo de fazer um filho, um filho que não conseguiram fazer na vida antes do rei Vemind lá. O que ganho é justamente o oposto.
Inclusive até para ter filho é preciso pagar um pouco mais ao serviço. E aí vamos para uma das críticas mais diretas do episódio, que é o preço do premium. Eu disse lá que a tecnologia desse episódio chegou rápido e chegou rápido até demais.
Quando uma solução aparece no meio do desespero, é raro pararmos para pensar nas consequências. O Rivermide é oferecido de graça e recusável, assim como tantas soluções são oferecidas aí nesses momentos de instabilidade para que a negação nunca venha. A cirurgia é gratuita, a manutenção inicialmente acessível, 300 dinheiros e tá pago.
O barato é só um gancho pro custo real que vem depois em mensalidades, em upgrades, em funções bloqueadas que podem ser desbloqueados se você pagar um valorzinho a mais. O tal do River Mind, como tantos aplicativos que usamos aqui diariamente, opera no modelo premium. É free até certo ponto, é premium para todo além.
Ou seja, para vivermos liberdade e free, precisamos do plus, do premium. O problema é que o prêmio em si, desse fremum nunca vem. Nunca vem.
Quer viver com menos dor, pague. Quer dormir menos, pague. Quer menos anúncios, pague.
Bem-vindo ao River Mind Plus, que depois vira o River Mind normal. E aí vem o Lux. E se a gente visse essa história continuar, teríamos o Super Lux, o Mega Lux, o Lux Lux e assim por [Música] diante.
Perceba como tudo na vida hoje tem a sua versão VIP, o estádio, o aplicativo, o show gratuito promovido pela prefeitura e até aqui mesmo o YouTube. Até a Netflix que distribui o Black Mirror de que do que estamos falando e daquilo que está criticando o tal do Freem. Hoje também é fremum.
Começou com parcelas pequenas, depois inventaram planos maiores. Ainda valia a pena quando eram parcelas pequenas. Hoje já tem propaganda no que antes era acessível, com valores que vão bem além do que um dia foi e assim segue e assim vai seguir aumentando, tá?
As pessoas seguem pagando, por isso continua valendo a pena cobrar. E a resposta pra pergunta, por que que isso é tão caro, é sempre a mesma. Porque tem quem pague.
E quando achar a pessoa que pague, eles vão achar um outro valor para achar outra pessoa que pague mais e assim sucessivamente. A coisa piora. Quando não pagamos, somos transformados na própria moeda.
Nossa vida hoje é moeda. Nossos dados é é é o verdadeiro dinheiro. A atenção que as pessoas nos dão é moeda, é coisa, é é a barganha que a gente tem.
Até quando não queremos viramos outdoor. Se antes pagavam para colocar uma publicidade num terreno ali da cidade, num muro, quer que seja, hoje a publicidade segue os nossos olhos e mesmo não querendo, a gente replica isso. Assim como a Amanda, que aos poucos começa a lançar propagandas, ela fala propagandas do nada, seja na relação, seja no trabalho, na vida, enfim, acontece que a Amanda virou ela mesma um pedaço de tecnologia.
E pro Mike acessá-la, acessar aquele tempo pelo qual pagou para ter com a sua esposa, ele vai precisar cada vez mais pagar. Amanda teria morrido naturalmente com o acontecido para ela já já teria sido. Tu tu entende isso que não é sobre ela, é sobre ele.
O que Mike fez foi trazê-la pro seu benefício e pro seu benefício escravizou a esposa e escravizou também a si mesmo. É uma punição. Ele escolheu viver a esposa como se ela fosse uma sit.
Cityconc essas séries que tem claque, né, que tem a palminha, a risada e etc. Onde no meio da série tinha uma propaganda. Pois bem, ele escolheu viver aquela vida, só que aquela vida é falsa e ele nunca atinge.
Por isso, ele é punido por trabalhar cada vez mais. Ele trabalha para viver, vive para trabalhar e assim sucessivamente. O Riverm, ele começa como um alívio para ele, para ele.
E depois vira essa prisão. Amanda, que está viva, é verdade, acaba não tendo mais o que realmente importa, que é tempo. O tempo dela é para carregar as outras mentes.
Então, ela precisa dormir nesse tempo livre. O marido precisa trabalhar mais. Ela precisa dormir para alimentar os servidores de todos que usam a tecnologia.
Ela vira o produto em si. Ele comprou o produto que vira produto que depois o transforma em mais comprador do mesmo produto que ele já comprou. Olha isso.
Seus dados, sua vida, seus desejos, sua vivência viram coisa, viram outdoor. Como eu sou aqui no YouTube também, eu não me engano. Tu também não se engana.
Como você nas suas redes sociais é você que tem 10 seguidores, você é produto também. Aquela máxima antiga de que se é gratuito, o produto é você, já não vale mais, tá? Agora o produto nem é gratuito e você continua sendo o produto.
Eu insisto. Estamos vivendo sobre o que Bunch Chuan chama de psicopolítica. Antigamente o poder funcionava muito pela repressão externa.
Tinha alguém te vigiando, te punindo, dizendo o que podia e o que não podia. Era o que Foucault chamava de sociedade disciplinar. Hoje a dominação acontece de dentro para fora, porque somos seduzidos o tempo todo a nos entregar espontaneamente para essa sociedade.
Peuan chama de liberdade como técnica de controle. Aquele casal é livre para viver a vida. Tem tempo.
Tá aí, ó. Tá aí, cara. É só viver.
Ah, não dá para viver. Meu Deus. A gente acha que é livre porque tem escolha, mas essas escolhas são moldadas por algoritmos, redes sociais, sistemas de recompensa, sistemas de performance.
E que performance mais avaçaladora existe do que ter tempo com quem amamos, não é mesmo? E no final não poder amar mais o tempo que não temos. Damos dados que nem sabemos para que servem e mais damos com a sensação de que talvez nem sejam tão importantes.
Se não são tão importantes para nós, porque seriam para outra pessoa, não é mesmo? A partir desses dados, tomam decisões, criam produtos e, no fim nos tornamos consumidores de nós mesmos. Nesse mundinho digital não somos controlados por repressão externa nenhuma.
Foucault foi vencido. Somos controlados pela sedução interna, pela sedução dos parecidos por nós mesmos, até quando não temos mais escolha. Nos dive, o episódio lá da eh da quarta temporada, quinta temporada de Black Mirror, nos ensinou isso aqui.
A gente tá vendo o começo dessa sociedade. Estamos na ilusão que estamos escolhendo, isto é, que estamos vivendo uma vida mais cheia, mais plena, quando na verdade apenas estamos nos explorando em nome da performance. A Amanda do episódio é isso.
Um corpo que não é mais dela, um corpo que é da plataforma, um corpo que usa a sua presença para manter Mike consumindo. Consumindo quem? Amanda não, a plataforma tu não tá entendendo.
A realidade vai sendo substituída por simulações, até que não sabemos mais nem o que é real. Amanda encarna isso aí, ó. Uma cópia dela com aparência do que ela foi, mas sem essência.
Mike prefere essa simulação a perda real, a realidade, prefere o tapume. É a vitória da simulação da vida. Uma vitória que vem acontecendo todo santo dia.
Todo santo dia. Mas de que vale essa vida se não pode mais acordar para tomar um café com o marido? Se não pode comemorar o próprio aniversário de casamento porque tá fora da zona de cobertura?
Ah, eu vou viajar, mas tem que ter internet. Vamos tomar o café da manhã, mas segura. Não é para comer, porque eu tenho que bater a foto.
Percebe como somos controlados justamente por aquilo que acreditávamos, por aquilo que nos ajudaria a controlar a nossa própria vida. É balela. Tudo é só mais um passo pro pacote pago, que se ainda não existe, vai existir em breve.
O aplicativo mais simples tem, o aplicativo mais complexo tem cada vez mais e terá. Vivemos uma vida tão paga que talvez a única solução seja o vintage, o tênis velho, o hotel caído, o hambúrguer meio sem gosto, mas a solução esse episódio também destrói. Nesse mundo é possível ter uma breve ideia do auge.
E assim, com esse auge provado, a gente nunca mais vai aceitar o comum. Nunca mais. Não abre a caixa de Pandora.
Não dá para [Música] desver. Quando Amanda paga pelo pacote de luxo, quer dizer, quando Mike paga pra Amanda pelo pacote de luxo e ela tá lá escutando uma música que seria horrível, mas ela tá escutando da forma mais maravilhosa. Quando ela come um hambúrguer xchelento e ele ganha gosto, quando até o marido que era meio sem graça ganha uma graça enorme na cama, ela não consegue mais ter prazer na vida se não for com as tecnologias que a rodeiam.
Porque ela sozinha não basta mais não. O o casal se destruiu e depois ela em si se destruiu. Essa transformação é assustadora, mas é real.
As redes sociais fazem isso com a gente o tempo todo. O recorte do outro é melhor do que a realidade que a gente pode viver, a realidade comum. O influenciador viaja, encontra um porche, bate foto como se fosse seu e posta para que os outros passem a desejar esse tipo de vida e assim não mais viver a própria vida, mas a vida do outro, a vida do cartão de luxo que dura 12 horas nas redes sociais até menos.
Porque se o algoritmo não gosta daquele conteúdo, se ele não atrair publicidade, nem 30 minutos ele dura. É uma droga cuja primeira dura muito porque o efeito é inovador, é novo, depois vai só piorando. Como se não bastasse.
Otário é o sujeito comum. Otário é o sujeito que aceita o tênis velho. Digo o tênis vintage.
Porque com cada nova versão, a sensação é a de que quem não acompanha está ficando para trás, ou melhor, sendo deixado para trás por uma vida que continua só que sem ele, naquele caso sem Amanda, mas que Mike não permitiu. É claro que a vida comum se torna insuportável depois que se experimenta o luxo. Como voltar?
Amanda testa o Nevermindelux, que promete experiências completas, controle total do corpo, supressão de dor, aprendizagem instantânea, prazer sob demanda, uma droga perfeita. Como largar? Como largar?
O cotidiano perde o gosto. O hambúrguer fica mais seco ainda depois desse luxo. A vida de verdade se torna pequena, curta, insípida e irrelevante.
Amanda volta, mas só com o corpo. O corpo envelhece e a necessidade dela vira a mesma. Comprar mais tempo de luxo.
Só isso. A vida em si. Ela virou uma droga pro Mike.
Virou uma droga porque a modernidade é sobremaneira também uma droga e você paga por isso. Mas relaxa, pode usar até se viciar. Depois você que vira o produto.
Depois você vira a droga em si. O produto não é a droga. Entenda.
O produto é o desejo. O produto é a insaciabilidade humana. O comum deveria ser o suficiente.
Não é. E nunca será nessa sociedade que a gente tá [Música] construindo. Comon people, né, pessoas comuns, é sobre como o futuro que estamos vivendo é completamente insustentável, porque transformamos a promessa de viver melhor em uma manutenção recorrente.
Quem não paga adoece, quem não atualiza desaparece, quem não produz não sobrevive. O episódio vai além, questiona a própria ideia de progresso. Se tudo que ganhamos é mais dor, mais cobrança, mais vazio, então para que o novo?
Se o tênis velho ainda serve, porque insistem em dizer que ele não serve mais. O tênis novo é o esvaziamento do que era suficiente, mas também não dá para dizer que não é para comprar o novo. Afinal, você trabalha tanto, não é mesmo?
e vai trabalhar mais ainda para comprar o novo novo. O futuro que Comon People nos vende, ou melhor, a solução desse futuro é San Jun Pero, que é lindo, por sinal, não é verdade? É lindo, mas é uma solução quase que fajuta, né?
É um paraíso na terra, como canta a música do final de São Junipeiro, mas fajuto, não é real. Não à toa. O hotel daquele casal se chama exatamente San Junipeiro.
Então o futuro é San Junipeiro porque se estamos construindo uma vida onde é impossível viver plenamente, a única solução é o que está além dessa vida. O tempo de Amanda e Mike terminou em vida, mas ele não aceitou. San Junipiro lá o episódio mostrou que dá para ter outro tempo noutra vida, noutra versão.
Porque se seguirmos colocando catraca até no que não deveria ter valor, como o nosso tempo, como os nossos sentimentos, só vai nos restar o que tá além disso tudo. Ainda que seja falso, como é lá em São Junipeiro, como é aquela vida, a única solução para essa vida meetref que a gente tá construindo é uma outra simulada. Aqui temos um pouco de nose dive com a pressão social como ferramenta de exclusão.
Temos um pouco do episódio Be Right W back, só que nesse caso é o marido revivendo a esposa. Temos um pouco de Joan as off com a perda de controle da própria imagem. No caso Mike usando o site ali, parecido com o do filme Nerve inclusive.
Mas temos muito de 50 million merits com a sensação sufocante de que tudo tem um custo ou que somos esse próprio custo. A verdade é que common people nem depende tanto assim de grandes invenções. A gente nem vê a grande tecnologia desse cérebro, como funciona, etc.
Ele apenas exagera o que já fazemos. vender a vida, vender o corpo, nos vender. Tudo isso em nome de uma vida que talvez nem consigamos mais viver e que quando conseguirmos já não haverá mais tempo.
Amanda virou um avatar dopado. Mike, um trabalhador endividado, humilhado e sozinho. A tecnologia venceu, mas não venceu pelo futuro.
Venceu pelo presente ao se infiltrar nas brechas da nossa rotina e transformar tudo, absolutamente tudo, em serviço. Um serviço que serve a quem? Não é um serviço, é um algema.
É uma algema que prende o amor, prende nós mesmos, prende todas as nossas necessidades. E a culpa é nossa. Fizemos um mundo totalmente sem opção.
O mundo das tecnologias é um mundo de caminho único. Ou você tem ou você quer ter. Não ter é parecer não existir.
Mas para que existir nesse mundo afinal? Simples, para ter mais. É para isso que a Amanda serviu.
E depois precisar comprar mais um pouco de existir e assim seguir sem nunca ter fim. E só podendo ter vida depois desse fim que nunca chega. O tênis velho bastaria.
Pena que a gente trocou.
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