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Video Transcript:
[Música] [Música] [Música] Boa noite a todos, todas as pessoas queridas, todos e todas. Sejam bem-vindos para mais um círculo eh de cultura. Eu vou me apresentar. Eu sou a professora Cléia Tonim. Sou uma mulher branca, uso óculos, tem os cabelos grisalhos com algumas mechas. Atrás de mim tem uma parede branca. Eh, e eu estou na minha casa. É um prazer estarmos mais uma vez com mais um Círculo de Cultura e também eh eu faço parte do coletivo do curso de formação em serviço eh da parceria do Instituto Federal Farropilha com a SECADI, que são os
círculos de culturas que vocês já estão eh acostumados a toda quarta-feira estarmos juntinhos. para eh debatermos, dialogarmos sobre a educação de jovens e adultos. Então, sejam todos e todas as pessoas eh muito bem-vindas. É sempre uma alegria fazer parte deste espaço que pulsa diálogo, que pulsa trocas, que pulsa a vida e a educação. Cada círculo que acontece é mais um espaço, é de diálogo, de trocas e de aprendizagens. Esse mundo virtual nos traz muitas possibilidades, né? incríveis, que é de reunir muitas, mas muitas, milhares de pessoas eh de todo o Brasil, do Norte ao Sul,
eh dos do Nordeste ao Sudeste, do Centro-Oeste, enfim, de todos os municípios e estados brasileiros em torno dessa grande eh mesa, né, que é a nossa telinha. eh, de todo, né? Estamos reunidos aí de todo o país desde cada escola em cada município, então desde o chão da escola em que nós estamos eh vivendo, vivenciando, experienciando e na qual pisamos. E é então pela escola, pela EJA, por todo o Brasil, né, por um Brasil mais justo, que temos a certeza de que estamos aqui reunidos, né, que devemos estar aqui desta forma. Eh, hoje os nossos
o a nossa temática são as cartas, as cartas pedagógicas. Então, nós vamos convidar vocês para assistirem a mensagem através eh da leitura ou e da escuta da carta pedagógica da professora Glades. A professora Glades foi professora da EJA, da Escola Estadual Pedro Vicente da Rosa. Atuou também no Núcleo Estadual de Educação de Jovens e Adultos. e cultura popular metamorfose em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul, e atualmente é professora da EJA na Escola Estadual Bento Gonçalves em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul, que pertence à 16ª Coordenadoria Regional de Educação, 16ª CRE. Então,
com vocês, a carta da professora Grad Gradis. [Música] [Aplausos] [Música] Boa noite a todos. Eu sou a professora Glades Zandoná da Escola Estadual Bento Gonçalves da Silva em Bento Gonçalves e eu vou falar um pouco a vocês da minha história na como professora da EJA. Eu iniciei em 2002 na escola Pedro Vicente da Rosa. Eh, a minha nomeação já fui nomeada para trabalhar com EJA e a minha especialização também foi feita eh com EJA, tá? Nessa época estavam iniciando com Ege e havia muitas dúvidas de como ensinar esses alunos, os conteúdos e os saberes que
a gente tinha que transmitir a eles. Então a direção sugeria que nós professores deveríamos perguntar em sala de aula, por exemplo, qual o conteúdo que era necessário a eles no seu dia a dia, no seu trabalho. E a gente fazia isso e e a gente ia buscar então aquilo que eles ã sugeriam, né, que precisavam no seu trabalho e na sua vida. Ah, lembro-me que numa ocasião um aluno me pediu sobre cubagem de madeira e eu não sabia como calcular. Então eu fui eh buscar esse conhecimento, né, fui pesquisar e depois eu transmiti a ele.
Ele ficou muito contente e eu também. me senti bem gratificada por isso, né? Depois, então, a essa escola fechou, o Pedro Vicente da Rosa fechou o o EJA e eu fui trabalhar no Neja CP Metamorfose, né? E aonde eu tive a oportunidade de trabalhar com uma grande professora que era minha chefe, né? A professora Terezinha, a Ionara, a Grazi e trabalhei bastante lá. trabalhei de 2009 até 2016 e aprendi muito. E lá o método então era um pouco diferente, era eh os saberes era através do que os alunos, né, falavam, do que eles tinham, ã
é, das suas falas diárias, a gente montava a a nossa aula e foi muito bom, muito gratificante. Eu gostei muito, eu aprendi muito trabalhando no Nexa CP do sonho realidade, né? E o objetivo era eh, com a filosofia de Paulo Freire, eh, despertar a consciência crítica dos alunos, né, e transformar a realidade deles a partir do do estudo do que a gente, né, ensinava a eles que a realidade dele deles fosse transformada. Então, Paulo Freire era um foi um professor, né, no caso, que que ele sempre quis educandoos capazes de analisar, de questionar e de
transformar a realidade aonde eles estão inseridos. Esse era o seu objetivo. E ele também acreditava que a educação devia preparar as pessoas para exercer a sua cidadania. sempre essa palavra cidadania sempre foi muito colocada em pauta em todas as aulas, sempre preparando eles para que de forma ativa, de forma responsável e comprometida, sempre com a construção de uma sociedade mais justa e mais igualitária. Então esse método de Paulo Freire era baseado em problemas reais e significativos para os alunos. Eles faziam bastante trabalhos em grupo e eram incentivados à cooperação e a responsabilidade compartilhada. As avaliações
eram contínuas, diárias e observando eles no dia a dia, ajustando as práticas educativas sempre que necessário. Paulo Freire, na sua obra mais importante, Pedagogia do Oprimido, ele pensava na necessidade de uma educação emancipatória do oprimido em oposição à pedagogia da classe dominante, tornando esse oprimido um sujeito da sua própria história, onde a liberdade deve atender a perspectiva do oprimido e não do opressor. Segundo Paulo Freire, os homens educam-se entre si, mediatizados pelo mundo, pela educação problematizadora que exige a superação da contradição educador educando e o diálogo em que ambos se tornam sujeitos do processo e
crescem juntos em liberdade. Eu creio que essa carta pedagógica, segundo o pensamento de Paulo Freire, é um compromisso com a educação como prática de liberdade, de consciência crítica e de transformação social. Eu sempre gostei muito de trabalhar com EJA. Eh, eu trabalhei com EJA no município também e agora estou trabal eh no Neja CP e agora estou trabalhando aqui na escola Bento com o Eja. é um público que eu gosto muito e e a modalidade Eja, eh, é uma modalidade que é um pouquinho diferente pelo público ser um pouquinho diferente, mas eu gosto muito. Então,
aqui não é exatamente no momento como Paulo Freire, mas também não com o mesmo olhar que a gente tem no ensino regular, né? sempre a gente tenta ter uma visão diferenciada, eh, sabendo que esses alunos têm dificuldades e muitas vezes fazem muitos anos que não estudam. Eles também eh em alguns momentos a gente percebe problemas emocionais e de diversas ordens que a gente tenta sempre eh levá-los, eh incentivá-los a continuarem a ter sonhos, que a gente percebe que muitos chegam eh sem sonhos já, né, pelas reprovações do regular e por outras questões. Então aqui a
gente acolhe o aluno para que ele prossiga, continue, né, eh, a se desenvolver e a melhorar, né, e que ele consiga exercer a sua cidadania de uma maneira tranquila, né, no futuro. [Música] Então, essa foi a mensagem da professora Glades. Eh, Paulo Freire gostava muito de escrever cartas, cartas a Cristina, Agnebissal, a professora Cint Anão, cartas a quem ousa ensinar, entre tantas outras. Será que a pedagogia da autonomia não contém cartas que Freire escreveu para que nós lêssemos? a caminho da escola, na parada de ônibus, eh, como ele mesmo disse ao lançar o seu último
livro escrito em vida, né? Então, será que ele não eh escreveu cartas para que a gente pudesse pensar e também escrever cartas? Cartas. Quem é que nunca escreveu, né? eh, uma várias, um bilhete, né? Nós, eu sou de uma geração que a gente se comunicava através das cartas, né? Eh, um recado, tudo isso, né? Nós vivenciamos, é provável que nós vivenciamos. Gerações gastaram blocos de papel e caneta para se comunicarem. Eh, para ser eh pode ser que algumas pessoas que estão aqui nunca tenham tido a oportunidade de ir ao correio para postar uma cartinha. Pessoas
jovens, talvez, né? Nem mesmo pro Papai Noel. Quantos e quantos educandos e educandas buscam a Eja movidos pelo sonho de escrever uma carta? Fernanda. Vou chamar a nossa colega Fernanda para conversar conosco sobre as cartas. A Fernanda todos já conhecem, né? Ela é uma educadora popular por opção, é professora com experiência na educação básica em todas as etapas e e modalidades da EJA. É pesquisador e militante da educação popular em diferentes contextos e dimensões e congrega, né, faz parte do nosso fórum de do Rio Grande do Sul. há mais de 15 anos e participa do
movimento Educação Popular, eh, a AEPA, é professora da UGRs e integra o coletivo de formação e serviço do Pacto, eh, na nesse coletivo do IFAR e Secadin. Então, seja bem-vinda, professora Fernanda. Hoje a senhora será uma das das nossas convidadas. E temos uma outra convidada especial que é a professora Isabela Camine. Seja bem-vinda. Vamos conversar com a professora Isabela Caminho também. A professora Isabela, ela é educadora popular, é professora, é doutora em educação pela UGs, eh compõe o setor de educação do movimento do Centerra do MST, é autora da do livro A escola itinerante na
fronteira de uma nova escola, eh, da do Cartas pedagógicas, aprendizados que que se entrecusam e se comunicam do Cartas Pedagógicas, Testemunhos de Uma vida. É organizadora de cartas pedagógicas como prática de ensino e pesquisa em parceria com Rudmar eh Barea, entre cartas que atravessam o tempo, o poder da literatura. dentre tantas eh atribuições e e e ações que a professora Isabela eh desenvolve a ao longo da sua eh militância. Então, seja bem-vinda, professora Isabela. Nós vamos conversar, então, iniciamos a conversa com a professora Fernanda. Pode ser, professora. Nós estamos aqui num círculo de diálogo, né,
num círculo de cultura. Então, vamos conversar, vamos iniciar a nossa conversa. Professora Fernanda, obrigada, Cléia. Boa noite a todas as pessoas presentes neste círculo de cultura virtual que acontece nessa data, né, do dia 7 de maio de 2025. É uma alegria iniciar esse círculo, Cléia, Isabela e Juliane, nossa intérprete, né, lendo esse chat pedagógico com mensagens lindas, né, que nos enche aí de emoção. Bom, vou fazer a minha audiodção. Sou Fernanda Paulo, educadora popular, mulher de pele branca, cabelos pretos, longos e lisos. Uso brinco de argola dourada. Eu acho que eu sou uma pessoa sorridente,
tem uma maquiagem mais discreta, um batom de tom avermelhado, marrom, visto uma blusa preta de gola alta. ao meu lado, há uma estante com alguns livros e aí são livros coloridos da área da educação, especialmente da educação popular, né, que compõe esse meu ambiente. Bom, é com muita alegria, mas também com esperança que hoje nos reunimos para dialogar sobre esse tema que tem a relação direta com a educação popular crítica e transformadora, que são as cartas pedagógicas como instrumento metodológico da educação popular e seu uso ou diversos usos na modalidade da EJA, né? Então, gostaria
de convidá-los e convidá-las a dialogar conosco, comigo, com a Camila, com a Isabela Camini, com a Cléia, a partir do chat pedagógico. Eh, este encontro no formato deste círculo de cultura virtual também é um convite para que juntos e juntas possamos refletir, esperançar e transformar nossas práticas educativas, reconhecendo a grandeza do diálogo de saberes e também a a potência de nossos trabalhadores e trabalhadoras estudantes da EJA e também aqui, né, que são sujeitos históricos e políticos. Agora eu quero fazer um primeiro convite. Peço licença, então, para convidá-los e convidá-las a ouvirmos uma música temática e
pedagógica. Ela é uma expressão artística criada de forma intencional para dialogar com conteúdos educativos, com valores formativos, articulando a estética, a emoção, uma linguagem simbólica e reflexão crítica. Ela normalmente ela é composta eh para tratar de temas específicos, buscando sensibilizar, mobilizar e potencializar os nossos processos de ensino, aprendizagem de forma significativa. Então, convido agora a vocês a escutar esta música temática e dialogando comigo pelo chat pedagógico. Bana vamos se transforma em história e memória. É carta pedagógica, é vida, é formação, é luta escrita, seja individual ou coletiva. É diálogo bíblico, é transformação. Carta pedagógica é
uma revolução [Música] pedagógica. Carta, carta pedagógica é denúncia e anúncio. É palavra que não quer se calar. É direito de sonhar e ensinar. É carta pedagógica. É vida, é formação. É luca escrita, seja individual ou coletiva. É diálogo é transformação. Carta pedagógica é uma revolução. Pedagógicas. Cada carta pedagógica é denúncia e anúncio. É palavra que não quer se calar. É direito de sonhar e ensinar. É carta pedagógica, é vida, é formação, é luta escrita, seja individual ou coletiva, é diálogo vivo, é transformação. Carta pedagógica é uma revolução pedagógicas. [Música] Na educação de jovens e adultos,
a carta pedagógica é memória e ação. É história em reeducação. É diagnóstico, é registro, é avaliação. É a prática freiana em construção. Que venham cartas pedagógicas em todo lugar, cartas que ensinam libertam, vão transformar. A carta pedagógica é vida, é formação, é luta escrita, seja individual ou coletiva, é diálogo vivo, é transformação. Carta pedagógica é uma revolução pedagógica. [Música] Que lindo, Fernanda, deu vontade de dançar. Aposto que tem gente dançando por aí nesse Brasil afora, embalado por essa música linda. Obrigada, Cléia. Então essa também é uma forma de trabalhar, né, com a educação de jovens
e adultos a partir das músicas temáticas e pedagógicas. E ela foi criada por um programa que se chama Suno. Então depois a gente pode estar compartilhando aqui no grupo, né, o link para que vocês também possam aproveitar esta ferramenta e criar músicas. Bom, e afinal, o que são cartas pedagógicas, né, Isabela Camine, nós que eh já andaros por alguns espaços apresentando as cartas pedagógicas como um instrumento, né, metodológico da educação popular. E a gente sempre diz, tanto eu, quanto a Isabela e outras tantas companheiras educadoras populares que trabalham com essa temática, né, que as cartas
se constituem como textos dialógicos, textos reflexivos e afetivos que articula, né, a teoria, a prática a partir da experiência, da nossa experiência concreta, né, de quem escreve. E sim, ela é inspirada em Paulo Freire, como a Cléia trouxe inicialmente, né, alguns livros. Eu tenho certeza que a Isabela vai falar um pouco deles, então não vou falar a Isabela. E então, mas ela tem inspiração em Paulo Freire e nem também tem sido aprofundada em diversas pesquisas com referência à educação popular, assumindo essa forma estética, ética, política, de um modo eh singular de escrita que é distinta
daquele modelo tradicional de cartas. Eu li aqui no chat pedagógico de um educador que contava que seu pai era carteiro, né? E é muito interessante a experiência que ele traz aqui para nós. E sim, né, as cartas pedagógicas elas possuem essa postura política e crítica. Elas integram prática e teoria, assumem o diálogo como método e com objetivo intencional, né? respeita as experiências de vida dos sujeitos, produz uma escrita comprometida, afetuosa, crítica e também produz conhecimento situado, comprometido com a transformação da realidade. Então, quando eu escrevo uma carta pedagógica, eu não tô apenas narrando uma experiência,
a gente tá produzindo conhecimento a partir da vida e reafirmando o compromisso ético-político com a emancipação. Então, no âmbito da educação popular, as cartas pedagógicas, elas têm muitas funções formativas. Eu poderia citar algumas, porque eu tenho certeza que a Isabela vai citar outras, né? E se vocês querem dialogar comigo aqui pelo chat, são muito bem-vindos e bem-vindas, que é sistematizar experiências educativas. A gente pode utilizar cartas pedagógicas para registrar memórias de reuniões, memórias de uma aula, memórias coletivas, potencializa investigações participativas. Ela é um pode ser utilizada como instrumento de avaliação formativa e processual. Podemos fazer
aulas com cartas pedagógicas. Não sei se a Ana Freitas está aqui, mas Ana Freitas tem um artigo bem interessante sobre fazer aulas com cartas pedagógicas, né, Isabela? Então, a Isabela mesmo trabalha com as cartas pedagógicas, com crianças, com adultos, com adolescentes, com jovens, com idosos. A gente pode planejar as nossas aulas através das cartas pedagógicas e também podemos utilizar as cartas pedagógicas para sistematizar os conhecimentos construídos durante a nossa aula. Nós tivemos uma experiência, né, Isabela, que foi muito fecunda de utilizar as cartas pedagógicas como instrumento de sistematização dos conhecimentos construídos durante um processo formativo.
Então, as cartas pedagógicas são espaços vivos de problematização da realidade, de fortalecer o protagonismo dos sujeitos, reafirmando que o quê? A educação é, antes de tudo, um ato político. É um convite à autoria, é um convite à insurgência, é a revenção dos saberes a partir do quê? Das experiências concretas de vida de quem escreve. Então, o uso da carta pedagógica potencializa a emergência de narrativas, né, críticas que rompem com o silêncio imposto por práticas educacionais tradicionais e resgata, recupera as experiências, as vozes históricas dos estudantes como produtores legítimos de conhecimento, conhecimento que dialoga com os
diferentes saberes, né? Então, ao ser escritas cartas pedagógicas e compartilhada, porque toda carta pedagógica requer uma resposta e uma partilha, não é? Então, quando a gente escreve e compartilha, nós estamos transformando esse espaço educativo em um território de diálogo, escutativa, reflexiva, comprometida com a produção coletiva de sentidos. Elas também servem para registrar trajetórias. Aqui muitas e muitos de vocês formadores regionais produziram cartas pedagógicas contando para nós a experiência de vocês com a modalidade da EJA, né? Eu acho que é bem importante contar isso. E também tivemos aqui eh algumas partilhas de experiência, né, Cléia, de
formadores que trabalharam com os professores e professoras com esta metodologia das cartas pedagógicas. Então, vejam a potência das cartas pedagógicas, né? Elas, além de registrar essas trajetórias, elas conseguem fazer, né, esse diálogo entre os saberes do cotidiano e da experiência e com os conteúdos curriculares, permitindo a construção de currículo que seja vivo, né, concreto, contextualizado, situado e politicamente comprometido com a transformação das nossas realidades. Cada carta pedagógica, então, ela vai se tornando um gesto de afirmação da dignidade humana, né? A serviço de quem estamos escrevendo as cartas pedagógicas, por que escolhemos utilizar as cartas pedagógicas
como instrumento metodológico da educação popular e utilizados na EJA, né? Então ela é um exercício de leitura crítica do mundo, é uma prática metodológica que articula memória, sonho, ação. E é por meio das cartas pedagógicas que é possível integrar a dimensão afetiva, a dimensão ética, a dimensão política da educação popular, formando então buscando formar sujeitos conscientes de seus direitos, capazes de intervir em suas realidades com autonomia e criticidade. Então, utilizar carta pedagógica é valorizar a história de vida dos estudantes da EJA. Baseando no quê? No compromisso nosso com a com a com uma educação que
esteja de mãos dadas com a justiça social e com a humanização dos processos educativos, não é? Não, quero dizer que na educação de jovens e adultas, as cartas pedagógicas revelam-se ainda mais potentes, porque elas reconhecem, cada educando, cada educanda, né, carrega consigo uma trajetória de saberes, né, de sonhos interrompidos, de sonhos a serem realizados, de dores, né, de resistências que precisam ser acolhidas, né, e valorizados nesse processo educativo. Bem rapidinho, porque tô louca para escutar a Isabela. Eu quero contar só três questões que as possibilidades das práticas de utilização da EJA. Outro dia alguém dizia:
"Ah, é tão bonito falar na teoria, mas eu quero saber como é que se usa essas cartas pedagógicas, né? E agora, então a gente pode trabalhar a carta pedagógica para sistematizar a história de vida. Então, propor que cada estudante da EJA escreva uma carta pedagógica contando a sua trajetória escolar, sua trajetória de vida também. ela vai servir como uma uma ferramenta, como uma forma de diagnóstico inicial para que o professor e a professora possa conhecer os sujeitos da EJA, né? assim conhecemos melhor os sujeitos com quem vamos caminhar. E também essa carta, a partir desta
carta pedagógica, o estímulo da escrita da carta pedagógica, nós podemos eh eh identificar temas geradores através do texto, dessas cartas do do texto que consta nessas cartas pedagógicas, mas também quando a gente pode escolher a partilha da leitura de cartas pedagógicas numa roda de conversa, né? Então ali pode emergir vários temas, como trabalho, educação, direitos humanos, saúde. E uma carta pedagógica, ela pode eh ser solicitada a partir de uma questão problematizadora, né? Então é muito interessante que ela vai integrando os conteúdos escolares à realidades vividas e ela também pode servir como avaliação formativa processual e
também como autoavaliação. Então convidar os estudantes da EJA ao final de cada aula ou de cada ciclo de de processos de ensino e aprendizagem a refletir a partir da escrita de cartas pedagógicas sobre as suas aprendizagens articulando aos seus saberes prévios. E aí também vai favorecendo a a a postura, né, de intervir na nossa realidade e também de iniciar um processo de se reconhecer como um sujeito que também participa desse processo de avaliação. Então a autoavaliação crítica surge daí. E um outro uso de carta pedagógica já está sendo utilizada entre nós, que é na formação
de professores e professoras da EJA. Muitos de vocês. Gostaria inclusive que vocês escrevessem aqui no chat pedagógico, se já escreveram cartas pedagógicas, né? Muitos de vocês vêm utilizando cartas pedagógicas no processo de formação permanente de educadores e educadoras da EJA para refletir sobre as práticas pedagógicas e fomentar o diálogo entre os nossos pares. Isso fortalece a formação permanente em serviço, fortalece o reconhecimento, né, da importância da autoria dos professores e professoras, né? Então, é a produção coletiva de cartas também incentiva a escrita de cartas que não precisam ser só individuais, pode ser cartas coletivas endereçadas
à comunidade escolar, a movimentos sociais, pode ser endereçada a outros grupos representações políticas, escrever uma carta para um vereador, escrever uma carta para um prefeito, né, reforçando o sentido político e pedagógico da educação popular. Então, Isabele, o que que você tem para nos contar? Uma boa noite a todos e a todas. É uma alegria imensa escutar a Fernanda e estar aqui com a Cléia e com agora o Ivan, o intérprete, e a Juliana, que acabou de sair. Eu sou uma mulher branca, estou com o cabelo amarrado, uso óculos, estou com uma blusa colorida, estou aqui
em Porto Alegre e estou feliz de estar aqui neste diálogo, nesse círculo de cultura, uma expressão cunhada por Paulo Freire, né? E especialmente tô assim emocionada de saber que a gente numa telinha, né, professora Clélia, podemos nos conectar por estes meios com eh milhares de educadores populares da EJA, que no meu ponto de vista as cartas pedagógicas elas abraçam os educadores da EJA, porque são eles que retornam à escola depois de um tempo de desistência e de exclusão do direito à palavra, do direito a escrita do seu pensamento. Então eu tô contente de estar aqui,
exatamente porque neste diálogo eu gostaria de dizer que Paulo Freire, como a Cléia dizia, ele escreveu quatro obras em forma de cartas, mas ele não escreveu as cartas para serem obras. Paulo Fre escreveu muitas cartas porque era o tempo do meio de correspondência e porque ele acreditava neste tipo de escrita e de relação humana. Mais tarde, com o seu consentimento, estas cartas viraram cartas a Guinébal, cartas a Cristina, professora Cintia Não. E ao final da sua vida, ele então batizou as três únicas cartas que ele escreveu entre janeiro e abril de 1997. Ele batiza então
as cartas de pedagógicas. Vejam que no meu ponto de vista, Fernanda, ele quando batiza as cartas de pedagógicas, ele passa a sua escrita, ele convoca a nós a fazer uma escrita de qualidade, uma escrita potente, uma escrita de conteúdo, de ensino, de aprendizagem. E é neste sentido que eu digo que as cartas abraçam a Eja porque estão neste processo de ensino, aprendizagem numa idade diferenciada daqueles que entram normais na escola. Mas vejam que e na minha leitura, atualmente eu tô me dedicando a fazer uma releitura retrospectiva dos 28 anos que completou dia 2, esta semana
que Paulo Freire partiu. Então são 28 anos que ele deixa sobre a sua mesa três cartas pedagógicas. A última, uma carta de profunda indignação, de profunda inquietação, aonde ele começa a descrever e denunciar o assassinato de índio galdino Jesus dos Santos numa parada de ônibus em Brasília por jovens ricos que brincavam de matar gente. Esta carta, eu sempre digo que ela ficou inacabada, mas é uma carta, uma denúncia que fez sangrar os povos indígenas e fez sangrar também o coração de quem defende os povos indígenas como originários e criadores deste mundo e deste país, da
cultura, nós que chegamos e invadimos o território deles. Então, vejam o quanto foi significativo a despedida de Paulo Freire, deixando essas três únicas cartas pedagógicas. E me entusiasma demais pensar que, claro, entre 97 e 2000 as cartas não eram publicadas. Elas foram publicadas no Pedagogia da Indignação em 2000. Mas a Fernanda há de conferir comigo. Entre 2000 e 2010, 2012, pouco se falava nas cartas pedagógicas, poucas evidências de que em algum lugar alguém citava, mas elas não haviam encontrado nenhum apaixonado e apaixonadas como nós pelos escritos de Paulo Freire. A partir de 2012, eu costumo
defender que havia um programa nacional de educação popular pelo governo popular de rede de educação cidadã. Ali eu convivi um tempo entre eles, talvez alguém esteja me escutando. E ali eu percebia a o anúncio das cartas pedagógicas. As cartas pedagógicas eram faladas e eram incentivadas para os educadores populares escreverem cartas pedagógicas. E foi que me fez ir à pesquisa e escrever este primeiro livro, que são cartas pedagógicas, aprendizados que se entrecruzam e se comunicam, que na época fizemos 15.000 exemplares para distribuir em todo o Brasil. Mas para a nossa surpresa, a este livro ele chegou
também no fórum de educação, no fórum Paulo Freire, que a a Fernanda se lembra? Em 2013 foi doado para todos os educadores do fórum aqui perto de Porto Alegre. E ali começa dentro do fórum já havia indícios com a Ana Freitos de começar incentivar as cartas pedagógicas. Só que na minha leitura de 2012 a 2020 as cartas começaram a se espalhar. O o Brandão escrevia cartas, a Fernanda escrevia, mas ainda não haviam chegado e desembarcado no ensino superior com a pandemia, que felizmente ou infelizmente o centenário do Paulo Freire aconteceu durante a pandemia. E se
tem uma coisa boa foi este mundo que nós descobrimos da parte boa da tecnologia. que nos fez conectar com o mundo. E um dos temas era o legado de Paulo Freire. E aí, Fernanda entrou as cartas pedagógicas para valer no debate e foi ali que nós criamos cursos. Dos cursos a gente sistematizou em cartas, fizemos outro curso e sistematizamos em cartas. E ali eu digo que foi o momento que as cartas pedagógicas começaram e este batismo é da Fernanda começou dizer cartas pedagógicas como prática de ensino e pesquisa, pesquisa na sistematização de experiências, na construção
de monografias, de teses e de dissertações. Enfim, tem tantos lugares aonde cabem as cartas pedagógicas. Há tanta pedagogia que cabe nelas que a gente já perdeu um pouco o alargamento que as cartas pedagógicas tomaram. E é claro que de de 2000, aliás, 2020 para cá, houve uma explosão também de adesão de educadores às cartas pedagógicas da EJA, da educação básica, do ensino superior, da educação popular. Mas a descoberta, a descoberta e que colocaram as cartas no mundo, eu atribuo a educação popular. Elas chegaram depois ao ensino superior e hoje nós já temos, só nos meus
contatos e da Fernanda, nós temos 14 estados, 14 universidades onde há um grupo, Cléia, que discute cartas pedagógicas como prática de ensino e pesquisa, sendo usadas em todos os meios. Agora, é claro, eu não me contive a ficar nas cartas pedagógicas. De uma forma inquietante, eu fui paraa história para descobrir quem escrevia cartas desde o século X até o século XX. E entendi que Paulo Freire foi herdeiro de muitos que escreveram cartas desde Francisco de Assis. a Ologa Benário, Tegev Vara, Francisco Julião e Abelardo e Eloísa lá no século XI escreviam cartas com uma riqueza
literária deste gênero que eu acredito que Paulo Freire leu muito disto e também passou a vida toda a escrevendo cartas. Por exemplo, eu fiz uma descoberta fantástica do Gabriel Garcia Marques, um grande pedagogo, cientista político aqui da Colômbia. Ele escreveu 150 cartas aos netos e guardou num envelope num baú. Depois de morto, a mulher foi buscar umas fotografias para fazer uma homenagem a ele. E ela descobriu este envelope e ela olhou pro envelope e estava escrito netos. Ela abriu era 150 cartas testemunhais aos netos. Então, vejam a riqueza literária que perpassa a o gênero carta
na nossa história. E se fosse pesquisar, por exemplo, Freud e Jung trocaram muitas cartas discutindo a psicanálise, assim como Freud discutiu muito a psicanálise com a sua filha Ana através de cartas. E assim poderíamos citar o o o Dostoyes que ficou preso 11 anos num quarto escuro, que levou depois um ano para se habituar à claridade do dia. Ele escreveu inúmeras cartas que nós precisamos buscar lá nos envelopes ainda fechados. Então eu diria que Paulo Freire ele herdou de uma história, mas ele inovou quando ele disse: "A carta pode ser mais do que carta, ela
pode e deve ser pedagógica." E eu na minha leitura, ele não juntou, ele não casou essas duas palavras em vão. se juntou porque ele percebia a potência da escrivência de cartas e percebeu que agregaria uma qualidade e sobretudo que este jeito de escrever seria uma oportunidade até até de poucos letrados escrever. Ele disse com as cartas pedagógicas que alguém com muita pouca escolaridade pode se comunicar, pode dizer a sua palavra e pode trocar ideias com os outros. Porque até hoje eu já trabalhei com o movimento sem terra, com crianças, com adultos, até hoje não vi
ninguém que dissesse: "Eu não me apaixono pela escrevivência de cartas pedagógicas". Então, esta é a minha contribuição por hora, mas vamos dialogando. Que maravilha, Isabela e Fernanda. a gente ficaria horas ouvindo, né, o relato e a fala de vocês e pensando, né, nessas escritas de carta, nas possibilidades que a gente tem na sala de aula de escrever, né, porque nesse mundo tão eh digital, né, nós a as cartas nos trazem a oportunidade de escrevermos, de olhar paraa nossa escrita e de sermos autores, né, nos sentirmos autores do nosso próprio processo de aprendizagem. Isso na Eja
é muito rico, né, Fernanda? Muito rico. E eu consegui aqui fazer umas anotações, são muitas anotações aqui no chat pedagógico, né? Mas eu quero rapidamente, antes de colocar algumas questões que eu fui anotando aqui para dialogar com todas e todos vocês, em especial com o que a Isabela trouxe, eh, como é um círculo, né, Isabela, a gente tenta sempre dialogar com aquelas pessoas que estão aqui presente conosco, né, mensagens lindíssimas aqui. E valeria aqui contar para vocês que nesse círculo dialógico que a gente tem uma ampla participação de educadores e educadoras, formadores e formadoras, coordenadores
e coordenadoras, ah, inclusive recebi uma mensagem de um grupo do Rio Grande do Sul pedindo uma boa noite ao vivo às coordenadoras e coordenadores que estão reunidos. Então, um beijo nosso para todos vocês, não só do Rio Grande do Sul, mas de todos os estados, né, que estão nas escolas nos assistindo de forma coletiva. Então, círculos de cultura. Eh, aqui nessa nesse chat, muitas pessoas e foram colocando a inspiração em Paulo Freire, importand colocando a a inovação do uso das cartas pedagógicas, como eh olhar as cartas pedagógicas como construção de uma educação mais crítica, dialógica.
As escritas nesse chat pedagógico vão vivenciando a diversidade, né, das realidades. Foram pessoas colocando que são, né, das periferias, das escolas do campo, das escolas quilombolas, escolas em contextos prisionais. E durante essa interação no chat, a o Silvio Gomes apontou aqui que as cartas pedagógicas são instrumentos de escrita e reflexão que possibilitam a revisão de estratégias de ensino, aprendizagem. É isto mesmo, né? E a Marinei de Batalha reforça a ideia de que as cartas são espaços de escuta, enquanto a Márcia Araújo vai qualificando como cartas trazem anúncios e denúncias. É isto mesmo, né? E a
Pâmela Pacheco Pinho vai trazer uma definição bem interessante, ressaltando que as cartas servem para registrar observações, reflexões e construir comunicação entre educadores, educandos, né? Mesmo em contexto onde os estudantes ainda não dominam a escrita. Achei muito interessante, podendo ser o professor, né? Atuar aí como aquele escriba. Tá tão bonito, né? E as manifestações vão demonstrando aqui no chat pedagógico, as cartas pedagógicas, ainda mesmo muitas vezes não sendo tão utilizada como nos coloca Maria do Socorro, né, há um reconhecimento crescente do potencial formativo do uso dessas cartas pedagógicas pedagógicas. A Jane Maria Feline, se eu anotei
corretamente, lembrou que a prática de escrever cartas faz parte de uma tradição mesmo formativa importante, como nos colocou a professora Isabela, né? E que eh Cícera Marques e a Narcisia Gomes afirma que as cartas pedagógicas são elementos eh além da beleza estética de uma carta pedagógica, é muito potente na EJA. E nós temos ali, eu fiz uma anotação bem rápida aqui, eh, da Márcia Araújo, que coloca carta e prática educativa reflexiva, democrática, dialógica, libertadora e emancipadora. E assim vai, né? O círculo de cultura aqui, o chat vai trazendo que as as cartas pedagógicas são instrumentos
vivos de sistematização, de prática pedagógica e de fortalecimento da autoria dos sujeitos. Então, tá lindíssimo esse chat pedagógico. Eh, aqui eu queria trazer com a um diálogo com vocês e com a Isabela, como trabalhar pedagogicamente com cartas pedagógicas, né, Isabela vai contando a inovação de Paulo Freire, né, que traz para nós o pedagógico, né, da carta e que a gente sabe que também é político, pedagógico, ético e estético. Então, pedagogicamente, a gente diria que é fundamental incentivar a escrita autoral. Embora ela seja uma escrita livre, ela tem uma intencionalidade, ela tem uma diretividade, né? Acho
que isso é bem interessante. Então, estimular essa escrita com reflexão crítica sobre as práticas educativas em seus diferentes contextos, promover espaços, a gente chama de roda de partilha, mas poderia ser círculo de cultura, círculos gealógicos, né? Então, promover espaços de partilha e diálogo. Então, às vezes, um professor tem 30 alunos e alunas, não vai conseguir, tem três turmas, escrever uma carta para cada estudante, mas escreva uma carta coletiva, né? Mas responda essa carta, porque quem escreve uma carta quer a resposta da carta pedagógica, né? Então, eh, utilizar as cartas como instrumento de avaliação formativa processual
e política é muito interessante. E metodologicamente propor cartas em momentos chave de formação. Então, a gente pode fazer oficinas como eu e a Isabela já fizemos, né? As oficinas de escrita de carta pedagógica. Então, a gente pode fazer oficina de escrita individual, oficina de escrita coletiva, né? eh orientar a escrita da carta pedagógica, né, articulando sempre as trajetórias pessoais, análise de contexto, proposição de transformação, claro, em diálogo com o conteúdo também, né, estimular a troca de cartas entre as pessoas ali, né, com como prática de diálogo, de um diálogo escrito e também de um de
momentos de escuta, né? Então, eu e a Isabela nós eh trabalhamos em um curso e tem várias colegas companheiras deste curso conosco, Isabela, essa este livro. E foi bem interessante que cada encontro uma pessoa ficava responsável pela síntese dos conhecimentos construídos durante aquele encontro. E no dia seguinte uma pessoa, Jorge, tô aqui lendo a mensagem do Jorge Antônio querido, uma pessoa eh lia, né, a pessoa que ficou responsável em sistematizar, lia sua carta pedagógica no próximo encontro e a gente discutia, duas, três pessoas discutiam aquela carta pedagógica e depois o que a Isabela mostrou o
livro, essas cartas pedagógicas fizeram parte deste livro, né, nosso, que é uma escrita coletiva. Então, o uso das cartas pedagógicas potencializa a construção de currículos dialógicos, integrais, né, vivos. Então, a roda de leitura e escrita de cartas. A gente pode elaborar as cartas pedagógicas individuais sobre a história de vidas e sonhos. O que que a gente vai ter aí, né? A gente vai conhecer e valorizar as trajetórias, vai dialogar com conteúdos e temas geradores que surgem dessa carta pedagógica. A gente pode sistematizar essas experiências, né? escrita de carta ao final de um projeto ou de
uma aula ou de um de um tema, né, de uma discussão de um grande tema, integrando a a prática com a teoria de forma reflexiva. A gente pode fazer a cartografia das realidades locais, fazendo cartas sobre territórios e comunidades, né, e articular esses saberes locais aos conteúdos curriculares e depois entregar ou ler uma carta pedagógica, uma audiência, por exemplo, encaminhar para uma prefeitura. Então, a serviço de quem, né, está essa carta pedagógica, a construção desses temas geradores que a gente falava, né, uma carta pedagógica é uma ótima ferramenta pra gente identificar os temas centrais a
partir dessa carta e construir currículo crítico emancipatório. Então, as cartas elas se tornam também eh documentação de vivências, né? Por isso que a gente tem utilizado escrevivência, né, Isabela, que é isto, né? Transforma. Essas cartas vão transformar em fontes para elaborar o nosso currículo. Vai conectar currículo, cultura, trabalho, histórias de vida, território, direitos humanos no cotidiano escolar. Por fim, assim, neste momento, quer dizer que trabalhar com cartas pedagógicas é sobretudo afirmar que os sujeitos da EJA são produtores de saberes e construtores de novos mundos possíveis, né? Então, as cartas rompem com essa lógica de escrita
bancária. Acho que isso é muito interessante. Ela rompe com essa lógica. E aí, reafirmando a potência da da das histórias, das memórias populares, buscando construir esse currículo nessa perspectiva da educação popular que respeita os sonhos, as realidades, as culturas, as esperanças, as resistências, né? em tempos de ameaça que tivemos aos direitos sociais e também a dignidade humana, especialmente com o relato da Isabela, né, Isabela, no período da pandemia, nós tivemos então essa esse inédito viável, né, que é tornar as cartas pedagógicas como um instrumento aí de partilha de experiência, mas elas também as cartas pedagógicas
tornaram atos de resistência, né, e de reencantamento pela educação, né, foi uma forma de nos aproximar, já que nós não podíamos nos encontrar de forma presencial, a gente encontrou uma forma de reencontro que foi através da escrita de cartas pedagógicas, né? E quero dizer que aqui nós temos a Joice, a Joyce está aqui, colocou um recadinho para nós, ela fez uma dissertação que foi utilizando cartas pedagógicas com estudantes da EJA. Então, foi lindíssima, né, a troca de cartas com os estudantes da Eja. E depois ela analisou essas cartas, essas cartas pedagógicas, utilizando as cartas pedagógicas
como eh processos de ensino e aprendizagem, mas também as cartas pedagógicas como instrumento metodológico de pesquisa. Olha que interessante, né? E bow, quero dizer que a carta pedagógica escrita, né, ela tem histórias narradas e cada história narrada tem um saber que tá sendo colocado ali, né, naquela carta. Ela reafirma que escrever é um ato de coragem, de ousadia, de luta política, de afeto e de criatividade também, né? Porque a carta pedagógica, ela tem o texto, ela tem a imagem, às vezes tem um link de uma música, né? Então a carta pedagógica ela nos permite essa
escrita, né? Mais sensível. Bom, gostaria agora, não sei como é que tá nosso tempo, Cléia, mas gostaria. Ainda estamos no tempo, mas antes de de tu continuar, de você continuar, eu gostaria de de lembrar assim algumas coisas que estão sendo colocadas no nosso chat ali, que está maravilhoso, né? A gente ficaria horas e horas tentando ler, só que passa muito rápido e a gente não consegue acompanhar tudo. Mas algumas coisas foram sendo lembradas. Alguém lembrou sobre o filme central do Brasil que tinha muitas escritas de carta, que o Nelson Mandela também escrevia cartas, eh também
lembraram que a a num vou dizer num período antigo, não, né? Mas um um período eh anterior eh se namorava através de cartas. Então, a riqueza do chat, o que o pessoal está colocando, eu acho que o tema, eu penso que o tema, Isabela e Fernanda, tá eh trazendo muito e ativando e reativando muito a memória, né, dos colegas que estão eh lá na escola nos ouvindo e conversando conosco, né, através desse desse nosso círculo de cultura aqui. Tá maravilhoso. Eu queria só registrar isso. Eu não consigo ler todos todas a as manifestações dos colegas,
mas está muito lindo, muito lindo mesmo. Fiquem à vontade, meninas, para eh ficarem conversando. Ainda temos um tempinho. Temos. Eu tenho uma proposta que é compartilhar um link aqui no chat com vocês, né, que é um link de uma possibilidade de um diálogo coletivo acerca das cartas pedagógicas. Então é, não é obrigatório, obviamente quem estiver com computador, que é mais fácil, né, de interagir conosco, a gente vai colocar o link aqui. Eu não sei se eu consigo, mas vou tentar colocar o link, compartilhar. Se alguém, não sei se eu consegui compartilhar o link aqui, deixa
eu colocar no chat privado, vou pedir pro Elvis fazer a gentileza de compartilhar, que é um link para uma interação para quem conseguir compartilhar conosco, pra gente saber um pouquinho por onde anda as cartas pedagógicas. Isabela, você já contou um pouquinho, mas eu gostaria rapidamente, Isabela, que pudesse contar mais sobre este curso que nós realizamos, né, e é o uso da carta pedagógica como processo de ensino, pesquisa, né, e partilha de conhecimentos construídos a partir de um processo formativo. Eu acho muito importante isso que o pessoal tá comentando no chat, porque o nosso debate aqui
ele está mexendo com sentimentos, lembranças, memórias, né? E que é tão importante a gente mexer com isto, porque na minha experiência escrever cartas faz a gente pensar. A gente não escreve uma carta, desculpe, sem pensar, sem refletir a palavra que a gente vai usar. Isto é próprio paraa eja. Que palavras vão usar para uma carta pedagógica? E a gente diz o seguinte, a gente tem que usar a palavra mais bonita, mais afetuosa, mais pedagógica e mostrar aquela carta, assim como fotografia, mostrar aquela carta mais bonita, mais bem escrita. Mas eu penso, pelo menos na minha
experiência de cursos e e dias de formação que eu dou, eu geralmente preparo o dia começando explanando um pouco a história das cartas, porque não dá para pensar que Paulo Freire inventou a carta. Aquilo, como dizia antes, elas vem de séculos, pass, aliás, elas vêm de tempos bíblicos. Paulo apóstolo, Pedro apóstolo, escreviam cartas às comunidades. Então, vem de muito longe. Antes de Cristo se escreviam cartas e também eram cartas pedagógicas, só que não batizadas ainda pedagógicas. Mas eu diria que é importante o grupo da Eja ler cartas, por exemplo, as três, já que são só
três cartas de Paulo Freire, do espírito deste livro, do direito e do dever de mudar o mundo e da e do assassinato do índio galdino, são três cartas muito acessíveis, mas são cartas que falam do nosso tempo, do nosso tempo histórico de anúncio e denún Então, para formar a um escrevedor de cartas, é importante que se saiba que na história este gênero literário foi muito usado e ele deu conta por séculos de uma comunicação que a gente não sabia que tinha esta de hoje, mas esta de hoje também sabendo culpá-la, ela é boa, mas ela
também nos rouba o tempo e às vezes esvazia a nossa alma sem ter o que dizermos no final do dia. Então, a retomada da escrevivência de cartas, ele vem seramente como resistência a este mundo tecnológico que invade o nosso tempo e que às vezes não sobra nada. Então, e como hoje nós temos vários livros já escritos de cartas e sobrecartas, é importante que aí já leia cartas já escritas, como exatamente este que a que a Fernanda falou, que foi um processo revolucionário, que nós, Fernanda, eu, criamos um curso, pensamos 12 aulas E cada aula, a
sistematização, a memória daquela aula era uma carta. Portanto, nós temos um livro com 12 cartas memórias das aulas e mais outras cartas daqueles, porque eram 60 e poucas pessoas participando do curso. Então, nós temos um livro que é assim, eu diria que é o nosso clássico, contextos nossos aqui dentro, cartas de 14 estados da federação. Mas eu também tenho outra experiência que eu gosto de contar. Enquanto a gente fazia o curso, eu mandei um livro meu de cartas para uma escola de assentamento do MST. E crianças de quarta ano primário foram pra biblioteca e leram
uma carta daquele livro e escreveram pra autora que era eu. E quando eu recebi as cartas de nove alunos do quarto ano, eu decidi responder para eles e eles mantivaram a correspondência. me deram trabalho porque me escreviam, eu escrevia e eu. E gente, quando eu percebi, quando eu fui visitá-los, eles estavam tão entusiasmados em escrever cartas que eu organizei esse livro aqui, cartas de afeto e aprendizagens. Aqui os autores estão todos aqui. São crianças de 9 a 10 anos, incentivados por uma educadora a ler. Leram um pedaço de um livro meu e começaram a escrever
cartas, não pararam mais. E eles mesmos já fizeram o lançamento deste livro em quatro espaços acadêmicos, inclusive na feira de Santa Maria. Então, gente, é assim, não tem como as cartas não encantar. As cartas encantam. Agora, claro que eu sempre penso que a gente precisa ajudar as pessoas a qualificar as suas cartas. e qualificar, né, Fernando, o melhor jeito é ler para alguém ou alguém ler. Então, na Eja é muito importante que no círculo escrevam as cartas e estas cartas circulem lidas em voz alta e que os que escutam contribuam com aquela carta para melhorar
a palavra, melhorar a frase, melhorar o sentimento e o pensamento que tá naquela carta. Então, é muito importante esta partilha. Claro que tem gente que escreve a sua dor e não quer ler no primeiro momento. Eu tive experiências de pessoas que escreveram a sua história de vida e ficaram com receio de ler, que diziam assim: "Se eu vou ler, eu vou chorar muito". Mas me entregaram a carta para mim ler. Vejam que tudo isto vai perpassar a formação de educadores em EJA, porque este povo tem história para contar e hoje ninguém mais escuta. Então, é
a oportunidade na EJA de fazer muitos momentos de escrita, seja de uma viagem, seja de uma aula, seja a sua história de vida, seja de um livro que leu, seja de um passeio que fez, escreva uma carta e leia para os colegas e melhore esta carta e pensem, sim numa publicação, nem que seja um polígono. com as cartas, porque essa questão que a Fernanda fala da autoria, a carta da autoria para quem a escreve. E estas pessoas talvez nunca vão ter oportunidade de ver o seu nome num livro, mas num livro de cartas poderão ser
autores. Então é é muito interessante a gente se dar conta. E claro, eh, a carta, a escrita de uma carta sempre é terapêutica, porque faz refletir, faz pensar, provoca sentimentos, tem que mexer com as memórias e é isto que dá a beleza de uma escrita que vem como resistência a muitas coisas que a academia impõe e que o texto acaba ficando chato, porque você tem que escrever em cima do que os outros escreveram. As nossas cartas é produção nossa, é produção que vem da alma, daquilo que a gente vive. Então, por aí seguimos. Que maravilha,
que beleza, Isa. Não, estamos conversando, né? [Música] Pode falar, F. Obrigada. Cléia, que lindeza, Isabela, enquanto você falava, eu acompanhar acompanhei o chat, o chat pedagógico e no chat pedagógico outros registros potentes, né, e que reforçam aí a importância desse diálogo no círculo de cultura. Então, aqui as cartas pedagógicas foram apontadas como recurso pedagógico potente, como trabalhar a leitura, a escrita, a escuta, a partilha de experiências. E também eh muitos participantes como o Ronaldo, a Deisa Andrades vão destacando que as cartas permitem que o estudante e a estudante da EJA se reconheça como um sujeito,
né, do processo pedagógico, trazendo as suas vivências, memórias pro centro da aprendizagem. O Juli e a Francisca Figueiredo vão ressaltar ali no chat pedagógico que por meio da escrita de si, os alunos e as alunas da EJA fortalecem sua identidade e sua participação nesse espaço educativo potente que é a EJA, né? e comentários como a Pâela Pacheco, tá bem participativa, ela escreve muito aqui no chat pedagógico, eh, o Radnel, eh, Radnê Souza e acho que Francisca Medeiras enfatizar o valor das cartas para análise de práticas educativas, pro planejamento pedagógico e paraa construção coletiva de saberes.
Tá muito potente, né? E também foi evidenciada aqui no chat pedagógico que mesmo em tempos, né, atuais, como a Aline Amansso coloca, carta permanece como uma forma, né, bonita, importante, significativa de comunicação, que é formativa, é afetiva e vai ativando a memória, tá bem interessante. E fortalece e fortalece vínculos, né, entre quem eh não só entre quem escreve, mas também entre aquelas pessoas que escutam, né? fazem a leitura das cartas, como a Isabela faz o convite, leiam cartas pedagógicas. Então o encontro aqui tá sendo avaliado como muito lindo inspirador, né, Deus a Deus e a
Socorro também a Maressa Santana. vão eh vão expressando aqui no chat pedagógico com muito entusiasmo, né, a importância de tratar num processo formativo a carta pedagógica como recurso didático e metodológico e que sim reconhecendo que as cartas pedagógicas valorizam as histórias de vida, a memória coletiva, a expressão crítica no contexto da Eja e reconhecendo que elas se inspiram de fato, né, como a Isis coloca aqui, em Paulo Freire, mas eu quero, já que eu sei que nós estamos indo pros pra etapa final, né, Cléia, trazer 10 apontamentos e sugerir um livro que tem 10 características
da escrita de uma carta pedagógica, que é do Ivânio, quer dizer, é um artigo do Ivanio Dickman. Eh, este livro ele é resultado de uma pesquisa com as cartas pedagógicas de Carlos Rodrigues Brandão. Está disponível na internet de forma gratuita. Vou colocar depois, né, aqui no chat para vocês o link que tá bem bonito esse artigo do Ivânio. Eh, bom, eu pensei assim pelo menos 10 apontamentos sobre cartas pedagógicas e eu vou falar desses apontamentos a partir do chat. Então eu não tinha planejado em falar, mas a partir do chat pedagógico fiquei pensando que sim,
é importante trazer algumas alguns apontamentos. O primeiro, carta pedagógica é um instrumento de diálogo e de comunicação que transforma, né? Então as cartas pedagógicas inspiradas em Paulo Freire, mas a gente tem aqui, né, eu tava olhando aqui na minha instante as cartas do cárcere, né, lá do do Gramish. Então, que vale muito a pena conhecer. Até vou pegar rapidamente só um pouquinho aqui. Tô olhando, ó. É uma potência esse livro. Vale a pena. Tem vários livros que a gente poderia indicar, mas eu lembrei dessa carta porque nós tivemos uma pergunta com relação do uso de
cartas pedagógicas na EJA em contexto prisional. Então, enquanto eu li ali no chat pedagógico, lembrei deste livro que é uma ótima indicação. Então, as cartas pedagógicas são instrumentos didáticos, metodológicos, né, que ampliam a comunicação, né, comunicação que é diretiva, mas é afetuosa, que promove esse diálogo escrito, crítico, amoroso e libertador, né? e é libertadora. A Isabela dizia da escrita que se torna também terapêutica, né? E foi isso que a gente ouviu no nosso curso, né? As pessoas dizendo que ao escrever, inclusive sentiam-se que a sua saúde estava melhor, né? Me sinto melhor quando eu escrevo.
E eu escrevendo carta pedagógica. Então, a interação entre a palavra escrita, a palavra lida, né? a cultura e o conhecimento. As cartas pedagógicas valorizam cada palavra, né, cada palavra escrita como um legado cultural, como uma ferramenta de resistência, como uma ferramenta de dar visibilidade aos sujeitos que foram historicamente silenciados, né? a pala, a carta pedagógica como memória histórica, que permite então que a gente possa compartilhar nossas experiências e das nossas experiências produzir conhecimento, conhecimento que é significativo, né? Então, olha que lindeza, né? O movimento político e pedagógico da carta, as cartas pedagógicas. E aqui tá,
eu acho que a chave, né, que a Isabela traz as cartas pedagógicas. O pedagógico quer dizer que eu não vou só descrever uma situação, que eu não vou só relatar, eu vou refletir sobre ela. Então, o carácter também do professor, da professora enquanto mediadora desse processo de ensino e aprendizagem. Então, a carta tem uma diretividade, né? Então, eh, a carta pedagógica, ela é esse instrumento de anúncio e denúncia, como tem o Paulo Freire nos traz, né, e fortalece a autoria dos sujeitos, especialmente no contexto da EJA, que nós sabemos que são sujeitos historicamente, né, invisibilizados,
marginalizados e através das cartas pedagógicas a gente amplia possibilidades, né, de protagonismo. E também a gente diria aqui que escrever e ler cartas pedagógicas é um exercício de humanização. Permite reconhecer a si e aos outros como sujeitos históricos, situados, atravessados por contextos e experiências que são únicas. é um instrumento metodológico na pesquisa e na formação. Sim, elas também são tratadas e podem ser utilizadas como metodologias de pesquisas participativas. Inclusive, neste módulo, a gente tá trabalhando, Isabela e Cléia, com pesquisas participativas e as cartas pedagógicas podem ser utilizadas como um instrumento metodológico, né? Então, eh, registro
de experiência educativa, imagina hoje, eh, na verdade aqui, essa, esse livro que a Isabela compartilhou, tu tem como mostrar na tela de novo aquele do nosso curso, o livro que a Isabela nos mostra agora, este daí, daqui uns anos ele pode se tornar e documentos. Então, veja a riqueza, né? Então tem muita, tem carta pedagógica que daqui uns anos serão documentos pedagógicos, que são relatos de professoras, né, relato reflexivo de professoras com experiências, né, que nos contam através de cartas pedagógicas. Então, esse registro de experiência educativa e com que também a partir dessa produção de
cartas pedagógicas constrói esse conhecimento crítico na formação de professores e professoras, nos mostra a potência, né, das práticas educativas a partir desta desta ferramenta político-pedagógica. E por isso mesmo as cartas pedagógicas favorecem o pensamento crítico, a curiosidade epistemológica, né, a análise da realidade, ajudando sim a construir a praxica que integra ação e reflexão. E ela tem aí uma característica que é linda, né, e foi dita aqui no chat, ela carrega a beleza da diversidade, porque quando a gente escreve a carta, a gente expressa em nossas palavras os sentimentos, as lutas, os sonhos. as subjetividades, a
gente exala a boniteza humana escrevendo sobre as nossas experiências, né, superando o medo da escrita, porque na academia e na escola tradicional não nos ensinaram a escrever com autoria. E a gente às vezes tem um medo, agora é o medo e a ousadia, né? A ousadia nossa de escrever cartas, né, Isabela? Então assim, eh, as cartas ajudam educadores, educadoras, estudantes, né? Daí já venceram esse medo da escrita, né? Aquela escrita fechada, formal, né? Criando esse espaço de escrita acolhedora paraa produção de conhecimento autoral e situado, rompendo essas práticas de de escrita que são excludentes, né?
São práticas que excluíam a maioria das pessoas de ser autores e autoras da sua própria história. E fortalecendo aqui as cartas pedagógicas, eu quero pegar a Isabela dizia assim: "Reconhecemos que as cartas pedagógicas e a educação popular andam de mão dadas, né?" Então, as o as cartas pedagógicas reafirmam compromisso com uma educação popular que é crítica, democrática, inclusiva, acolhedora, né, conectando saberes plurais, populares, com práticas pedagógicas que visem a transformação. E por isso mesmo a gente fala que é um a não, nós não temos um modelo de carta pedagógica, nós temos orientações para a escrita
de uma carta pedagógica, né? Então, não é um projeto eh acabado. A gente diz que as cartas pedagógicas, inclusive como a última carta pedagógica escrita por Freir que na acabada, né, simboliza a tarefa inacabada da própria educação. Elas convidam educadores e educadoras e educandos e educandas a continuar escrevendo a sua história de libertação, mas também de esperança, né? Então gostaria agora de convidar a Cleia, né, a fazer a nossa mediação, porque eu já tô olhando aqui o horário e sei que nós estamos quase fechando o círculo de cultura. Isso, Fira. É, eh nós gostaríamos de
ficar aqui por muito mais tempo, inclusive os colegas estão dizendo no chat que não estão cansados e nem tem sono ouvindo, né, a temática que que despertou, né, a a vontade de de saber mais, de entender mais, muitos questionamentos. Eh, tudo vai ficar gravado, pessoal. Então, é, é importante a gente registrar, né, que vai ficar gravado e os nossos formadores estarão eh com acesso também lá no Moodle de todo o material, né? Nós vamos postar também ah o link dos livros, de todo esse material. Então fiquem tranquilo que a gente vai estar disponibilizando através dos
nossos do ambiente virtual e também vai ficar gravado aqui no no YouTube, né, do do nosso curso. Eh, nós vamos ter que encaminhar pro final, né? Eu só queria trazer uma questão que foi colocada aqui. Eh, eu eu iria colocar para Isabela. Eh, como seria possível realizar tal atividade dentro do sistema prisional? Eu acho que esse é um tema que também e eu percebi que lá no chat tem muitos questionamentos também em relação, de repente dá uma pinceladinha sobre isso e daí Isabela, tu já faz as tuas considerações finais e a gente depois passa paraa
feira. Gente, me chamou atenção essa colocação lá do professor do Araguaia de Tocantins. E eu penso, na verdade, eu ainda não tenho essa experiência, que seria uma um trabalho extraordinário trabalhar cartas e cartas pedagógicas com aprisionados, porque eles têm o que dizer, porque lá estão a maioria, pobres, negros, com pouca escolaridade e excluídos da sociedade. teria a oportunidade de uma terapia coletiva aonde eles pudessem dizer a injustiça muitas vezes que é cometida por eles lá sem não terem ninguém para defender, porque a maioria que estão lá não tem advogado e vão ficar lá para toda
a vida. Então, se alguém puder entrar nesses locais e trabalhar, eu acho que seria um grande gesto pedagógico e que seria assim maravilhado. O Paulo Frei ficaria maravilhado desde onde ele está, sabendo que as cartas chegaram lá. E por fim, então quando eu li essa questão neste livro, h, entre cartas que atravessam o tempo, um capítulo, eu trabalho só cartas de pessoas presas ou exiladas que escreveram para os filhos o Gramboga Denário, Francisco Julião e Tiagevara. Todos eles viveram longe da família, presos ou exilados. e escreveram cartas pros filhos. Então eu dou ao capítulo o
título de A humanidade revelada aos filhos e trago fragmentos de cartas de quem vivia. Preso não podia se comunicar, mas como Gramish acompanhou 10 anos o crescimento de um filho que ele não viu nascer por cartas e por fotografias. Então eu encerro a minha fala lendo um pedacinho de um texto que eu tô escrevendo sobre cartas pedagógicas e sua atualidade. Eu digo assim: onde estivermos, ao ouvirmos alguém pronunciar essas duas palavras potentes, cartas pedagógicas, é o anúncio de uma nova parceria com a qual podemos dialogar sobre a potência pedagógica do trabalho criativo e multiplicador com
a qual podemos dialogar. Aliás, desculpe, trabalho criativo e multiplicador que brota das cartas pedagógicas. Costumo dizer que dificilmente um fascista escreverá uma carta pedagógica com a intencionalidade pedagógica por nós concebida e defendida, a não ser que desvirtue a concepção de pedagogia e a leve para a direção da desumanização pelo processo pressor que lentamente vai roubando a humanidade das pessoas. já sem forças para lutar pela sua libertação. Então, é um pedacinho de um de um capítulo que eu estou escrevendo e que talvez ainda vai virar mais um livro. Muito obrigada. Que maravilha, ó. Aplausos. assim lá
no site, lá no na no chat estão as pessoas aplaudindo e maravilhados com a fala, com a sua fala, professora Isabela, e com a da Fernanda também ser por gentilosa. Faça as suas confusões, suas considerações finais. Vamos ter que encerrar, né? Pois então, mas eu vou Não foi COP, Isabela. Nós somos muito conectadas. Eu fiz um exercício de uma pequena carta pedagógica para todas e todos vocês que estão nos assistindo a partir desse chat pedagógico. Então, eu vou fazer a leitura de uma carta pedagógica escrita para vocês. Queridas e queridos participantes, que alegria compartilhar este
momento tão potente e cheio de sentidos. Hoje, dia 7 de maio de 2025, nos conectamos por meio da palavra viva, do gesto amoroso e da reflexão crítica sobre as cartas pedagógicas. Cada saudação, cada comentário nesse chat pedagógico, cada partilha no chat, mostrar o quanto estamos juntos e juntas na construção de uma EJA com base na educação popular comprometida com a humanização e transformação social. Foi um encontro que reafirmou a boniteza do nosso compromisso com a esperança e com a luta por uma educação libertadora e uma eja transformadora. As cartas pedagógicas que discutimos hoje são mais
que uma metodologia, sim, são escritas que ligam sonhos, histórias, memórias e resistência. Elas nos permitem escrever nossas vidas com autoria, com crítica e afeto, especialmente nos espaços mais desafiadores, como é o caso da nossa EJA e no sistema prisional tão colocado aqui nesse chat pedagógico. Então, também um convite para que cada palavra escrita seja um ato de resistência, de dignidade, de memória e de reinvenção coletiva, de estar sendo educador e educadora, trabalhador e trabalhadora da Inaeja. Que cada um de nós leve consigo a força desse gesto pedagógico e político para nossos espaços de atuação. Encerramos
esse encontro com gratidão e com a certeza de que a educação popular segue viva em nossas práticas, nas escolas, na EJA, nos círculos de cultura e nas cartas que ainda vamos escrever. Sigamos escrevendo a história que sonhamos juntos e juntas com palavras que libertam e semeiam novas possibilidades de ser e estar no mundo. Com carinho e esperança nos despedimos, certos de que voltaremos a nos encontrar nos caminhos da luta e da educação popular com cartas pedagógicas. Um super beijo e até o próximo círculo de cultura. Nossa, muito obrigada, Fernanda. Isabela, esse momento foi riquíssimo. as
cartas pedagógicas trouxeram as possibilidades da escrita, da partilha, da escuta, né, da autoria, do direito a se manifestar, a a ser um protagonista das suas próprias histórias, né, que a gente consiga fazer e realizar esse trabalho lá com os nossos estudantes da EJA no chão da escola, que é para isso que a gente está aqui, para eh qualificar o nosso trabalho lá no chão da escola junto às nossas turmas. Então, é só gratidão a as falas de vocês. Gratidão aos mais de 12.000 eh colegas que estão nos acompanhando. Já até perdi a conta, mas é
bem mais do que 12.000 eh que estão acompanhando o nosso YouTube, o nosso aqui, nosso canal e o canal do Ministério da Educação também. eh na plataforma, enfim, né? Eh, agradecemos, é só gratidão por esse momento, que a gente possa multiplicar, né, eh eh esse trabalho, essas metodologias, esse eh eh esse pensar pedagógico que a gente trouxe aqui e que foi muito eh importante e é gratidão mesmo, gratidão aos nossos queridos intérpretes, o Ivan, a Juliana que estão conosco, ao Elves, ao Thago que está no apoio, né, e toda a nossa equipe que ao longo
das semanas constrói esse momento para estarmos aqui junto com vocês. Então, gratidão, uma boa noite, descansem bastante, até daqui a 15 dias no nosso próximo círculo de cultura virtual. Um grande abraço a todos e todas.
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