Já teve a sensação de que estar vivo é estranho e nada faz muito sentido? Sei lá, aquela realização de que a gente é só um esqueleto numa rocha perdida no espaço. Às vezes a arte usa o bizarro para reproduzir esse sentimento.
Um bom exemplo disso é uma história que reúne crises existenciais, unicórnios imaginários e. . .
é. . .
Orgias de. . .
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insetos! [Dubstep ao fundo] "Happy" está disponível na netflix e não dá para dizer que essa é uma série normal. Mas, talvez, justamente por isso ela tenha sido feita para você.
Antes de te mostrar por quê eu preciso que você pense em uma coisa. Parafrazeando um grande filósofo dos tempos modernos, qual é a sua definição de insanidade? <i>Relógio com as jóias: 30K</i> <i>You're not.
You're a crazy in the coconut. </i> <i>- What does that mean? - That boy needs therapy.
</i> [Música ao fundo] <i>Fly me to the moon And let me scream among the stars. </i> <i>Let me see what spring is like on Jupiter and Mars. </i> O meu maior inimigo mora na minha cabeça.
Esse cara aqui se chama Carl Jung. Ele foi o fundador da psicologia analítica. Ele acreditava que dentro de você acontece uma peça teatral.
A protagonista da peça é como uma atriz, que busca a aprovação da platéia. Recatada, simpática, íntegra. .
. O que ela mais quer é ser aceita pelo mundo. enquanto isso, nos bastidores da sua mente, uma figura vive escondida: a Sombra.
Inveja, preguiça autopiedade. . .
todo mundo esconde algum segredo da platéia. A Sombra representa os nossos traços reprimidos. Aquilo que a gente despreza ou esconde das pessoas.
Provavelmente, quem conhece a sua sombra como ninguém é o modo anônimo do Google. Para ser justo, ele conhece a minha também. Saí daqui!
(risos) Carl Jung defendia que não é saudável ignorar a nossa parte sombria. E o melhor jeito de mantê-la sob controle é reconhecendo que ela existe. Faz sentido.
Ignorar uma parte de si mesmo é loucura, insanidade. "Por que é tão sério? " Talvez a representação mais sincera da Sombra tenha ganhado vida na figura de um palhaço.
O Coringa nunca foi de quebrar a quarta parece como o Deadpool, por exemplo. Mas isso não impede que ele envolva nós, o público, naquela que seria a maior das suas piadas. Por definição, esse personagem é uma representação extrema do niilismo.
Para ele, a moral não faz sentido, a sociedade não passa de uma mentira, e a busca do batman por justiça é uma perda de tempo. A ironia aqui é que dependendo do ponto de vista. .
. ele está certo. Se batman e coringa nasceram nos quadrinhos quer dizer que a morte não significa absolutamente nada no universo deles.
Nesse contexto, o Batman seria um maluco tentando proteger personagens feitos de tinta. E o Coringa seria dono de uma mente lúcida, que entende que tudo não passa de um show para entreter o público. Claro, isso é só uma interpretação alternativa do personagem.
Mas é interessante imaginar: o que você faria no lugar dele? Se o mundo fosse uma farsa, o seu conceito de certo e errado mudaria? Cuidado.
Pode ser que os habitantes do GTA tenham algo a dizer sobre isso. [Batidas de coração] Em 1995, um astronauta precisou aceitar que tudo o que ele sabia sobre o universo estava errado. A consciência dele foi colocada num corpo de plástico e toda experiência que ele tinha da vida era fruto de memórias falsas.
Diante dessa descoberta ele quase se suicidou pulando de um abismo. O nome dele? Buzz Lightyear.
<i>Você é um brinquedo! </i> Depois de assistir a um comercial de tv, o Buzz chega à triste conclusão de que 1º: ele não é especial. 2º: ele só existe para satisfazer um dono.
E 3º: único jeito de ser feliz, é aceitando a realidade como ela é. Ou seja: Toy Story é um ensaio existencialista. Voltando ao coringa, no filme "O Cavaleiro Das Trevas", um dos primeiros bordões que ele solta é uma adaptação das palavras de Nietzsche.
Nietzsche acreditava que a gente é responsável por dar sentido à nossa vida. E essa filosofia que ele prega (o existencialismo) está presente em tudo o que é lugar Palhaços revoltosos, brinquedos deprimidos, unicórnios imaginários. O que todas essas coisas têm em comum é que elas representam um lado obscuro da mente humana.
Enquanto arte, tanto o bizarro como a insanidade, fazem a mesma pergunta: Qual foi a última vez que você parou para ouvir os seus sentimentos reprimidos? Parafraseando Carl Jung, se eu não projeto sombra, Como eu posso ter substância? Para ser inteiro, eu preciso do meu lado sombrio.
Vai ver é isso: O segredo da felicidade está na aceitação de quem a gente é <b>por inteiro</b>. Enfim. .
. [Som de fita rebobinando] É hora da receita. Você que está em casa, prepare o seu liquidificador.
Nós vamos precisar de 100 gramas de Max Payne, duas colheres de Bojack Horserman, uma pitada de My Litte Poney, àlcool à gosto e LSD. àlcool à gosto e LSD. Bastante LSD.
Se tudo for misturado corretamente, o resultado vai ser estranho, mas feliz. Happy é uma mistura interessante do que há de pior no mundo dos adultos com aquilo que há de melhor na cabeça de uma criança. A história fala sobre um policial quebrado que reencontra sentido na vida conversando com o amigo imaginário de uma garotinha.
Sombrio, estranho e bizarro. Assim como eu e você.