Muito bem, meus caros, muito bem, muito bem! É um prazer estar aqui com vocês novamente. Depois do nosso grande evento "O Poder Mágico da Escrita Criativa", né? Que foram três aulas incríveis, magníficas, com uma participação assim, assim-osa, né, de milhares de alunos, né, sem exagero: milhares de alunos. Quer dizer, ao todo foram quase 10.000 alunos que assistiram ao "Poder Mágico da Escrita Criativa", né? Eh, muitos não puderam assistir às aulas ao vivo, mas como as aulas ficaram gravadas, assistiram nos dias seguintes e estão assistindo até agora, estão deixando comentários, né, e todo mundo elogiando,
todo mundo dizendo que as aulas foram extremamente úteis, né. Bom, quem participou do evento "O Poder Mágico da Escrita Criativa" deve lembrar que, no segundo dia, que foram três dias, né? No segundo dia, eu propus um exercício para os alunos. Que exercício é esse? O exercício deles verem, no dia seguinte, logo pela manhã, assim que eles acordarem, uma página inteira, sem pensar, sem exercer nenhum tipo de censura ou fazer qualquer tipo de racionalização a respeito do texto que eles estão escrevendo; apenas colocar lápis no papel e deixar a mente falar sem censura. E eu uso,
na aula, esta figura, né, da nossa mente, que é dividida entre dois espaços: no meio tem um alçapão; em cima desse alçapão tem um duende, né? Pode ser um duende da Branca de Neve, um duende bem feio, né, bem narigudo, bem monstruoso. E sob o alçapão tem lá um gigante que fica esmurrando o alçapão e querendo sair, né? Então, o duende é a nossa censura, é o nosso consciente; o gigante são as forças inconscientes que existem dentro de nós e que querem se libertar. E nelas, né, nessas forças que tomam a forma de um gigante,
estão o quê? Estão todas as emoções que nós já experimentamos, todas as nossas experiências, né, todas as nossas sensações, todos os nossos pensamentos desde o instante em que nós fomos gerados no ventre materno até o dia de hoje, até o dia em que você vai fazer o exercício, né? Então, na verdade, o gigante precisa ser entendido não como uma força negativa, mas como um núcleo de energia de onde podem surgir infinitas ideias para os seus textos. E o meu objetivo com o exercício qual era? Era exatamente este: mostrar que qualquer pessoa disposta a chutar o
duende para fora de cima do alçapão e libertar o gigante consegue escrever um texto, né? Bom, e assim foi uma maravilha o exercício, porque nós recebemos cerca de, ao todo, né, contando os textos que chegaram no terceiro dia do evento "O Poder Mágico da Escrita Criativa" e os que chegaram depois, nós aí alcançamos o número de 10.000 textos, né? Então, assim, está mais do que comprovado que esta teoria que eu desenvolvi, né, ao longo de 20 anos trabalhando com a minha oficina de escrita criativa, ela realmente funciona. Bom, acontece que, assim, nesse momento, quando você
faz esse exercício, é claro que os textos surgem com qualidades diferentes, né? Às vezes saem textos que são completos, textos assim praticamente perfeitos; falta apenas um certo alinhamento aqui, ali, acertar uma pontuação, às vezes trocar um parágrafo de lugar, enfim, corrigir algum erro ortográfico ou algum erro de sintaxe, né? Enfim, alguma coisa precisa ser acertada. Mas, no geral, o texto está quase, quase que perfeito, né? Por quê? Porque, se você está acostumado a ler, não é? Se a sua mente está habituada à leitura, né, se você já tem um certo hábito de escrever, né, o
que acontece? Quer dizer, o seu inconsciente ele também está mais preparado para se expressar de uma forma eh próxima daquilo que seria algo perfeito, né? E aí, o que aconteceu? Muita gente, não por desconhecimento, né, por não entender como a mente funciona, muitas pessoas acreditam que não; que todo texto escrito assim de maneira livre, né, liberando plenamente a consciência, vai ser necessariamente um texto mal escrito, né? E isso, assim, isso é um erro, tá? É um erro muito comum pensar assim, né? Por quê? Porque há pessoas e pessoas, né? Como eu disse, se você é
um leitor, né, se você tá habituado com a leitura, se você já escreve, o seu texto vai sair espontaneamente de uma maneira melhor, mais próxima da perfeição. Agora, se você nunca fez esse exercício, se você não é um leitor, né, eh maduro, alguém habituado a ler os mais diferentes autores, o seu texto vai sair mais capenga, é claro. Mas isso não é problema nenhum. Não é um pecado, não é um erro, né? Quer dizer, o seu texto sair incompleto ou capenga ou obscuro, né? Mas a questão é exatamente essa: a oficina existe para quê? Para
ir mostrando para você que existem ferramentas, né? Que foi o tema, inclusive, da terceira aula do "Poder Mágico da Escrita Criativa". Existem ferramentas que, quando você tem domínio sobre elas, você pode pegar aquele seu texto em estado bruto e transformá-lo numa coisa melhor, numa coisa perfeita até, né? Agora, é claro, isso requer prática, requer leitura, requer treino, né? Cansei de dizer no evento "Poder Mágico da Escrita Criativa" e canso de dizer para os meus alunos todos os dias que escrever não é inspiração, né? Escrever é disciplina, é trabalho diário, trabalho constante, né? É contato permanente
com as palavras e também com a leitura. Então, o que acontece? Algumas pessoas, quando eu apresentei os três textos que eu escolhi, né, algumas pessoas reagiram mal, dizendo: "Ah, mas esse texto não foi escrito numa tirada de manhã. Ah, isso é uma mentira." É claro que não vou perder tempo! Discutindo com essas pessoas, né? Por quê? Porque elas não têm a minha experiência como professor. Elas não sabem, elas não conhecem os meandros, né? É, do processo criativo da mente humana. Tá, mas então o que eu decidi fazer? Eu decidi fazer uma continuação, tá, da terceira
aula do Poder Mágico da Escrita Criativa, que é exatamente esta live, né? Para pegar um texto bem ruim, tá, um texto bem mal escrito, mas que está repleto de boas ideias, tem insights excelentes, e fazer o quê? Usar as ferramentas que eu ensino vocês a usarem na oficina de escrita criativa e transformar esse texto bruto, caótico, confuso, numa coisa expressiva, numa coisa legível, né? Num texto, não digo perfeito, porque há muitas maneiras de reescrever um texto, mas um texto que se aproxima muito mais daquilo que é o ideal e que de fato comunica para o
leitor, né? Aquelas ideias que estão em estado bruto no texto original enviado pelo aluno. Tá certo, então é isso que nós vamos fazer aqui hoje. Eu vou mostrar para vocês primeiro o texto bruto que eu recebi do aluno. Não vou mostrar o nome do aluno, porque, como eu fiz na aula lá do Poder Mágico da Escrita Criativa, o objetivo não é criar melindres, né? Criar situações difíceis para as pessoas. Vou usar o texto dele, vou explicar os problemas e os pontos positivos que o texto tem e depois vou mostrar para vocês como eu reescrevi o
texto, né? E como qualquer aluno que fizer a oficina de escrita criativa pode conseguir reescrever, tá? Por quê? Porque para reescrever o texto, eu usei as ferramentas, exatamente as ferramentas que eu ensino você a usar na oficina de escrita criativa. Tá certo, então vamos lá, pessoal, pode colocar aí o texto bruto. Vamos ler o texto bruto do aluno, que é só o que tá aí mesmo, tá? É um texto difícil de ler porque não tem nem pontuação. Tá: "café, o que vejo, cadernos, vizinhos, barulho, mente vazia, iremos assim mesmo, mão firme, Vanessa, horário, pensamento fraco,
sirene, prefeitura, 7 horas, dia vazio, beleza, aspirador, sem pensamentos, outra vez, não é preguiça, preocupações com jantar da quinta, recheado, embalado. Flora quer carinho, minha linda, já comeu, lambidinhas de afeto, dependência, o que mais quer? Gole de café. Papel em branco, loucuras do coroa, continuar sempre. Não é obrigação, velho demais para com isso, não devo dizer tal coisa. Vamos em frente, celular, quem já acordou esta hora, logo mais saberemos. Mente vazia, não há desespero, é porque quero, quero obrigações que eu mesmo criei. Gole de café, chato, preocupado, preencher a página, não é coisa de se
apresentar. Começa a fluir melhor, barulhos do vizinho me chamam atenção, missão dada, missão cumprida. Vai assim mesmo, bom, então quando a gente dá uma primeira lida nesse texto, hã, bom, a gente fala assim, merda, mas isso aqui é impossível da gente entender, né? Isso aqui é o caos em forma de palavras, né? Mas não é verdade, não é verdade, tá? Quer dizer, se você é uma pessoa experiente, né, em ensinar escrita, como eu sou, né? Se você é uma pessoa experiente, né, como crítico literário, como professor de Literatura, você consegue olhar para o texto com
outros olhos e consegue perceber o que a maioria das pessoas não consegue. Então vejam bem, vejam bem o que eu vou falar a partir de agora. Esse texto, né? O que é esse texto? Esse texto é um, o que a gente pode chamar de um fluxo de consciência. Tá, mas assim, muito cru, tá? Muito cru, muito bruto. É um, é um, é um, é um diamante em estado bruto. Tá, mas é muito interessante, é um texto muito interessante. Por quê? Porque o autor, ele realmente mandou o duende dele passear no bosque, entendeu? Ele expulsou o
duende e deixou o gigante dele se expressar livremente, né? Agora vejam que se numa primeira leitura rápida, né, o texto parece que não tem nexo nenhum, como eu falei, quando você faz uma leitura mais atenta, você vai percebendo como o texto transita, né, entre, de um lado, imagens do cotidiano, tá? E pensamentos que são, digamos que como flashes, né, que estouram na mente do autor, né? E também esses sentimentos que são quase como confissões que o narrador faz, né? E isso tudo acontece... Como isso tudo acontece? Né, sobre o aspecto formal, né? De como o
texto está construído, tudo acontece numa cadência, num ritmo que se assemelha ao que a gente pode chamar de um monólogo interior, né? Ou, como eu disse, de um fluxo de consciência, mas vejam, é um monólogo sem nenhum tipo de filtro, né? O autor jogou o duende fora e liberou o gigante, e o gigante escreveu tudo o que ele queria sem nenhum tipo de controle, tá? O que é excelente, porque era a proposta do exercício, tá? Agora, então, diante disso, vejam bem, é claro que a espontaneidade do texto, essa espontaneidade, ela é excelente. Ela é excelente,
tá? E essa espontaneidade, ela faz com que a gente se aproxime do autor, né? Ela faz com que, eh, eh, com que a gente se sinta como se nós estivéssemos dentro da cabeça do autor, tá? E outra coisa positiva é esse contraste que ele cria, né, entre aspectos do cotidiano e essas brevíssimas que ele faz, né? E isso cria um contexto que nos interroga, né? Nos interroga. Aliás, mais do que nos interrogar, cria até mesmo perplexidade, tá? Muito bem, mas assim, mas agora eu quero fazer o papel do duende, tá? O gigante saiu do alçapão,
escreveu tudo certo, agora ele tá mais tranquilo, ele voltou para dentro do alçapão, tá? O duende retornou e o duende agora, que é o... Nosso consciente, o que ele vai fazer? Ele vai mexer nesse material bruto, tá? E vai agir não como um sensor, mas como uma força consciente que vai dar organização ao texto, que vai tornar todas essas coisas aí que estão presentes, que vai transformar essas coisas todas em algo, em algo novo, tá? Quer dizer, como se o duende estivesse dialogando com o gigante, né? Querendo entender do gigante por que o gigante escreveu
dessa maneira, né? Procurando entender os motivos do gigante do inconsciente e, então, recriando o texto de uma maneira mais lógica, tá? Então, vejam: isso que eu vou fazer agora, né? Isso que eu vou fazer agora é o que um aluno da minha oficina de escrita criativa consegue fazer depois de chegar ao final da oficina, né? Que a oficina, vocês sabem, são 51 aulas, tá? Então, nessas 51 aulas, eu forneço para o aluno todas as ferramentas para que ele possa trabalhar o seu texto e se tornar o seu melhor crítico. No final da oficina, tá? Então,
assim, para a gente começar, tá? Eu quero fazer uma análise um pouquinho mais detalhada dos pontos fracos desse texto, como ele está no seu estado bruto, tá? Quer dizer, eu falei dos aspectos positivos, mas agora vamos ver os problemas que o texto tem. Nós temos que fazer uma análise a respeito dos problemas que estão aí e que nós precisamos encontrar soluções para eles, tá? Então, assim, se vocês relerem o texto, vocês vão perceber que o texto apresenta uma completa ausência de estrutura lógica, né? O texto não tem estrutura lógica. Bom, e aí o que acontece?
Isso prejudica a leitura, tá? E impede que o leitor se envolva na história. Então, percebam que assim, que falta aí nesse texto um narrador, né? Um narrador que construa um fio condutor claro para o que está sendo contado, para as experiências que estão sendo relatadas, né? Quer dizer, então há uma infinidade de elementos aí curiosos, interessantes, né? Bons, mas eles não estão conectados, né? Eles não estão conectados entre si. Então, é um texto espontâneo, sim, é um texto espontâneo. Isso é positivo, sim, é extremamente positivo, mas nós temos que entender que há uma grande diferença
entre espontaneidade e dispersão de ideias, tá? Então, aqui nesse texto há espontaneidade, mas as ideias também estão jogadas, né? Aí, a esmo, né? Depois, o texto também tem algumas repetições, tá? Mas se vocês prestarem atenção nas repetições, vocês vão ver que elas não têm uma função determinada, tá? Quer dizer, não há uma pretensão do autor, quando ele repete, né? De criar aí, digamos, uma prosa poética. Não, não tem nada disso. Quer dizer, as repetições acontecem porque o texto não foi pensado. O texto nasceu de maneira totalmente espontânea, né? Então, é claro que essas repetições, da
maneira como elas foram colocadas aqui, empobrecem o texto. Por quê? Porque tornam o texto redundante, tá? Um outro aspecto importante que a gente precisa notar é o seguinte: quer dizer, o texto tem momentos em que ele toca em emoções que são muito interessantes, sem nenhuma dúvida, mas o que acontece? Ele não desenvolve essas emoções, né? Quer dizer, ele detecta a emoção e como que recua, como que dá um passo para trás, digamos que com o receio, né? De aprofundar essas emoções, tá? Então, o que acontece? Essas emoções surgem, mas elas acabam caindo no vazio, né?
E isso, qual é a consequência disso? Bom, isso impede que o leitor crie uma verdadeira conexão, né? Com o texto, com o autor, tá? Depois, um outro aspecto importante: vejam, o texto tem um ritmo próprio, né? Perfeitamente, tem um ritmo próprio, tem uma cadência própria, mas esse ritmo, se vocês lerem com atenção, vocês vão ver que ele é continuamente acelerado, tá? Parece que o autor está ligado no 220. Então, o que acontece? O ritmo não varia. O ritmo é sempre o mesmo e, em prosa, em prosa, quando o ritmo é sempre o mesmo, né? Ao
contrário do que acontece na poesia, em prosa, se o ritmo é sempre o mesmo, o que acontece? O texto se torna monótono, tá? Quer dizer, a beleza da prosa está realmente na variação, na variação dos ritmos, tá? Então, assim, por exemplo, não há pausas para você respirar, né? Quer dizer, então o texto parece o quê? Parece uma avalanche de palavras, né? Bom, o texto também apresenta duas personagens, né? A Vanessa e a Flora. Só que, assim, elas não têm vida, né? Não têm vida. Por quê? Porque elas não são explicadas para nós, né? Quer dizer,
elas não são contextualizadas para nós, essas duas personagens, né? Quer dizer, elas surgem como se fossem, sei lá, enfeites dependurados aí no teto do texto, né? Como se elas fossem nomes que estão aí pairando no ar, as duas personagens, tá? Então, você também não tem como se identificar ou não se identificar com a Norma e a Vanessa, né? E o autor usa também algumas expressões, né? Que são clichês, que são lugares comuns, né? E isso, claro, empobrece o texto. Por quê? Porque quando você abusa do clichê, né? Do lugar comum, você como que mata a
voz autêntica do autor, né? Quer dizer, a voz pessoal do autor acaba sendo, vamos dizer, que acaba sendo suprimida, realmente suprimida, né? Bom, mas agora, né? Ainda não, pessoal que está aí, não precisa mudar o texto ainda, mas agora eu vou apresentar para vocês o texto da maneira que eu reescrevi, tá? Agora, uma observação importante é a seguinte: tá, eu não posso dizer que as soluções que eu encontrei são as melhores que existem, tá? Isso é bom. Deixar isso muito claro por quê? Porque a criação literária, né? Ela é um mundo aberto, é um mundo
de possibilidades que estão abertas. Então, assim, se 500 pessoas diferentes pegassem esse texto bruto, né, e trabalhassem sobre ele e o reescrevessem, surgiriam 500 textos diferentes, tá? E, inclusive, há risco de dizer que os 500 textos, a depender de quem sejam as 500 pessoas, esses 500 textos poderiam ser todos ótimos, tá? Então, assim, isso é um ponto muito importante de entender, tá? Quer dizer, em criação literária não há o certo e o errado, né? Criação literária não é uma ciência como matemática, como física, em que você cria uma fórmula, aplica a fórmula, e aquele é
o resultado que expressa a verdade, tá? Não, o mundo da criação literária é um outro mundo que foge a essas leis mecânicas, a essas leis que tentam mostrar soluções definitivas a respeito de como a realidade funciona, tá? Agora, antes de mostrar as alterações que eu fiz, né, quer dizer, eu quero também chamar a atenção de vocês para o seguinte: quer dizer, apesar das mudanças que eu fiz serem profundas — e vocês vão ver como elas são profundas —, vocês vão também perceber que eu procurei preservar os aspectos positivos do texto, tá? Isso é muito importante.
Então, assim, a autenticidade e a espontaneidade do autor eu tentei preservar. A força emocional que o texto tem também procurei preservar, tá? Porque essa força emocional tá aí nesse texto bruto, né, de maneira latente, né, vibrando em cada linha. Impossível você ignorar essa força emocional, né? Depois, também tentei preservar a capacidade do autor de evocar imagens e de evocar sensações diferentes, tá? Também procurei manter a cadência própria que o autor tem, né, ao escrever. Por quê? Porque essa cadência tem esse aspecto positivo de carregar o leitor, de sugar o leitor para dentro do turbilhão emocional
que o autor tá vivendo, tá? E eu também procurei aproveitar os fragmentos que, na minha opinião, mereciam um desenvolvimento maior, tá certo? Então, vamos mostrar aí o texto pronto, pessoal, e vamos ler. Vamos ler o novo texto: "O café ainda está quente, a fumaça sobe devagar, mas não consigo dizer se o calor vem da xícara ou da minha cabeça. Olho para a mesa: cadernos empilhados, folhas em branco esperando por algo, qualquer coisa. Há barulhos ao redor: o vizinho arrastando móveis, o aspirador de pó no apartamento de cima, uma sirene distante cortando. Amanhã é estranho como
todos esses sons parecem mais altos hoje, como se estivessem tentando me impedir de pensar. A mente está vazia, mas isso não é um problema. Vanessa disse que mente vazia é espaço aberto onde o que realmente importa pode surgir. Será? Ou talvez seja só preguiça de começar, preguiça de enfrentar essa obrigação que eu mesmo criei? Obrigações invisíveis, pequenas missões do dia que ninguém me pediu para cumprir, e mesmo assim, sigo. Flora me observa no canto da sala, esperando o momento certo para se aproximar. Ela sempre sabe. Acho que já pode passar para a segunda imagem. Isso:
Flora me observa do canto da sala, esperando o momento certo para se aproximar. Ela sempre sabe. Levanto a mão e ela vem, suave, cuidadosa, deita a cabeça no meu colo como se dissesse: estou aqui. Uma lambida na mão, carinho simples, direto, dependência mútua. Talvez quem precisa mais de quem seja uma pergunta que nunca terei coragem de responder. Outro gole de café. O papel ainda está em branco. Há algo de aterrador nisso. E esse silêncio que pede para ser quebrado, essa página que exige palavras. Loucuras do coroa, penso. Continuar sempre como se fosse uma obrigação, velho
demais para começar de novo, mas não tão velho para parar. É nesse espaço entre os dois que fico preso. O celular vibra. Quem já está acordado a esta hora? Penso em responder, mas não deixo o mundo lá fora. Por enquanto, aqui dentro há barulhos suficientes. A mente já não está vazia: algumas coisas começam a fluir. Melhor. Pode mudar de slide. Preocupações pequenas sobre o jantar de quinta, listas mentais de tarefas, fragmentos de pensamentos que vão e vêm. Preencher a página nunca foi o verdadeiro problema. O problema está em aceitar que ela nunca será exatamente como
eu quero. Outro gole de café. O vizinho arrasta algo pesado novamente. Missão dada, missão cumprida, murmuro para mim mesmo, mas sem a menor convicção. A missão não é preencher o papel. A missão é continuar, ir em frente, mesmo quando parece que não há para onde ir. Flora se mexe no meu colo. Respiro fundo. A primeira frase, depois outra. Vai assim mesmo. Tá, então tá aí o texto, o texto reescrito, tá? O texto reescrito. Muito bem, vamos fazer algumas observações a respeito do texto reescrito, tá? É uma pena que, infelizmente, vocês vejam que não há como
deixar o texto inteiro aqui, porque senão vocês não iam conseguir ler, né? Então, vejam só, o texto reescrito, né? O que o texto reescrito ganhou? Bom, em primeiro lugar, ganhou coerência narrativa, tá? Quer dizer, a linha de pensamento segue uma evolução mais clara, né? Quer dizer, começa com a hesitação e a tentativa de organizar o início do dia pela reflexão interior do autor, né, e termina com uma espécie de sentimento de aceitação, a gente pode dizer, né, ou uma tentativa de retomada de controle sobre o que ele tem que fazer, né? Eu também tentei criar
uma maior profundidade emocional, tá? Então, vejam que os momentos de dúvida, né, os momentos de dependência emocional e também a relação com a Flora trazem um tom mais íntimo para o texto, tá? Eu só não consegui aproveitar a Vanessa. Pensei de várias maneiras de como eu poderia fazer isso, mas eu achei que, dentro da minha concepção, iria..." Iria ficar ruim tá? Outra pessoa talvez encontrasse uma solução para a Vanessa. Eu também procurei preservar a autenticidade da voz do autor, quer dizer, se vocês prestarem atenção, vocês vão ver que a voz honesta do texto original está
aqui no texto reescrito, né? Mas é claro, agora ela está de uma maneira mais focada, né? Digamos que essa voz, autêntica, agora está mais intencional, tá? E eu também preservei o final aberto do texto bruto, né? Quer dizer, o final não tem nenhuma lição explícita, e eu preservei isso. Quer dizer, assim, eu procurei transmitir aí uma discreta ideia de superação, tá? Discreta, como se o autor finalmente tivesse encontrado o tom ideal para o seu texto. Tá bom? Então, assim, esses foram os pontos que eu tentei, objetivamente, acertar, tá? Agora, mas depois que eu pensei sobre
tudo isso e eu reescrevi, né, eu cheguei à seguinte conclusão: eu achei que, para esta live, eu deveria deixar mais claro para vocês, quer dizer, como eu fiz essa transformação, tá? Quer dizer, eu tentei fazer uma reflexão sobre como, a partir do texto cru, né, original, eu fui recriando o texto de uma maneira nova, tá? Então, assim, quer dizer, eu fiquei pensando que passos a minha cabeça deu, a minha mente, né, para recriar a coisa. Por quê? Porque eu queria deixar o mais claro possível para vocês como ocorre esse processo de reescrita, tá? E esse
processo de reescrita, ele também não é uma receita pronta, tá? Quer dizer, os passos que eu dei foram os passos que eu dei; outras pessoas poderiam optar por outros passos, tá? Então, mais uma vez, eu repito: o trabalho de escrever, o trabalho de criação literária, ele não é feito de receitinhas prontas, tá? E eu não estou fazendo a live aqui hoje para dizer: "Sigam esta receita que vocês vão se dar bem." Não, não é isso! Esqueçam isso, se vocês estão pensando isso. Apaguem na cabeça de vocês, por quê? Porque a criação literária é algo absolutamente
livre, tá? Não é feito de receitinhas prontas; tá? Não é como se você abrisse o livro de receitas da sua avó, copiasse a receita dela, fizesse igual ela fazia, e saísse o mesmo bolo. Não é assim. Escrever não é isso. Escrever é um ato de liberdade, é um ato de autoconhecimento, tá? É um encontro com você mesmo, tá? É um encontro com a realidade, é um encontro com tudo que você já leu, com tudo que a sua memória guarda, tá? Então, assim, é um diálogo que não tem fim com tudo, tudo que está dentro e
fora de você. E esse diálogo pode acontecer das maneiras mais diferentes, tá? Mas eu tentei deixar aqui alguns passos do caminho que eu escolhi trilhar para reescrever o texto da maneira que eu reescrevi, tá certo? Bom, o que eu fiz em primeiro lugar? Bom, em primeiro lugar, eu tentei identificar, né, quais seriam os núcleos temáticos do texto, né? Quer dizer, ou seja, quais eram os temas mais recorrentes presentes ali naquele texto bruto, né? Ou as ideias que estavam ali de maneira bruta e poderiam ser desenvolvidas, tá? É como se... vamos fazer uma comparação: como se
você achasse um corpo, um esqueleto no fundo do seu quintal, né? E o esqueleto está incompleto, né? E você avisa à polícia e o médico legista vem, pega todos os ossos, leva pro laboratório, como a gente cansa de ver em filme policial, né? E o que ele faz com aqueles ossos? Ele dispõe os ossos sobre uma mesa, né? Mais ou menos na posição em que eles deveriam estar para formar um esqueleto completo. Então, tem alguns pontos que estão faltando osso, tem outros que não, né? Então, ele cria esses núcleos, digamos, tá, do esqueleto. Então, foi
o que eu fiz, né? E eu separei, então, cinco núcleos temáticos que, na minha opinião, o texto original tem, tá? Primeiro, a questão do cotidiano e da rotina, tá? Quer dizer, ele fala em café, ele fala em barulhos, ele fala nos vizinhos, né? Depois, um segundo núcleo é o das reflexões e das dúvidas pessoais, né? Quer dizer, ele tem preguiça, ele faz uma cobrança, uma autocobrança, né? Ele se cobra pelo que ele deixou de fazer, né? Ele também se acha velho demais, né, quer dizer, para começar a escrever, né? Depois tem um terceiro núcleo, que
é o núcleo de afeto ou de dependência mútua que ele mantém com esse animal, que é a Flora, e que assim a gente não sabe se é um gato, uma gata ou uma cachorra. Não sabe direito o que é, tá? Então, também foi difícil tomar uma decisão, né? E depois tem um quarto núcleo, que é o desafio da escrita, né? O desafio da escrita, quer dizer, essa coisa do papel em branco, né? Quer dizer, essa dificuldade de começar, que era exatamente o que tinha sido o tema da... né? Exatamente isso sobre... exatamente isso que eu
falei, quer dizer, a gente acabar com o fantasma do papel em branco, né? E o último núcleo temático, qual foi? Foi as tentativas de resolução do autor, tá? Quer dizer, ele dá a entender que ele está num processo de aceitação de que ele precisa continuar escrevendo, né? E que ele precisa fazer isso apesar das dúvidas, né? E ele vai fazer até o final, e ele faz, né? Até quanto? Até quando dá, tá? Então, primeiro eu dividi... Nesses cinco temas, aí o segundo passo, qual foi? Bom, foi pensar assim: "O que é fundamental aqui?" Quando eu
reescrever, bom, é fundamental preservar, de alguma maneira, né, a informalidade e a franqueza do autor. Então, assim, eu não posso simplesmente escrever um texto agora como se fosse aí um José de Lencar da vida, né? Não posso tentar aqui copiar o estilo de um outro autor; eu não posso criar floreios estilísticos, floreios retóricos, eu não posso criar metáforas complexas. Por quê? Porque isso é fugir completamente daquilo que é o estilo original do autor. Então, eu tenho que tentar manter a voz do autor, de alguma forma, e essa voz do autor tem um tom que é
íntimo, né? É íntimo. O autor escreve como se ele estivesse conversando com o leitor, não é verdade? Então, essa foi a minha segunda preocupação. Aí, no terceiro passo, o que eu fiz? Eu comecei a organizar o fluxo do pensamento do autor, né? Quer dizer, aquele fluxo que, no texto original, era disperso, era caótico, né? E que dificultava a leitura e enfraquecia algumas ideias interessantes. Eu precisava organizar esse fluxo de pensamento, né? Mas eu também não podia organizar de qualquer maneira. Quer dizer, eu não podia organizar esse fluxo de pensamentos e, ao fazer isso, acabar com
a naturalidade desses mesmos pensamentos. Eles tinham que continuar surgindo de maneira natural no texto, tá? Então, o que eu fiz? Eu tentei estabelecer transições suaves entre as ideias, tá? Suaves, criando uma lógica para que o leitor pudesse acompanhar o pensamento do autor sem ficar perdido, sem se sentir desorientado, tá? E claro, também introduzir, por meio da pontuação, né, e da própria construção de parágrafos, né? Quer dizer, eu também introduzi pequenas pausas de reflexão, né? Quer dizer, quando o narrador pensa, por exemplo, sobre a sua relação com a flora, né? E claro que isso dá uma
profundidade emocional para o texto, né? Outra coisa que eu procurei resolver, né? Eu falei para vocês que o texto original seguia um ritmo único, né? E que isso, em prosa, é muito ruim, né? Porque torna a prosa monótona. Então, assim, eu me preocupei em variar o ritmo do texto, tá? Dizer, vocês podem ver que o texto agora tem momentos de pausa, tem momentos de reflexão, né? Tem frases mais curtas, frases mais longas; e esse contraste torna a leitura mais agradável, né? E claro, eu também construí vários parágrafos diferentes, né? Exatamente para dar mais peso para
determinar as ideias, né? Quando você divide em parágrafos, as ideias de cada parágrafo ganham um peso próprio, não ficam todas perdidas num bloco único de texto, tá? Depois, no quinto passo, eu achei que valia a pena expandir, né, um pouquinho e explorar um pouquinho algumas emoções, tá? Quer dizer, então eu expus mais esse conflito do narrador entre a obrigação de escrever e o desejo dele de só seguir vivendo, né? Quer dizer, e aí, o que eu fiz? Quer dizer, o tema do papel em branco, que é sempre perturbador para quem quer escrever, bom, ele se
transformou numa metáfora do estado emocional do escritor, tá bom? E claro, isso é algo que qualquer escritor sempre viveu e sempre vai continuar vivendo, né? E claro, o texto original tinha um final, mas não era um final muito claro; era um final abrupto, né? Mas o texto terminava de maneira abrupta. Então, eu escolhi fazer aí uma resolução mais simples, eh, que não fechasse todas as questões que estavam presentes, todas as dúvidas, tá? Quer dizer, eu preferi sugerir uma espécie assim de aceitação do caos e da dificuldade de escrever, tá? Quer dizer, a frase final vai
assim mesmo; ela reforça essa ideia de que o importante realmente não é a perfeição, né? Mas é a coragem de seguir em frente, que é uma coisa que eu também sempre digo pros meus alunos, tá? Então, quer dizer, é isso. Acho que espero ter deixado claro todo o processo para vocês, né? E quero repetir o seguinte: quer dizer, isto que vocês viram acontecer aqui na prática, né? Quer dizer, isso é algo que o aluno que termina a oficina, que chega ao final da oficina, depois que ele cumpre as 51 aulas, né? Quer dizer, e a
oficina termina, inclusive, comigo fazendo algo semelhante ao que eu fiz aqui, só que com um texto meu pessoal, né? Quer dizer, eu explico como eu parto das minhas anotações, das minhas lembranças, das minhas memórias para escrever uma crônica, tá? Muito íntima, muito pessoal, né? O aluno que chega ao final da oficina está preparado para fazer isto que eu fiz aqui, que não tem nenhum segredo, tá? Claro, é evidente que eu tenho anos de experiência lendo e escrevendo, né? Muitos de vocês não tinham nem nascido ainda e eu já escrevia todos os dias, né? Já era
editorialista de jornal, já escrevia reportagens, já fazia resenhas de livros para os jornais. Enfim, é claro que eu tenho uma prática que eu adquiri que não é todo mundo que tem, né? Mas ela também não é algo inalcançável, não é algo inatingível, né? E o que eu faço nos meus cursos, incluindo a oficina, é, assim, mostrar como é que vocês podem alcançar esse mesmo nível de trabalho com as palavras, né? Que está ao alcance de qualquer pessoa. Não é um bicho de sete cabeças, tá certo? Então, era isso, a live era isso, meus caros. Se
você ainda não se inscreveu pra oficina, ainda tá em tempo, né? Nós... Vamos fechar as inscrições em poucos dias, mas eu espero que você se inscreva e não perca essa oportunidade, porque assim, não é só o desconto que está excelente, né? O desconto de 500, mas também o acesso vitalício, né? Quer dizer, você vai poder usar a oficina para treinar sempre, repetir os exercícios sempre, né? Quer dizer, a oficina vai ser sua até o final dos seus dias, né? E você pode usar, inclusive, para ajudar seus filhos, seus netos, seus sobrinhos a escreverem melhor. Mas
assim, antes da gente terminar, vamos então aqui, tá o QR Code na tela para quem quiser se inscrever, né? Além do desconto, nós vamos ter quatro encontros ao vivo com todos os alunos para tirar dúvidas de vocês, tá? Para que assim o aproveitamento de vocês seja o melhor, né? Seja completo. Vocês também vão receber um caderno em casa, um caderno muito bonito para vocês poderem escrever os seus textos, fazerem os exercícios que eu proponho na oficina. E é isso que eu me lembro. Se está faltando alguma coisa, minha equipe me avisa, tá? Mas vamos abrir
para perguntas. De repente, alguém tem aí alguma dúvida, alguém quer fazer alguma pergunta a respeito da oficina. Eu estou às ordens aqui para responder algumas questões. Acho que o link de inscrição também pode ser colocado aqui no chat do YouTube, né? Para ajudar o pessoal a entrar na página de inscrição. Inclusive, se vocês entrarem na página de inscrições, tem lá os módulos todos da oficina com todos os temas das aulas, tá? Então assim, quem clica, quem abre, quem escaneia o QR Code ou entra no link, né? Quer dizer, tem acesso para saber todos os temas
das 51 aulas, tá? E isso, assim, é fundamental para vocês tirarem todas as dúvidas, né? Saberem como a oficina realmente funciona, né? No dia a dia, aula a aula, tá bom? Ah, vocês também podem parcelar em até 12 vezes, né? Dá 12 parcelas de 190 e poucos reais, né? Todo mês, tá? E o que também facilita muito, né? Facilita muito a vida das pessoas, tá bom? E aí, alguém tem alguma pergunta? Tem alguma dúvida? Quer saber algo mais? Joel Joe Oliveira: A oficina vai me ajudar na construção da profissão de copywriter? Claro que sim, Joel!
Aliás, se você entrar no meu perfil no Instagram, você vai ver que tem lá um vídeo que foi colocado anteontem com depoimentos de três alunos, e um dos alunos é copywriter. E ele fala exatamente sobre isso, como a maneira dele trabalhar mudou completamente, né? E como os clientes dele perceberam essa mudança. É só você entrar lá no Instagram, que foi publicado anteontem, o vídeo, tá bom? A Edsonia: Gosto de escrever poemas. O senhor dá um enfoque especialmente direcionado à escrita de poemas? Não, não dou. A oficina é para prosa em geral, tá bom? Prosa em
geral, né? Ensaio, copywriting, conto, novela, romance, crônica, memórias, diários, autobiografia, literatura de viagem, tá? Assim, não há um enfoque especial para poesia. Qual o dia que começa? Lúcia pergunta: Lúcia, começa quando você se inscrever. Assim que você se inscrever, você já tem acesso ao primeiro módulo, porque as aulas estão todas gravadas, compreendeu? Então, se se inscreveu, você já pode começar a cursar a oficina, tá? Tudo pronto já e tudo gravado, assim, em altíssima qualidade. Nós fizemos tudo em estúdio, com som perfeito e com a imagem perfeita, tá? A oficina ficou e as aulas ficaram maravilhosas,
ficaram lindas. Tá bom, então, se inscreveu, você começa hoje já, não tem que esperar nada. O Esparta pergunta: Quando você desenvolveu essa paixão por escrever? Professor, engraçado. Você sabe que é desde pequeno que eu tenho essa coisa. É desde pequeno. Assim, eu lembro que outro dia eu estava conversando com a minha irmã, né? Nós estávamos falando sobre isso, né? Como eu sempre fui ligado aos livros, né? Sempre gostei de ler e tudo. E assim, eu lembro que eu devia ter uns 7, 8 anos de idade. Eu ganhei um livro da minha tia que falava sobre
a história dos Bandeirantes. Eu li o livro, eu adorei, né? E eu falei assim: "Eu vou escrever um livro sobre os Bandeirantes." Então, o que que eu fazia? Meu pai tinha um dicionário de sinônimos, tá enorme, na biblioteca dele. Eu peguei um caderno, lápis, o dicionário de sinônimos e o livro dos Bandeirantes. E eu ia copiando o livro dos Bandeirantes no caderno, mas usando o dicionário de sinônimos. Eu ia substituindo as palavras, entendeu? Por sinônimos. Quer dizer, na minha cabeça, eu estava escrevendo o livro. Então, para você ver como essas coisas surgem, não tem uma
explicação, não é verdade? O César pergunta: O curso de escrita mudará minha forma de ler um texto totalmente? César, totalmente, tá? Hoje, inclusive, no story no Instagram, eu respondi a uma pergunta semelhante à sua, porque um fato muito curioso que acontece é que muitas pessoas se inscrevem na oficina não para escrever, mas para se tornarem boas leitoras, né? Para aprender a ler em profundidade. Isso, de fato, ocorre. E como é que isso ocorre? Ocorre porque assim, na oficina, eu não explico as questões para os alunos partindo de teorias literárias ou de teorias linguísticas, compreendeu? Não.
Diante de cada questão, diante de cada elemento, de cada ferramenta que compõe a escrita, nós vamos diretamente ao texto dos melhores autores e vamos analisar como esses autores resolveram, né? Aqueles problemas, aquelas questões. Como eles construíram o narrador? Como eles criaram conflito? Como eles trataram do tempo, da passagem do tempo? Como eles trataram da construção do cenário? Enfim, como eles construíram seus personagens, né? Como eles construíram seus diálogos. Mas a gente vê tudo isso não lendo teoria literária, não vendo como tudo isso... Acontece em excelentes obras literárias. Então, quando termina a oficina, meu caro, você
se transformou num leitor muito, muito maduro, sem a menor sombra de dúvida. Silvia Regina. Literatura infantil e juvenil. Se a oficina ensina isso, a oficina vai te dar todas as ferramentas para isso, tá? Eu tenho uma aluna, a Roberta Trevisan. Procurem o perfil dela no Instagram, tá? A Roberta está fazendo o maior sucesso com um livro infantil. Ela é uma delegada de polícia do Rio Grande do Sul, no interior do Rio Grande do Sul, e ela está escrevendo uma série de aventuras da menina que é a personagem dela. Já, esse ano, no final do ano
passado, ela lançou o segundo volume que fez o maior sucesso, e a editora pediu para ela o terceiro volume das aventuras, tá? E ela está escrevendo. Me falou a semana passada que ela está escrevendo. Então, procurem o perfil da Roberta Trevisan, tá, lá no Instagram e vocês vão ver. Ela está produzindo literatura infantil e infantojuvenil, tá bom? O Marcelo, mestre, a sua oficina é imprescindível para quem quer aprimorar a escrita. Aproveitei e me escrevi na de conto, da crônica e no seminário de literatura. Puxa, Marcelo, que maravilha! Muito bem-vindo então à oficina, ao curso de
conto, ao curso de crônica e também ao seminário de literatura, que é também outra experiência maravilhosa, né? Nós estamos lá lendo agora "Anna Karenina", do Tolstói. Na última aula ao vivo, a gente chegou na metade do romance, no final da quarta parte, e os alunos estão achando excelente o romance. Já lemos um monte de coisa lá no seminário, né? Já lemos "Crime e Castigo", do Dostoiévski, "A Ilíada", do Homero. Já lemos Ortega y Gasset, né, quer dizer, a questão da revolução das massas. Já lemos Platão, né? Já lemos "A República" de Platão, que é um
diálogo longo, né, complexo, né? E foram experiências interessantíssimas porque, por exemplo, os alunos... Eu nunca imaginei que eu ia ler Platão na minha vida e agora eu estou aqui lendo e entendendo, né? Então, a oficina, o seminário é excelente, e o seminário e a oficina se complementam, né? Eles se complementam. Eu tenho alunos que fazem parte da oficina, fazem parte do seminário, e eles dizem que o que acontece, o que a gente aprende na oficina, né, a gente vê acontecer nos grandes textos que a gente lê no seminário, né? Então, assim, é perfeito, né? O
Guilherme, professor, tenho 18 anos e me considero jovem para escrever. A oficina poderia me ajudar a escrever algo relevante agora? Por que não? Por que não? 18 anos, né? Você já não é um garoto, você já não é um menino, né? Quer dizer, você já está aí, eu diria que entrando na maturidade plena, né? Quer dizer, você tem tudo para começar a escrever, né? Talvez você se sinta um pouco inseguro, né, por não dominar certas técnicas, por não ser um bom leitor, né? Você pode ter dúvidas, pode ter inseguranças em relação a isso, mas cursando
a oficina você vai ver que, assim, grande parte das dúvidas e das inseguranças que nós temos são apenas fantasmas, né? São coisas que ficam aí na nossa cabeça, que colocam na nossa cabeça e que só servem para nos atrapalhar, né? Inclusive, é o tema da primeira aula, né, do evento "O Poder Mágico da Escrita Criativa", em que eu acabo com três mitos que impedem constantemente as pessoas de escreverem, né? A Vitória. O acesso à plataforma é enviado por e-mail assim que a inscrição é realizada? Exatamente, Vitória. Exatamente. Então, se você se inscreveu, fica de olho
na sua caixa de spam, né, para ver se não chega por lá, tá? Porque, assim, o envio é imediato, tá bom? A Regina. Nossa, quero ser aluna das outras oficinas também! Descobri agora, que maravilha! Então, venha, Regina, venha fazer parte. Vai ser uma alegria ter você ao nosso lado. O Alexandre. Tem o material gráfico para baixar e acompanhar as aulas? Tem as aulas, tem PDF, as aulas têm transcrição, tá? Você recebe o caderno na sua casa para onde você vai escrever os exercícios, os teus textos. Um caderno lindo! Pena que a gente não tem aqui
a imagem do caderno para pôr, que o caderno ficou realmente bonito, ficou maravilhoso o caderno, tá? Então, tá tudo transcrito, tá tudo em PDF também para você ler, para você pensar, para você fazer anotações, tá bom? O Mateus. Vai ter terceira edição? Que agora eu não posso investir. Ó, Mateus, sabe como é que é essa vida, né? Assim, a inscrição está aberta agora. A ideia é que no próximo ano tenha, mas a gente... Eu não posso garantir, né? Quer dizer, como é que eu posso saber? A ideia é que tenha. Vamos torcer para que tenha.
Nor. O Marcelo, para quem entrou no seminário de literatura agora, você sugere que eu comece a ler os primeiros livros da trilha ou inicie pela "Anna Karenina" para alcançar a turma? Não, começa pelos primeiros livros, tá? Mas pode assistir à aula ao vivo todo sábado, Marcelo, tá? Ou depois, se você não tiver tempo, tem gente que não pode participar da aula ao vivo no sábado à tarde, assiste à aula também, né, e deixa a leitura para depois, né? Mas começa mesmo lendo e acompanhando as aulas pelo primeiro livro. Acho que é o ideal, tá bom?
Ah, e o seminário também tem um grupo do Telegram, tá, para os alunos conversarem entre eles, trocarem ideias a respeito do seminário. É um grupo muito bom e ali naquele grupo estão surgindo realmente grandes amizades, tá? O pessoal faz até amigo secreto no final do ano. Tá, o Yarlei, professor, como fica a credibilidade dos autores atuais em tempos de ChatGPT? Olha, a credibilidade fica, é, na mão da consciência das pessoas, tá? Agora eu vou dizer uma coisa para você com absoluta sinceridade, meu caro: se você mandar o ChatGPT escrever ou qualquer outro aplicativo de inteligência
artificial escrever um determinado texto bom, eu garanto para você que vai sair uma merda, tá? Porque assim, tem alunos que já fizeram a experiência e, assim, não dá, né? Não dá! E outra, quer dizer, a inteligência artificial, ela é alimentada pela nossa inteligência, né? Então, quer dizer, você até pode usar o ChatGPT como um auxiliar na sua escrita, tá? E acho até que caberia uma aula mostrando como é que isso funciona, mas a autoria do texto continua sendo algo estritamente, profundamente pessoal, né? Pessoal, profundamente pessoal, tá bom? Digo isso porque sou da publicidade e a
galera da redação perdeu muito espaço, bom? Perdeu muito espaço. Por quê? Porque certamente há muitas empresas que se satisfazem com textos mediocridades. Hã, essa é a verdade! Esse é o problema, quer dizer, isso é uma coisa que nós não temos como evitar, né? Quer dizer, a mediocridade sempre vai prevalecer em tudo, não é verdade? Quer dizer, uma agência de publicidade que entre um bom redator e a inteligência artificial e fica com a inteligência artificial, bom, ela tá correndo seríssimo risco de repetir, né, propagandas que já foram feitas e cair no ridículo, tá bom? Então, aliás,
é mais um motivo para o pessoal de redação e copyright fazer a oficina, né, para provar que assim, o ChatGPT não tem todas as respostas, né? E que a autoria de um texto é algo impossível de ser copiado, impossível de ser repetido, ser imitado, impossível, tá bom? É isso aí, pessoal! Terminamos! Acho que tá excelente, não é verdade? Tiramos aí as dúvidas, conversamos um pouco, espero que o exercício aqui tenha ajudado todos vocês a perceberem o potencial que a oficina de escrita tem a oferecer para vocês, né? Quer dizer, poder fazer algo como isto que
eu fiz aqui hoje, né? Isso é algo que não tem preço, ó! E, lei, já tá inscrito? Maravilha! Quero viver agora uma nova fase, ótimo! Meus parabéns pela decisão, meu caro! Fico muito feliz em saber disso, muito bom! E é isso, Esparta. Eu não sei o que você fez comigo, professor, mas há anos eu tenho ignorado minha vontade de escrever. Você, em poucos dias, me reacendeu essa vontade, digo, paixão por escrever. Agora não consigo parar, mas isso é excelente! Pô, hã, se eu finalmente chutei o seu duende para longe e libertei o gigante que tem
dentro de você, tá excelente, meu caro! É o que todo mundo precisa fazer, tá? Porque não tem essa de que escrever é para alguns poucos escolhidos, né? Para alguns poucos iluminados! Tudo isso é uma bobagem muito grande, tá? Isso é um mito que a gente precisa derrubar e que a gente precisa esquecer totalmente, tá certo? Olha, espero vocês na oficina de escrita criativa, tá bom? Quero ver todos vocês no nosso primeiro encontro ao vivo via Zoom para tirar já as primeiras dúvidas que vocês tiverem. Um abração para vocês, pessoal! Tudo de bom, muito obrigado pela
atenção e uma boa noite para vocês!