Em 2010, chegou aos cinemas a continuação de um grande sucesso nacional, trazendo de volta Nascimento, agora enfrentando um outro inimigo. Este é Tropa de Elite 2. O filme rapidamente se tornou a maior bilheteria nacional, mantendo essa posição por vários anos.
Hoje, vamos explorar cada detalhe dessa obra-prima, desde seus segredos e bastidores até suas curiosidades. [Rocha:] quem foi que disse que a comunidade é tua? [Kikito:] Quem disse que a boca é tua?
Em todos os detalhes que você perdeu, ou não, em Tropa de Elite 2. Como no primeiro vídeo, reuni entrevistas para te dar uma visão completa de como o sucesso foi construído. Então, deixa o like para mais filmes nacionais, aí e vamos para o vídeo!
Tropa de Elite 2 acontece mais de uma década após os acontecimentos do primeiro filme. A história começa com Nascimento sofrendo um atentado e retrocede alguns meses (Anos) para mostrar como as coisas chegaram a esse ponto. [Nascimento:] Só que tem muito intelectualzinho de esquerda que ganha a vida defendendo vaga***.
“O intelectualzinho de esquerda” foi inspirado por Marcelo Freixo. [Marcelo Freixo:] Ele falou: “Cara, eu vou fazer o ‘Tropa 2’. ” Eu falei: “Po**a, Zé, vem mais polêmica aí, cara?
” Aí ele falou: “É, mas é baseado em você. ” Freixo aparece no filme sentado na plateia e assistindo atentamente. [Marcelo Freixo:] Aí a gente ajudou no ‘Tropa 2’, ajudou no roteiro.
A palestra de Fraga é interrompida para ele ajudar na negociação de uma rebelião. [Fraga:] Se eu entro de coleta lá dentro Coronel, eles não vão confiar em mim. Interessante, porque para os criminosos, Fraga era uma garantia de segurança, um verdadeiro “colete” humano.
Essa sequência foi gravada em tempo real, com Nascimento se comunicando com Matias ao vivo, tudo acontece simultaneamente. Ou seja, as imagens nos monitores não eram gravações. [José Padilha:] O Matias fazia a cena toda lá dentro filmando com as ‘câmerinhas’ que eu capitava no monitor.
No outro monitor o Beirada tentando arrombar a porta do terceiro comando. No outro Fraga entrando. A gente vai tentar coordenar isso tudo numa ação só.
Não dava para filmar em um presídio real, então eles construíram Bangu 1 em um set. O que levou dois meses. Após controlar a situação, Matias desobedece Nascimento e executa o bandido.
No fim, quase tudo deu certo. [Nascimento:] '‘direitos humanos’ escrito em inglês e manchado de sangue. Com a repercussão negativa, o governador pensa em exonerar Nascimento.
[Nascimento:] Só que pro povo parceiro: “bandido bom, é bandido m**”. Entre os que aplaudem está Rodrigo Pimentel, uma das inspirações para Nascimento. Pimentel foi corroteirista do primeiro filme e, junto com José Padilha, criou o argumento de “Tropa de Elite 2”.
Se não ficou claro o suficiente, o ‘Mira geral’ foi inspirado no ‘Balanço geral’ e o ator imitou alguns trejeitos do apresentador Wagner Montes. [Fortunato:] Fecha imperador. Seria uma brincadeira com seu papel famoso como imperador D.
João VI em ‘O quinto dos infernos’? Se o eleitor vê Nascimento como um herói, o governador concorda. [Nascimento:] Só que eu não cai pra baixo, parceiro, eu cai pra cima.
Nascimento troca a farda do BOPE pelo paletó, e vira subsecretário de inteligência. José Padilha destaca a transformação de Nascimento para o lado político, focando o delicado nó da gravata. Na minha interpretação, essa imagem pode ser vista de duas formas: como uma forca, simbolizando os riscos do novo cargo, ou como a morte simbólica de sua antiga identidade, um verdadeiro 'reNascimento'.
Essa dualidade fica clara quando ele é filmado através do espelho, um recurso que retorna quando Matias questiona a identidade de Nascimento. [Matias:] A única coisa que vai mudar com o senhor lá dentro da secretaria, é o senhor mesmo. Enquanto Nascimento ‘cai pra cima’, Matias ‘cai pra baixo’.
[Fábio:] Que satisfação Aspira. Ele é expulso do BOPE, e vai para o batalhão de Fábio, quem ele e o Neto salvaram no primeiro filme. Lá os corruptos se sentem ameaçados pela presença do ex-caveira.
Mas, como sugeriu Matias, ele cai atirando. [Matias:] Mas se é para a gente cair, é melhor a gente cair atirando. E chama uma repórter para criticar o governo.
O resultado? 30 dias de cadeia. Atenção batalhão, sentido!
Boa transição! Para evitar o que aconteceu no primeiro filme, onde a versão final não tinha quase nada a ver com a filmada. Desta vez o diretor trouxe o montador Daniel Rezende para o set, para ouvir suas opiniões durante as filmagens.
Algo raro no cinema. [José Padilha:] Tem uma regra no cinema, que o montador não deve ir para o set. E a gente gosta de quebrar regra, né.
Com o novo cargo, Nascimento traz investimentos para o BOPE, e enfraquece o tráfico nas comunidades. Reconhece esse membro do BOPE? É o músico Dudu Nobre.
Ele pediu para participar do filme, precisou perder 12 quilos e passar pelo treinamento do BOPE. Não demorou para que o vazio deixado pelo tráfico fosse preenchido por policiais corruptos. [Rocha:] Quem disse que a comunidade é tua?
Uma referência direta a Cidade de Deus: [Kikito:] Quem disse que a boca é tua, zé? Ambos os filmes compartilham roteirista e editor. E a referência se torna mais interessante quando você percebe que o ator que faz o dono da comunidade é o mesmo que, quando criança, disse essa fala para o Zé Pequeno.
Rocha usa a mesma frase com Fábio: [rocha:] Cada cachorro que lamba sua caceta. Não, pera, essa frase: [Rocha:] Quem foi que disse que o comando é teu? Enfatiza que, no fim, traficantes e milicianos são a mesma coisa.
[Rodrigo Pimentel:] Nada difere mais a milícia do traficante. É interessante notar que enquanto aqui, vemos a milícia esculachar os moradores, uns 2 anos antes, a Globo exibiu uma novela que enaltecia a milícia. [Rodrigo Pimentel:] A novela “Duas Caras” era o Antônio Fagundes.
Ele interpretava um miliciano de uma favela do Rio de Janeiro, mas ele não andava armado. Ele protegia os moradores e ajudava todo mundo. Essa novela espalhou para o Brasil a ideia de que a milícia era aquilo.
[Em quatro anos, o sistema tomou conta de quase toda a zona oeste do Rio de janeiro] Essa é uma das poucas cenas com grua, está espécie de ‘guindaste’. Quase todo o resto foi filmado com câmera na mão. Por que filmar assim?
Para dar dimensão da comunidade… [Lula carvalho:] E revela o tamanho daquela comunidade. E aquelo ali justifica, porque aqueles caras estão querendo tomar conta daquele lugar. Imagine que cada comerciante, cada morador de cada uma dessas casas pague taxas para eles, é um lucro absurdo.
[Fraga:] Você paga para ela te proteger dela mesma. São uma evolução dos flanelinhas. [Na prática é isso, milícia é máfia] Percebeu como descrevem a milícia?
“máfia”. Não é coincidência que os envolvidos se chamem de ‘padrinho’ Como naquele famoso filme sobre a máfia de Francis Ford Coppola. [Padrinho] Até usam técnicas de execução bem mafiosas.
A história continua quando a milícia rouba armas de uma delegacia para incriminar bandidos e forçar o BOPE a “limpar” aquela área. Dessa forma, a milícia assume o controle e o governador ganha mais um curral eleitoral. Um pequeno detalhe: note o santinho de campanha.
Olha a cor da gravata, eles já mudaram o material de campanha. [Governador:] Ficou ruim, olha essa gravata. [Nascimento:] O Rocha foi chamar justo o Matias para trabalhar com ele.
Matias detém o dono do morro e tenta descobrir onde estão as armas roubadas da delegacia. Rocha aparece, passa o dono do morro e depois Matias. [Milhem Cortaz:] A cena de um cara m*t** um amigo meu na minha frente, e eu seria incapaz de fazer alguma coisa naquele momento, é duro.
Batista, agente do BOPE que inspirou Matias, explica o motivo da morte do personagem. [Batista:] parece que a empresária do André Ramiro, enchia muito o saco do Padilha. E queria muitas coisas, que ele se viu na encruzilhada de m*t** a peonagem para se livrar da empresária, que perturbava ele o tempo inteiro.
Parece uma escolha estranha, já que não havia planos para uma sequência. Mas matar Matias é matar a esperança, o mal vencendo o bem, deixando o espectador desolado. E serve para aumentar a tenção do espectador para o atentado do Nascimento, ninguém está a salvo.
A morte de Matias reflete a de Neto. O tiro pelas costas. A cena de Nascimento chegando em casa é igualzinha uma do filme anterior.
O funeral. Com um detalhe: desta vez, é a bandeira do Brasil que vai sobre a do BOPE. Simbolizando que sua identidade como cidadão Brasileiro estava acima do BOPE.
Ou a força que da política exerce nas forças de segurança. No enterro, estão os caras que trabalharam com Neto na oficina. [Fábio] Esqueceu po***?
Quem quer rir, tem que fazer rir. Essa referência à pequena participação de Sandro Rocha no primeiro filme. [Rocha:] Quem que rir, tem que fazer rir.
Foi algo que surgiu durante a gravação. [Milhem Cortaz:] E aí, tinha uma frase final que eu falava: “Amigo, se vira aí, faz alguma coisa” aí o Padilha, num dos últimos takes me chamou e disse assim: “devolve pro Sandro, a frase dele no 1. Repare na maleta de dinheiro.
É a mesma usada para pagar o material de campanha do governador. Acredito que não seja apenas reutilização de cenografia. Ela está lá para o espectador rasteá-la, mostrando o destino do dinheiro sujo, financiando políticos corruptos.
[Nascimento:] E a milícia provavelmente ia tostar a coroa no micro-ondas. Microondas, lembra? É aquela técnica de execução dos traficantes, que vimos em Tropa de Elite 1.
Agora, quem aplica são os milicianos, mostrando que no fundo, são todos iguais. A jornalista continua investigando as armas roubadas, através duma dica do delegado ela chega até a milícia. Ela engana a dona da casa onde os milicianos estão e encontra material de campanha do governador.
Então liga para Fraga, mas é surpreendida pela milícia. O arco da jornalista foi inspirado num caso real. [Rodrigo Pimentel:] Uma jornalista numa reunião de pauta: “Vamos investigar uma favela de milícia chamada batam?
E ela alugou uma casa na favela, exatamente como no filme. E um dia Bola, ela comprou uma garrafa de água mineral. O miliciano olhou e falou: ”Opa, tomo mundo aqui toma água de bica”.
Até o nome do jornal onde ela trabalha parece ser inspirado no jornal ‘O Dia’. [Rodrigo Pimentel:] O jornal o dia tentou infiltrar uma jornalista no Batam. Quando Rocha inspeciona o celular da jornalista, há um easter egg de Carmen Levy, que trabalhou na continuidade de "Tropa de Elite".
Beto? É o Nascimento? Bem.
. . é um nome comum.
Nascimento consegue uma fita com a conversa entre Fraga e a jornalista. Logo os corruptos ficam sabendo, mas, a bola da vez não é Nascimento. [Fraga era a bola da vez ] Alguns filmes em cartaz conversão com Tropa de Elite 2: Z - A Orgia do Poder, é um filme político sobre corrupção sistêmica.
A Confissão: trata de tortura e abuso de poder. Também aparece ali: Hanna K, Amém, Éden is West. Durante o atentado, o filho de Nascimento é atingido.
Deixando o Coronel com sangue nos olhos, então para o deputado em uma blitz e enche ele de porrada. [José Padilha] Parte do público se levanta no meio da sessão e aplaudem quando nascimento bate no político. Com a morte da jornalista, Fraga consegue abrir sua CPI.
[Marcelo Freixo:] E saiu ‘Tropa 2’ que é baseado no trabalho na CPI das milícias. Esses grupos controlam o sistema de vans. Chegamos à cena inicial do filme, onde tentam eliminar Nascimento antes de seu depoimento.
Sem sucesso, Nascimento depõe na Alerj. [A PM do rio tem que acabar] E aqui há um ponto interessante, a narrativa faz com que os opostos, Fraga e Nascimento se unam no final do filme em um único objetivo, lutar contra a corrupção. Fraga serve como um contraponto direto a Nascimento, o oposto dele, representando ideias de esquerda.
Isso fica claro no cenário ao seu redor, cheio de referências a Chê Guevara, MST, Fidel Castro, e Marighella. [José Padilha:] A ideia é que o Fraga e o Nascimento terminam juntos lutando contra uma mesma coisa, mas, nem o nascimento vira de esquerda, nem o Fraga vira de direita. O pessoal protestando?
Não são meros figurantes. [Daniel Rezende:] São várias pessoas que estão segurando cartazes, estão segurando panfletos, são na verdade, mães pais, parentes de pessoas que morreram por causa da milícia, na mão da milícia. O discurso do Nascimento deveria ser bem menor.
[Daniel Rezende:] O roteiro ia até ele dizer que a polícia tinha que acabar… [Nascimento:] A PM do Rio tem que acabar. [Daniel Rezende:] . .
. aquele texto todo foi escrito pelo zé e pelo Wagner uma noite antes de a gente filmar. A câmera se afasta de nascimento, representando a reverberação do seu discurso, que sai da boca de um homem mas alcança proporções maiores.
Por causa do depoimento, rolou uma queima de arquivo. [Fábio:] tira o ouro, e põe na ancora essa ****, aí. A âncora que ele menciona é um bloco de concreto, para o corpo não flutuar.
Fábio se torna líder da milícia. O corpo de Rocha demonstra como esses caras são tão descartáveis quanto os chefes de morro, um mal necessário para eleger políticos corruptos. [Nascimento:] Entra governo e sai governo e a corrupção contínua.
O filme termina com a bandeira brasileira triste, cansada e envergonhada, escondida atrás do mastro. [Irandhir Santos:] Uma bandeira brasileira murcha. Pendurada, Murcha.
[Seu Jorge:] A bandeira não tremula. Ela se esconde atrás do pau. Enquanto o primeiro Tropa de Elite finaliza com um tiro na cara do bandido, Tropa de Elite 2 tem um inocente abrindo os olhos.
Abrir os olhos da sociedade para o verdadeiro inimigo, é um dos propósitos do filme. [Wagner Moura:] No primeiro a gente termina com um tiro, no segundo a gente termina com um garoto abrindo o olho. ] Para evitar toda a pirataria que aconteceu com o primeiro, José Padilha tomou precauções.
Colocou câmeras e seguranças nas salas de edição. Não finalizou o filme em digital. [José Padilha:] Não existe filme digital.
Só tem em película, então pro cara piratear ele vai ter que invadir o laboratório, pegar sete rolos de película, comprar um telecine que custa uns 2 milhões de dólares. Muito trabalho e muito caro. [José Padilha:] a gente fez um master digital, sói do filme, sem som, e a gente colocou no cofre de um grande banco.
Tropa de Elite 2 finaliza uma trilogia. Sim, você não ouviu errado, uma trilogia! A trilogia começa com "Ônibus 174", que mostra como criminosos violentos são produtos da má gestão do estado.
[José Padilha:] Tudo que é para cuidar do pequeno marginal, acaba transformando ele num grande marginal. Padilha intercala cenas de Sandro Nascimento torturando as pessoas no ônibus com a tortura que ele sofreu do estado. [José Padilha:] O primeiro filme, o ônibus, é o estado criando criminosos violentos.
Tropa de Elite mostra como o mesmo estado cria um policial violento para enfrentar bandidos com ainda mais violência. [José Padilha:] O segundo filme, ‘Tropa’ é o estado criando policiais corruptos e violentos. Padilha dá ao protagonista o nome Roberto Nascimento para fazer um paralelo com Sandro Nascimento.
[José Padilha:] E esses caras se encontram na pista e tem os tiroteios que a gente convive. Tropa de Elite 2 revela porque o estado age dessa forma e porque é interessante para os políticos manterem esse sistema. [José Padilha:] Tropa de elite 2, fala sobre porque isso acontece.
Porque o estado administra tão mal? Fechando a trilogia, concluindo que o grande culpado é o estado. Isso fica claro quando Fraga protege Nascimento, como Chiquinha protegendo Seu Madruga.
[Fraga:] O coronel Nascimento foi covarde? Sim! Comandou todo massacre?
Sim! Mas quem manda na polícia é o governador. Enquanto parte do público considerou ‘ônibus 174’ de esquerda, e Tropa 1 de direita.
Em Tropa de Elite 2 Padilha tenta esclarecer que não é questão de ideologia. [José Padilha:] Eu tinha um personagem de direita e um de esquerda, e no final tinha uma CPI onde eles trabalhavam juntos. Eles entendiam o seguinte: olha, a violência urbana e o mecanismo não são ideológicos, eu só estava dizendo isso.
[José Padilha:] Eu não consigo ter ideologia, se existe alguma discordância minha com o Wagner e co o Freixo, é porque eles tem ideologia. [José Padilha:] O Brasil é um estado que pratica tortura sistemática e ninguém se incomoda com isso, nem o pessoal da esquerda. .
nem o pessoal. . .
zero. Acontece que este problema influencia a politica de maneira radical. O sistema só serve ao próprio sistema.
Tropa de Elite 2 teve um investimento de aproximadamente R$ 16 milhões. O retorno foi impressionante, ultrapassando a bilheteria de R$ 100 milhões, tornando-se um dos filmes brasileiros mais bem-sucedidos de todos os tempos. E levou seu diretor a Hollywood, com o remake de Robocop e produções como Narcos.
Confira a análise do primeiro filme, link nos cards, ou de Cidade de deus. Grande abraço, até a próxima.