é bem eu sou Paulo Amarante sou Sul Capixaba sou médico super professor da Fundação Oswaldo Cruz escola nacional de saúde pública aposentado trabalhei 46 anos no serviço público e acompanhei em boa parte é todo o processo brasileiro daí da reforma sanitária da reforma psiquiátrica no movimento da luta antimanicomial movimento isso que começou em torno da minha demissão de um Hospital Psiquiátrico muitos anos atrás no final dos anos 70 e quando eu constante uma violência enorme de surda contra as pessoas internadas no Hospital Psiquiátrico no Rio de Janeiro e denunciei isso e acompanhei os olhos né
É gosto de lembrar que o datilografei o texto original do Sul escrevamos para Brasília em outubro de 79 no 1º Simpósio de política de saúde da câmara dos deputados e quando Sérgio Arouca leu a proposta do SUS e eu ir logo da seguida dele o primeiro diagnóstico sobre assistência psiquiátrica no Brasil que era horripilante né Nós temos quase cem mil pessoas internadas nos hospitais do Brasil é fundamentalmente o que se gastava no Brasil consultar é com psiquiatria Air em hospitais e pagamento financiamento de hospitais e apenas 3 em todo o recurso gasto em Psiquiatria e
apaga ambulatórios hospital-dia outras peças então fundamentalmente nós tinham um modelo absolutamente hospitalar asilar hospitalocêntrico seu temos que nós usamos na época e esse foi o cenário que encontrei e que me assustou muito a violência eo desrespeito com esse hospitais Um dos pacientes ficavam sem roupa né eram amontoados em grandes salas dormiu no chão o que se falava que eram leis do chão quero um eufemismo uma ironia não cinismo para lá das pessoas que não tinha nem cama pênis do vídeo dormiu no leito chão leitos que tinham duas três pessoas e algumas enfermarias juntavam as camas
de tal maneira e colados para que pudessem dormir colados e se quantidade três funcionário que nós encontramos e que me marcou muito mudou a minha vida eu como médico deixei de querer que ficar fazendo psicanálise ou consultório e comecei a trabalhar na mudança dessa realidade me engajei nisso ao mandar uma carta para o início Fui demitido outros colegas foram demitidos juntos nós conversamos até o movimento Trabalhadores de saúde mental que depois de origem ao movimento Nacional da luta antimanicomial e o movimento da reforma psiquiátrica isso tem a ver com toda essa mudança nós começamos a
falar é a lutar contra que ela institucionalização o abandono EA exclusão a violência contra os pacientes psiquiátricos mas não tínhamos Como fazer uma outra coisa no início nativo Como denunciar e a questionar Aquele modelo bom e como decorrer do tempo nós somos amadurecendo E começamos a poder fazer outras práticas é outras formas de cuidado isso começou a se constituir nesse processo que hoje nós chamamos de saúde mental e atenção psicossocial reforma psiquiátrica e outros outros termos Quais foram as questões e que tem a ver com todo esse trabalho que nós estamos aqui participando O que
é da reforma psiquiátrica das práticas inspiradoras e saúde mental começamos a questionar Aquele modelo EA justificar argumentar que era possível outra coisa boa parte aquilo que nós falávamos que era a institucionalização ou a psiquiatria ização dizia respeito a boa parte a situação que as pessoas viviam dentro dos hospitais psiquiátricos não é decorrente das suas doenças é a psiquiatria tradicional dizia que o texto no metal a doença mental era uma doença crônica degenerativa incapacitante e evolutiva Ou seja a pessoa tinha não tinha tratamento não tinha melhora o jeito era retirá-la da sociedade interná-la em instituições em
geral para o resto da vida que hora comum na década de 70 década de 80 quando a gente tem um dos hospitais que encontrará pessoas há 60 anos internados Então você fica internado para tratar uma doença nos próximos 60 anos esse local no local de tratamento que o local de exclusão né é um local de segregação de uma resposta que a sociedade não consegue dar para isso jeito diferente não tem casa não tem trabalho não tem não não sabendo comunidade maneira diferente e e por outro lado dizes que essa doença era crônica evolutiva nós começamos
a ver com uma pessoa que fica um ano 2 anos 3 anos 10 anos numa instituição isolada ela perde o realmente capacidades ela perde habilidades e acaba essa perda produzida por uma violência de afastamento da sociedade pela perda de Direito de possibilidades acabava sendo justificada como centro causa da doença causada pela doença então nós começamos a questionar ISO e a aprocura de um mostrar que boa parte daquilo se atribui a doença na verdade era atribuído a institucionalização a psiquiatria ização a medicalização a forma como nós lidamos retirava mesma coisa pode acontecer com mulher se dizer
que a mulher é inferior é um sexo O que é frágil e sete retira as condições materiais de possibilidades histórico de educação de formação de trabalho dela então ela se torna frágil não porque o sexo é frágil gênero é frágil Mas é porque as condições materiais criam a fragilidade mesma forma que podemos falar que populações indígenas povos originais e outras situações e de raça de etnia etc Então essa é a nossa questão começamos a questionar esse modelo e era preciso mostrar que era possível fazer de maneira diferente então aí esse processo de institucionalização de patologização
Originalmente nós chamamos de medicalização esse termo medicalização ele foi muito útil é muito útil mas ele começou a ser confundido é ser restrito então eu sempre chama atenção o que o termo medicalização para muitas pessoas remédio duas ideias erradas no sentido não que elas são totalmente errado mas ela reduzem a possibilidade maior de falar da sua desse conceito medicalização um que o problema ligado à médico só é como se fosse o problema da piscina de médico então você pode medicalizar também com a psicanálise pode me ajudar com a psicologia se pode medicalizar com a nutrição
as pessoas hoje no come banana porque gosta de banana eu acho que o balão de ter potássio então digamos é uma relação com essa ideia ela andam elas andam no porque boa gostosão da na praia numa lagoa numa uma pizza mas é porque aumenta o colesterol bom diminuir o colesterol ruim então não que isso seja errado mas eu tô demonstrando como um por cento de medicalização ele e a outra ideia errada reduzida de multiplicação a medicamentos de pessoas acham que prescrever o que pode ser uma consequência da medicalização né mas fazer uma cirurgia fazer o
tratamento considerar que um problema a gravidez por exemplo um problema médico é gravidez uma uma experiência humana e da né as fêmeas da mulher então é ela tem que ser ligada de uma maneira específica de frente mas não é uma condição patológica assim como a velhice e certo ele certo então o termo medicalização ficou pouco prejudicado nesse sentido mas Originalmente o que que é medicalização é a transformação da forma como nós lidamos com alguma coisa da vida é a partir exclusiva ou predominantemente da Visão médico-científica ao se lidar com o problema é seu problema de
medicina então se eu tenho sim a última problema médico às vezes eu vou achar que a insônia é porque eu preciso de um médico preciso de um remédio que eu disse que o medicamento é na verdade o que eu tô desempregado é porque eu tô numa crise financeira porque eu tô numa crise emocional uma perda o luto importante na minha vida né um dilema numa situação de crise e tudo mais então essa ideia e nós começamos ao mostrar então que essa medicalização excessiva da vida né de dar tudo pelo aspecto médico pela ciência médica E
aí psicológica e psiquiátrica dissesse acabava levando uma grande patologização e que é isso tornar o problema da vida uma doença então a criança hoje mas agitava as pessoas falam que atenderá que eu estou no deve de atenção e hiperatividade nem tão a criança não pode ser mais elevado não pode ser arteira ao ser questionado Dura O que é natural da infância porque as pessoas começam a criança dificuldades de lidar com isso né no mundo atual moderno que existe peça que exigem dos Pais os pais a família está mudando muito a família tá menos em casa
a mulher pela sua condição tá saindo de trabalhadora do lar para trabalhar fora com quem fica aqui nós como fica a criança então a dificuldade das mudanças sociais da estrutura familiar do suco do trabalho dos último urbana da mobilidade urbana excesso fazem com que a criança sofra né E mude E aí se apega o computador e se apega uma televisão e faz vou botar mesmo que antes considerados naturais da infância desenvolvimento começam a ser patologizado e também medicalizados meio deprê metalizados prescritos farmacologia usado né então hoje é é uma criança de 8 anos 10 anos
que não esteja sendo medicada em cada vez mais nós estamos encontrando crianças mais novas crianças da unidade pré-escolar já diagnosticadas com distúrbios mentais contexto dos metais os professores já mando para o médico já com diagnóstico as mães mandam para o médico já com diagnóstico então há todo um processo de mudança né da da ideia de dívida da normalidade da vida que vai ser do patologizado e isso transformou muito a psiquiatria especificamente nos últimos anos nós antes então tá certo que a questão do medicamento seja uma questão muito importante como eu falei que não é medicalização
não se reduzem medicamentos eu não se reduz mas é um tema muito importante porque primeiro e nós temos uma numa política de saúde né a política de saúde do SUS das estratégias de saúde da família da Saúde Mental e atenção psicossocial em que as pessoas precisam de orientações por exemplo uma pessoa obesa uma pessoa idosa uma pessoa diabética uma pessoa hipertensa ela precisa de medicamentos e muitos casos Mas vamos carga precisa mudar o Zap dele Metralha para você me dá o Zap do dia a dia as relações que ela tem com a família com trabalho
existe uma série de outras questões que o médico profissional de saúde equipe tem que orientar a pessoa para que ela não seja só eu sou hipertensa eu vou tomar anti-hipertensivo né ela tem que mudar hábito tem que mudar a vida tem que mudar a forma de lidar com os problemas da vida e não só medicamento Mas acontece que na virada e no céu o telhado 20 o século 21 especificamente né no exterior a política de saúde começou a ter uma o contraponto interno que a produção de medicamentos que antes vinha atender a política de saúde
a necessidade de saúde a prescrição médica orientação ela começa a tomar uma certa dimensão Indústria Farmacêutica começam uma das maiores indústrias do mundo junto com a indústria médica né de armamentos com outras com outras áreas do Capital Equipamentos Médicos etc que a indústria é tanto de medicamentos quando de Equipamentos Médicos diagnósticos cirúrgicos começa a virar a o a colocar o carro na frente dos Bois des o interesse em vender remédios o que fazer exame que você não vai no médico hoje o médico examinou clinicamente apalpa perguntas sobre a vida o médico já pede um exame
porque o que aquele quipamento de ultra-sonografia e ressonância magnética outro qualquer ele é muito caro o hospital que comprou tem que ter o retorno daquele equipamento Então as pessoas começam a pesquisar e ver exame diagnóstico de uma maneira excessiva e começa a substituir a clínica por exemplo nos Estados Unidos escolas de medicina estão sendo comprados por empresa de informática né Isso é uma questão curiosa porque você começa a ver o homem que tá tendo uma invenção na própria Clínica Médica então a questão dos exames a questão dos medicamentos também né então a ideia não é
vender o medicamento para as pessoas que têm problemas a ver de vender medicamentos para ampliar o mercado então uma política de mercado Começou a tomar lugar de uma política de medicao de uma política de saúde risco de mercado de medicamentos começa a assumir a frente da política de saúde as pessoas começam a prescrever a medicar então todo mundo repara que os cinemas estão virando julgares né hoje você passa no quarteirão em alguns bairros no Brasil inteiro você de cinco seis farmácias Grandes Lojas até bancos estão é tão virando drogarias fazendo farmácias né Então esse é
um momento importante da vida que a gente tá vendo de medicalização de patologização de inversão de valores lá que é decidido que o nosso trabalho alternativo de pensar saúde mental o sendo é transtorno mental né no sentido de que é o contrário de saúde mental saúde mental com produção de vida com produção de possibilidades com produção de outras formas de lidar com as questões do dia a dia daí a importância em criar atividades que sejam fora da área de saúde enquanto importante as pessoas participarem de um grupo de caminhada e o grupo de música de
um coral de um grupo de teatro dia da reunião do bairro de fazer uma série de outras coisas que podem não parecer pela ideia tradicional de saúde né pessoa está com depressão que tá com outras situações ela pode ter um resultado muito bom viu organizando a sua vida o seu cotidiano do que ficar tomando o remédio né que Aliás hoje nós sabemos existem pesquisas que demonstram que os antidepressivos O que são os medicamentos mais prescritos no mundo inteiro quase todo mundo tá tomando antidepressivo os antidepressivos primeiro não são superiores que outras formas de tratamento dos
vidros não médicos eu não psicológico mas os antidepressivos tem um mesmo é feito mais ou menos que uma psicoterapia que uma orientação familiar e uma ioga que uma prática de massoterapia uma prática coletiva A pessoa entrar no grupo de música para um coral entrar no grupo de teatro não são superiores de Pesquisas muito bem folgada científicamente acompanhada durante muitos anos segundo que essas drogas as substâncias né os antidepressivos que causam dependência e um descaso muito mais graves que ia chamar a Francis ilícitas a gente fala tanto das drogas as drogas e esquece que a Drogaria
vem e o nome que o remédio é droga as drogas psiquiátricas ou do pescritos de uma Lilian equivocada sem o tempo preciso elas causam dependência uma dependência muito difícil de ser tratado é muito comum com esse ver as pessoas tomando o medicamento e querendo largar e tendo dificuldade e quando começam a pensar em largar ele tem uma uma volta da doença a gente fala uma recidiva da doença na verdade é uma síndrome de abstinência que ela tá tendo ela tá tendo um sintoma da falta do medicamento cuja é tu já resposta do do organismo é
causar uma nova uma uma nova forma de apresentação daquilo e vamos o transtorno a doença e quer então a síndrome de abstinência dos medicamentos psiquiátricos é muito grave existe poucas pessoas orientadas para isso não reconhece e sabemos então que os tratamentos não medicamentosos tem uma grande eficácia bem Então é eu quero ir me dispedir E agradecendo a atenção de todos e todos dizer que para mim foi muito importante poder estar participando desse processo desse encontro né E que a minha expectativa tem tenha sido o inspirador né Para que estimule outras formas outros pensamentos outras práticas
né que a gente possa lidar com essas questões de uma maneira diferente eu sempre disse assim e o nosso intuito é como falei não é só mudar o modelo o essencial é também mas é transformar a relação que a gente tem com as pessoas que a gente considera doente com transtorno diferente diversas e tudo então esse movimento todos os processos da saúde mental da reforma psiquiátrica é fundamentalmente uma uma transformação da nossa relação com o mundo é eu muito humildemente digo assim que nós temos como princípio mudar o mundo a gente muda o mundo assim
muda mudando muita falando pensando diferente na nossa relação cotidiana para nossa família com nossos amigos não aprender nosso marido O nossos pais não é com nossos vizinhos é um dia do que a gente conseguir mudar essa relação entendeu Mais o outro entendeu o outro na sua diversidade é isso que a gente tá fazendo nós vamos patologia usar menos nós vamos é isso ou menos nas vamos ter mais formas mais força mais animais alma para viver com as pessoas e também e vive Cidinho que elas estão vivendo com a gente de maneira diferente é E aí
[Música]