Um bom dia a todos vocês, meus irmãos! Sejam muito bem-vindos. Façamos a nossa oração inicial e a nossa meditação deste dia em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Amém. Pai Nosso, que estais nos céus, santificado seja o vosso nome; venha a nós o vosso reino; seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje; perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido; e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.
Amém. Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco; bendita sois vós entre as mulheres, e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte.
Amém. O Senhor Todo-Poderoso nos abençoe, nos guarde, nos livre de todo mal. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Amém. Muito bem, meus caros! No dia de hoje, então, daremos prosseguimento aqui ao nosso estudo, à nossa meditação.
Hoje entramos aqui no parágrafo 5º, né? Do Caminho de Perfeição, no Capítulo 19. Santa Teresa nos diz: "E se for água que chove do céu, ela o abafa ainda menos, pois não são contrários, tendo uma mesma origem.
Não tenhais medo de que um elemento faça mal ao outro, pois, em vez disso, eles se ajudam mutuamente, porque a água das lágrimas verdadeiras, que são as que procedem de uma verdadeira, sendo dadas de fato pelo Rei do céu, ajuda a atiar ainda mais o fogo e faz que dure, enquanto este a ajuda a refrescar. Ó, valha-me Deus! Que coisa tão bonita e tão maravilhosa é o fogo refrescar, pois assim é, chegando a gelar todas as afeições do mundo, quando se une à água viva do céu que vem da fonte de onde procedem as lágrimas de que falei.
Lágrimas são dadas e não adquiridas por nosso engenho. Assim, é bem certo que esse fogo não deixa calor em nenhuma das coisas do mundo, impedindo a alma de nelas se deter, a não ser que possa incorporar esse ardor ao seu ser, pois é da natureza do fogo de que falo não se contentar com pouco. Se pudesse, ele abrasaria todo o mundo.
A outra propriedade é limpar o que não está limpo. Se não houvesse água para lavar, o que seria do mundo? Sabéis que essa água viva, essa água celestial, essa água clara, quando não está turva, quando não tem lama, mas cai do céu, é limpa como nenhuma outra coisa.
Ela o é a tal ponto que, se bebermos dela uma única vez, tenho certeza de que deixa a alma clara e limpa de todas as suas culpas, porque, como está escrito, Deus não permite que se beba dessa água, pois não está em nosso querer sorvê-la, por ser uma coisa muito sobrenatural essa divina união. E se não for para purificar a alma, deixando-a limpa e livre do lodo e da miséria nos quais, por suas culpas, está mergulhada, os outros gostos que vêm do intelecto, por mais que façam, trazem a água que corre pela terra, que não é bebida junto à fonte. Nunca faltam, neste caminho, coisas sujas em que a água se detenha, razão porque não se chega tão pura nem tão limpa.
Não chamo esta oração, que como eu digo vai discorrendo com intelecto, de água viva, porque, por mais que nos esforcemos, sempre se apega à nossa alma alguma coisa indesejável do caminho, ajudando nisso este nosso corpo e a nossa inferioridade natural. Explicando melhor, pensamos no que é o mundo e em como tudo se acaba para menosprezá-lo, mas quase sem nos dar conta, vemo-nos envolvidas em coisas suas que nos agradam e desejando nós fugir delas. Pensar sobre como foi, como será, sobre o que fiz e o que farei sempre nos perturba um pouco.
Assim, refletindo sobre o que é necessário para nos livrar disso, às vezes nos pomos outra vez em perigo. Não que devamos deixar de fazer isso, mas é preciso fazê-lo com temor, sendo vital não andar descuidadas. Aqui, o próprio Senhor toma esse cuidado, pois não quer nos deixar entregues a nós mesmas.
Ele tem a nossa alma em tal conta que não lhe permite envolver-se em coisas que a possam prejudicar no período em que a quer favorecer, pondo-a logo junto a si. Ele lhe mostra num átimo mais verdades, dando-lhe um conhecimento mais claro do que são todas as coisas, do que poderíamos obter na terra em muitos anos. Porque, como não temos a vista desimpedida, o pó nos cega à medida que vamos caminhando.
Aqui, o Senhor nos conduz ao fim da jornada sem que entendamos como. Então, paramos aqui no final do parágrafo 6º do Capítulo 19 do Caminho de Perfeição e amanhã seguimos do Capítulo 8 em diante. Perdão, do parágrafo oitavo em diante.
Mas aqui eu retorno ainda um pouquinho, né? [Música] Na nossa leitura de ontem, no finzinho dela, Santa Teresa fala da oração contemplativa, dizendo que, quando a alma vai chegando à oração contemplativa, que é uma graça que Deus dá, e aquilo que temos dito já nos últimos dias, alguns rezarão melhor com a oração vocal, porque não conseguem manter a atenção, sendo que a memória, a consciência e a vontade parecem um cavalo sem freio. Então, para alguns, a oração vocal manterá a alma mais vigilante.
Para uns, isso exigirá um treino de muitos anos, para que, depois de dominar esses cavalos, se consiga então uma oração mental com uma qualidade melhor. Ou seja, falar com Deus, se sentar, parar, concentrar e falar com Deus, só com Deus, que é oração mental. Outros já avançarão um pouquinho mais rápido, já passarão da oração vocal para a mental mais facilmente, porque são pessoas que se concentram mais.
Isso tudo aqui, nós estamos falando de que. . .
Características humanas estamos falando de características, inclusive de personalidade, de memória, de consciência. E, a partir disso, é claro, a graça de Deus vai agindo, e cada um de nós pode corresponder à graça de Deus de um modo diferente. Mas, depois de conquistada essa oração mental, é possível que alguns comecem a trilhar esse caminho de humildade e desapego das coisas do mundo.
E, na medida em que o coração dessas pessoas for se desligando das coisas do mundo, isso não significa que nós vamos viver fora do mundo; pelo contrário, a pessoa vai continuar vivendo no mundo, com suas preocupações, com suas coisas, mas já com o coração desapegado. Assim, a pessoa vai atingindo aquele estado em que, se ela tiver uma coisa, está bom; se ela não tiver, também está bom, porque o coração já não se perturba com essas coisas. Atingindo esse ponto, se for vontade de Deus, desejo de Deus, Deus começa a ajudar esta alma a atingir o quê?
A contemplação. É essa água viva que Santa Teresa fala na nossa meditação do dia de hoje. Essa água viva é uma graça que Deus dá, e Santa Teresa fala, inclusive, a respeito das monjas dela, dizendo que, tão pobres e tão ignorantes como somos, Deus nos dá uma graça que, por nós mesmas, não atingiríamos ou levaríamos muitos anos para atingir, que é o entendimento das coisas de Deus.
E, aí então, Deus vai dando a graça da oração contemplativa. Santa Teresa coloca aqui dois pontos interessantes que são fundamentais pra gente entender, inclusive, a veracidade material do que aconteceu na vida de tantos santos da Igreja. Porque, às vezes, nós lemos a história da vida dos santos, olhamos para a história da vida dos santos e não entendemos que existe uma, entre aspas, mecânica da santidade.
Esta mecânica da santidade pode ser conhecida; nem todo mundo vai alcançá-la, nem todo mundo vai passar por ela, mas existe um funcionamento destas coisas. E Deus, que interessante, colocou isto que é sobrenatural atrelado àquilo que é natural. E aquilo que Santo Tomás de Aquino dizia: a natureza supõe a graça.
Deus age na natureza humana e, aí, Santa Teresa vai dizendo que estes místicos, que alcançam a oração contemplativa, passam a ter domínio até mesmo sobre as coisas naturais. Então, isso explica; ela vai usar o exemplo de São Francisco, vai usar o exemplo de São Martinho, que realizavam até mesmo milagres através da sua intercessão, através das suas orações. E estes milagres às vezes moviam coisas físicas.
Ela fala, por exemplo, de São Francisco, que atraía para junto de si os pássaros. Em várias ocasiões na vida de São Francisco, milagres assim ocorreram, e ela vai dizer: mas por que isso ocorre? Porque o místico, aquele que na união contemplativa com Deus, consegue, de certa forma, ter um domínio sobre as coisas criadas.
E nós podemos entender que, de certa forma, quem atinge a oração contemplativa vai atingindo, com a graça de Cristo, não por mérito próprio; isso é coisa que Deus dá. Vai atingindo aquele domínio sobre as coisas criadas que Deus deu a Adão no Paraíso. Então, a graça de Deus, a salvação de Cristo, a redenção de Cristo se manifesta nas pessoas contemplativas de uma maneira excelente, a ponto de que essas pessoas têm um domínio sobre as coisas.
Santa Teresa usa também o exemplo de São Martinho, que através de alguns milagres demonstrou este domínio sobre as coisas criadas. Então, nós vemos nestes santos verdadeiros contemplativos. Estas pessoas recebem de Deus um conhecimento que podemos chamar de infuso das coisas.
A própria Santa Teresa não estudou; ela aprendeu a ler, aprendeu a escrever, mas ela mesma vai dizer que os irmãos tiveram uma educação formal, ela não. E, no entanto, ela demonstrou toda essa sabedoria. Tudo isso para nos dizer que nem todos nós atingiremos este tipo de oração.
Então, por que estudar, por que conhecer esse tipo de oração se nem todo mundo vai atingir? Pelo seguinte: mesmo que nós não atinjamos, nós podemos desejar, podemos admirar e podemos louvar a Deus pelos bens, dons e graças que Ele faz na Sua Igreja para o bem de todos. E assim é o céu.
Lá no céu, nós louvaremos a Deus e agradeceremos a Deus por aquilo que Ele fez de bom através da vida de tantos dos nossos irmãos. É o que nós chamamos de comunhão dos santos; é uma comunhão de amor e de caridade, onde todos amam a todos e todos se alegram com o bem presente em todos, pelo amor que têm a Cristo. Então, comecemos já nesta vida aquilo que será alegria lá no céu.
Que Nossa Senhora, nossa Mãe, nos ajude, nos inspire. À Vossa proteção recorremos, Santa Mãe de Deus; não desprezeis as nossas súplicas em nossas necessidades, mas livrai-nos sempre de todos os perigos. Ó Virgem gloriosa e bendita.
Amém. O Senhor Todo-Poderoso nos abençoe, nos guarde e nos livre de todo mal. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Amém. Louvemos a Deus pelo bem que Ele faz na vida dos seus santos. Bom dia e até amanhã, se Deus quiser!