4 GOLPES DE ESTADO QUE MUDARAM O BRASIL

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Politize!
Que a história do Brasil é marcada por golpes de Estado não é novidade para ninguém, mas como aconte...
Video Transcript:
Há quem pense que todo golpe de Estado é óbvio  e que ele sempre acontece da mesma maneira: tanque na rua, arma na mão e avisando  pra todo mundo que é golpe mesmo. Mas nem sempre é assim, e a história  brasileira - marcada por esse tipo de evento - nos mostra que nem todo golpe é igual! Só que pra entender a democracia  que a gente vive hoje, nada mais justo do que olhar pra trás e lembrar  que nem sempre as coisas foram assim.
No vídeo de hoje, a gente relembra  4 golpes de Estado que viraram o jogo e mudaram a história do Brasil pra sempre. O NÚMERO 1 É AQUELE FAMOSO: “Ser  golpe ou não ser, eis a questão! ” Golpe de 30, ou como muita gente chama por aí a  revolução de 30, foi o movimento que deu fim ao período da República Velha e abriu portas  futuramente para a tão famosa Era Vargas.
Só que esse bafafá de golpe e revolução ainda  confunde a galera nas aulas de história. Se falar em revolução traz todo  aquele impacto simbólico e ideológico, um movimento feito pelo povo e para  o povo, o golpe já dá a ideia de uma iniciativa ilegal e encabeçada por poucos  indivíduos que querem tomar o poder. Tudo começou lá na época em que a administração  do país girava em torno da política do café com leite – quando tinha aquele revezamento dos  paulistas e dos mineiros pela presidência.
Foi em 1930, quando era a vez de  Minas Gerais assumir a presidência, que o acordo foi quebrado. Washington  Luís, então presidente paulista, indicou um paulista – Júlio  Prestes – para assumir o cargo. E o resultado, é fácil de saber: os  mineiros não ficaram nada felizes.
Aliança rompida, Minas buscou apoio dos  gaúchos e dos paraibanos. Nascia, assim, em 1929 uma nova parceria: a aliança liberal. Desse acordo, os 3 estados da nova  aliança lançaram a chapa que iria disputar a presidência contra os paulistas na corrida presidencial de 1930 – o gaúcho  Getúlio Vargas e o paraibano João Pessoa.
A vitória de Prestes veio. Mas o que era para  ser o fim dessa história, foi apenas o começo. A Aliança Liberal se recusou a aceitar o  resultado das eleições acusando os paulistas de fraude na contagem dos votos.
Vale lembrar  que naquela época, o voto era indireto e o sistema de votação era pouco seguro, além de  predominar aquele famoso “voto de cabresto”. Os derrotados passaram então a  organizar uma conspiração militar que tomaria grandes proporções no dia 26 de  julho, quando João Pessoa, vice de Getúlio, foi assassinado pelo advogado e jornalista  João Dantas em uma confeitaria em Recife. O assassinato ocorreu por motivo  de desavenças entre as partes.
Só que não foi isso que os aliados de  Getúlio espalharam por aí. O burburinho nacional associava o assassinato  a Washington Luis e Julio Prestes. E foi assim que, com apoio militar, o movimento  de Vargas se multiplicou por vários estados brasileiros com a intenção de derrubar o então  governo e impedir que Prestes tomasse posse.
O grande entrave militar na verdade não  aconteceu. Antes mesmo, Washington Luís foi deposto e Getúlio Vargas assumiu o  poder, dando fim a República do Café com Leite e iniciando um novo momento  na história política brasileira. O NÚMERO 2 É CONHECIDO COMO  O CONTRAGOLPE DA DEMOCRACIA Ou melhor, o golpe que queria evitar um golpe.
O golpe em questão ocorreu em 1955,  mas a história de como o Marechal Lott gritou UNO primeiro para preservar  a ordem constitucional brasileira e evitar que outro jogador ganhasse a  partida começa um pouco antes disso. Depois de Vargas sair da vida para entrar  para a história, contam também os livros que grande parte da população do país se  comoveu e se colocou contra os opositores que vinham planejando tirar Getúlio do  poder, eleito democraticamente em 1950. Sim, mais um dos vários golpes que nunca  aconteceram, mas que foram quase.
Com a morte de Vargas, seu vice, Café Filho  assumiu o poder e passou a governar com a oposição, a UDN. Só que isso foi no último ano  do mandato, logo já haveria eleição de novo, era muito pouco para um partido que há  tanto tempo tentava chegar na presidência. Nesse cenário, sentindo-se em desvantagem, nasce  a proposta da UDN para anular as eleições de 55.
Mas, a ideia não foi pra frente. Com isso, em 1955, o PSD lançou JK  como candidato à presidência e a UDN o Juarez Távora. JK era governador de Minas e  considerado um herdeiro do legado Varguista!
O desespero para a oposição foi ainda maior quando  João Goulart foi anunciado como candidato a vice. JK e Jango levaram a eleição,  com 36% e 44% dos votos, respectivamente. Naquela época as eleições  para vice e presidente eram separadas.
Mas a disputa foi apertada o suficiente para  colocar, mais uma vez, a eleição em risco. A oposição passou a dizer que JK precisava ter  mais de 50% dos votos para se eleger, mas naquela época, ao contrário de hoje em dia, não havia  segundo turno e muito menos a regra do 50% + 1. O argumento era um pretexto  para a ofensiva golpista.
Dito e feito: no 1º dia de novembro, o  Coronel Jurandir Mamede veio a público para defender, para quem quisesse ouvir, a  realização de um golpe militar contra JK. No meio disso tudo, Carlos  Luz, presidente da Câmara, assumiu a presidência da República - já  que Café Filho teve que ser afastado por problemas de saúde. Importante dizer: Carlos  Luz também conspirava a favor do golpe militar.
Só que antes que nossa instável democracia  fosse de vez para o ralo, o Marechal Henrique Batista Teixeira Lott, então  ministro da guerra, deu um contragolpe. Lott mobilizou as tropas, que  tomaram o controle das unidades militares, e anunciaram a deposição de Carlos Luz. O presidente do senado, Nereu Ramos,  assumiu então o comando do país.
Nesse momento o Marechal entregava para o  congresso o poder, desarticulando o golpe, garantindo o princípio da  legalidade e a posse de JK em 1956. O NOSSO NÚMERO 3 DEU INÍCIO AOS 21  ANOS DA DITADURA MILITAR BRASILEIRA O famoso golpe militar de 1964. Se a história de como tudo mudou da noite  para o dia é mais que contada nos livros, os detalhes de como isso aconteceu  ainda são pouco conhecidos.
Em 1960, depois de tanto  varrer a corrupção por aí, Jânio Quadros assumia a presidência  do país, junto do vice, João Goulart. De partidos diferentes, naquele momento, a direita e a esquerda deveriam  dividir a administração do país. Com uma crise no governo, Jânio  tentou um autogolpe.
Ele renunciou esperando uma grande comoção para a sua  volta, mas o povo não comprou a ideia. Então, Jango, pela constituição, deveria assumir o  poder. Só que nesse momento, Jango estava na China tirando foto com Mao Tse-Tung, em missão  do governo federal.
A fama de comunista que o ex-ministro de Vargas tinha alarmou os  militares que não queriam que ele tomasse posse. Aí foi necessário muita mobilização  e manobra política para garantir que Jango pudesse assumir. Mas tanta manobra que  o Brasil deixou de ser presidencialista para se tornar parlamentarista por alguns meses. 
Só aí já dá pra contar um meio golpe, né? Quando finalmente Jango assumiu a  posse sob o regime presidencialista, o cenário provavelmente não era o que ele sonhava. Crise econômica, uma radical polarização política  e cada vez menos apoio no Congresso e nas ruas.
Tudo isso foi o conjunto perfeito para que os  militares junto com setores da sociedade civil, sob a justificativa de uma ameaça comunista,  conseguissem planejar a deposição de Jango. A ofensiva tomaria corpo no dia 31 de Março, e no  dia 2 de Abril o golpe realmente aconteceria. Você deve estar pensando que através dos militares,  né?
Mas, não, foi pelo Congresso Nacional. No dia 2 de abril de 1964, às 2h40 da  manhã, o Senador Auro de Moura Andrade declarou vaga a cadeira da presidência  da República, alegando que Jango havia deixado o país. Ele, a oposição e os  militares sabiam que era mentira - Jango estava em solo brasileiro, mas esse era  o pretexto para a oficialização do golpe.
Ao fundo na gravação é possível ouvir Tancredo  Neves chamando Moura Andrade de “canalha”. Poucos dias depois, o Marechal Castelo  Branco assumiria o poder prometendo novas eleições em 1966, que como você deve saber, nunca aconteceram e o Brasil viveria os  próximos 21 anos sob um regime ditatorial. .
O NÚMERO 4 É AQUELE QUE ACONTECEU  PRA PREVENIR UM GOLPE DE MENTIRINHA Acontece que 1937 reúne elementos que parece que  não saíram de moda no Brasil por muito tempo: Vargas, a tal ameaça comunista, uma  fake news gigante e um golpe de estado. O início de tudo foi o fim, ou o quase  fim do governo de Vargas. Com o mandato chegando ao fim, ele precisava convocar as  eleições e seguir a vida.
Democracia que fala, né! Era o que parecia estar acontecendo na  frente de todo o país, mas por trás, um grande golpe era planejado. Para os apoiadores militares do governo da época, instalar um regime ditatorial no comando de  Getúlio Vargas era a forma mais eficiente de evitar qualquer reviravolta  comunista no país.
Ou permitir que o movimento integralista conseguisse eleger  o favorito Plínio Salgado naquelas eleições. Além também de toda a expectativa econômica  no desenvolvimento da indústria de base. Getúlio defendia um projeto  que não cabia nos quatro anos de governo provisório e nos outros  quatro de governo constitucional.
Politicamente, os apoiadores  internos estavam bem convencidos da necessidade desse movimento. Mas  o que eles iam dizer pra população? É aí que entra o famoso Plano de Cohen,  um documento falso que afirmava existir no Brasil o plano de golpe comunista.
Claro que  para a narrativa ficar melhor quem estava por trás de tudo era a União Soviética. Foi isso  que foi apresentado para todos os brasileiros. Sem dúvida, o caos foi instaurado.
Os atores políticos e a grande mídia  sabiam que se tratava de uma fake news, mas mais uma vez: só era preciso um pretexto. Assim, com apoio de militares,  intelectuais e integralistas, Vargas suspendeu a constituição de 1934 e  fechou o congresso. Permanecendo no poder e iniciando o Estado Novo, a terceira,  mas não última, etapa da Era Vargas.
Esses foram 4 dos vários golpes que  marcaram a história do nosso país. Isso sem contar os outros eventos  de ruptura e tentativas de golpe que impactaram a nossa democracia e que também  merecem ser discutidos e estudados, afinal, conhecer essa parte da nossa história é um passo  importante na valorização da nossa democracia. Agora, conta pra gente que outro  golpe você conhece da história do Brasil e que deveria ter entrado nessa lista.
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