Mário de Andrade e a construção da cultura brasileira - José Miguel Wisnik

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Jorge L. Santos
O programa traz o tema mário de andrade e a construção da cultura brasileira. O professor José Migue...
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então nós temos mário de andrade que é tão conhecido um intelectual escritor brasileiro que atuou é entre os anos no início dos anos 20 participando da famosíssima semana de arte moderna na qual foi um dos mentores municipais e é mário morreu em 1945 portanto o arco da atuação do marido se dá nesses 25 anos nessas duas décadas e meia e eu gostaria de antes de mais nada dizer que a gente pode acompanhar a trajetória do mário de andrade através de três grandes preocupações ou três grandes questões que pode reconhecer ao longo desse tempo então antes
de falar a vocês sobre mário como intérprete do brasil e como aquele que se propõe a construir uma cultura brasileira eu queria dizer um pouco qual foi o itinerário intelectual de mário de andrade eu diria o seguinte no primeiro momento na obra de mário que coincide com a semana de arte moderna a nós podemos dizer que maria andrade se negou a um grupo tal lista que pensou o brasil naquele momento como sendo o país que entrava na ordem do mundo urbano industrial ou seja um país que participava das novas realidades da indústria e da metrópole
e que passava por tanto pela experiência da grande cidade os incluia portanto vão dizendo uma atmosfera cosmopolita nada pelas canções ações no dossel essa experiência nós podemos dizer que é inseparável da experiência de são paulo da experiência cultural de são paulo daquele que mário de andrade chamou justamente de paulicéia desvairada no livro famoso publicado junto com a semana de arte moderna que significa então nesse momento ela lançar um movimento modernista significa avaliar que as que a o mundo se transforma essa transformação está ligado à experiência da velocidade e da simultaneidade a velocidade a simultaneidade são
dados do mundo industrial da vida cotidiana nas grandes cidades do mundo onde a cidade onde você convive com multidões e automóveis no mundo onde tem telégrafo telefone ea riviera o plano essas coisas significam uma mudança não só na paisagem externa do mundo mas no modo como a gente percebe uma transformação fundamental da sensibilidade nesse momento que se expressou nas nas correntes da arte do início do século 20 as famosas vanguardas do século 20 que são especialmente o futurismo cubismo mas o expressionismo um surrealismo nunan eo modernismo brasileiro foi uma das expressões desta é tomada de
posição em relação ao fato de que o mundo se transforma a gente pode dizer que houve um desejo a intelectualidade paulista é de acertar passo com o mundo com as coisas são guardas européias e portanto significa transformar a linguagem poética é a linguagem artística linguagem da pintura linguagem da música grandes mudanças se deram mesmo momento em que maria andrade então escreveu paulicéia desvairada que é um testemunho de quem vive numa grande cidade é atravessada pela experiência arlequina ao da simultaneidade lusa essa figura da cidade arlequim final que a dia da cidade que é feita de
foods alimentos de multiplicidade de diferenças a cidade onde convivem imigrantes de variada proveniência ano importando a cidade que é vista como um caldeirão frenético não é e que portanto se trata de entender isso e vamos dizer da forma isso em arco íris o modernismo se opôs à arte convencional que lhe faziam ana a pintura acadêmica à música de concerto tradicional é é o pois a isso o verso livre o poema piada a paródia e ao mesmo tempo que a dissonância em música a ruptura com a representação na pintura e portanto é todas essas coisas se
apresenta num primeiro momento em que o grande vamos dizer a palavra de ordem é responder e corresponder ao ritmo veloz do século de andrade é um escritor que não tenho uma formação musical e professores a música no conservatório dramático musical diante de uma formação de carniça se tornou musicólogo pesquisador de música e constantemente ele usa é idéias instrumentos conceitos extraídos da música para entender a pois ir por exemplo a música é uma arte de acontecimento sobrepostos simultâneos ela é polifônica ea poesia deixava de ser melódica assim ele tornava-se então polifônica como a música é nesse
sentido que o mário trás da música uma idéia que faz iluminar a a concepção da nova crise então quando ele falta no primeiro poema do livro paulicéia desvairada problema que como chama se chama inspiração e começa com exércitos são paulo comoção da minha vida os meus amores são flores feitas de original arlequim final cinza e ouro nos bruma for me inverno morno elegância sutis em escândalos em ciúmes perfumes de paris áries enfrentadas líricas no trianon são paulo comoção de minha vida galicismo a berrar nos desertos na américa ou o que acontece o seguinte de fato
há uma percepção de uma cidade que é uma paris é uma londres é uma moscou é uma nova york ou seja a ideia de são paulo ressoa as grandes capitais do mundo no século 20 é uma cidade que tinha crescido espantosamente de 1890 pra 1920 ela cresceu de 30 mil habitantes imagine o que é isso para 550 mil na altura do depois rapidamente para milhão 2 milhões é uma cidade que cresceu de uma maneira espantosa e isso é que é diante disso aqui que o poeta fala em paulicéia desvairada né isso a sensação do desvio
é a própria loucura do ritmo desse crescimento com tudo que ele quer implica em transformação de hábitos provincianos não é uma cidade muito pequena numa sensação cosmopolita essa mistura forma a cidade tem um poema da poluição em que o mário é o seguinte imagem para definir são paulo risco de aeroplano entre mogi em paris vocês que estão aqui não longe de mogi que podem saborear esta imagem mas justamente a idéia de que entre a província ea grande capital europeia são paulo traz um risco não somente dinheiro o plano começou seu elo de ligação elemento da
tecnologia moderna do mundo do século 20 que põe contato essas distâncias então assim também o o poema termina o último versa galicismo a berrar nos desertos américa galicismo portanto uma país na cidade algo afrancesada não é como se diz ali perfume perfumes importados líricas no trianon não é o que era e é um parque no em são paulo que no entanto imita uma paris mas essa presença essa mistura de estilos em são paulo uma cidade que crescia sem um homem que se diz um estilo é uniforme não é porque é justamente ela rapidamente crescia absorvendo
o estilo de arquitetura inglesa e suíça francesa ou é a área guiné essas coisas todas fazendo parte dos edifícios das das casas das nações que formam essa espécie de mistura que é um traço um forte na cidade hoje mesmo sentido aliás são paulo vê que não tem um prédio um parecido com o outro lado a lado nenhum estilo da dessa mistura podemos dizer antropofágica usando uma expressão da unidade galicismo berrar nos desertos da américa no segundo poema da paulicéia andrade tem um verso famoso nem que de som tupi tangendo uma saúde né a saúde é
um instrumento de origem árabe mais ligado à música europeia medieval isso que um índio toca o instrumento árabe não é medieval europeu está ligado a essa sensação de que o brasil é um lugar em que os tempos e as culturas se cruzam no início nós já temos uma espécie de prefigurar ação do macunaíma que é um índio que vem para a cidade como vamos ver em seguida mas todas essas coisas estão presentes na paulicéia desvairada não só como assunto não só como conteúdo não só como paisagem mas como transformação da linguagem a linguagem é simultânea
realizada ela deixa de ser linear porque a nossa percepção no mundo urbano industrial deixa de acompanhar as coisas uma depois das outras nós necessariamente somos todos os dias é essa era a sensação desde o início do século 20 nós somos bombardeados por estímulos chocantes que se dão ao mesmo tempo a sua experiência muito diferente e milênios de experiência de humanidade mesmo urbanizadas idade a tinha uma mas num ritmo uma certa lentidão e as coisas das outras por isso mesmo diz um marco a poesia tinha que ser é não se montanha polifônica mas como a poesia
ser polifônica se se a poesia é linear se as palavras em uma depois da outra ao contrário da música em que os instrumentos podem tocar ao mesmo tempo analisa simples e torna-se polifônico ela rompe a linearidade e quando ela rompe a linearidade ela quebra a sequência discursivas palavras ficam vibrando e somam-se como se fossem acordes por exemplo são paulo comoção da minha vida esse primeiro verso é um decassílabo heróica como se fosse um número versus reduzir as armas e os barulhos assinaladas né mas o segundo verso né minha é são paulo com emoção da minha
vida os meus amores são flores feitas de original quando ele fala a palavra original que é um objetivo espera uma continuação porque o uso está mantido o adjetivo pede o substantivo que não vem tem reticências e de repente explode a palavra arlequim final sim de ouro nos em bruma foram inverno novo ou seja a sequência que é algo descontínua é uma sobreposição de imagens né alekhina ao que a palavra chave na paulicéia para essa espécie de sensação que o turbilhão de sensações múltiplas que aí se combina com cinza e ouro no xiii uma forma inverno
morno que corresponde por sua vez a essa sensação que se tem na paulicéia desvairada que são paulo é a cidade onde ao mesmo tempo tempo frio eo calor no inverno verão não é a chuva ou sol no mesmo dia do ponto de vista climático mas o ponto de vista cultural também é a cidade onde essas diferenças viver né então arlequina ao cinza e ouro luzzi bruma forma inverno morno primário essas imagens somavam como se fossem música com arteiro em que o som se com ressoando ale canal cinza e ouro nos livro uma forma de amor
e fica vibrando a peça como se fosse a sua significação meio de isolante de calor e frio simultâneas não é uma cidade que ao mesmo tempo nós nós falamos europeia e nativa da américa tropical né feita portanto nessas com isso aqui eu quero apenas sugerir uma gama de problemas que aparecem na obra do mário no seu início se no arranque da semana de arte moderna que aparece como um conjunto de questões de interpretar o brasil do ponto de vista paulista e ao mesmo tempo criar uma nova linguagem da arte é o primeiro momento da obra
do mar o primeiro projeto ea ênfase à chave palavra chave nessa fase é modernização na cultura brasileira nós podemos dizer para completar quem poderia dizer que salvador portanto a bahia é a capital brasileira do século 17 no sentido de que a experiência histórica dos 117 barroco são elas tiveram como centro econômico e colocar o bahia o brasil do século 18 é representado por minas gerais por excelência o foco é o lugar do acontecimento do século 18 e 19 é todo dizer que ele gravita no brasil em torno do rio meu século 20 é a ponta
por uma realidade urbana industrial que eclodiu em são paulo então nós temos uma espécie de conjunto de templos que só nó convergem para são paulo ea experiência do lançamento do modernismo vai ser essa sensação de multiplicidade do brasil dos múltiplos lugares dos múltiplos tempos como as usei maconha percorre brasil e ao tomar todas as regiões e todos os séculos como se vivesse esta segunda unidade esse é apenas um musical do brasil não é visto do ponto de vista do modernismo paulista muito bem ao longo da década de 20 o surf pro mário de andrade uma
segunda preocupação uma outra questão e ela vem justamente das viagens que os modernistas fazem ao brasil a minas gerais em 1924 depois das viagens que mário de andrade faz nos anos 20 26 27 faz para a amazônia e para o nordeste e agências estão registradas no livro que se chama o turista aprendiz fez diário de viagem não é que aparece nesse livro ali tem portanto um confronto com esses outros brasis que por um lado o modernismo primeiro momento é o brasil tem essa ponta da sigla grande cidade da metrópole é um país industrializado mas ao
mesmo tempo o brasil país da imensa sisten sonhos rurais florestais onde ao mesmo tempo tem extensões é não povoadas latifúndio e florestas então é esse outro brasil que aparece o prazo do nordeste da amazônia dos interiores minas gerais do sertão e aí surge para o mar uma outra preocupação na verdade que é pensar o brasil como sendo o país que tem essas culturas regionais diversas e procurar pensar esse conjunto de culturas regionais então eu diria que a palavra chave segunda fase segundo momento da trajetória do mário é nacionaliza são da cultura brasileira é uma busca
de referência não o primeiro momento é cosmopolita que dizer algo internacionalista ele pensa o brasil na grande cidade no sua na sua relação com o mundo o segundo momento é uma espécie de descoberta do brasil e descoberta é uma pergunta sobre o que unifica o brasil que junto brasil que que o que faz com que esse todo diversificado em imenso seja uma coisa só é uma pergunta que tomaram se coloca como um desejo o desejo de pensar na unidade cultural do brasil esta é a questão que aparece com o momento e aonde que o mário
encontra o termo de referência qual é o elemento fundamental para a construção o mário vai se empenhar na construção de uma cultura brasileira de uma visão integrada e unificada na cultura brasileira uma visão de conjunto da cultura brasileira essa construção esse projeto tem como base é a cultura popular ou seja uma andrade considera que é nas culturas populares brasileiras naquela se encontram que são espalhadas pelo país todo na forma de repentes e reisados de bumba-meu-boi lhes de cantigas né da de toda a música popular oral que se espalha pelo país de todas as formas da
cultura oral é popular anônima e coletiva é ali que saiu uma espécie de fundo perdido da forma na formação do brasil que teria que ser recuperado pelo artista pelo intelectual coletado ou seja o escritor o compositor de música erudita o artista e intelectual que trabalha com escrita que portanto que foi formado pela cultura letrada ele tem que pesquisar olhar o brasil descobrir as redes cobrir o brasil através da cultura popular de ismar a música popular brasileira é a maior criação do povo segundo ela foi sendo feita inconscientemente e coletivamente ao longo dos anos a maioria
dos séculos da formação brasileira então o brasil seria um país uma cultura a cultura no brasil seria dividida claramente entre dois planos uma cultura erudita escrita que o que corresponde a padrões que foram importados da europa e uma cultura popular oral anônima e coletiva que se desenvolveu por conta própria independente dessa outra e haveria portanto dois mundos que não se comunicam o nosso comunicado no ponto de vista do mar ali na década de 20 e o seu programa para a cultura brasileiras passa a ser por em contato essas duas esferas culturais fazer com que o
escritor que escreve num português escrito com seus suas normas e seus fãs e rodeios estilísticos próprios de quem de quem a menina com uma língua culta escreva ele mesmo incorporando a oralidade é os modos de falar brasileiros e que logo essa primeira distância seja de 60 o mário na verdade fez isso mais do que ninguém porque ele ficou com as múltiplas não dizê facetas da sua formação ele pesquisou amplamente música brasileira festas populares e repentes não é copos nordestinos são formas de improvisou popular poesia cantada não é e escreveu sobre artes plásticas sobre a arquitetura
e somá pesquisou um vasto painel do brasil e foi com isso que ele fez o livro macunaíma de 1928 é um livro que é uma interpretação do brasil feita com base nessa estratégia da cultura brasileira que é pesquisar limpamente a cultura popular e o que eu quero falar vocês é principalmente sobre uma colina em média uma coisa que eu quero estar ali há aqui uma uma visão do que seja a interpretação que mário de andrade faz do brasil mas antes de falar sobre os antes de desenvolver uma visão de uma mãe eu quero apenas dizer
que existe um terceiro momento na obra do marido que já podemos dizer no fim da década de 30 e nos no começo da década de 40 portanto nos seus anos finais subir para ele uma outra questão que o abala e conflito há muito que a questão da sociedade dividida em classes sociais que sem agoniza você já vem à tona para ele a questão do socialismo engajamento questão que tinha na verdade se tornar uma questão presente na cultura mundial nesses anos 30 no fim dos anos 30 especialmente com o deu o tom à segunda guerra mundial
que levou na um dos intelectuais a se alinharem ideologicamente então aí nesses últimos anos maria andrade está preocupado com a questão do engajamento do artista na luta política não é o fato de que a sociedade está dividida o que entra em contradição poucos vocês é dispensarmos um pouco com o fato de que no segundo projeto ele quer unificar o brasil através da cultura das várias regiões ele quer conciliar na realidade o povo e intelectuais né podemos dizer que o projeto da década de 20 o projeto nacionalista é um projeto poderia dizer que aliança de classes
e de culturas dentro de um projeto de unificação cultural no brasil eo terceiro projeto é um projeto que envolve a questão da luta de classes e portanto podemos dizer que é um projecto que conflituam segundo mas então vamos ao álbum biólogo da questão que é esse é esse pensamento sobre um de uma construção da cultura brasileira através da integração do erudito e popular que resulta em macunaíma isso tudo está expresso especialmente no livro que se chama ensaio sobre a música brasileira é um livro do mario que ele lançou em 1928 o mesmo ano de uma
urna então isso é muito do feitio dele nessa mesmo tempo um livro em que ele aparece como escritor o criador o fixo nissan poeta e ao mesmo tempo que faz isso ele fala ele lançou um livro que é uma reflexão sobre a cultura como se fosse a teoria ea prática não é portanto aquele que ao mesmo tempo faz o livro e pensa sobre o programa cultural a estratégia o projeto de dar de cultura que estaria implícito no livro então quando a gente lançar sobre a música brasileira e diz lá é preciso ir buscar as fontes
as referências na cultura popular um anônimo e coletiva rural as bases para reencontrar aqueles elementos foram trabalhados pelo povo durante os séculos e que engendraram uma cultura original no brasil ea cultura escrita precisa é se tornar ela mesma mais brasileira através desse diálogo nesse contato com a cultura oral popular certo nesse ponto é preciso fazer uma importante distinção quando mário de andrade está falando em música popular em cultura popular ele não está falando na cultura popular urbana aquela que tocava no rádio aquela música popular que depois nós conhecemos os sambistas que já produziu nessa altura
não está falando de pixinguinha é noel rosa e ismael silva ou dorival carinho assis valente que será tomado que foram seus contemporâneos ele está falando como eu disse tudo meu boi do coqueiro nordestino do repentista você está falando as coisas estão fora da cidade porque na verdade tinha pra mim pressuposto turista e poder dizer romântico nesse critério mário de andrade que é procurar a cultura procurar o espírito da nação ali onde ela se apresenta no povo puro o povo estado em em natura em estado natural não aquele que na cidade entre em contato com a
música internacional que toca no rádio os arranjos americanizados ou seja e buscava uma espécie de estado puro da cultura popular que deveria ser é apreendido então na cultura rural e não na cultura citadina quero dizer que nessa mesma altura oswald de andrade que é o outro poeta e intelectual modernista né que escreveu que contemporâneo do mar ele por sua vez o oswald apostou na cultura urbana no carnaval nas misturas da cidade o que tornou o usual demais de certo modo afinado depois com as transformações do brasil a partir da década de 60 só ficou um
tempo no ostracismo e foi redescoberto na década de 60 porque tinha apostado mais no mundo urbano é o primeiro mapa o barça andrade para compor o clima ele veio pesquisando a 1 passou alguns anos pesquisando contra popular viajando pelo prazer sábado quando ele escreveu livro escreveu em araraquara numa fazenda do tio e disse que escreveu a primeira versão em seis dias frenéticos em que escreveu de noite passava a noite escondido do tio que não queria que ele ficasse sem dormir e se esconde no banheiro porta fechada para não ver a lua fresta de luz passando
por baixo da porta e escrevendo sem parar de se inscrevia rindo chorinho se divertindo arroz com aquele que estava escrevendo e que resultava portanto nós podemos dizer que esse surto que ele teve ao escrever uma coluna é parecido com o dos cantadores populares que ele tinha estudado ele estava entrou numa espécie de repente porque tinha estudado repente devido às repetidas num improvisado do nada um treinador mas este não está improvisando de repente só porque baixa uma a uma em uma inspiração repente ele se prepara nos oceanos ele vai fazer um repertório vai estudando rimas ele
vai estudando livro de geografia de gramática de conhecimentos gerais vai ter uma série de fórmulas já prontas que forma uma espécie de um conjunto de instrumentos um repertório e aí quando eu não tenho eles a improvisando mas sempre visando uma série de formas que ele aumente em caixa é e cria coisas novas mas com base na pesquisa só venho dizendo a mesma coisa que o mário fez portanto ao escrever esse livro que chamou de rap zod e não de romance isso é importante que a piso de uma forma da poesia tinga poesia cantada que vem
dos gregos e os episódios são aqueles que são os poetas que se quem são os mediadores aqueles que trazem que mantém viva a cultura oral através das gerações que vai passando através dessa poesia ritmado dessa poesia cantada por um tiro macunaíma ver que no último na última página no livro ele revela que o narrador do livro um cantador que ponteia violinha kata os carrapatos de campo ela fala em pintura os feitos do herói da nossa gente na revela se que o narrador é um cantador que ouviu de um papagaio que ouviu de macunaíma as histórias
do herói importando o próprio livro imitar a técnica de vão dizer da dos modos de de transmissão da poesia oral que fazem com que a uma pessoa conta pra outra que quando é pra outra conta própria uma rede de recados que vai mantendo aqui a estrutura do livro é baseado nisso e o livro todo é baseado em mitos lendas em histórias em dizer em provérbios e e portanto em canções em todo o material que o marido tinha levantado e com essa intenção de constituir um livro fortemente escrito por escritura literária né de um autor profundamente
erudito que no entanto está fazendo algo imitando os procedimentos da cultura popular oral importante produzindo uma outra coisa nós vamos dizer que faz parte de um ciclo na cultura brasileira que foi exatamente o modernismo a guimarães rosa e querem godão de momento um dos grandes momentos da experiência brasileira né que é esse desejo de juntar as pontas do brasil né através da elaboração artística que consiga superar o harpista não é podemos dizer de classes e de cultura digital por exemplo macunaíma não foi mário de andrade que inventou ele leu as histórias de uma clima no
livro de uma etnografia o alemão chamado coque grande que tinha escrito um livro chamado do roraima orenoco sobre mim dá índios da região do alto amazonas e onde tinha mitos e lendas mitos 10 das tribos a economia e taliban do extremo norte de roraima na fronteira com a venezuela nessas tribos havia o mito de um herói indígena mais malandro chamado macunaína e aí mário que vinha pesquisando esse gostoso quando se deparou com isso ele teve aquela sensação de insight era aquela eureka aquela iluminação que quando você pesquisa muito o assunto e de repente todas as
coisas parece juntas para que ele encontrou uma coluna parecia que tudo o que ele tinha pesquisado sobre o brasil se condensava se encontrava nesta fita não é um herói que ao mesmo tempo era meio infantil e meio a meio e ao mesmo tempo muito certo não é um adulto e criança meio perverso e ao mesmo tempo de herói e que e que é malandro em suma a essa figura ambivalente né na qual pode se reconhecer tanto dos traços na sociabilidade brasileira que isso existia lá naquele tendido então me pegou essa figura e fez criou recriou
esses mitos fazendo com que uma cruenta guerra uma vida própria entrasse em contato com todos aqueles outros elementos da cultura brasileira viesse a são paulo buscar a pedra moura que tanto perdida não é depois de ter sido ganha na pela de sua amada se a mãe do mapa rainha das amazonas não é que antes de morrer ele deixou essa pedra um amuleto não é um fetiche tribal uma pedra no iraque tam que também usa não colaram um tempo tem bertha espetado no mês com o costume indígena mas a certa altura fugindo de um monstro é
'ser selvagem novo número 1 do mundo do mato ele deixa essa pedra cair na no mar no rio ali um peixe come esse peixe pescado por um pescador que vende por um comerciante o mascate no rio resgatar nita no peruano chamado venceslau do pepeta que é na verdade o o o gigante jogador de gente ea irmã que aparece nas histórias numa colina indígena e nesse esse mascate que é uma mistura mesmo tempo do personagem disney imigrante italiano passado com uma família pernambucana ítalo peruano pernambucana né quem enriquece é um novo rico que enriquece e mora
numa mansão em são paulo na rua maranhão onde ele então faz uma coleção de coisas do brasil em que uma aquilo que ele mais cativo e com isso ele faz uma espécie da casa dele um museu do brasil e entre todas essas preciosidades que tem lá né a o principal tesoura um grajaú quer dizer um cesto onde ele guarda pedras do brasil entre as pedras está mais precisa de todos e é justamente a pedra moerá quitando nossa hora do herói da nossa gente mclaren ea está dado portanto o conflito o antagonismo fundamental do livro macunaíma
tem que vir então é que o índio é do alto amazonas tem que descer o araguaia com seu séquito dos irmãos e cunhadas comandando todas as grávidas são paulo recuperar a pedra o conflito a questão na central do livro é antes de nós discutirmos esse conflito esse núcleo ativo é nos que é importante dizer que o romance narra a todas as circunstâncias que envolvem o nascimento do herói o crescimento do herói e faz tudo isso dentro de certas propriedades que diz respeito aos aos justamente personagens heróicos que nascem de uma maneira normal crescem de uma
maneira normal porque mostram desde cedo não é suas peculiaridades suas qualidades singulares netão macunaíma nasce quando a sua mãe que é uma índia acaba numa menina diante do medo da noite na escuridão do céu noturno ouvindo por um erro do uruguai é medo da noite fez com que ela pare se uma criança filha então o herói da nossa gente é é é ele não eliminassem pai em nasce como como cristo e outros deus por partenogênese paz seja ele nasce o contato da mãe com o mistério cósmico né mas justamente no escuro na escuridão da noite
na falta do bar falta profunda na figura paterna da qual não se fala no livro inteiro não se fala em parar não está nem aí não se cogita não existe nunca se aventa o crescimento dele é um crescimento anormal ele até os seis anos ele não fala que tem premissa e disse isso claramente o seu crescimento se dá quando e depois de relutar ao recusar o crescimento de uma velha brincadeira que atira sobre um caldo de mandioca que tem uma propriedade mágica de fazer crescer a produção crenças e crendices populares que o mário num everton
mas ele foi colhendo e costurando do livro então ela o caldo eles tenta driblar o cálculo e fugir e acerta o caldo acerto o corpo dele mas não a cabeça então ele cresce fica adulto mas com aquela carinha enjoativo de criar que a criança na casa legislativa de menino ele é o adulto criança que tem uma relação com o mundo que está pautada como nós falamos pela imediata desde o princípio do prazer no entanto sendo ele o herói que tem que realizar tarefas proezas ações que supõe a capacidade de descortino de e projetar de saber
mirar diante existe aí uma estação a gangorra permanente que atravessa um livro quando então nós podemos depois de considerar o fato de que voltando à onu ao núcleo confit do livro o antagonismo conversas ao que é propriedade ele tem que recuperar aqui tá que está guardado em são paulo para isso ele tem que vir para são paulo eo rio para são paulo ele entrou em contato na verdade o mundo nativo selvagem não é mítico a caco se encontra como moderno paulicéia desvairada esses tempos se combina isso não deixa de ser uma reflexão uma questão fundamental
em um país onde todos os séculos estão ainda no qual os seguintes ao mesmo tempo existem fábricas de automóveis onde existem tribos que até hoje 11 com as quais não fizeram contato e ao mesmo tempo uma ponta do mundo banco industrial na última curva quando anda pelo país ele encontra pelo caminho é maria pereira dos holandeses que o século 17 o bacharel de cananéia que no século 16 séculos florence inventor campineiro da fotografia bartolomeu de gusmão tudo isso está o e vamos assim é simultâneo contemporâneo não é porque o tempo a temporalidade do livro eça
temporalidade do brasil que é um país que se moderniza sem se modernizar completamente não é cujo lema espólio é o destino brasil no processo de modernização nesse sentido é que nós podemos dizer que é o livro contém essa pergunta crucial sofrida angustiada no mago é um livro que diz esse povo é versátil e seu original e capazes de soluções surpreendentes ao mesmo tempo incapaz de de olhar não é renunciar e e vamos equacionar questões de realidade que eu teria que fazer né então é como se esse dilema permanecesse nessa figura ambivalente um herói que tem
que sustentar o projecto e ao mesmo tempo se recusa a fazê lo muito bem o livro desenvolve isso através de cinco rounds de enfrentamento de macunaíma com gigantes desses lauter protetos um primeiro momento ele chegar lita da casa do gigante de dentes perto flash nand e logo leva para uma frigideira de banheiros já cortada em pedacinhos para fritar é graças ao irmão feiticeiro que lá ainda se salvar porque ele não vai lá e pega junto os pedaços pois no saco só pra fundo de crédito e sangue de agora e em uma clima volta me desmerecendo
e tomou a primeira primeiro além do gigante na no segundo uma coisa se traveste de francesa e vai com um travesti propor negócios ao gigante negócio seria aí pra troca da pedra aqui tá pede em troca um principalmente favores sexuais que eu lhes um gigante que quer dar mais pressão das pedras ingleses que a francesa brink confiante e literalmente uma saia justa na qual era a entender que esse fugir depois ele vai no rio de janeiro 80 na nuca robert s a a vale pra pelo menos dá uma surra no gigante através da com a
contribuição a participação de chun é que compareça aqui embaixo dele informação várias vários episódios é que ele consegue um nome em tempo real o gigante na famosa cadeira de macarronada no filme o qual feijoada piscina de feijoada e com isso ele vencia e recupera não é que tá muito bem nós vamos considerar que a mulher aqui tá é um que como entender que aqui tá na hora que também é um objeto de uso mágico é um talismã selvagem cujo significado está ligado às culturas nativas na míticas é um objeto de poder que ele tem consigo
e que é uma espécie de garantidor de identidade não é perder o presidente significa perder a sua própria força pra ver a sua própria razão de ser precisa recuperar nós precisamos entender eu acho o seguinte que na o uma pedra na quinta fica contínua na coleção do gigante que é o comerciante que enriqueceu ou seja nós podemos entender que existe num livro uma colina uma espécie de reflexão sobre a cultura que consiste nisso a pedra muraki tam é por cinco golos o talismã e uma cultura nativa que está fora do mercado não tem valor de
troca de um valor de uso mágico no meio selvagem certo de poder do gigante que ela vira uma mercadoria é do colecionador o mercador podemos ver uma mercadoria guardada numa coleção podemos dizer que é como um museu lá havia uma obra de arte no museu nós podemos dizer que existe aí nesses essa nesse núcleo do livro uma reflexão do mario kempes que está ligado ao fato de que a cultura popular que está fora do mercado que é aquela que mais buscava como referência para fora do mercado ela é incorporada ao mundo do mercado a um
coleta e sair sem italiano chamado eduardo sanguinetti que dizia no mundo capitalista arte só tem dois mercados dois lugares no mercado e um museu não pode existir fora do mercado vendendo mercadoria que tem um preço e guardada com uma aura especial quando ela está entre as mercadorias quase que suspensas não é o só leiloadas mas não vendidas crivelmente mas que são mercadorias privilegiadas obras de arte no museu podemos dizer que macunaíma vai pra esse lugar que nós podemos dizer o destino da arte né no mundo moderno e no mundo capitalista que é o mercado museu
e cabe a macunaíma tirá lo dali o que afinal consegue depois de muitas peripécias mas quando uma companhia tira pedra na quinta ele não tem para onde ir porque na verdade ele não é mais um menino depois que ele saiu não é que ele veio para a cidade não pode voltar simplesmente para a amazônia como se ele não tivesse com devido o automóvel edifício é prostituta dinheiro ao mesmo tempo ele não pode simplesmente ficar na cidade como se ele fosse um habitante qualquer na verdade ele está nesse ínterim lugar com uma pergunta sobre ele mesmo
sobre seu destino nesse sentido ele volta à questão cruz como formadora do povo brasileiro tal como sérgio darcy ribeiro lá no século 16 quem é ele na verdade qual é o seu lugar no processo de modernização dizer como dizer acusa mário pedrosa no brasil um país vocacionado para o moderno porque não tem outro destino um país que não tem passado ele só surgiu no processo de quando souber grande expansão dos mercados com a mundialização das navegações no brasil nasceu de um brasil moderno é uma nação que nasceu com a modernidade assim como são paulo nasceu
com a industrialização o brasil parece um daqueles que só é vocacionado para a moderna e nunca chega a ser moderno parece que não introjetou os fazer os modos pelos quais a modernidade se se constitui e que supõe a antes mas nada que mude essa história da holanda a distinção entre o público eo privado estou usando aqueles pelos raios no brasil né as nações modernas formaram uma clara distinção entre o público eo privado com esferas distintas o brasil a países na interpretação do samba joana em que o público eo privado sempre estão com funds para nosso
bem e para nosso mal eu um ponto então é que ele o brasil é o país em que as suas maiores virtudes os seus maiores criações vêm dessa mistura do público com o privado sem a qual não existiria o futebol brasileiro música popular a o carnaval é as obras de um mario oswald machado de assis guimarães rosa ao mesmo tempo essa mistura entre o público eo privado que na corrupção é impunidade crônica violência para policial é concentração de renda porque tudo isso significa tratar o estado como coisa privada significaria terrorismo pistolão favor tráfico de influência
tudo que nós conhecemos que emerge no país - interno nas formas de fazer desagregação e violência contemporânea que nós conhecemos então brasil essa mistura é difícil de de simplesmente explicar é que disse piquet de que é marcado por essa profunda ambivalência porque uma proteína a z quando não aguenta mais o mundo real ele o mundo terreno ele esteira de uma estrela de uma constelação ele fica no morre propriamente mas ele se ausenta de um mundo não é que ele não suporta mais ele fica mandando como brilho de uma estrela como mito diz ver o pai
dos vivos que se acreditava que aqueles que moram e tem continuam falando através do brilho não é prêmio luzente da estrela e uma colega instalar emitindo sinais na verdade são sinais e perguntas sobre o destino brasil que eu acho que mesmo com o tempo passando perguntas que se tornam na verdade atuais e fifas difícil de ler cada ano que passa elas se tornam mais cruciais e mais atuais se nós soubermos meu amanhã com um pensamento essa reflexão essa pergunta sobre o destino do brasil
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