o tema da aula de hoje a expansão comercial européia e o continente americano eu pedi para aula de hoje a leitura de dois textos a introdução do livro do grande vitorino magalhães godinho os descobrimentos e economia mundial e o primeiro capítulo do livro do immanuel wallerstein o sistema mundial moderno e eu vou unir então as idéias dólares também com as idéias do bordel fernanda brum del grande historiador francês em torno de economia mundo essa idéia brotou eliana que eu vou discutir na segunda parte da aula acrescentarei a teoria do ciclo sistêmicos de acumulação de capital
do giovanni arrighi os dois autores estão na minha biografia e com isso eu vou envolver então uma discussão falei com vocês sobre a teoria do sistema-mundo do irmão o lojista pra começar então essa exposição nessa expansão material e cultural da europa que se processa nos séculos 15 e 16 e envolve o continente americano e confere um protagonismo como todos vocês sabem aos portugueses um protagonismo que não se confunde com um papel exclusivo obviamente outro outras monarquias européias também participaram ativamente dessa expansão algumas delas mais precisamente da expansão é transoceânica essa expansão ultramarina porque nem sempre
a expansão da europa foi uma expansão transoceânica o império russo que está em expansão nas últimas décadas do século 16 nas primeiras décadas do século 17 se expande territorialmente né até o que hoje é a sibéria configura então uma uma monstruosidade em termos de quantidade diária sobre a qual se estende um poder político específico mas esse império não se configura como um império ultramarino né esse é um exemplo então de uma expansão de natureza diferenciada mas que no fundo integra esse mesmo panorama ao qual nós estamos referindo né esse espraiamento então de valores valores econômicos
valores culturais pessoas formas políticas e sobretudo né e incorporação de regiões que não estavam devidamente conectadas umas com as outras e que desde o século 15 estão começando a se tocar para nunca mais deixarem de se tocar observemos em primeiro lugar aqui né para nos familiarizarmos minimamente com essa essa articulação de todo o globo em torno de uma mesma história esse mapa está publicado num no terceiro tomo da obra do fernando del civilização material e econômico capitalismo e mostra um é em linhas gerais em linhas gerais a a territorialidade do comércio europeu um comércio regular
não comércio casual um comércio constante esse comércio então ele se faz pelas vias marítimas interligando o mar mediterrâneo com o mar do norte o mar báltico a península ibérica uma parte do oceano atlântico isso por volta de 1500 já em direção ao mar vermelho todo o continente europeu está banhado por esse comércio continental não é e envolve o norte da áfrica uma parte da península arábica uma parte então do leste da áfrica em direção à escandinávia rotas terrestres cruzam diz de norte a sul esse continente e se expandem novamente em direção à rússia em direção
é a península arábica isso por volta de 1500 isso é regular esse comércio e não tem volta é um comércio estava em um comércio forte e seguro observemos a mesma representação um aqui já para o ano cerca de mil 775 nós temos que aquele comércio todo é mantido e ele é brutalmente expandido ele já inclui então o oceano atlântico com toda a costa africana seja ela costa atlântica seja a costa indica o extremo oriente com exceção feita à atual oceania que estava enfim começando no final do século 18 a entrar nesses sistemas de distribuição distribuição
de mercadorias de navegação né nas viagens célebres o capitão cook no século 18 são um marco fundamental dessa incorporação da oceania nesse sistema de dimensões globais mas aqui ainda não é uma incorporação regular o continente americano todo ele incorporá-lo oceano pacífico com base nessa rota do galeão das filipinas um comércio espanhol que liga então manila nas filipinas acapulco no vice-reino de nova espanha de modo que nós temos então nesse último quartel do século 18 uma globalização uma globalização a partir de uma expansão européia é a economia é a sociedade são as culturas européias que se
expandem em direção ao restante do globo nunca houve nenhum outro continente nenhum outro grupo de culturas um grupo de estados com pretensões expansionistas tão acintosos e tão bem sucedidas em escala planetária isto é em escala que incorpore todo o planeta a essa expansão como essa expansão europeia iniciada no século 15 ela não é distante uma expansão linear ou seja quando ela tem início no século 15 e aí novamente os portugueses são protagonistas ninguém poderia afirmar ninguém vislumbraria qual seria o ponto de chegada disso 11 não se tinha aliás um projeto nessa direção essa expansão que
esse processo de acordo com demandas históricas específicas com condições de realização práticas específicas ela é toda entrecortada né 11 uma etapa dessa expansão não conduz necessariamente à outra etapa o produto final isto que nós poderíamos chamar de uma globalização com base então dessa expansão com base nessa expansão européia esse produto final né não está inscrito necessariamente na lógica da natureza dessa expansão desde sempre resulta ser assim mas a história ela não caminha em uma direção é pré-estabelecida pré determinada pelo menos não a história dos grandes fenômenos dos grandes acontecimentos dos grandes processos a história das
grandes coisas ela é sempre o resultado enfim de desenvolvimentos específicos que são sempre conflituosos de processos de negociação e de resolução de circunstâncias de atendimento de demandas específicas não obstante evidentemente a crença ainda persistente e me referi a isso na na aula passada quando a gente estava eu acho que já analisando o documento da segunda parte a vigência de tecnologias né de idéias de que a história caminha em direções seguras a destinos finais eu me referia o martelo teleologia de tipo cristã me referi uma tele o logia e iluminista me referi uma teologia comunista é
que em diferentes momentos por diferentes motivos e com base em diferentes argumentos conceberam que a história de algum modo seria resolvida por acontecimentos finais dessas tecnologias dessas três existem outras pelo teólogo mas ainda disponíveis sem dúvida nenhuma teologia cristã parece ainda a mais dotada de vitalidade né pelo menos é nesse tipo de história que acredita o maior número de pessoas dentre aqueles que acreditam não sem formular com muita clareza mesmo sem parar pra pensar nisso como um conceito de história acreditam que a história caminha num para um ponto de chegada conhecido desde antemão aqui então
temos que nos desprender de qualquer tê-lo logia que implique uma concepção errônea de que desde sempre a europa estava se expandindo em direção a essa dimensão aí né em direção a essa globalização o termo globalização é um termo muito atual é um termo muito veiculado pela intelectualidade pela imprensa e pela opinião pública pelos analistas sociais pelos economistas nos dias de hoje é uma palavra que está enfim na televisão que está aí na mídia que tem na cabeça das pessoas que pensam o mundo de hoje é uma palavra que faz muito sentido né agora depende de
que tipo de globalização nós estamos falando né se a globalização significa já adianto de modo tremendamente em gênio uma uniformização absoluta de padrões é implicar a 1 um fracasso interpretativo essa globalização dos dias de hoje sem dúvida nenhuma possui denominadores comuns possui vetores de homogeneização né tem a ver com uma aproximação em escala inédita intensidade inédita de diferentes partes do mundo uma aproximação potencial claro é que teve início nessa expansão do século 15 horas mas o que tem a ver esse mundo aqui do século 15 com o século 21 em termos de comunicações ou em
termos de fluxo de pessoas aqui é uma volta ao mundo se bem sucedida levaria pelo menos pelo menos uns seis anos praticamente impossível conceber uma volta ao mundo em menos de seis anos então supor que um barco saia de portugal e circo navegue a áfrica num determinado momento precisa cruzar o oceano atlântico em direção ao oeste para pegar a rota do cabo das tormentas passar pela áfrica do sul seguir para o oceano índico enfim dá lá no pacífico voltar ou fazer uma rota contrária daí 16 anos para recarrega conserta descansa espera época favorável da natureza
não é enfim 12 dias e pega um avião de um lugar para o outro e de outro lugar para o outro e em tese você pode dar a volta ao mundo aproveitando é muito menos do que se fizesse com os seis anos de barco evidentemente e sofrendo mais ou menos a mesma coisa que as pessoas altas têm que entrar num avião sabe do que estou falando a tormenta horrorosa não sei que vai de primeira classe mas é um privilégio de poucos bem essa diferença enorme por exemplo do tempo de de uma viagem o mundo não
deve obter ar a constatação de que foi no século 15 que uma viagem no começo do século 16 profissionais preciso que uma viagem ao redor do mundo se tornou possível pela primeira vez porque ela se tornou possível porque ela se tornou desejável porque criou-se uma demanda em torno e uma viagem ao redor do mundo por exemplo aquela tentada por fernão de magalhães justamente no começo do século 16 ele não completou essa essa circum navegação do globo mas os seus imediatos completaram a viagem foi a primeira volta ao redor do mundo essa empreendido pela armada de
fernão de magalhães bem criou se uma demanda a partir daí criou-se uma solução buscou sintam um determinado objetivo porque antes disso ninguém queria dar a volta ao mundo se interessava a ninguém isso não faria nenhum sentido como uma projeção é de uma expansão material como a obtenção de determinadas condições tecnológicas essa é uma demanda criada justamente pela expansão material e cultural da europa estamos então mais ou menos no mesmo diapasão né ainda que uma diferença brutal de tempo e essas comunicações então porque hoje em dia nós podemos falar em tempo quase real quase real não
se esqueçam que as comunicações digitais implicam sempre uma defasagem de alguns segundos entre a realidade ea captação dessa realidade pela transmissão digital não é enfim que assiste futebol na tv sabe do que se trata é que os jogos importantes sempre sabe se saiu um gol antes de ver na tv porque tem sempre um cretino gritando no prédio ao lado que está escutando pelo radinho né então bateu escanteio já estão comemorando né sim porque a transmissão do rádio é mais rápido do que a transmissão digital nós vamos admitir que isso seja uma transmissão em tempo real
ora eu me lembro na década de 90 eu era estudante de história eu pude assistir à guerra do golfe e iniciado então quem pelos estados unidos a guerra do golfo em tempo real e nem se lembra disso a cnm transmitiria isso urgente rápido é isso a pronto vai começar o bombardeio né ea cnn transmitindo aquilo lá né está assistindo lá tal agora cansei da guerra ou mudar tal né e isso ainda pode acontecer né então não foi mais esse é um bom exemplo esse é um bom exemplo de como a gente vive uma simultaneidade é
um uma sensação de de testemunhas oculares da história sem que isso signifique necessariamente um processamento uma compreensão do que ocorre em função dessa velocidade das informações então em 11 de setembro de 2001 2001 e um monte de gente que tem idade pra isso evidentemente neto copencam não foi pessoal novinho então né mas é capaz de se lembrar onde estava o que estava fazendo né quando soube do ataque terrorista às torres gêmeas e quando eu liguei a tv era uma já estava pegando fogo e ouviu o segundo avião batendo né é isso aí a gente lembra
dessas coisas legais e ficava em khushab uma piscina maluca e será que tá acontecendo né sabe que é testemunha ocular de alguma coisa muito importante se você muda o canal está passando uma outra coisa você pode continuar alimentando essa sensação a puxar algo de importante acontecendo né mesmo que no final das contas você passa o dia inteiro e cheguei lá no big brother é acreditar em alguma coisa importante acontecendo nem quer dizer se estão transmitindo algo de importante deve estar acontecendo claro é uma caricatura nessa esse exemplo hipotético que o boné de um ataque das
torres gêmeas até o 'big brother' né pra dizer que essa quantidade de informações não traz necessariamente as condições não traz de imediato as condições de compreensão daquilo que nós estamos vendo né como quer que seja como quer que seja né essa é essa oferta né de de informações de imagens de acontecimentos né é essa esse encurtamento do tempo essa sensação então de que o que se passa do outro lado do mundo está se passando aqui também quando você liga por exemplo uma tv ou quando você se conecta à internet né é imediatamente você é transportado
por uma outra parte do mundo isso pode ser visto como um aprimoramento de algo que começou a ocorrer com essas grandes navegações de finais do século 15 porque foi aí pela primeira vez que partes do mundo até então completamente isoladas umas das outras passaram a poder se comunicar não significa que se comunicasse aliás hoje mesmo as comunicações dependem das demandas pelas comunicações a oferta de uma tecnologia não diz nada internos não nos diz nada em termos de dinâmica de uma vida social o fato de existir uma tecnologia não significa que seja uma tecnologia útil seja
uma tecnologia que traduza um modo de vida né tem um monte de inventores excêntricos aí tem um monte de tecnologias que nos fazem sonhar mas que não são aplicadas na realidade por falta de demanda porque elas não têm utilidade porque elas não são vistas como realmente necessárias relativizando isso quer dizer as comunicações ocorrem quando é necessário por algum motivo mesmo que essa necessidade seja imposta como uma mercadoria né é que você seja obrigado ou seja um ter ido a desfrutar de uma determinada comunicação porque aquilo é uma mercadoria ensinam que você tenha parado para pensar
qual é o interessante seria usufruir um determinado recurso de comunicação de toda de todas as maneiras essa possibilidade então de se ligar com outras partes do mundo e do mundo todos e legar começou a ocorrer com essas grandes navegações com isso né foi aí foi aí nas palavras então esse grande historiador português vitorino magalhães godinho né foi aí que o mediterrâneo deixou de ser uma espécie de lagoa central do mundo para os europeus que o oceano atlântico deixou de ser uma barreira intransponível para os europeus e foi aí que nessa visão de mundo e européia
o globo deixou de ter dois limites que não se tocavam um extremo ocidente um extremo oriente o mundo passou a se tocar essa é uma perspectiva eurocêntrica essa que está analisando uma galinha godinho sim mas é justamente essa perspectiva eurocêntrica que nos dá a medida então de uma globalização que tem sua origem na própria europa né a história da globalização ela tem um forte cunho eurocêntrico é a origem dessa globalização muitas coisas mudaram tremendamente eu corro risco aqui de estar justamente referendando uma concepção tele o lógica da história quando eu digo que hoje essa globalização
não existe começou a nascer aqui sabemos isso hoje e podemos afirmar isso hoje no entanto corremos o risco de projetarmos para esse passado o nosso presente como se então a transmissão do ataque das torres gêmeas estivesse nascendo aqui isso seria um exagero isso seria um equívoco seria então ignorar as descontinuidades nessa história e as outras possibilidades de que a história tivesse realizado das maneiras que ela não se realizou mas afinal de contas porque o mundo então deveria continuar cada vez mais conectado por que ele deveria então aprimorar esses recursos de conexão entre as diversas partes
simplesmente porque essa conexão começou a ocorrer no século 15 essa é uma boa pergunta não necessariamente deveria ter sido assim acabou sendo assim essa afirmação então precisa ser relativizada não como um diagnóstico de um movimento linear de um movimento inequívoco de um movimento seguro é um movimento apreensível numa perspectiva temporal mais ampla mas que só tem validade se for realmente compreendido com base nessas descontinuidades e nessas alternativas não realizadas quais são essas necessidades européias que levam o continente a se expandir é uma expansão parcial a própria expansão portuguesa não é uma expansão linear quando nós
dizemos olha ela começa em 1415 com a tomada de ceuta no marrocos corremos o risco de encerrar lá com o descobrimento do brasil em 1500 como se os portugueses tivessem seguindo buscando um objetivo final que do ponto de vista de uma história excessivamente centrada no brasil como eu já critiquei na aula passada não quiser essa essa perspectiva de enfiar demais todo e qualquer acontecimento num prisma e um único país da história de um único país e todo e qualquer país padece desse problema quer dizer estuda sobretudo a sua própria história né e não se dá
conta então de que esse país não existia como uma entidade dotada de uma história própria não se dá conta de que essa história fazia parte de uma história mais ampla mais geral de que houve então bifurcações nessa história que acabaram levando as coisas pra outros caminhos né todas essas perspectivas então elas costumam nos advertir elas podem nos advertir para esse equívoco porque é de pensar a expansão portuguesa com uma expansão que termina com o descobrimento do brasil porque afinal de contas nós estamos saturados de história do brasil e assim deveria ser natural que fosse mas
não é dessa maneira bem por que então ocorre essa expansão não é uma série de fatores eu vou me referir a três elementos importantes nessa expansão a centralização das monarquias européias a centralização das monarquias européias ao mercantilismo que o crescimento da população europeia o crescimento da população europeia são três fatores a se tomar em conta não estou pretendendo aqui que esses fatores que conduzem automaticamente a esse processo de expansão mas sim a sugerir com ênfase em que esses três fatores são fundamentais então para entender a configuração que esse movimento expansivo lista teve nos séculos 15
e no século no século 15 e 16 penal em primeiro lugar a centralização das monarquias hora as monarquias existiam na europa medieval no entanto com uma tendência a desempenharem poderes políticos menos importantes do que esferas mais restritas chamemos essas esferas de feudos e comentamos aqui uma generalização o poder feudal é mais importante do que o poder dessas monarquias as monarquias existem elas podem existir elas são distribuídas enfim em ducados em reinados mas elas não são monarquias capazes de centralizar um conjunto de acções que se mostrariam decisivas para essa expansão no século 15 sobretudo a capacidade
de acúmulo de capital o acúmulo de capital em escala diferenciada acúmulo de capital capaz de subsidiar de financiar empresas perigosas empresas arriscadas empresas caras como são as grandes navegações não são as grandes navegações em empreendimentos puramente das monarquias européias puramente públicos como nós diríamos hoje sempre dependendo de capitais privados também o estabelecimento de parcerias entre monarquias e empreendedores privados no entanto no entanto se já existia capital se já existe estrutura de mercado pelo menos desde o século 13 na europa é neste século 15 que a concentração de poderes políticos era de algumas monarquias permite o
início de um acúmulo de capital em escala diferenciada é bom vocês terem em mente uma absoluta unanimidade porque é já uma simples constatação da parte de todos os grandes estudiosos da história do capitalismo nunca houve na história desse sistema do sistema capitalista uma imcompatibilidade essencial entre a gestão do capital em circulação do capital a multiplicação do capital é a atuação do estado