NÃO CONTROLE SUA ANSIEDADE | Marcos Lacerda, psicólogo

ansiedade é uma coisa muito muito ruim de verdade e quando eu digo não lute contra a ansiedade isso pode parecer esquisito para você que tá me ouvindo Mas é porque a gente não deve lutar batalhas perdidas dizer não lute contra a ansiedade é tão lógico quanto eu dizer não lute contra o nascer do sol o sol nascerá não há o que fazer eu não posso impedi-lo não posso lutar contra o nascer do sol Mas eu posso me proteger posso me proteger para não ser queimado do sol mas isso não é lutar contra o nascer do

sol né Pois é essa é a ideia talvez você que seja uma pessoa muito ansiosa não consiga se proteger das queimaduras dessa ansiedade porque ao invés de fazer isso você fica tentando lutar contra a ansiedade nada disso não lute contra a ansiedade quer saber o que fazer eu sou Marcos psicólogo e esse é mais um nós da questão vamos [Música] junto sobre essa coisa de não lutar contra a ansiedade existe uma historinha que honestamente eu não sei se ela é inventada ou se é real eu acho que é real mas conta-se que um monge que

vivia recluso no Mosteiro ele começou do nada a ter transtornos de ansiedade e transtornos de ansiedade significativos até fortes e ele passava mal achava que ia morrer e enfim ele começou a ter Pânico começou a ter uma série de de transtornos ansiosos e isso para ele era uma coisa muito indigna porque ele era um monge como é que um monge sente isso como se monge não fosse gente né é feito Psicólogo o psicólogo Não É Gente eu não posso ter nada tá até parece bom mas fato é que depois de muito lutar contra isso de

tentar resolver essa ansiedade meditando a meditação até ajudava mas quando ele via no meio de certas atividades e vinha a ansiedade tomava ele ele ficava muito aflito então ele procurou o mestre lá do mosteiro e o mestre disse a ele a seguinte frase que a que eu dei título a esse vídeo não lute contra a ansiedade mas como assim é uma coisa ruim me faz mal eu preciso resolver e o senhor tá me dizendo para eu não resolver Não tô dizendo para você não resolver eu estou dizendo não lute contra a sua ansiedade e o

monge levou um bom tempo para entender o que é que esse mestre queria dizer com não lute contra a sua ansiedade e quando ele finalmente entendeu ele parou de lutar e resolveu as questões dele com a ansiedade então vamos tentar entender o que é que esse mestre budista quis dizer ao monge em primeiro lugar quando a gente diz não lute contra a sua ansiedade o que a gente tá dizendo é a sua ansiedade é uma emoção e Uma emoção ela comunica algo então em primeiro lugar parta do seguinte princípio a minha ansiedade Ela está me

comunicando alguma coisa como a minha irritação me comunica alguma coisa as minhas Sensações orgânicas elas me comunicam alguma coisa então sempre que você pensar nos seus estados de ansiedade pense neles não como uma luta a ser lutada mas como uma comunicação a ser entendida algo lhe está sendo comunicado só que está sendo comunicado com uma violência tão grande com uma intensidade tão brutal que isso desorganiza você fisicamente é como se alguém me dissesse algo falando como eu estou falando ou berrando no seu ouvido chegando pelas costas e dando um berro no seu ouvido para comunicar

alguma coisa ainda que seja uma coisa boa se eue disser ó tá na mesa Vamos almoçar é diferente de você tá de surpresa eu chegar pelas suas costas e berrar no seu ouvido que tá na mesa Vamos almoçar isso vai lhe causar uma perturbação física mas é uma comunicação começa a olhar para ela dessa forma que ela já vai ficar mais simpática não estou dizendo que não é desorganizador não estou dizendo que não é doloroso eu estou dizendo que é uma comunicação em segundo lugar não lute contra a sua ansiedade significa Não Tente nunca mais

senti-la porque ao entrar nesse circuito do eu não quero nunca mais sentir isso você vai Talvez cair no esquema de colocar fugas que são muito ruins ou você vai começar a se sedar muito com medicações ou você vai recorrer ao álcool ou a outros tipos de droga ou a vícios ou a o que quer que seja e não não estou dizendo que as medicações para transtornos de ansiedade não são necessárias são muito necessárias E bem-vindas desde que elas sejam feitas e aplic por alguém que realmente sabe o que tá fazendo e que tá lhe fazendo

conseguir modular esta ansiedade para que você comece a dialogar com a ansiedade porque se só for para li sedar para lihe botar numa camisa de força química aonde você não sente mais Você precisará a vida inteira da medicação porque ela vira uma mordaça né que amordaça essa comunicação que essa ansiedade tá lhe fazendo então sim as Med opções são de Fato muito bem-vindas mas quando são usadas como um meio para me ajudar a não me desorganizar tanto fisicamente Mas isso não me exime da necessidade de compreensão e de reorganização dos meus sentimentos dos meus afetos

não lute contra a sua ansiedade também passa por parar de se subestimar porque via de regra nós nos subestimamos diante das nossas emoções isso quer dizer que a gente tende sempre a tirar a coisa da gente colocar em algum lugar que eu não tenho acesso Ah eu sinto isso porque é de família minha mãe tinha minha avó também tinha eu não tenho nada o que fazer eu não posso fazer nada tá no Meu DNA é a genética do meu cérebro Eu nada posso fazer A esse respeito eu não posso isso é muito mais forte do

que eu essa narrativas são narrativas ainda assim de luta porque você tá lutando uma luta na qual você se entregou não é eu parei de lutar É eu estou me entregando a um inimigo porque este inimigo é maior do que eu no final das contas o que eu tô querendo dizer aqui essas narrativas desligam você da ansiedade você precisa se lembrar que a ansiedade é você a ansiedade não é seu cérebro não é sua mãe não é é você eu sou as coisas que eu sinto é isso que eu sou amor amor não é uma

subjetividade que tá voando Não amor a gente sente no corpo coração dispara a mão fica fria boca fica seca pupila de lata quando a gente vê quem a gente ama isso é assim que funciona para com narrativas que lhe tiram da cena porque sair da a cena é sim ainda uma forma de lutar contra a ansiedade e de dizer ela tá aí ela me possui né como se fosse algo que vem de fora e me toma não é as suas emoções Eu repito são você por mais desorganizador por mais chocantes que elas sejam elas são

você quando você anda numa montanha russa se você gosta de montanha russa você vai ter um monte de Emoções quem vai sentir essas emoções você não é seu corpo quem vai sentir é você quem sente porque a Rigor se a gente pensar nós somos muito maiores do que o corpo que habitamos porque Pare para pensar comigo quem vê quem é que enxerga o meu olho não vê porque o meu olho ele é uma lente como uma lente de câmera fotográfica por onde a luz luz entra essa luz reflete num conjunto de lentes esse impulso luminoso

é transformado em impulso elétrico e elevado para o meu cérebro o meu cérebro também não vê o meu cérebro pega este impulso elétrico e decodifica este impulso elétrico Então o que era luz entrou pelas lentes do meu olho virou impulso nervoso cheg egou no cérebro e foi decodificado dentro do cérebro Mas quem viu meu olho não viu meu cérebro também não quem viu eu vi quem sou eu algo difícil de explicar mas sou bem mais do que meu olho do que meu cérebro porque nem meu olho e meu cérebro viram Quem viu fui eu então

é preciso que a gente entenda e pare com essas narrativas de que eu não posso com essa ansiedade porque essa ansiedade é algo essa ansiedade é você essa ansiedade é você como as imagens que eu estou vendo quem está vendo sou eu não é meu corpo eu sou maior do que meu corpo então no final das contas o que o Mestre budista queria dizer ao monge com não lute contra a ansiedade é aceite os seus períodos de ansiedade como uma característica sua na hora em que você simplesmente olhar para esta ansiedade como característica sua Ela

ficará muito mais tranquila muito mais suave Olha eu vou te falar eu sei que se você sofre de ansiedade você deve estar dizendo que é muito fácil dizer isso mas eu sei o que é ansiedade Eu sou um ser humano Eu também já tive momentos de ansiedade eu já tive explosões de ansiedade dentro de mim eu nunca tive nenhum transtorno ansioso permanente isso de fato eu não tive mas eu já tive momentos de pânico pânico sem uma explicação para o pânico eu já tive momentos de me sentir completamente fóbico no meio de uma multidão já

tive momentos que eu achava que eu ia morrer no meio de uma multidão isso são momentos de ansiedade Agudos que qualquer um pode ser submetido então eu sei o que é tem hora que a gente pensa que vai fazer cocô nas calças tem hora que a gente pensa que vai desmaiar tem hora que a gente pensa que vai vomitar tem horas que a gente pensa que tá emou Endo tem horas que a visão Parece que fica diferente e o mundo parece que tá se distorcendo na vista da gente tem horas que a gente treme muito

isso tudo faz parte de um quadro de ansiedade tem horas que a gente fica formigando formiga as coisas vão anestesiando a língua vai ficando anestesiada isso tudo Eu também já senti mas eu tento viver essas coisas como uma comunicação minha eu não luto com isso porque eu parto do princípio que estas coisas não estão me possuindo elas estão sendo criadas por mim sou eu que as crio se eu as crio mesmo que involuntariamente elas não podem ser maiores do que eu porque nada que eu sinta pode ser maior do que eu porque eu só posso

sentir na capacidade que eu tenho de sentir e de produzir sentimento e de produzir emoções e de produzir Sensações Então comece a observar ansiedade ao invés de lutar contra ela é um exercício dolorosissimo dificílimo mas é um exercício de apossar-se de si mesmo ainda que você esteja tomando a medicação a medicação a não vai lhe tirar essa oportunidade de você precisar se observar um exemplo disso que eu aprendi muito cedo foi com uma passagem minha com minha mãe antigamente acho que hoje em dia não se usa mais isso mas antigamente quando a gente quebrava braço

perna alguma coisa a gente engessava é um inferno você imagine uma criança com o braço ingado a Perna engessada hoje em dia tem coisas que você coloca passa o dia tira para tomar banho bota de no meu tempo era gesso e aí você tinha que enrolar a mão todo o braço me lembro tanto uma vez que eu quebrei o braço que ingressaram daqui até aqui então tem que enrolar primeiro com algodão para o gesso não queimar a pele depois vem com aquelas faixas de gesso molhada até endurecer aquela coisa toda tudo bem Você imaginam o

que é aquilo no calor do Nordeste tem hora que começa a coçar coçar desesperada mente dentro né E o que é que eu fazia quando o gesus começava a coçar minha mãe fazia tricô então eu pegava uma agulha de tricô que é uma agulha grande e enfiava dentro do gesso para tentar coçar onde tava coçando né Um dia ela me pegou fazendo isso e me deu o maior rela né E ela tinha razão porque ao enfiar a agulha para tentar coçar eu ia acabar em algum momento ferindo a pele e se eu ferisse a pele

fazendo isso aí ia dar um Desmantelo porque a pele ferida não ia respirar eu não ia ver ia acabar infeccionando a coisaa complicada você não pode enfiar agulhas de tricô para est coçando a pele porque você pode ferir sua pele Então ela me deu maior rela pegou a agulha dis que eu era uma criança e eu disse mas tá coçando o que é que eu faço ela disse olhe paraa sua coceira olhe pra sua coceira pare de querer coçar e olhe pra sua coceira em outras palavras ela tava dizendo não brigue com a sua corceira

porque a sua corceira é você e a partir daquele dia sempre que coçava eu eu olhava pra coceira eu me concentrava na Coceira eu sentia eu pensava na coceira e eu quase conversava com a coceira e é interessante que foi ficando suportável a coceira porque ela passava Em algum momento evidentemente mas eu comecei a entender aquela corceira não como algo externo mas como sendo eu era eu coçando aquilo era eu e esse exercício eu levo para muitas coisas na minha vida e uma coisa que você também precisa fazer ao invés de lutar com a sua

ansiedade e é isso O que o Mestre budista queria dizer é dê limites dê limites a você dê limites às pessoas porque muitas vezes nós temos crises de ansiedade por estarmos rompendo nossos próprios limites ou por estarmos deixando que outras pessoas rompam os nossos próprios limites Depois desse dia conta-se que o monge Pouco a Pouco foi passando a ver essas crises de ansiedade dele como uma companheira e começou também a não ultrapassar mais certos limites dele próprio a fazer até onde ele podia onde ele não podia ele não fazia um belo dia ele se deu

conta que ele era uma pessoa ansiosa mas que essa ansiedade já não feria mais já não o perturbava mais já não o desconsertar mais porque ele passou a integrar essa ansiedade a ele e ele descobriu que não morreria por isso ele poderia viver com isso no fundo não lutar contra a sua ansiedade é aprender a viver com você na sua companhia embora isso às vezes possa ser profundamente assustador e a sensação de que vai me matar não vai Pense nisso tchau até a próxima [Música] n