[vinheta ♫♫♫] Olá! Meu nome é Aldo Lucion e eu gostaria de analisar hoje a doença de Parkinson. Doença de Parkinson é uma doença neurológica muito prevalente, por isso eu gostaria de analisar alguns aspectos relacionados às alterações neurais que ocorrem na doença de Parkinson.
Para esta aula, alguns conhecimentos prévios são importantes: anatomia e fisiologia dos núcleos da base, as sinapses. Essas aulas nós já vimos em outras oportunidades. A sintomatologia da doença de Parkinson, eu não vou entrar em detalhes na clínica da doença de Parkinson, eu suponho que vocês tenham noções prévias disso.
De maneira muito breve, a doença de Parkinson é uma doença degenerativa do nosso sistema nervoso central. A maioria dos casos da doença de Parkinson são esporádicos e de causas não conhecidas. Ou seja, são pessoas que apresentam a doença de Parkinson sem ter tido um histórico familiar desta doença.
Em pequeno número, em torno de 10% dos casos de Parkinson, sim, eles têm uma herança genética. Vários gens podem estar alterados e essas alterações podem ser dominantes ou recessivas. Alterações degenerativas.
Essa figura para ilustrar a doença de Parkinson. Aqui se observam vários aspectos relacionados à doença de Parkinson. Primeiro, a idade da pessoa.
A doença de Parkinson acomete pessoas 60 a 70 anos, ela é mais prevalente em homens do que em mulheres. Ela se caracteriza por essa postura, uma certa rigidez muscular e como ele pretende mostrar aqui na figura, com o tremor das extremidades das mãos, às vezes da cabeça. É um tremor de repouso, ou seja, quando a pessoa está parada, ela treme.
Um outro aspecto muito importante que eu quero ressaltar nesta figura é esta data: James Parkinson escreveu essa doença há mais de 200 anos atrás, e até hoje não há intervenções adequadas e que possam promover a regressão da doença, ou seja, não podem curar a doença. Algumas intervenções podem melhorar, elas de fato melhoram o desenvolvimento do quadro, mas ele é inexorável, essa degeneração. Essas aulas que eu tenho falado sobre Parkinson procuram contribuir para o conhecimento da doença e portanto, para a sua solução em termos terapêuticos.
É uma contribuição nesse sentido. A cronologia da doença, a distribuição temporal desta doença. A doença de Parkinson é uma doença que afeta este pequeno núcleo que se chama substância negra.
É um dos núcleos da base essa substância negra, ela se projeta para o caudado e também para o putâmen, que são outras estruturas dos núcleos da base. O caudado e o putâmen no seu conjunto formam o que se chama o estriado. Então, aqui está a substância negra que contém.
. . o maior número de neurônios da substância negra e expressa o neurotransmissor dopamina.
São especialmente neurônios dopaminérgicos que se projetam aqui para o estriado, o putâmen e o caudado. Na descrição da doença de Parkinson existem os sintomas não motores, que são. .
. estão relacionados a essa fase de pródromos, são os precursores, são sintomas não relacionados à motricidade. E eles podem ser uma redução da capacidade olfativa que se chama hiposmia: diminuição da capacidade da sensação olfativa.
Um outro sintoma muito frequente que está relacionado, vários anos depois com a doença de Parkinson, é a constipação, redução lá do trânsito intestinal ou também desordens, alterações do sono, especialmente do sono paradoxal, sono REM, ou quadros emocionais de depressão. São sintomas muito amplos, mas que sistematicamente estão relacionados ao aparecimento da doença de Parkinson muitos anos depois. Essa fase de pródromo existe.
. . ocorrem em torno de 15 à 20 anos antes do aparecimento daqueles sintomas motores mostrados ali, naquela outra figura.
A doença de Parkinson então é uma degeneração dos neurônios dopaminérgicos lá da substância negra, e aqui, assim para ilustrar figurativamente essa alteração, nós temos aqui à esquerda uma pessoa saudável, e esses neurônios lá da substância negra expressam dopamina. Essa dopamina é liberada aqui nesta sinapse, que vai atuar sobre receptores para ela, nos neurônios pós-sinápticos que estão lá no caudado e putâmen. Então é isso aqui numa pessoa saudável.
Numa pessoa com doença de Parkinson há uma redução significativa e muito importante desta transmissão dopaminérgica aqui, entre neurônios da substância negra e neurônios lá do estriado. Então, os sintomas motores, clássicos da doença de Parkinson, quando ocorre essa diminuição muito acentuada dessa transmissão dopaminérgica. Esses sintomas são: tremor, rigidez, alterações lá da postura, do equilíbrio.
A redução da transmissão dopaminérgica da substância negra. Essa é uma alteração mais conhecida, muito mais tempo conhecida. Esta figura mostra a relação entre o córtex cerebral e os núcleos da base.
Nós vemos então aqui o córtex cerebral, atua sobre o estriado, lá o caudado e o putâmen, que por sua vez atua sobre o segmento interno do globo pálido, que por sua vez aciona o tálamo, que por sua vez ativa a área motora suplementar, áreas corticais. Então, a informação tem origem lá no córtex e chega novamente ao córtex. Esses conhecimentos nós já vimos em outra oportunidade, lá nas nossas aulas de núcleo da base.
Então, como se chama esta via que eu acabei de descrever? É a via direta: córtex, estriado, globo pálido, segmento interno, tálamo, córtex. motor.
Via direta dos núcleos da base. Há uma relação indireta também dos núcleos da base, que compreende a ação do córtex cerebral. Sempre começa aqui, sempre atua sobre o estriado que é a porta de entrada dos núcleos da base.
Do estriado nós temos uma ação sobre o globo pálido, o segmento externo do globo pálido, e do segmento externo globo pálido para o núcleo subtalâmico, e do núcleo subtalâmico para o segmento interno do globo pálido, e daí para o tálamo e do tálamo para o córtex cerebral. Então, esta é a via indireta dos núcleos da base: córtex, estriado, globo pálido externo, subtalâmico, subtalâmico globo pálido interno, o tálamo, área motora suplementar. Esta é a via indireta.
Então existem essas 2 grandes vias internas dos núcleos da base: a via direta e a via indireta. A substância negra está aqui. A substância negra, ela atua sobre o estriado.
A substância negra tem como neurotransmissor principal, não é o único, mas o principal é a dopamina. Agora, a substância negra, os neurônios da substância negra atuam sobre o estriado. Os neurônios do estriado podem expressar receptores dopaminérgicos excitatórios do tipo D1, mas outros neurônios do estriado podem expressar receptores do tipo D2, que são inibitórios para dopamina.
Ou seja, a dopamina da substância negra pode ter um efeito tanto excitatório como inibitório do estriado, através de diferentes receptores do tipo D1, do tipo D2. Há uma outra particularidade importante: os receptores inibitórios para a dopamina. .
. no estriado, esses receptores inibitórios para dopamina estão em neurônios do estriado que fazem parte da via indireta. Ou seja, os neurônios do estriado que expressam receptores inibitórios para dopamina, eles fazem parte dessa via indireta dos núcleos da base.
Enquanto que os receptores excitatórios para a dopamina aqui no estriado, eles fazem parte da via direta. Dado esse quadro inicial de revisão lá dos núcleos da base, vamos falar sobre as causas da doença de Parkinson. A doença de Parkinson, por razões ainda não conhecidas, os neurônios dopaminérgicos aqui da substância negra morrem.
Morream. O que se observa é que os neurônios dopaminérgicos da substância negra morrem, especialmente aqueles neurônios dopaminérgicos da substância negra que fazem sinapse com neurônios inibitórios, com neurônios que expressam receptores inibitórios para a dopamina no estriado. Portanto, a lesão, a degeneração dos neurônios dopaminérgicos da substância negra afeta principalmente a via indireta dos núcleos da base.
Principalmente, porque morrem preferencialmente neurônios dopaminérgicos que fazem sinapse com neurônios do estriado que expressam receptores inibitórios para a dopamina. Então, o que acontece na doença de Parkinson? Morrem esses neurônios, o que nós temos é uma redução da inibição da substância negra sobre o estriado, uma diminuição da inibição da substância negra sobre estriado.
Portanto, o estriado que normalmente tem uma atividade inibitória, o que o estriado tem são neurônios inibitórios. Essa ação do estriado na ausência da ação inibitória da dopamina aumenta. Ou seja, a ação inibitória do estriado fica livre, porque a dopamina lá da substância negra não foi capaz de inibir o suficientemente por que morreram seus neurônios.
Então, há um aumento da atividade inibitória do estriado através da via indireta e isto tem como consequência uma redução da atividade excitatória do tálamo sobre o córtex cerebral, ou seja, diminui a atividade excitatória do tálamo sobre o córtex cerebral. Esse é o desequilíbrio que há entre a atividade excitatória inibitória lá da substância negra. Normalmente, uma pessoa saudável, a ação da substância negra é equilibrada entre a interatividade excitatória inibitória.
Na doença de Parkinson há uma morte de neurônios inibitórios e portanto, há um aumento da atividade inibitória do estriado e portanto, há uma redução da atividade do tálamo sobre áreas motoras lá no córtex cerebral Então, como resumo desta aula, eu gostaria de destacar que os sintomas motores do Parkinson, eles aparecem quando já há uma redução de aproximadamente 80% no número de células dopaminérgicas da substância negra. Ou seja, a redução do número de neurônios na substância negra já é muito acentuada quando aparecem aqueles sintomas motores, por exemplo: tremor, a rigidez postural. A degeneração das células dopaminérgicas inicia na sinapse com o estriado.
Quem morre são os neurônios dopaminérgicos lá da substância negra, mas inicia na sinapse com os neurônios lá do estriado e progride em direção a um corpo celular que está lá na substância negra. A limitação da atividade dopaminérgica tem como consequência a redução da atividade excitatória dos núcleos da base sobre o tálamo e sobre o córtex cerebral. Portanto, na doença de Parkinson, nós temos uma redução da atividade tálamo cortical, é induzida pelas vias internas dos núcleos da base.
Há como causa da doença de Parkinson, há esse desequilíbrio entre a atividade excitatória e inibitória dos núcleos da base em favor da inibição, e essa é a alteração funcional mais conhecida da doença de Parkinson. Normalmente, fisiologicamente, a substância negra tem tanto uma atividade excitatória como uma atividade inibitória ali sobre o estriado. Na doença de Parkinson, há um desequilíbrio, como morrem neurônios que estão preferencialmente relacionados à via inibitória, nós temos uma redução da atividade inibitória do estriado, portanto um aumento da atividade intrínseca que é também inibitória desse estriado.
Portanto, há uma redução da atividade dos núcleos da base sobre o córtex cerebral. Então esse desequilíbrio excitatório inibitório dos núcleos da base é a causa mais conhecida da doença de Parkinson. Era isso, muito obrigado pela atenção de vocês!