[Música] Em frente a uma casa bonita e com um jardim impecável, estava Pierre, um garoto de apenas 14 anos que era cadeirante. Ele olhava para a casa com um ar de nervosismo, como se ali estivesse algo que sempre desejava, mas que ao mesmo tempo tinha medo de encontrar. Ao seu lado, Rafael, seu cuidador, estava apreensivo também, mas, por ser mais velho, tentava não transparecer para dar forças ao menino.
"Rafael," disse Pierre, com nervosismo, "será que ela irá me aceitar? Há anos eu desejo encontrá-la, mas se minha mãe realmente me desejasse, ela nunca teria me abandonado. Talvez ela não queira me ver e até fique com raiva de mim por bater em sua porta.
" Rafael, com um olhar sereno e calmo, respondeu: "Ela é sua mãe. Tenho certeza de que ela teve seus motivos para abrir mão de você. Não sabemos o que aconteceu para ela lhe deixar, então não fique nervoso.
Você é um ótimo garoto e tenho certeza de que ela irá gostar de você. Estou aqui do seu lado e não vou sair. Pode contar comigo para qualquer coisa.
" Com as palavras de Rafael, Pierre ficou mais calmo. Com suas mãos frágeis e magras, ele começou a girar as rodas de sua cadeira. Rafael andava lentamente ao seu lado, sem tirar os olhos do garoto que estava suando de nervosismo.
Os dois notaram o belo jardim, que era bem cuidado e tinha diversos tipos de rosas. A frente da casa era bonita e, ao mesmo tempo que exalava uma simplicidade de detalhes, também mostrava um ar de requinte e sofisticação. O garoto em frente à porta tocou a campainha.
Quando o som do toque ecoou por toda a residência, ele sentiu seu coração acelerar. Por um segundo, pensou em voltar, mas ao ouvir passos indo até a porta, percebeu que era tarde demais para retornar. A porta se abriu e uma mulher de pouco mais de 40 anos apareceu.
Ela tinha um rosto simpático, com um sorriso suave e acolhedor. Ela perguntou: "Bom dia, em que posso lhes ajudar? " Pierre ficou olhando para ela por alguns segundos; sua voz estava travada dentro de sua garganta e ele não conseguia dizer mais nada.
Então, os sentimentos que não conseguiam sair de sua boca foram para seus olhos e transbordaram; o garoto chorou, mas seu rosto estava imóvel, como se estivesse paralisado. "Meu Deus! " a mulher disse, "você está bem?
" Ela falou preocupada com a situação. Rafael não pretendia falar nada, apenas acompanhava o garoto para saber se ele ficaria bem, mas ao ver aquela cena, teve que falar: "Senhora, nós viemos de muito longe. O Pierre está procurando a senhora há muito tempo, por isso ele está assim emocionado.
" A mulher continuava sem entender o que estava acontecendo; ela não sabia quem eram aqueles dois, e o garoto chorando estava a deixando preocupada. Pierre finalmente criou coragem e falou: "Mãe, eu sempre quis conhecer a senhora. Faz tantos anos que eu a procuro.
O meu pai sempre falou da senhora, mas ele nunca me deixou a conhecer. Tudo que eu sabia era seu nome: Rosa. Eu sempre quis te conhecer, mãe.
" Rosa, ao ouvir a palavra "mãe" seguida de seu nome, ficou paralisada e também chorou. As lágrimas escorriam por seu rosto, mas ela permanecia imóvel na frente deles. Rafael ajudou Pierre a limpar suas lágrimas e, enquanto isso, Rosa disse: "Por favor, entrem.
Nós temos muito o que conversar. " Pierre e Rafael entraram na casa de Rosa. A sala de estar era equivalente à frente da casa, com requinte e elegância.
Todos os objetos estavam bem arrumados, e o tom claro das plantas trazia um ar de calma e paz à casa. "Irei pegar uns biscoitos e suco, esperem um pouco," disse Rosa. Pierre agora estava mais calmo.
Ele finalmente encontrou a sua mãe, a pessoa que ele mais desejava encontrar. Rosa retornou com alguns biscoitos caseiros que ela mesma fez e dois copos de suco de maracujá. "Tome um pouco desse suco.
Você está bem nervoso, isso irá ajudar a acalmar," ela disse com um tom de calma e compaixão. Rafael sentou no sofá confortável, e Pierre acomodou sua cadeira de rodas próxima a ele. Os biscoitos e o suco estavam deliciosos, deixando Pierre ainda mais emotivo por ter uma mãe que cozinha bem.
"Sabia," Pierre começou a falar, "é a primeira vez que fazem algo para mim depois que meu pai faleceu. Eu sempre tive que fazer minha própria comida," o garoto falou com a voz emocionada. Rosa sorriu.
"E você pode comer mais se quiser. " Os dois trocaram um sorriso de compaixão. Mas então Rosa pediu: "Por favor, me diga como me encontraram.
Eu sei que você tem muito a dizer. " Pierre olhou para o chão com um olhar triste e disse: "Não foi fácil te encontrar, mãe. Se não fosse por Rafael, eu nunca teria encontrado.
Eu passei por tanta coisa. . .
" Rosa o interrompeu: "Por favor, me diga tudo o que aconteceu até você chegar aqui. Eu tenho tempo de sobra. " Em seguida, ela sorriu, fazendo o garoto se sentir mais acolhido.
Há 15 anos, Pierre nasceu. Seu pai, Lucas, o criava com muito carinho e amor. Pierre era a razão de sua vida e o motivo de ele seguir em frente.
Até os 4 anos de idade, eram apenas Lucas e Pierre, mas logo depois, Carla apareceu na vida deles. Lucas e Carla eram um casal que se amava perdidamente, e logo Carla passou a morar com os dois. O casal não tinha muito dinheiro e vivia em uma casa humilde e alugada.
Mas quem olhava para fora dizia que os dois formavam um casal perfeito. Pierre lembra um pouco dessa época em que ele corria pelas ruas, jogava futebol com os amigos e sentia suas pernas doerem de tanto correr pelos campos. Mas um dia, algo mudou.
Seu pai mudou, aos poucos, sua atitude com. . .
Carla e Pierre. Ele ainda era o mesmo, mas seus sorrisos eram mais apagados e seu olhar sempre estava cansado. Sempre que perguntavam o que havia acontecido ou o que ele tinha, Lucas mudava de assunto e contava uma piada para distrair os dois por um tempo.
Carla e Pierre pararam de perguntar o que havia acontecido e apenas esperaram para Lucas estar pronto para contar o que havia acontecido. Pierre, no entanto, notou que Carla também mudou. Ela ainda o tratava bem, assim como seu pai, mas parecia mais sem vida; nem ao menos sorria mais para ele ou o marido.
Isso deixava Pierre triste e confuso; ele era apenas uma criança na época, mas sabia que os dois estavam escondendo algo dele. Um dia, enquanto jogava futebol em um campo com seus amigos, o goleiro chutou a bola e um dos jogadores a chutou para longe. A bola caiu do outro lado da estrada, uma estrada pouco movimentada.
Todos os garotos correram atrás da bola, mas Pierre foi o mais rápido. Ele sorriu ao pegar a bola e voltou andando para o campo, pois estava muito cansado. Infelizmente, desatento por causa da rua pouco movimentada, Pierre não notou o carro vindo em sua direção.
O motorista, que estava usando o celular no momento em que dirigia, também não viu Pierre. Os garotos ouviram uma grande batida e um barulho alto de pneus em alta velocidade; era o motorista que, ao perceber que atropelou uma criança, acelerou para não ser pego. Os garotos gritaram por ajuda e alguns deles correram para suas casas atrás de algum adulto que ajudasse.
Pierre, meia hora depois, foi levado para o hospital. Lucas e Carla não paravam de chorar com o temor de perder Pierre. O garoto passou um mês no hospital em coma; após esse tempo, ele acordou.
Pierre estava confuso; ele não lembrava do acidente ou de como havia parado ali, mas seu pai estava ao seu lado, chorando lágrimas de felicidade por seu filho finalmente acordar. — Pai, o que eu estou fazendo aqui? — Pierre falou com uma voz fraca e confusa.
Lucas, ainda chorando, respondeu: — Você sofreu um acidente, filho, e está no hospital. Mas ficará tudo bem; agora você ficará bem. — Eu não consigo me levantar — Pierre disse, com o som na altura de um sussurro.
— É porque você está fraco, filho; você ficou um mês dormindo e por isso suas pernas estão fracas. Mas em breve você poderá correr novamente, como sempre gostou, e jogar futebol com todos os seus amigos. Pierre falou sorrindo para o filho, que, cansado, dormiu novamente.
Infelizmente, o que Pierre tinha não era apenas fraqueza nas pernas. Exames posteriores notaram uma lesão na coluna que impedia os movimentos das pernas do garoto. A notícia foi avassaladora para Lucas e Carla, mas estranhamente Pierre se mantinha forte.
Ele brincava na cadeira de rodas e dizia que agora seria motorista e que colocaria turbinas nas rodas de sua cadeira, e assim poderia ir mais rápido que todos. Lucas ficou emocionado ao ver o quão forte seu filho era; a notícia de perder os movimentos das pernas, para qualquer pessoa, poderia ser algo que destruiria a vida de muitos, mas Pierre nunca soltou uma lágrima. Ele até mesmo brincava com a situação.
— Meu filho — Lucas disse —, eu queria ter metade da força que você tem. Você é o meu orgulho e minha vida. Saiba que eu te amo.
Após um período de recuperação no hospital, Pierre finalmente voltou para casa. Pierre notou que seu pai e Carla agora pareciam mais felizes; porém, ele sentia que ainda havia algo errado. Antes de ele sofrer o acidente, os dois estavam estranhos e então mudaram.
Isso acalmou Pierre, que por um momento pensou que o que quer que fosse que estava os incomodando fora resolvido. Pierre se adaptou bem à cadeira de rodas e conseguia até brincar com seus amigos dentro dos limites possíveis. Enquanto brincava com um de seus melhores amigos, ele perguntou: — Pierre, o que aconteceu com o carro que te atropelou?
O garoto perguntou com curiosidade. Pierre respondeu rapidamente: — Nada; não conseguiram encontrar a pessoa que me atropelou. Não sabem nem se é homem ou mulher.
Meu pai disse que essa região é bastante humilde e por isso não tem muitas câmeras nas ruas; por isso não conseguiram descobrir quem é e talvez nunca consigam. Incrivelmente, isso não abalava Pierre, que seguia sua vida normalmente. Carla e Lucas não sabiam se ele era apenas um garoto forte ou se a pouca idade trazia uma inocência dos desafios que ele poderia ter no futuro.
Nenhum desses acontecimentos abalou Pierre; porém, algo estava por vir que até mesmo a determinação de ferro que ele tinha seria abalada. Uma noite, ao acordar de sua cama, Pierre ouviu barulhos vindo da sala. Ele notou que era uma discussão abafada de Carla e Lucas.
O garoto subiu em sua cadeira de rodas silenciosamente e girou as rodas bem devagar até um ponto onde ele não pudesse ser ouvido ou visto. Carla e Lucas estavam na sala discutindo com tons agressivos, mas calmos, para não acordar Pierre. — Você tem que ficar com ele, Carla, eu te imploro!
— Lucas falava com um misto de raiva e medo. Carla, nervosa e com raiva, disse: — Eu me apaixonei por você, Lucas! Eu vivi essa vida ao seu lado apenas por você e não por ele.
Eu sou apenas a madrasta dele; eu nunca quis criar seu filho. Eu nem ao menos penso em ter um filho meu! Pierre tem uma mãe; ele pode muito bem ficar com ela!
Mas você nem ao menos diz onde ela está! — frio na espinha, ele perguntou. Por anos e várias vezes, ele perguntou ao pai sobre sua mãe, mas ele nunca falou nada sobre ela; apenas dizia que ela havia partido e deixado os dois sozinhos.
Pierre não sabia como interpretar isso; ele não sabia se sua mãe havia falecido ou se apenas havia deixado ele com. . .
seu pai. O garoto estava confuso e ficou com medo das palavras de seu pai: "Você tem que ficar com ele, Carla. " Essas palavras estavam em sua mente; isso significava que seu pai também iria o abandonar, assim como sua mãe.
Pierre não sabia nada; fazia sentido para ele, mas aquilo o abalou. Perder o movimento das pernas era fácil de lhe dar para ele, mas perder o amor de seu pai era demais para o pequeno garoto. A discussão acabou, e Pierre silenciosamente voltou para sua cama, mas naquela noite ele não dormiu bem.
No dia seguinte, Pierre encontrou seu pai na mesa da sala, pensativo, segurando a cabeça. O garoto foi até ele e, sem meias palavras, disse: "Pai, o senhor vai me abandonar assim como a minha mãe? " Os olhos de Lucas se arregalaram e ele foi em direção a seu filho, dizendo com um tom forte: "Meu filho, eu jamais faria isso!
Você é a minha vida, eu existo apenas por você. Eu jamais o abandonarei! Por que você está falando isso?
" "Eu ouvi o senhor e a Carla discutindo. O senhor disse que ela tinha que ficar comigo, mas ela não quis," Pierre disse tristemente, sem conseguir olhar nos olhos do pai. Lucas recebeu a confissão do filho como um choque; ele não estava preparado para falar a verdade, mas não podia deixar seu filho naquele estado.
"Filho, eu te amo. Estão acontecendo muitas coisas, eu queria que você ficasse de fora e não sofresse. Eu estou doente e tenho medo de que um dia eu não possa ficar ao seu lado.
Por isso eu disse para a Carla ficar com você. Eu jamais o abandonaria. " Pierre, ainda triste, falou: "O senhor vai morrer.
" Pai! Então o menino, que até agora era como uma rocha, um muro intransponível onde nenhum tipo de emoção negativa passava, desabou em lágrimas com o pensamento de perder o pai. Lucas tentou acalmá-lo: "Filho, eu estou me tratando.
É a segunda vez que essa doença retorna, tenho certeza que conseguirei me curar novamente. " Lucas e Pierre se abraçaram; os dois estavam emocionados e torciam com todas as suas forças pelo melhor. Os dias passaram e Lucas parecia cada vez mais cansado.
Ele tentava parecer forte na frente do filho, mas Pierre notava que o pai estava se esforçando para que ele não sofresse. Pierre, que já era amoroso, se tornou um garoto ainda mais dedicado ao pai. Ele fazia o seu café da manhã, arrumava a casa e estudava para mostrar as melhores notas para o pai.
"Você é meu orgulho, filho. " Após alguns meses, Lucas, que estava magro, pálido e sem seu cabelo, chamou Pierre: "Filho, venha aqui, tenho algo para lhe mostrar. Olha, essa caixa aqui tem várias fotos minhas quando eu era mais jovem e também suas, de quando você era um bebê.
" Lucas e Pierre ficaram conversando por horas. O pai contou vários momentos de sua vida através das fotos naquela caixa. Lucas sentia que seu momento de partir estava perto e por isso ele queria passar o máximo de tempo ao lado do filho.
Pierre notou que, apesar das várias fotos, nenhuma delas tinha alguma mulher que pudesse ser sua mãe, mas uma foto que seu pai não lhe mostrou e que estava até um pouco escondida dentro da caixa mostrava Lucas abraçado com uma mulher jovem que aparentava ter a mesma idade dele. Pierre pegou a foto e, com um brilho nos olhos e um sorriso em seus lábios, perguntou: "Essa é a minha mãe? " Lucas, pego de surpresa e nem ao menos lembrando daquela foto, olhou para Pierre.
O garoto, que havia passado tanto nos últimos anos, demonstrou uma alegria contagiante ao olhar aquela foto. Falando bem baixo e com um olhar triste, Lucas disse: "Sim, ela é sua mãe. " Pierre ficou com os olhos cheios de lágrimas de felicidade ao finalmente ver uma foto de sua mãe.
"O nome dela é Rosa. Ela é uma mulher incrível," Lucas falou. No entanto, uma tosse severa o atingiu logo a seguir.
Carla, ao ver que o marido não estava bem, o levou ao hospital, onde os médicos o internaram por dias. Lucas ficou internado e raramente recebia visitas de Pierre, já que os médicos não aprovaram um menor tão novo entrar em um ambiente de internação hospitalar. "É muito perigoso para ele," diziam, tentando proteger a saúde de Pierre.
O jovem garoto passava o dia sozinho em casa, segurando a foto de sua mãe e rezando para que seu pai retornasse. Porém, um dia a notícia que ele mais temia chegou: Lucas faleceu. Por dias ele lutou, mas a doença tirou sua vida.
Pierre recebeu as condolências de várias pessoas, mas nada do que ele ouvia diminuía sua dor; ele ficou o tempo todo ao lado do caixão do seu pai, até finalmente voltar para casa. Após a partida de Lucas, Pierre ficou sozinho com sua madrasta, Carla. Ela o tratava bem e demonstrava afeto e preocupação com o lado emocional do garoto.
Porém, isso não durou muito tempo; a dor do luto ainda queimava forte em seu peito e ela não conseguia mais segurar as lágrimas na frente de Pierre. A mulher, com o tempo, pareceu se tornar uma casca vazia sem a presença do seu amado marido. Meses depois, Pierre notou Carla preocupada na sala.
Ela olhava para vários papéis e sussurrava: "Como eu vou pagar tudo isso? " O que Pierre não sabia era que Carla não tinha emprego fixo e, após a perda de Lucas, a situação financeira deles se tornou ainda pior. Em uma noite escura, onde a luz da lua era a maior fonte de brilho, Carla disse que não estava se sentindo muito bem: "Pierre, eu preciso ir ao hospital.
Pegue algumas coisas suas e venha comigo". Os dois pegaram uma condução e foram até o. .
. hospital mais distante que havia na cidade. Ao chegar no pátio atrás do hospital, uma área isolada e com pouca iluminação, Carla disse: "Fique aqui, eu irei me consultar.
" Pierre achou estranho ele não entrar, mas como não foi a primeira vez que negaram sua entrada no hospital, ele não discutiu. Carla então seguiu para a frente do hospital e desapareceu após passar o muro. Pierre esperou.
Segundos viraram minutos, minutos viraram horas, e as horas fizeram o dia amanhecer. O sol estava nascendo, era quente, mas Pierre sentia um frio no coração. A porta de trás do hospital se abriu, e um homem saiu dela.
"O que você está fazendo aqui, garoto? Onde estão seus pais? " "Meu nome é Rafael.
Qual o seu? " Pierre então contou tudo o que havia acontecido para Rafael, que logo entendeu a situação. "Vai ficar tudo bem, garoto.
Eu vou lhe ajudar. " Rafael sentiu um aperto no peito ao ver o rosto triste do garoto, e mais ainda em uma cadeira de rodas. Rafael o levou para o restaurante dos funcionários, onde todos ficaram impressionados e revoltados com o abandono do jovem.
Rafael serviu uma refeição para Pierre, e ele devorou, pois estava com muita fome. Algum tempo depois, a polícia chegou, assim como o Conselho Tutelar. Carla havia deixado Pierre no hospital, pois no dia seguinte eles seriam expulsos da casa devido à falta de pagamento do aluguel.
Carla juntou esse também não querer ficar; ela queria apenas Lucas, mas o seu amado havia falecido. Sem coragem de dizer ao garoto que não ficaria com ele, e em vez de entregá-lo para adoção, Carla, em um ato covarde e sem pensar, achou melhor abandonar ele no hospital. "Alguém irá cuidar dele aqui," pensou ela antes de deixar ele sozinho naquele lugar.
A polícia encontrou Carla alguns dias depois, morando na casa de sua mãe. Ela respondeu o processo e pegou alguns meses de penitência por abandono de menor. Enquanto isso, Pierre se viu dentro das paredes de um orfanato.
O lugar era cheio de crianças, algumas boas e outras nem tanto. Pierre não levou quase nada de sua antiga residência, apenas a caixa com fotos de seu pai. Ele dormiu abraçado com a foto de seu pai e de sua mãe, e ficava imaginando como seria sua vida se os dois ainda estivessem ali com ele.
Alguns dias após entrar no orfanato, Pierre recebeu uma visita que jamais imaginou: era Rafael, o enfermeiro que o havia ajudado no hospital. "Olá, Pierre! " disse Rafael, com um sorriso largo no rosto.
"Eu trouxe algumas coisas para você. Espero que ajude. São roupas e uma cadeira de rodas nova; essa sua está muito velha.
" Pierre sorriu ao ver um rosto conhecido. Toda a sua vida havia mudado, e qualquer contato com alguém amigável o fazia sorrir por dias. Rafael visitou o garoto até que um dia ele deu uma grande notícia para Pierre.
"Pierre," Rafael começou a falar, "eu saí do meu antigo emprego naquele hospital. Eu falei com a diretora do orfanato e soube que estavam contratando para a enfermaria do orfanato, pois a antiga enfermeira se aposentou. Eu entreguei meu currículo, e eles me contrataram.
" Pierre deu um grito de felicidade e abraçou Rafael. "Você fez isso por mim? " o garoto perguntou.
Rafael ficou pensativo e disse: "Fiz por você, mas também porque aqui é melhor para mim e também vou ganhar mais. " Pierre olhou nos olhos dele e disse: "Eu vou me sentir muito mais em casa com você aqui. " Rafael sorriu de volta, feliz com o que ouviu.
O que Rafael estava escondendo era que ele fez isso pensando apenas em Pierre; ele queria poder ajudar o garoto de qualquer forma e estar mais presente. O novo emprego no orfanato pagava metade do salário que ele ganhava no hospital, mas o que ele queria era que Pierre estivesse feliz. A presença de Rafael tornou tudo muito mais fácil para Pierre e, com o tempo, ele conseguiu voltar a sorrir.
Mas a vida ainda tinha outra surpresa para ele. Enquanto estava sozinho, passeando pelo jardim do orfanato, uma pessoa chamou seu nome. Era Carla, sua madrasta.
Carla tinha um olhar triste e de arrependimento. "O que você está fazendo aqui? " Pierre perguntou.
"Antes de tudo, me desculpe por aquele dia," Carla falou, com sua voz falhando. "Perder Lucas foi demais para mim. Eu deveria ser mais corajosa e ter chamado o Conselho Tutelar para levar você, mas não tive coragem.
Você tem os olhos dele, e só de olhar neles isso me machuca. " Pierre ficou quieto, mas Carla seguiu falando: "Eu passei alguns meses na prisão pelo que fiz. Quando eu saí, me entregaram algumas coisas que havia na casa, como documentos, alguns móveis, nada muito importante, mas havia algo que eu havia esquecido.
Antes de seu pai morrer, ele escreveu uma carta. Ele me fez prometer que não abriria e que entregaria para você. No meio do luto e do velório, eu acabei perdendo a carta, mas quando saí da prisão, eles me entregaram tudo que estava dentro da casa que morávamos e, junto disso tudo, havia essa carta.
Eu não consegui cumprir minha promessa e li ela ontem. Aqui ela é. Tenho certeza que vai te interessar.
Mais uma vez, me desculpe. " Carla, após entregar a carta, deu meia volta e desapareceu, assim como da outra vez. Pierre abriu a carta, e ela dizia: "Filho, enquanto escrevo isso, sinto que logo irei partir.
Estou preocupado com seu futuro. Percebi apenas recentemente que Carla não era a mulher ideal para cuidar de você; porém, tem uma pessoa que com certeza irá cuidar bem de você: sua mãe. Desculpe esconder o paradeiro dela todo esse tempo, mas foi necessário.
O nome da sua mãe é Rosa; ela mora na Rua das Flores, número 123. Ela é uma pessoa com um grande coração. Tenho certeza que ela irá lhe dar o que precisar.
" Após ler a carta, Pierre chorou de saudades do. Pai, mas ao mesmo tempo ficou feliz em finalmente saber onde sua mãe estava. Carla juntou esse problema ao de também não querer ficar com Pierre; ela queria apenas Lucas, mas o seu amado havia falecido.
Voltando ao presente, Pierre terminou de contar toda a história para Rosa. Rosa levantou de uma vez e as lágrimas não paravam de cair do seu rosto. — Com licença, preciso de apenas um minuto.
Rosa foi até a cozinha e chorou. Ela não sabia o que fazer. Após alguns minutos, ela retornou.
Rosa abraçou Pierre e deu um abraço nele. — Você é um garoto forte! Nunca conheci alguém com tanta determinação como você.
Pierre sorriu ao ouvir essas palavras gentis de sua mãe. Ela voltou até o sofá e sentou. — Eu também tenho algo para lhe contar.
Espero que entenda o meu lado. Pierre e Rafael ficaram atentos ao que Rosa estava falando. Vários anos atrás, Rosa era uma jovem que estava perto de se formar em medicina.
Na época, ela namorava Cássio. Os dois se conheciam desde a infância e, quando espalharam a notícia de que estavam namorando, ninguém ficou surpreso; era como se um tivesse nascido para o outro. Rosa estava terminando a faculdade de medicina, porém Cássio ainda não havia entrado em nenhuma faculdade.
Ele também estava com dificuldades de conseguir um emprego, mas Rosa sempre o ajudava. — Cássio, você vai conseguir um emprego e se formar. Eu tenho certeza disso, meu amor — ela dizia para ele.
Cássio, no entanto, se tornou um homem calado e cada vez mais frio. Rosa tentava entender o lado de seu namorado. Não devia ser fácil para ele passar por tudo aquilo.
Rosa tentou o apoiar da melhor forma que podia, mas Cássio continuava estranho e frio. Um dia, ao chegar em casa, ela ouviu Cássio falando no celular. — Em breve estarei contigo, meu bem.
Estou com saudades. Rosa ficou em choque ao ouvir tais palavras, mas ela engoliu sua raiva por alguns minutos, pois precisava confirmar se não estava enlouquecendo. Quando notou a presença de Rosa, Cássio gelou e a cumprimentou calorosamente.
— Olá, meu amor! Não notei você chegando. Como foi na faculdade?
Rosa deu um sorriso falso e disse: — Foi ótimo, meu amor, mas estou tão cansada. Será que você pode fazer minha janta? Estou muito cansada mesmo.
— Claro, paixão! Irei fazer agora. Cássio foi para a cozinha, mas não levou o celular.
Isso era tudo o que Rosa queria. Ela ligou para o último número do seu celular. O número estava salvo como "Antônio, instalador de gás", mas quando ela ligou, quem atendeu foi a voz de uma mulher jovem que disse: — Oi, amor!
Já está com saudades? Você devia dormir aqui hoje e dar uma desculpa para a Rosa. Ao ouvir aquelas palavras, Rosa desligou o telefone e foi até a cozinha.
— Amor, preciso que você compre algumas coisas no supermercado. Cássio achou estranho aquele pedido, mas ele atendeu. Uma hora depois, ele retornou para casa, mas não conseguiu abrir as portas.
— Rosa, o que está acontecendo? — ele gritou. Rosa olhou pela fresta da porta e apenas disse: — Eu já sei de tudo, seu traidor!
E voltou para casa. Na hora em que Cássio foi ao supermercado, Rosa chamou um chaveiro com urgência e trocou todas as chaves da sua casa. Os dias seguintes foram difíceis para Rosa; ela sofria com a ausência de Cássio, mesmo ele fazendo o que fez.
Em meio a choros e noites mal dormidas, Rosa teve uma forte tontura e foi para o hospital. Na recepção, ela estava bastante tonta e com náuseas. Ela falou apenas duas palavras para a recepcionista antes de desmaiar.
Quando acordou, o médico foi até ela com um sorriso. — Parabéns, você está grávida! O médico disse.
— Como? — Rosa falou, sem acreditar. Em outras circunstâncias, essa seria a notícia que ela mais desejaria.
Rosa sempre sonhou em ser mãe, mas no momento, ela estava confusa e perdida. Carregar um filho do ex-namorado que a traía não a fazia se sentir tão bem. Um dia, sua vizinha, uma senhora de 80 anos, viu Rosa e notou a barriga dela já crescendo.
— Rosa, meu Deus! Você está grávida! Não existe bênção maior para uma mulher do que ser mãe — a senhora falou.
Rosa agradeceu, mas se manteve triste. — Minha filha, o que aconteceu? — a senhora perguntou.
Rosa desabafou com a senhora e falou tudo o que aconteceu. — Minha filha, sei que a situação é difícil, mas pense que essa criança que você carrega também é sua e não apenas desse homem que traiu. Tenho certeza que Deus tem um grande plano para você; Ele tem um para todos nós.
Se anime! Você passará por essa. Após essa conversa, Rosa se sentiu mais feliz e renovada.
Ela tentou ver a vida por um ângulo mais positivo. Faltavam apenas alguns meses para ela terminar a faculdade de medicina; ela já trabalhava e, quando se formasse, já tinha emprego garantido, assim como aumento do seu salário. — Eu irei criar ele!
Eu consigo criar um filho sozinha — ela pensou positivamente. Rosa estava com 5 meses e estava regando seu jardim quando sentiu fortes dores na barriga. — Já vai nascer?
Não pode ser! — ela pensou, preocupada. Após os vizinhos ouvirem seus gritos de dor, logo uma ambulância chegou e a levou para o hospital.
Rosa não entendia o que estava acontecendo, mas sentia que algo estava errado. Após várias horas no hospital, Rosa teve a pior notícia de sua vida: ela perdeu seu bebê. O médico, com um semblante triste, falou: — Sinto muito, fizemos o possível, mas você teve uma hemorragia e, infelizmente, seu útero também foi comprometido e você não poderá ter filhos novamente.
As duas notícias abalaram Rosa. Ela se enclausurou em casa e praticamente não saía. Vizinhos e parentes fizeram de tudo para trazer a jovem de volta para a sociedade, mas Rosa estava em uma tristeza profunda.
Após muita insistência de amigos e parentes, ela consultou um psicólogo com quem tinha consultas. Frequentemente, ela tentava se reerguer, mas parecia que cada passo era mais difícil. Sua vizinha sempre ia à sua casa; ela levava doces, bolos, seu almoço ou qualquer coisa que pudesse fazer Rosa feliz.
Um dia, a vizinha foi até ela e perguntou se ela tinha alimento ou roupa que não usasse. Por causa da pergunta, dona Marina Rosa perguntou à idosa, levantando um pequeno saco cheio de roupas em bom estado, mas que não usava. "Essas roupas são para a caridade.
Eu, toda semana, frequento uma instituição, e ultimamente eles estão precisando de bastante ajuda. " Rosa, mesmo desanimada, procurou no seu guarda-roupa roupas velhas, mas em bom estado, comida e até uma boneca antiga que achou. Ela deu tudo para dona Marina, que agora estava com dois sacos cheios nas mãos.
"Dona Marina, senhora consegue levar tudo isso? " Rosa perguntou, preocupada com o peso que ela estava levando. "Um passo de cada vez, eu consigo, minha querida," Rosa respondeu.
Apesar de seu estado, não podia deixar uma senhora de 80 anos levar uma sacola tão pesada. "Eu levo a senhora; vamos no meu carro," Rosa disse. Marina sorriu e aceitou.
Essa era a primeira vez que Rosa estava saindo de casa em 3 meses. Após 10 minutos pela estrada, as duas chegaram em uma instituição beneficente que abrigava pessoas com câncer, que vinham do interior para fazer tratamento na cidade e não tinham onde ficar. Eram pessoas muito humildes.
Rosa sentiu seu coração apertar; ela viu crianças em cadeiras de rodas, idosos na cama em estado terminal, mães carregando o filho doente. Ela percebeu que sua dor não era a única nesse mundo. Ao entregar as roupas e os alimentos, uma atitude fez Rosa chorar: uma menina de mais ou menos 6 anos se aproximou de Rosa e ficou olhando a boneca.
A boneca não tinha cabelos, assim como a menina. Rosa se abaixou na altura da criança e deu a boneca para ela. "Tome, é sua.
Cuide bem dela," Rosa disse. A menina abraçou Rosa e depois se afastou, brincando com a boneca. Rosa chorou; aquele abraço fez ela soltar tudo que estava preso dentro dela.
Rosa passou a fazer cada vez mais trabalhos beneficentes; aquilo a fazia se sentir viva e, ao mesmo tempo, ela tornava a vida de pessoas em dificuldade um pouco mais fácil. Quando estava saindo de um bazar beneficente, encontrou duas mulheres entregando panfletos. Neles estava escrito: "A importância de doar sangue e medula.
Você pode salvar uma vida," elas disseram. E assim Rosa fez. No mesmo dia, ela fez a doação de medula e sangue.
Por meses, sua vida seguiu normalmente até que ela recebeu uma ligação: "Bom dia, senhora Rosa. A senhora é compatível como doadora de medula. " A notícia alegrou Rosa; ela realmente poderia salvar a vida de uma pessoa.
Rosa compareceu ao hospital e, após um procedimento simples, ela doou a medula. Após isso, seus dias seguiram normalmente. Rosa estava cada vez mais recuperada de tudo o que passou.
Em um belo dia ensolarado, alguém bateu em sua porta. Rosa foi até a porta e notou um homem que ela nunca tinha visto em sua vida. Quando abriu a porta, ela disse: "Bom dia, em que posso ajudar?
" "Bom dia," o homem disse, "sei que pode parecer estranho, mas eu queria apenas agradecer pelo que fez por mim. " Rosa estava confusa e o homem notou sua confusão. "Desculpe," ele disse, "meu nome é Lucas.
Eu que recebi sua medula. " Rosa arregalou os olhos em espanto; achava que era mantido em segredo o doador e quem recebe a medula. Mais uma vez, o homem falou: "Sei que é errado, mas eu tinha alguns amigos que entraram no sistema e revelaram que foi o doador.
Eu senti muita gratidão por essa pessoa e queria agradecer do fundo do meu coração. Eu lhe devo minha vida. Muito obrigado," Lucas falou, e em seguida caminhou para longe.
Mas Rosa então falou, quase gritando, pois ele já estava longe: "Você não quer entrar? Eu fiz biscoitos. " Ele sorriu e disse: "Será um prazer.
" "Senhorita, não me chame de senhora. Nós temos a mesma idade e eu nem tenho 30 anos ainda. " A conversa foi agradável; Rosa e Lucas notaram que tinham muito mais em comum do que imaginavam.
Lucas contou toda a sua vida: a descoberta da doença e como estava sendo sua recuperação. Rosa criou um vínculo com Lucas, que cada vez mais o visitava em sua casa. Rosa também contou toda sua vida e sobre a trágica perda do bebê.
Lucas ouviu ela falando e seu coração se apertou. "Eu sinto muito. Você seria uma ótima mãe," ele disse.
"Hoje, é o que eu mais desejo no mundo: ser mãe. Quando vejo um filho chamando alguma mulher de mãe, meu coração aperta e eu às vezes choro. Eu já tinha comprado roupas para o meu bebê, escolhido um nome para ele, mas infelizmente ele não pôde nascer nesse mundo.
" Rosa levantou em lágrimas e mostrou uma roupinha de bebê para Lucas. "Eu mesma tinha feito; até bordei o nome dele nela: Pierre. " O nome do seu filho era Pierre.
"Sim," Rosa disse, chorando. Compartilhar esses momentos tornou os dois ainda mais próximos, e logo ambos se apaixonaram. A relação deles parecia perfeita, e Rosa sentiu que nunca foi tão feliz como naquele momento.
Mas tudo durou pouco tempo. Um dia, Lucas foi até a casa dela e falou tristemente: "Rosa, sei que vai me odiar, mas minha ex-namorada, Lívia, entrou em contato comigo. Ela está grávida.
" Rosa recebeu a notícia como um choque, mas ela notou que Lucas foi sincero em suas palavras. "Não sabia," Lucas ficou dividido entre o amor de Rosa e seu filho, que estava prestes a nascer. Mas Rosa, mesmo assim, o impulsionou a escolher seu filho.
"Ele precisa de você. Eu faria de tudo para ter meu filho de volta. Crie seu filho.
" Ela disse: "Lucas e Rosa deram um beijo de despedida. Ambos choravam. Rosa, antes de Lucas sair, deu a roupinha que havia feito para seu filho.
'Tome, eu tenho que seguir em frente. Dê para seu filho quando nascer. Eu sei que não posso ter filhos, mas um dia, talvez eu adote um, quando estiver curada de tudo isso.
' 'Pode retirar o nome da roupa,' não, Lucas disse, 'não vou tirar o nome. Pierre é um lindo nome. ' Lucas saiu e ambos perderam o contato, pois para Rosa era muito doloroso ficar perto de Lucas, sabendo que ele iria casar com outra mulher e criar um filho com ela.
Pierre estava paralisado após ouvir a história de Rosa. 'Mas por que meu pai mentiu dizendo que você é minha mãe? Por que ele faria isso?
Não faz sentido. ' Rosa olhou para ele carinhosamente. 'Lucas sabia do meu desejo de ter um filho, e enquanto estava internado, eu imagino que ele ficou desesperado sem saber com quem você ficaria.
Ele deve ter mentido para fazer você vir até mim. Eu digo isso porque se fosse meu filho, eu faria o mesmo. Então eu não tenho mãe,' Pierre falou tristemente.
Rosa foi para o seu lado. 'Sim, você tem uma mãe biológica e uma mãe adotiva. Minha casa é a sua casa quando desejar.
Eu sei que pode ser repentino, mas nesses poucos minutos que estamos juntos, eu sinto como se você fosse meu filho. Quando me chamou de mãe, eu chorei porque era algo que sempre sonhei. Mas mesmo já sendo mãe, sua voz e a sua atitude me fizeram chorar.
' 'Como assim você é mãe? ' Pierre perguntou. Antes que Rosa falasse, sua pergunta foi respondida quando um jovem rapaz e uma jovem menina, ambos de 12 anos de idade, chegaram em casa gritando: 'Mãe!
Lara! Jonas! Como foi a escola de vocês?
' 'Mamãe estava falando com uns amigos dela e já já eu falo com vocês. ' Logo depois, os dois subiram para seus quartos. 'Eu adotei duas crianças alguns anos atrás, mas essa casa é grande e tem mais um quarto disponível,' Rosa falou sorrindo.
Pierre sorriu e abraçou Rosa. 'Antes, eu quero que você me conte algo,' Pierre falou. 'Você conhece minha mãe biológica?
' Rosa ficou pensativa. 'Eu não a conheço pessoalmente, mas seu pai falou muito dela. E pelo que ele me contou, ela era uma pessoa muito desagradável.
Talvez por isso que ele não queria que você conhecesse ou morasse com ela. Mas se ela ainda morar no mesmo local, eu sei o endereço. Eu preciso conhecê-la,' Pierre falou.
'Então vamos,' Rosa disse. Rosa, Pierre e Rafael foram de carro até o antigo endereço de Lívia, a mãe biológica de Pierre. Eles chegaram em uma casa bastante destruída, que parecia que iria cair com qualquer vento mais forte.
Havia apenas um homem dentro, que aparentava estar embriagado. 'A Lívia não tá aqui. Não venham me cobrar dinheiro que ela deve.
Se quiserem cobrar ela, ela tá trabalhando no bar da esquina. ' Eles foram até o bar, mas Pierre ficou do lado de fora, e apenas Rosa e Rafael entraram. Alguns minutos depois, os dois saíram do local acompanhados de Lívia.
'Oi, garoto. Sinto muito pelo seu pai,' ela disse friamente. 'Oi, mãe,' Pierre disse.
'Você não tá querendo dinheiro, não, né? Já vou logo dizendo que não tenho dinheiro para pagar pensão,' ela disse, enquanto olhava ao redor e mal olhava nos olhos do garoto. 'Não, não quero pensão.
Só queria saber como você estava. ' Lívia dessa vez o olhou nos olhos. 'Eu tô bem, garoto.
Mas me diz aí, seu pai deixou alguma herança? ' Pierre, mesmo novo, entendeu o porquê de seu pai o manter afastado dela. Pierre respirou fundo.
'Não, na verdade ele deixou um monte de dívidas e, como eu sou menor, acho que a senhora vai ter que pagar. ' Lívia arregalou os olhos e saiu correndo, dizendo que não iria pagar nada. Rafael e Rosa ficaram apreensivos, como Pierre iria ficar depois dessa atitude da mãe dele.
Porém, Pierre caiu na gargalhada ao ver aquela mulher correndo, depois de contar aquela mentira. O garoto teve uma crise de risos até entrar no carro de Rosa. Depois que ele parou de rir, ele olhou para Rosa e perguntou, com um grande sorriso: 'Tem mesmo um quarto sobrando na sua casa?
' Rosa também deu uma gargalhada. 'Claro que sim! Ele é todo seu, só não aceito garotas no seu quarto e barulho depois das 11.
' 'Tudo bem, eu aceito as condições,' Pierre falou sorrindo. O processo de adoção foi rápido. Rosa era uma médica renomada e que já havia adotado dois filhos; ter um terceiro foi um processo natural e conhecido por ela.
Pierre se deu bem com seus irmãos e com Rosa, que ele agora chamava de mãe. Ele percebeu que laços tão fortes quanto os laços de sangue, laços esses que eram invisíveis, mas inquebráveis. Dois anos depois, Pierre foi até o presídio estadual.
Ele estava nervoso, mas precisava fazer aquilo. Ele entrou em uma sala onde havia algumas cadeiras. Com uma roupa laranja de presidiário, estava Rafael.
Quando o viu, Rafael abaixou a cabeça, mas logo o olhou de novo nos olhos. Pierre falou seriamente: 'Olá, Rafael. ' 'Oi, Pierre,' Rafael disse.
Pierre suspirou. 'Então foi você que me atropelou. ' Rafael abaixou a cabeça.
'Sim, fui eu. ' 'Por que você nunca me disse? ' Pierre falou mais sério.
Rafael, dessa vez, olhou para o teto. Ele lembrou do dia do acidente; ele estava mexendo no celular quando ouviu o barulho. A princípio, ele achou que fosse um cachorro ou outro animal.
Mas quando ele viu que era uma criança, ele entrou em desespero. Como enfermeiro, ele sabia que deveria prestar os primeiros socorros, mas seu medo foi maior. Ele dirigiu rápido como nunca havia feito na vida.
Rafael passou dias remoendo a sua culpa; o rosto daquele garoto não saía da sua cabeça. 'Será que ele está vivo? Será que.
. . ' Vão me pegar.
Será que vou ser preso? Aquilo estava destruindo ele por dentro. Até que, em uma noite, ele viu o mesmo garoto do lado de fora do hospital, à noite e sozinho.
No início, ele achou que era um fantasma, mas percebeu que o garoto era real. A cadeira de rodas onde ele estava era culpa dele. Rafael riu daquela coincidência.
"Eu estou sendo castigado pelo que fiz", ele pensou. Mas após ver o que Pierre passou, Rafael tentou transformar o arrependimento dele em redenção, embora achasse que nunca teria perdão. Rafael largou o emprego que pagava bem para ir para o orfanato e cuidar de Pierre.
Ele o ajudou a encontrar sua mãe e até a ser adotado. Após a adoção de Rosa, Rafael ainda sentia culpa e percebeu que só havia um modo de ela desaparecer: ele confessou o que fez. Já fazia anos que ele estava preso.
Rafael olhou para Pierre: "Por que você veio me visitar depois de 2 anos? " Pierre ficou pensativo. "Eu tentei te odiar e, por um momento, eu consegui.
Mas tudo que me vinha na mente eram os momentos bons que passamos juntos, os conselhos que me deu quando você me protegia das outras crianças no orfanato. Eu tentei ter raiva de você, mas não consegui. " Abou em lágrimas.
"Eu não mereço seu perdão. " Pierre olhou para ele e disse: "Eu não sei se você merece, mas eu estou dando o meu perdão. " Pierre sorriu.
Rafael não conseguia acreditar naquilo. "Depois de te colocar em uma cadeira de rodas, você ainda me trata bem? Pierre, você não é humano, você só pode ser um anjo.
" "Anjo? Eu não sou, só tento ser uma pessoa melhor do que ontem", Pierre falou. "E eu acho que você já sofreu bastante usando essa roupa laranja.
Cafona. Deve ser pior do que ficar preso aqui. " Rafael riu.
Ele não conseguia acreditar naquele garoto. "O mundo não merece você", Pierre, Rafael falou. Pierre sorriu.
"Quando você vai sair daqui? A gente tem muita coisa para colocar em dia", Pierre falou entusiasmado. "No próximo ano, talvez.
" Os dois conversaram mais um pouco e o tempo acabou. "Semana que vem eu venho aqui, mas antes quero lhe mostrar uma coisa. " Rafael ficou curioso.
Ele então não acreditou em seus olhos. Pierre levantou da cadeira de rodas e, com dificuldade, caminhou até perto dele. Mas seus passos eram firmes e demonstravam sua vitória.
"Quando você sair daqui, ano que vem, eu já estarei andando e quero que nós dois vá andando até minha casa, combinado? " Rafael não parava de chorar. Ver Pierre andando era o que ele mais desejava na vida.
Era como ver um milagre diante de seus olhos. "Combinado", disse Rafael, com um sorriso de felicidade. [Música] Redenção.