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Olá pessoal boa noite a todos e a todos e a todos sejam bem-vindos a mais uma live do Senat o Centro Educacional novas abordagens terapêuticas eu sou Adelmo hoje teremos como convidado Professor Daniel Goulart Professor Daniel Goulart sobre os desafios sobre os desafios e as possibilidades encontradas no desenvolvimento da Saúde Mental nas escolas essa vigésima oitava live contará com o tema saúde mental nas escolas desafios e possibilidades o professor professor adjunto de psicologia da Educação do departamento de teoria e fundamentos da faculdade de educação da Universidade de Brasília é doutor em educação pela Universidade de
Brasília também e mestre a educação também pela mesma Universidade Professor Daniel é psicólogo de Formação pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo e é o atual coordenador do grupo de estudos e trabalho subjetividade teoria epistemologia e metodologia no decorrer da fala do professor Daniel eu peço que vocês me perguntas curiosidades que aí ao final a gente vai fazer um professor Daniel vai fazer uma discussão em cima do que vocês forem enviando Peço também para vocês seguirem as nossas redes sociais né o Facebook o Instagram a gente também
tá agora com um novo projeto que é o podcast que é transmitido lá pelo Spotify então sigam também escutem os nossos Nossos Vídeos é lançado um vídeo um vídeo aula um vídeo áudio por semana então sigam para estar recebendo as notificações e ouvindo as nossas programações trouxe a Daniela seja bem-vindo fique à vontade qualquer coisa eu tô por aqui boa noite Adão Obrigado queria agradecer muito ela deu um pela introdução agradecer ao SENAT por mais esse convite de estar aqui com vocês essa noite saudade né a quem tá presente aí com a gente também as
pessoas que nos verão depois né durante um tempo e refletir sobre um tema tão importante de saúde mental nas escolas desafios e possibilidades o foco da minha fala hoje que eu quero né trazer uma reflexão para vocês com base em algumas pesquisas com base em algumas experiências que a gente tem tido se centra mais nesse contexto que a gente tem vivido atualmente que algumas pessoas têm falado posso pandêmico ainda não seria estritamente correto falar pós pandemia porque a pandemia ainda existe de covid-19 mas diríamos no contexto do retorno né a presencialidade que a gente sabe
que já aconteceu alguns semestres né a gente já tá aí no terceiro semestre depende da região né mas a gente ainda tem tido enormes desdobramentos né pensou muito profundos na forma da não só no comportamento mas na das relações da experiência questões de aprendizagem e Sem dúvida nenhuma muitas questões relacionadas à saúde mental né de crianças adolescentes jovens nas instituições de ensino esse tem sido de Fato né Não só no contexto da pandemia Mas tem sido de fato um dos focos do nosso grupo de pesquisa que que eu coordeno na UnB na Universidade de Brasília
ao lado do Professor José Fernando patinho Torres é o grupo intitulado teoria da subjetividade educação e saúde né e ele tem algumas linhas de pesquisa e uma delas é justamente entender compreender como tem se dado os quadros as configurações do sofrimento de estudantes docentes de instituições de ensino né justamente pensando caminhos possíveis de desenvolvimento subjetivo e meio a tudo que tem acontecido né é a gente também tem outras linhas como trabalho comunitário com crianças e adolescentes em situação de Sofrimento subjetivo grave a gente tem discutido numa outra linha dissidências sexuais de gênero de arranjos relacionais
tentando pensar isso no contexto das instituições de ensino também para Além de pensar a dimensão da própria instituição né tanto das instituições de ensino quanto dos espaços comunitários no sentido de refletir sobre desdobramentos dessas instituições na saúde mental então é esse tema que eu vou de alguma forma abordar com vocês aqui hoje ele se insere no escopo de interesses do que a gente vem discutindo Nesse contexto né tanto experiências profissionais né no nosso grupo a gente tem professores professores da rede pública de ensino de quem tá na universidade a universidade pública também temos discutido da
instituição de ensino também incluindo a universidade e também em ações de extensão ações de pesquisa né então é basicamente nesse nesse queria trazer para vocês né um pouco para esse olhar a escola no contexto atual né nesse contexto de retorno é o retorno que aconteceu não sem dificuldades e a gente vai vendo efeitos colaterais disso né então vou falar um pouco disso para vocês principalmente em quatro aspectos centrais né Por um lado impactos da pandemia na educação escolar né pensando alguns desdobramentos atuais depois eu quero discutir com vocês algumas implicações desse processo para a saúde
mental de estudantes profissionais da educação e da Comunidade Nesse contexto é refletindo um pouco como as instituições e lideranças tem lidado com essas questões e como a gente pode pensar em qualificar formas de cuidado de acolhimento para chegar um pouco na reflexão final que eu quero fazer de aprendizado desafios e perspectivas para as instituições de ensino nesse processo né então pouco é isso que eu quero cobrir obviamente reflexões sintéticas né porque são temas muito abrangentes e não pretendo hipótese nenhuma da conta da totalidade dele mas sim trazer algo para vocês aqui depois a gente pode
dialogar tanto no espaço que a gente vai ter hoje como também espero eu em ocasiões futuras né pretendo falar e algo em torno de 40 minutos alguma coisa assim a partir de agora e a gente abre depois para conversa questões contra argumentações também eu sou muito aberta esse tipo de coisa se a gente vai pensar na pandemia de covid-19 né esse tem sido um processo muito abrangente intenso né que tem marcado e que certamente vai marcar a nossa história para além daquilo que a gente consegue pensar atualmente Então se por um lado a gente tem
consequências muito imediatas escancaradas diante de nós só no Brasil a gente ultrapassou a marca de 700 mil mortes né O que Sem dúvida nenhuma é absolutamente terrível inédito na história diante qualquer evento dessa natureza esse processo por ter sido tão profundo ele tem e vai seguir tendo que eu falava antes alguns diversos efeitos colaterais efeitos colaterais eles não são consequências diretas da pandemia eles são processos que vão sendo gerados pelas pessoas pelas instituições pelo próprio estado pelos grupos sociais né como desdobramentos mudanças ocorridas então não quero me centrar um pouco também nesses efeitos colaterais né
no caso da educação escolar assim como em muitos outros Campos eu acho que a pandemia de couve 19 representou uma intensificação de problemas históricos já identificadas no período pré-pandêmico isso nos mais diversos âmbitos né então esse processo de suspensão temporária das aulas na escola nas escolas né que foi seguida aí da implementação da modalidade do ensino remoto até a graduar o volta a presencialidade ele evidenciou de alguma forma Profundas desigualdades né nas mais diversas populações dos mais diversos sentidos então condições de moradia acesso alimentação de qualidade a própria situação de trabalho né das famílias dos
pais que se desdobraram impossibilidades radicalmente diferentes de em um acompanhamento do cotidiano escolar dos filhos né ou até mesmo a impossibilidade de acesso à internet computadores celulares que a gente sabe que foi algo muito variado nas próprias escolas também né para mim uma expressão do quadro dramático né que a gente viveu no Brasil nesse período foi o fato de que para muitas famílias as escolas fechadas representaram a impossibilidade de crianças e adolescentes fazerem as refeições diárias né com qualidade é porque temporariamente as refeições não puderam ser oferecidas pela escola então foi se constituindo um quadro
né no qual uma parte minoritária e relativamente privilegiada conseguiu não sem perdas e dificuldades né mas Conseguiu dar continuidade aos estudos né no período em que as aulas estiveram em formato remoto enquanto grande maioria foi sumamente preterida né culminando aí em taxas de evasão escolar que eu acho que deverão nos preocupar ainda nas próximas décadas né e é importante ressaltar e valorizar também o esforço né de muitos professores coordenadores pedagógicos orientadores educacionais gestores né que em colaboração é uns com os outros com as famílias e outras instâncias também da sociedade construíram conseguiram construir estratégias pedagógicas
muitas vezes inovadoras que foram significativas nesse período né em especial muitos professores se desdobraram como puderam de Fato né para manter o vínculo com os estudantes para criar condições que favorecessem os processos de aprendizagem e eu acho que Sem dúvida alguma esses esforços foram fundamentais e foram de fato que permitiram práticas pedagógicas que que foram significativas Nesse contexto né que foi marcado aí por tantas adversidades e algo e eu vou ressaltar isso ao final que ficou e deve ficar como desdobramento interessante desse processo é a importância crucial da escola e dos professores na nossa sociedade
né mas eu como professor universitário né nas aulas que eu que eu dou na UnB trabalho com primeiro semestre de pedagogia outros cursos licenciatura não deixa de ser muito aterrador para mim escutar de muitos jovens de 17 18 19 anos né que esse foi um período perdido então com frequência eu tenho escutado desses estudantes assim frases né Como assim ah como a gente sabia que a gente não ia reprovar porque foi proibido reprovar nesse período a gente não fez nada outro fala ah eu ligava o computador ou celular deixava lá ligado e voltava dormir ainda
outras pessoas dizem acho que eu só dormi durante a pandemia ou não aprendi absolutamente nada nesse período é enfim é muitos reconhecem o esforço da professora do professor que tava ali né fazendo de tudo ali com os recursos que tinham mas a motivação é em muitos casos né reduzir muito né E essas falas para mim elas são muito significativas não apenas para a gente refletir nas dificuldades que a gente teve durante o período do ensino remoto mas para a gente entender muitos dos problemas que a gente tem tido após o retorno a presença de dado
nas escolas né e eu acho que seguramente isso vai continuar nos desafiando né no futuro tanto desafios relacionados à aprendizagem né como desafios relacionados a própria experiência escolar no sentido mais abrangente Então se por um lado forçosa implementação do ensino remoto levou a uma a uma intensa ampliação do conhecimento dos recursos para se utilizar as tecnologias de informação e comunicação porque eu acho que sem dúvida foi um efeito colateral interessante tem sido nesse processo por outro tem se intensificado diversas lacunas nas trajetórias desses estudantes que que eu acho que são muito preocupantes e que a
gente tem que encarar de frente né algumas lacunas que eu destaco para vocês para depois entrar no tema da Saúde Mental Mais especificamente uma delas é a configuração de um inequívoco déficit na aprendizagem nesse período né nas mais variadas formas de expressão tanto aquela aprendizagem mais informacional mesmo de cultura geral algum aspecto mais até reprodutivo mas sobretudo aprendizagens mais complexas né que envolvem análise interpretação que envolve tipo de reflexão mais elaborada Quem dirá a aprendizagem criativa né aquela que demanda algum grau de inovação de criação isso por um lado então esse déficit na nos processos
de aprendizagem mesmo por outro lado e a gente vai se aproximando da questão da Saúde Mental uma dificuldade na sociabilidade entre pares entre estudantes e professores e os atores também da comunidade escolar né a suspensão das atividades presenciais nas escolas representou uma redução drástica das trocas sociais no cotidiano né ainda que essa força é uma medida necessária importante do ponto de vista sanitário né em função da transmissibilidade da covid-19 é fato que o contato virtual entre pares e com professores por mais importante que tenha sido durante esse período se reduzir na intensidade da convivência nas
próprias possibilidades educativas que o cotidiano presencial nos oportuniza né e eu acho que a gente precisa pensar é tentar nos colocar né na condição no olhar no sentir dessas crianças e adolescentes então pensem a escola para muita dela para Muitas delas é o principal cenário de Convivência da vida delas né e conviver não é só ocupar o mesmo lugar é representa uma oportunidade de construir laços afetivos de participar de processos comunicativos dos mais variados tipos da gente se mobilizar pela presença do outro da gente se emocionar Não é pelos acontecimentos cotidianos negociar participação em atividades
dentro e fora da sala de aula né a convivência representa também a construção de espaços de corresponsabilização né nas eu me sinto responsável também representa frustração né porque a própria convivência então em limites num cenário coletivo enfim eu acho que de alguma maneira essa convivência que a gente foi viu reduzida durante anos alguns dois anos e isso é muito tempo né para alguém que tá com seis anos de idade 10 anos de idade 14 anos de idade assim por diante reduziu a própria possibilidade de construção de um lugar próprio que leva em consideração a presença
permanente do outro é lógico que a convivência continua acontecendo nas famílias em outros espaços mais se reduziu muito drasticamente com essas alterações no cotidiano escolar então de alguma maneira isso foi muito estreitado né E esse processo articulado a um uso massivo né e muitas vezes absolutamente sem limite das rede sociais tem levado a muitas dificuldades no dia a dia das escolas não sei se vocês né Possivelmente eu esteja conversando com professoras professores se vocês têm experimentado isso né uma certa intolerância entre pares né problemas relacionais aguçados entre estudantes e professores né dificuldades muito significativas na
comunicação entre professores e alunos intolerância à frustração de diversos tipos né enfim existe uma certa fragilização das pessoas e das relações Nesse contexto que tem sido Expresso de diferentes formas né um outro aspecto ainda que me parece fazer Parte dessas lacunas é uma desmotivação em relação ao estudo e a experiência escolar no sentido mais abrangente É certo que houve uma exaltação entusiasmo muita evidentes aí na volta a presença de muitos colegas relataram que parecia que era um pássaros quando saem das gaiolas todo mundo muito animado É mas passado esse momento inicial a gente tem visto
igualmente relato muito frequentes que aborda uma sensação de desânimo muito frequente entre os estudantes né se esse já era um desafio antes da pandemia a gente vive desdobramentos da intensa redução dessa desse processo ele intensa por um lado fruto dessa redução da interação né a gente viu isso se intensificar especialmente a gente tá falando de crianças adolescentes né que unido as experiências difíceis relacionadas aí a própria crise sanitária que a gente viveu tem levado a uma um quadro de desmotivação muito alarmante O que que a gente pode fazer nesse contexto né Eu queria refletir com
vocês sobre isso pensando nos nossos recursos limitações profissionais institucionais para favorecer mudanças de processo de desenvolvimento Nesse contexto escolar eu vou agora para um segundo ponto que eu queria falar com vocês Mais especificamente sobre as implicações desse processo para a saúde mental de estudantes profissionais da educação e da comunidade escolar né é as repercussões desse processo para a saúde mental tem sido preocupantes eu acho que né acho que a gente tá aqui a gente vê a realidade o que tem acontecido nas escolas a gente se preocupa é agora antes de abordar especificamente nuance desse processo
eu quero trazer uma reflexão sobre essa relação entre os campos da educação e da saúde mental né que se relaciona muito a como a gente tem refletido sobre os quadros de desenvolvimento de Sofrimento desculpa que tem energia do cotidiano das instituições de ensino se a gente for pensar de forma dominante a saúde mental ela tem sido compreendida numa perspectiva muito Estreita muito biomédica essa dicotomia saúde-doença né que eu acho que é muito equivocada já falo para vocês Meu posicionamento né sobre essa Ótica a chamada doença mental ela representa uma disfunção individual é derivada de um
problema eminentemente biológico a partir de uma visão aí mecanicista das funções humanas né então parece que a saúde mental é uma função relativamente isolada né do restante da vida da diversidade da integralidade da vida né então nessa visão as dimensões subjetivas sociais culturais são negligenciadas né E quando vista por essa perspectiva dominante o foco da ação profissional seja do professor do psicólogo do pedagogo que vai lidar com essa situações é de alguma forma orientado a consertar o desajuste do indivíduo para se atingir uma suposta normalidade ou seja o foco ele é colocado no controle o
controle do outro o controle do comportamento né de uma forma muito articulada a uma expectativa de docilidade de adaptação de eficiência no estudante né são coisas que a gente escuta muito atualmente e essa concepção de saúde mental ela vai casada muito articulada uma visão muito Estreita da própria educação enquanto uma educação transmissora de conteúdos uma perspectiva reprodutiva e desconhece também a dimensão subjetiva né que subentende que os aprendizes devem aprender uma coisa só e de uma forma só o casamento dessas perspectivas da Saúde Mental e da educação tem se constituído no que tem sido chamado
de modelo Clínico terapêutico nas escolas né do nosso ponto de vista e de muitos especialistas tem sido infelizmente muito frequente né e profundamente deletério para as instituições de ensino também nesse contexto que eu tô falando do retorno após o retorno a presença de idade né então basicamente a partir de uma expectativa de padronização do comportamento e da disciplina dos Estudantes a gente orienta o olhar a identificação de sintomas e diagnóstico da supostas doenças mentais Então você trata o problema individualmente preferencialmente sobre o olhar médico né E esse quadro ele culmina no que tem sido definido
por muitos pesquisadores né como a Maria Aparecida Moisés Cecília colares como a medicalização na educação essa medicalização da educação representa precisamente a prática de transformar questões que são sociais pedagógicas subjetivas em problemas de origem e solução do campo médico né a gente opera nessa lógica uma perspectiva individualista de exclusão da diferença e de reprodução das desigualdades né alguns anos a gente fez uma pesquisa a Raquel Alcântara da secretaria de educação aqui do Distrito Federal e eu a gente fez uma pesquisa sobre esse cenário no Brasil também no distrito federal Mais especificamente em relação ao transtorno
de déficit de atenção com hiperatividade tá nos TDAH né E que é conhecido não só no Brasil né mas no mundo muitos países como uma epidemia no campo da psicopatologia nas últimas duas décadas principalmente né a gente até publicou essa pesquisa num livro que se intitulo educação escolar e subjetividade dois pontos desafios contemporâneos e eu compartilhei isso com vocês porque a gente ficou estarecido quando a gente se debruçou sobre documentos sobre normativas e Vimos que o ministério da saúde já em 2015 alertava para um aumento de 7 cinco por cento no uso de metilfenidato né
a ritalina com certa que é um umafetamina né usada para o tratamento do TDH 775% nos últimos 10 anos no Brasil Imaginem isso é multiplicar mais de 8 vezes o uso do remédio né em 10 anos e a gente se perguntava o que que justificaria esse aumento exponencial do uso dessa medicação entre a criança é crianças e adolescentes a quem se deveria atribuir Esse aumento né Será que era é algo a da realidade objetiva das crianças dos Adolescentes supostamente transtornados ou será que tem a ver mais com as práticas um tanto arbitrárias né daqueles que
diagnosticam e prescrevem essa medicação em grande escala né a época a gente colheu relatos de mães por exemplo que afirmavam que nas salas de aula dos filhos mais da metade dos alunos estavam tomando medicação Imagina isso é para mim que sou enfim pai é educador psicólogo né que tem estudado a saúde mental há vários anos é estarrecedor Então essa lógica medicalizante patologizante Ela opera no caso da escola né agora pensando nas instituições de ensino com numa lógica de transferência das responsabilidades dessas instituições para medicina ou seja implica de fato no empobrecimento da escola porque diz
acredita a escola da escola como espaço social potente na geração de alternativas aos problemas que atravessa né é essa lógica do encaminhamento você identifica é encaminha o menino ou menina para para um especialista mas é um encaminhamento que muitas vezes é dispersonalizado ele prevalece né esse encaminhamento despersonalizado em relação ao alimento a um acolhimento mais singularizado né e de fato eu tenho argumentado em diferentes trabalhos que para mim isso representa uma lógica manicomial nas escolas tem argumentado que o Manicômio ele está presente na nossa sociedade não somente no formato de grades de muros concretos mas
também por meio de grades e muros simbólicos que passam a ser subjetivados no nosso cotidiano e vai configurando relações objeciais entre as pessoas nas quais Eu não reconheço o outro como um agente um sujeito eu reconheço o outro como um objeto de saber técnico né então o diálogo as possibilidades do desenvolvimento nessa perspectiva são minimizados ao extremo né E esse quadro que eu tô descrevendo aqui para vocês com esforço de síntese antecede bastante a pandemia Com certeza mas é nesse mesmo quadro que as expressões de Sofrimento Nesse contexto posso pandêmico ele tem se inserido né
se olharmos somente para dimensão sintomática só para o sintoma que que a gente vê entre estudantes professores e outros atores da comunidade escolar a gente vê uma quantidade alarmante de quadros de ansiedade crise de pânico hiperatividade irritabilidade falta de atenção às vezes apatia dificuldades de memória depressão é práticas de automutilação que tem sido muito frequentes né tentativas e mesmo situações de concretização do suicídio tem sido também uma preocupação enorme né e há quem fale de uma pandemia de doenças mentais vocês já ouviram falar disso a outra pandemia pandemia de doenças mentais Eu sempre escuto isso
com o pé atrás não sei vocês né porque me parece reducionista porque confina de novo esses fenômenos sumamente complexos a emergência de quadros psicopatológicos individuais Esse é o problema né Qual que é a resposta padrão do modelo Clínico terapêutico nas escolas a esse tipo de problema é a busca pelo controle dos sintomas de forma individual descontextualizada colocar especialistas em Saúde Mental para atender numa lógica ambulatorial né as crises de saúde mental que vão emergir nas instituições é aquela lógica de pensar o problema na dimensão da ponta do iceberg sabe você vê só o que tá
surgindo na expressão comportamental e tenta acabar com essa expressão comportamental é a mesma lógica de quem tá refletindo sobre o contexto e violência nas escolas que a gente está passando de uma forma muito dramática e pensa o seguinte Ah é só colocar detector de metal vamos colocar a polícia militar vai mais crianças armas professores quer dizer você vê a ponta e quer de alguma forma combater essa ponta mas sem entender que que esconde por trás dessa superfície um processo sumamente complexo que tem que ser pensado encarado de frente se a gente quer transformar essa situação
né então da mesma forma eu acho que esse é um paralelo justo né Apesar de que a questão da violência passa por outras questões né não tô entrando nesse tema especificamente com vocês mas eu penso que da mesma forma que às vezes se quer transformar as escolas em mini presídios né Para dar conta da violência se quer transformar as escolas em ambulatórios né Para dar conta da quantidade de doença mental que vai ser identificado eu acho que as duas de Entender esse processo são sumamente equivocadas elas são sumamente reducionistas e mais elas são deleteres e
produtoras de mais dificuldades né É por que que do meu ponto de vista ela é uma perspectiva Estreita por várias razões mas porque ela descuida totalmente da matéria-prima para qualquer trabalho educativo e prática terapêutica que seja significativa ela desconsidera subjetividade né é eu trabalho numa Perspectiva da teoria da subjetividade a partir do trabalho do psicólogo Fernando Gonzales rei e define a subjetividade como um sistema simbólico emocional e diz respeito à qualidade da nossa experiência a partir do que a gente gera de como a gente se posiciona como indivíduos e grupos sociais na nossa história de
vida né Se a gente for levar em conta a subjetividade nesses a própria saúde ela é Concebida como a qualidade dos processos de vida não como um atributo que você possui ou não né E nesse sentido os quadros de Sofrimento que emerge no contexto da escola eles devem ser pensados não como uma consequência direta de algum fenômeno por exemplo Ah foi a pandemia que fez o menino ficar assim né não esses quadros de Sofrimento eles são Produções subjetivas que emergem de forma articulada aos aspectos individuais né aos recursos as fragilidades que estão historicamente constituídas nesse
indivíduo mas também aos aspectos relacionais né a qualidade das relações que são feitas a dimensão institucional como a escola lida com essas questões não é e Obviamente as questões culturais e sociais mais abrangentes que que são partes desses processos também né então no caso Os estudantes de docentes da comunidade escolar em geral ainda que haja especificidades nesses grupos na forma de expressão nem na própria configuração subjetiva dos problemas de saúde mental eu penso ser premente é que esses indivíduos não sejam considerados como umas entidades alheias aos processos que acontecem ao seu redor E que atravessam
as experiências ou seja não são indivíduos isolados ali são pessoas em relação socialmente situadas né relacionalmente contextualizadas e obviamente uma variedade de processo está relacionada a esses quadros né a gente pode pensar de novo nesse uso massivo e sem controle das redes sociais é frustrações de diversas ordens né na própria saturação acadêmica que muitas vezes a gente impõe nas instituições de ensino nas más condições de estudo de trabalho né desafios relacionados e se tem dentro e fora da escola questões de gênero questões raciais de violência né e um contexto gente que incita permanentemente a competição
né Eu acho que seguramente a gente pode afirmar que esses problemas de saúde mental eles estão relacionados às questões mais abrangentes da subjetividade social do país como o processo por exemplo de neoliberalização que são muito difundidos nos mais diversos espaços sociais incluindo a escola né tem dois autores né o Pier da ardor e o Cristian naval eles vão dizer que o neoliberalismo ele é médico como a racionalidade do capitalismo contemporâneo é a ideia da concorrência baseada em modelos empresariais né vão Regina não só o ideal das relações econômicas mas também as relações interpessoais né ou
seja esse modelo Empresarial não é só das empresas mas dos brother as próprias pessoas cada indivíduo é pensado como uma microempresa né Que deve ser bem sucedida ter uma performance desejada né numa lógica que de alguma forma tende a cair no individualismo numa lógica que tende a responsabilizar exclusivamente o indivíduo pelo seu sucesso pelo seu fracasso né E nesse contexto com muita frequência os contextos educativos né As instituições de ensino as escolas elas acabam demandando e Desafiando os membros da comunidade escolar mas não favorecem muitas vezes dispositivos educativos para apoiar a criação de recursos para
lidar com essas demandas e desafios né no caso dos Estudantes por exemplo muitas vezes as dificuldades no próprio processo de aprendizagem são pensadas como déficits exclusivamente individuais intelectuais e desconsideram a emocionalidade a qualidade das relações as próprias estratégias pedagógicas né na configuração dessas dificuldades né é esse que eu tenho assistido né uso massivo prolongado das redes sociais né ele vai levando também As certas lacunas comunicacionais importantes entre professores e alunos né existe uma certa indisponibilidade para criar algo juntos e seja possível levando em conta aí a intergeracionalidade num diálogo comprometido com outro né Então nesse
quadro que eu vou descrevendo para vocês aqui em Minas Gerais a escola muitas vezes Deixa de ser um espaço atrativo para o estudante né quando não passa a ser de fato um espaço repulsivo né que tem desdobramentos aí na qualidade dos processos de aprendizagem da própria experiência no caso dos professores é muito frequente relato da sobrecarga de trabalho que vai se agravando né com processos de formação Inicial e continuada que muitas vezes não acompanham os desafios do cotidiano né Eu acho que se fez muito presente nos últimos anos é as dificuldades relacionadas ao preparo para
o uso das tecnologias a forma como trabalho e não dou espaço privado a gente fica permanentemente nessa hiper conexão né é que tem sido aí um fenômeno global de fato mas que tem sido reportado por professores como um processo que tem levado frequentemente a saturação a exaustão né novamente esses problemas Não Foram inaugurados pela pandemia de covid-19 Mas tem sido muito Evidente como essas dificuldades e descompassos eles foram sendo intensificados Nesse contexto né na transformação do Lar né da casa no local de trabalho como eu tô aqui agora com vocês né É que eu tô
com minha escritório aqui organizado para isso mas muitas vezes não há um espaço desse em casa né você sabe muito bem disso não é enfim aí isso vai ser somando né um gradual aumenta das exigências sobre os professores né essa expectativa implícita de que a escola substitui o papel educativo das famílias isso tem sido um fenômeno muito importante e que eu penso que se deve levar em consideração sabemos que os pais estão trabalhando tem muitos afazeres muitas vezes em dois três turnos enfim mas muitas vezes é depositado ainda que implicitamente nas costas do professor é
essa ideia da educação que substitui o papel também das famílias né então eu acho que definir de forma cada vez mais reflexiva E adequada os limites e as possibilidades do papel do professor ele é fundamental né enfim esse quadro que eu tô falando para vocês ele não deve levar a conclusões de que os problemas de saúde mental eles acontecem por causa de problemas sociais né nessa leitura sociologizante nos processos obviamente cada indivíduo cada estudante Professor funcionário gestor de uma escola subjetiva Essa realidade a partir dos seus recursos e também nas suas fragilidades que foram sendo
historicamente configurados na individualmente né o que eu penso que vale a pena que a gente esteja mais qualificado com a quente que qualifique mais o nosso olhar para a gente ter condições de fazer leituras e nos permitam compreender os processos sociais e culturais abrangentes que estão atravessando aí o cotidiano escolar sem perder de vista a forma singular né como esses processos são vivenciados e produzidos em trajetórias de vida individuais né Se a gente for pensar agora né no terceiro ponto que eu quero falar com vocês como as instituições e lideranças têm lidado com essas questões
né como a gente pode promover também qualificar a forma de cuidar de acolhimento eu acho que não é difícil afirmar que esse modelo Clínico terapêutico ele segue sendo mais adotado ainda que não intencionalmente pela maioria das instituições de ensino mas segue sendo mais adotado né um dos riscos nesse cenário que a gente tem é em correr no equívoco de assumir de pressa demais a existência dessa suposta pandemia de doenças mentais né com os reducionismos aí que acompanham essa análise que eu já falei antes mas isso tem justificado E se a gente não tomar cuidado vai
justificar cada vez mais novos aumentos exponenciais de Diagnósticos de uso descontrolado da medicação né Sem uma análise mais criteriosa e singular que vai levando em consideração a complexidade das situações né com isso eu não negos alarmantes problemas relacionados à saúde mental que a gente tem viciado pelo contrário eu penso que que são muitos problemas e a gente deve encarar de frente evitando a tendência de que ele somente se visibilizem nas situações de crise mais grave né isso tem sido muito fatal de fato em alguns casos né É o que eu propõe nessa reflexão com vocês
é reposicionar o nosso olhar para essas questões né de modo que a gente tenha uma uma a gente entenda esses processos numa Ótica mais compreensiva dialógica com vistas a se construir caminhos educativos alternativos ao sofrimento né na Perspectiva que a gente tem trabalhado da teoria da subjetividade a gente pensa situações de Sofrimento inclusive nas suas formas mais graves como processos que são singulares eles podem até ter expressão comportamental por exemplo crises de pânico né ou expressões de depressão Mas de fato Se a gente fosse aprofundar a entender a situação de vida as condições interpessoais daquela
pessoa os acontecimentos as fragilidades os recursos que essas pessoas têm a gente vai se dar conta que são configurações que são muito singulares e que vão com o passar do tempo impedindo que o indivíduo produz alternativas em relação a esse estado de Sofrimento que vai se tornando muitas vezes dominante na trajetória de vida dessas pessoas né o que eu penso é que a gente precisa Então é de uma alternativa essa ideia de doença mental que tá tão enraizado nossa cabeça sabe essa doença mental que pode ser definida priori a partir de um conjunto de sintomas
identificados desse personalizados ah Fulano é TDH Fulano é Toddy Fulano depressivo Fulano é ansioso o que nos dizem dessas pessoas esse tipo de rótulo eu ou os Dizer para vocês que nos dizem muito pouco ou quase nada de fato nessa perspectiva o trabalho com pessoas que apresentam situações de Sofrimento pode tomar de formas muito variadas né De acordo com a singularidade desses casos mas se orienta é como qualquer processo educativo nessa perspectiva ao favorecimento do desenvolvimento subjetivo da pessoa né isso implica considerar o caráter gerador da subjetividade tanto na sua dimensão individual como social né
muitas vezes a gente vê assim ah não posso fazer nada em relação a isso então a gente pode fazer a gente pode fazer é talvez não vai mudar a situação completa são questões muito Profundas são questões sociais que estão envolvidas mas na relação com o outro pelo lugar que eu posso construir no vínculo com outro eu posso fazer algo e na relação que eu tenho com meus colegas na escola eu posso fazer algo e ainda que sejam algo que não seja suficiente para uma revolução completa estrutural da sociedade vai ser algo que possa ter implicação
na vida das pessoas né quando eu falo desenvolvimento subjetivo eu retomo conceito da Albertina metrans Martinez do Fernando Gonzales rei que definem o desenvolvimento subjetivo como o desenvolvimento de novos recursos que se desdobram em mudanças qualitativas em áreas diversas na vida da pessoa né que vai gerando uma implicação pessoal mais profunda na área né do desenvolvimento e isso vai ampliando os espaços de ação da pessoa na vida é o contrário de certa forma da ideia do sofrimento subjetivo grave assim né a pessoa vai se fechando se de alguma forma se paralisando numa produção subjetiva reverberante
ampliar né então eu acho que quando a gente pensa a saúde mental nessa Ótica a gente indissocia ou seja a gente articula saúde mental educação desenvolvimento e a gente desmistifica a saúde mental né e é importante desmistificar a saúde mental nas escolas não só nas escolas na sociedade em geral mas como a gente está falando das escolas porque muitas vezes na saúde mental nas escolas ainda é tratada como um tema Tabu né como sendo torturas silenciosas e silenciadas né até que emejam na forma de uma crise aguda quando muitas vezes já é tarde para intervir
né e ao que me parece fundamental é que se a gente amplia o conceito de saúde mental né de maneira articular processos da vida cotidiana as relações interpessoais As instituições e aos recursos subjetivos individuais e sociais a gente não deve conceder os problemas de saúde mental como sendo somente do escopo restrito ou exclusivo dos profissionais entrevistas e saúde mental claro que esse profissionais podem ser parte de uma abordagem assim como a rede atenção psicossocial né os caps unidades básicas de saúde eventualmente hospitais Centro de Convivência etc pode fazer parte do cuidado de pessoas que demandem
uma atenção especializada no entanto mesmo nessas situações o cuidado cotidiano da Saúde Mental é uma tarefa de todos e a escola não pode submetir nesse processo né ou seja saúde mental e cuidado não são temas exclusivos de psicólogos psiquiatras outros profissionais devem ser temas penso eu transversais dos professores da orientação pedagógica da gestão escolar das famílias e dos próprios estudantes né então acho que que essa é uma reflexão que eu queria trazer muito forte para vocês porque um desdobramento nefasto da patologização não é somente a proliferação de rótulos de medicação né é a própria forma
como diagnóstico ele é subjetivado como a gente tem ainda o predomínio de um modelo biomédico o diagnóstico ele é subjetivado enquanto uma realidade incontestável como se fosse uma verdade médica frente a qual as pessoas se posiciona de forma passiva muitas vezes como vítimas da mesma forma que muitas vezes as pessoas se veem como vítimas de uma doença como um câncer um infarto é as pessoas também se vêm como vítimas muitas vezes de um quadro psicopatológico e esse processo ele tem diversas consequências né entre elas o fato de que quando diagnosticados estudantes professores e outros membros
da comunidade escolar eles estão mais propensos a serem excluídos pelos seus pares pelos próprios professores ao mesmo tempo que mais propensos a se excluírem né Eu acho que isso é como se a escola lavasse as suas mãos porque o problema é do indivíduo e da sua disfunção já não é problema da escola percebe Então a gente tem que desafiar frontalmente essa lógica eu acho que a gente precisa nos responsabilizar por um trabalho coletivo em parceria com as famílias eventualmente com profissionais especializados com a rede de atenção psicossocial né a gente deve lutar contra a estigmatização
que em geral vem junto com a emergência da expressão desse sofrimento e que nada mais fazem gente do que agudes dá o problema né É por isso que eu penso que o diálogo ele é um recurso tão central né É nessa Perspectiva da subjetividade o diálogo não é só uma comunicação não é só sentar e falar qualquer coisa é uma comunicação com implicação emocional que é sustentada por um vínculo afetivo e um vínculo afetivo que não anula as diferenças entre seus atores né muitas vezes o diálogo ele implica provocações tensionamentos questionamentos que abrem Novos Campos
de reflexão né E que vão se desdobrando em então para além do momento concreto do Diálogo que tem que reverbera na vida da pessoa sabe é por isso muitas vezes eu penso o lugar do professor não é só no ato da sala de aula o lugar do professor é também é como diriam algumas pessoas um exercício de eternidade porque você de alguma forma pode construir uma relação em vínculo que passa a ser um elemento para aquela pessoa mudar a vida dela para aquela pessoa se fortalecer numa determinado momento para aquela pessoa tomar um posicionamento diante
de algo que tá vivendo né então acho que o diálogo é uma via potente da gente escutar o outro acolher esse outro ao mesmo tempo que mobilizá-lo a partir dos seus próprios recursos a Gerar caminhos alternativos de desenvolvimento né É claro que esse caráter dialógico Ele deve estar também informação continuada dos professores e gestores né que me parece um processo fundamental em mudanças necessárias para se lidar com os problemas que a gente tá aqui abordando de modo geral né se eu fosse selecionar alguns aspectos né que me parecem ser aprendizados desafios e perspectivas para as
escolas nesse processo eu queria reiterar primeiro algo que eu já falei antes o valor crucial da escola e dos professores na nossa sociedade né a escola muitas vezes ela é alvo de críticas justas críticas algumas vezes a normatização a limitação dos processos escolares né enfim mas isso muitas vezes tem levado a uma crítica radical da escola enquanto instituição com algumas pessoas inclusive clamando pelo seu fim Imagina isso e ao lado de muitos educadores da atualidade né como Antônio nova Eu discordo radicalmente disso eu penso que a escola e o professor foram são e seguirão sendo
fundamentais para o mundo em transformação que a gente está vivendo né e frente às crises que a gente está vivendo atualmente Eu acredito que a importância da escola e dos professores ela se vê Renovada né Sem dúvida no entanto a própria transformação da sociedade com mudança geracionais com as crises do mundo contemporâneo nos impele a repensar a estratégias educativas e sejam possíveis para favorecer caminhos de desenvolvimento né Então nesse sentido me parece fundamental lutar contra uma certa tendência a desresponsabilização frente às crises de saúde mental que emergem no cotidiano escolar isso não significa tomar para
si responsabilidade absoluta por tudo que tá acontecendo mas encontrar e construir Campos de ações de ação possíveis né que favoreçam a emergência dos próprios professores como sujeitos frente às crises né que a gente está enfrentando e construir esses campos de ação em colaboração me parece fundamental né a gente precisa Sem dúvida nenhuma mudar as representações o sistema valorativo dominante sobre a educação sobre aprendizagem e sobre o sofrimento né o foco da ação educativa incluindo em situações de Sofrimento subjetivo grave Ele deve estar no desenvolvimento subjetivo em processo né que sejam não somente sem entrada na
transmissão do conhecimento na reprodução dos padrões né Mas de fato no desenvolvimento desses recursos de vida que vão que estudantes professores e menos da comunidade escolar se envolvam e abram caminhos de vida né então de alguma forma gente eu acho que é um repensar constante do papel da escola do que a gente pode fazer dentro da escola junto com a escola né e buscar uma forma de articular o educar ao acolher e ao cuidar né Eu acho que essa é uma mensagem que eu queria passar para vocês hoje né passei um pouco do tempo como
de costume que eu gostaria de falar mas me abro aí para conversar com vocês né se vocês tiverem aí alguns pontos o Adão vai me ajudar aí nesse nesse processo mas de antemão eu já agradeço muito a atenção de vocês um passo para você aí Adão Obrigado Professor Daniel passou do tempo não foi foi na medida foi no tempinho certo tivemos aqui na live gente de diversos lugares do Brasil né da Bahia do Pará a Cristina lá de Belém do Pará a Rose Rosineide lá de Uruaçu Goiás A Brena lá do Maranhão e aí tivemos
alguns comentários e também alguns apontamentos que eu vou tá lendo aqui para você o primeiro é do da Ana Paula Gomes que ela fala vejo muitos profissionais colocando culpa foi a pandemia é a família e esquecem de tomar para se a responsabilidade acredito que cada um de modo de modo geral deve tomar responsabilidade para assim tornando o ambiente escolar colhedor e não uma fábrica de conhecimento e aí a Mariana Ribeiro Ela traz dois apontamentos e aí ela questiona algumas perguntas ela fala que a professora em biomédica e o primeiro primeiro apontamento foi que ela trabalha
no Centro de Apoio pedagógico que trabalha com alunos com dificuldade de aprendizagem problemas do neurodesenvolvimento complementa a escola e aí ela eles estão Vivendo em encaminhamento desse personalizado como fazer buscar Minimizar ou estreitar a comunicação entre saúde e escola e aí ela fala que o outro ponto é que no ensino superior tem tido relatos de jovens que estão ansiosos imaturos até porque ingressaram o ensino superior durante a pandemia e retornaram ao presencial no quarto semestre e aí como será esse efeito a longo prazo ótimo não acho que enfim né Acho que são dois a dois
comentários e questões né então muito afinadas né com a maneira também como eu tenho pensado Ana Paula Concordo totalmente com você né Essa tendência de colocar a culpa na pandemia ou de colocar a culpa no transtorno no caso da Saúde Mental ou em qualquer outra questão ela é muito frequente e muito comum né e eu acho que que vale essa reflexão sua de que a gente esquece muitas vezes de tomar responsabilidade para gente né tomar para si a responsabilidade não significa reduzir os complexos problemas que a gente lida ao que a gente está fazendo aqui
agora mas eu penso que é a gente deve se orientar como educadores E também como psicólogos até até também profissionais da Saúde Mental a de alguma maneira construir ações vínculos processos dentro do nosso escopo de ação Então se é certo que a gente não consegue mudar radicalmente uma situação de vida de um indivíduo de uma instituição por um lado é certo que algo a gente pode fazer né a gente pode esses conceitos de Agentes sujeito Eles são muito importantes né eu como a gente eu consigo me pensar refletir e me colocar de alguma maneira mobilizar
um colega né me diferenciar em algum sentido para propor algo novo né E como sujeito que é uma condição mais difícil eu posso muitas vezes no contexto que eu estou inserido uma sala de aula seja a própria instituição educativa eu posso de fato gerar alternativas e subjetivação que vão implicar um caminho novo de desenvolvimento e de inovação dentro desse processo né é tomar responsabilidade para si para gerar esse ambiente esse contexto acolhidor que você falou é fundamental e eu peço até para vocês fazerem um exercício reflexivo se vocês olham para as pessoas que vocês conhecem
para educadores educadores que vocês conhecem que mais fazem a diferença né na vida de pessoas que mais são importantes na vida das pessoas vocês vão ver que essa característica de alguma maneira está presente nele Ou seja pessoas que fazem apesar de apesar das limitações apesar do salário apesar da pandemia apesar da precariedade apesar da desigualdade encontra uma forma de construção de um espaço possível de ação né isso eu acho fundamental não implica reduzir a responsabilidade ao professor a professora mais implica Sem dúvida nenhuma que cada um de nós que a gente encontre um espaço né
é possível potencial de mudança no contexto que a gente está inserido né e a Mariana né fala que tá vivendo né no contexto do trabalho que trabalha com estudantes com desenvolvimento com dificuldade de aprendizagem problemas de neurose desenvolvimento Esse encaminhamento despersonalizado é uma tristeza né Mariana eu acho eu penso que um dos trabalhos que nessa aproximação entre saúde escola saúde e educação é um próprio processo educativo da própria escola muitas vezes né da do das próprias instituições de saúde também no sentido de não é negar os quadros né que muitas vezes de por exemplo de
desenvolvimento atípico etc mas entender singularmente de forma personalizada as condições as fragilidades e os recursos que a gente trabalhar com essas com essas crianças adolescentes jovens né É fundamental o que a gente coloque a lupa coloque a lente construa essa possibilidade com as instituições de fato entender que não se trata de um quadro psicopatológico você trata de uma pessoa né de uma pessoa que tem essas características que gosta de ser relacionado dessa forma que tem tal sonho que aconteceu tal coisa na vida dela então como trabalhar com essa pessoa ele não trabalha com transtornos e
trabalha com pessoas né então importante reatar esses fios e não fazer parte dessa roda giratória eu diria né você não aceitar passivamente também esse encaminhamento dos personalizado provocar também às vezes até a reflexão a pessoa não faz por mal mas muitas vezes esse encaminhamento personalizado acontece por uma lógica burocrática é né que tá muito presente nas instituições então perguntas né do tipo quem é essa pessoa ah na sua conversa que que você percebeu dela né como que ela se coloca diante disso né O que aconteceu com o que a gente pode fazer então eu sinto
que esse é um caminho sabe Mariana para a gente também não só trabalhar com a pessoa que é encaminhada de uma forma diferente mas também com a pessoa que o encaminhou sabe é um lado da questão no ensino superior é eu também compartilho desse drama que você tá Tá descrevendo né de muitos relatos muitas pessoas que se sentem muitas vezes despreparadas de Fato né Para as demandas que exigem o ensino superior Eu Tenho lidado Em algumas turmas não em todas com problemas graves que não são só relacionais mas são problemas de aprendizagem realmente Ou seja
que as pessoas não se formaram não constituíram recursos muitas vezes básicos que se espera né que um estudante de ensino superior tenha ou já se pressupõe que eles tenham mas a gente vai precisar dar um passo atrás né muitas vezes eu tenho trabalhado interpretação de texto né em sala de aula em curso de ensino superior na UnB né então isso por um lado a gente tem que trabalhar isso tem que buscar das instituições olharem para isso com mais atenção e por outras sem dúvida né abrir mais espaços de diálogos sobre esse tema né fazer processos
que ampliem o pertencimento das pessoas daquele espaço né se tem um problema no ensino superior seja em instituições privadas ou públicas é que muitas vezes é se reproduz uma lógica da escola essa escola mais reprodutiva e a pessoa não se apropria daquele espaço como um espaço potente na criação de vínculos projetos profissionais de pesquisa de vínculos né e acaba se tornando algo alheio a ela né Eu acho que nós podemos então trabalhar muito acolhimento de quem está chegando é fundamental na faculdade de educação da UnB a gente tem tentado ter uma atenção muito especial relação
a isso né como exemplo né a gente recebeu nesse semestre acadêmico que tá em curso agora os calouros né as turmas que chegaram a partir de um convite né de uma forma até lúdica fizemos um caça ao tesouro etc mas o grande objetivo é que que esses estudantes conversassem com as pessoas conversassem com pessoas históricas da faculdade que essas pessoas contassem para elas a história dos prédios contassem aquela obra de arte O que que significa né como que esse espaço foi pensado Qual o projeto que existe o que que após graduação Então os estudantes serem
lá falar quer dizer e buscando uma forma de receber e que ao mesmo tempo vá construindo esse lugar de pertencimento para que essas pessoas também com o passar do tempo ao se sentir em parte desse espaço possam fazer por ele também né e acolher o próximo os pares Então eu acho que de alguma forma como desdobramento da pandemia a gente teve esse estreitamento né dos espaços sociais dos vínculos das atividades interativas eu acho que a gente precisa retomá-las né ter mais espaço em sala de aula para troca entre os estudantes né trabalhar em grupos menores
trabalhar em duplas para que as pessoas se conheçam conversam né trazer um pouco dessa experiência eu acho que tudo isso vai de alguma forma abrindo caminhos pelo menos para a gente superar algumas das dificuldades que que a gente tem vivido Obrigado Pastor Daniel devido horário né a gente tá assim já se encaminhando só que aí eu só ler outros dois comentários Tá bom agora por último primeiro a dar Selma Selma ela fala assim e trabalha em um hospital onde tem dois leitos de retaguarda e ela fala que tem recebido muitas adolescentes que estão se automutilando
nas escolas e aí o outro comentário é da taça coelho que ela fala oi boa noite Professor acredito que um dos recursos potentes que temos nesta luta pensar numa atuação colaborativa E construtiva muitas vezes profissionais especialistas chegam às escolas com projetos desenhados a priori a realidade daquela escola é totalmente negligenciada e assim mesmo que não intencionalmente mais uma vez em quando um modelo hierárquico e ambulatorial eu acho que é isso mesmo né primeiro a Selma a gente não trabalha em hospital mas trabalho em instituições de ensino Temos visto né infelizmente essas tentativas de suicídio automutilação
de diferentes tipos né É uma situação que que nos preocupa muito e de novo né são Pontas de icebergs né que tem lacunas fragilidades problemas relacionais que não se reduzem a escola obviamente que são muitas vezes problemas na família né entre os pares mas que Sem dúvida nenhuma eu penso que a escola que a universidade no ensino superior tem um lugar em Abrir Campos de reflexão e de ação em relação a isso né então a gente precisa inclusive como eu falava mais cedo pensar nessa questão para que não se chegue a essas situações críticas como
você tá se referindo né e certamente o que a taça traz é um modelo né como ela fala ambulatorial né de modelo hierar com ambulatorial que muitas vezes já chega com um projeto de intervenção às vezes né taça com a melhor das boas intenções mas tudo desenhado idealmente na cabeça etc para aplicar e nessa ideia da aplicação da intervenção se perde Vista justamente o que eu falava mais cedo sobre o diálogo né quer dizer a gente vai compreender o outro compreender as questões os problemas as situações por meio do Diálogo é a gente não pode
desse momento diálogo para desenhar e elaborar estratégias né a gente pensa Teoricamente com os nossos recursos com a nossa formação com a nossa capacidade de elaborar projetos etc mas nunca de forma dissociada da realidade concreta de quem a gente está trabalhando o contrário a gente realmente corre o risco de reproduzir esse modelo hierar com ambulatorial que desde de alguma forma diz respeito e desconsidera esse outro enquanto indivíduo né ou esse grupo social Então acho que Sem dúvida nenhuma modelo é um inverso diz que você descreve né são ações como você fala colaborativas construtivas dialógicas né
E são orientadas aí a transformação e é um convite né gente é um convite para que essas mudanças sejam feitas um convite para as pessoas expressarem seus saberes não é e a gente poder compartilhar os nossos de uma maneira que não se limite a uma lógica de aplicação de ideias pré-concebidas no laboratório né no computador sem dúvida nenhuma totalmente muito interessante os comentários gente Obrigado pela sua Daniel Então já vamos para o encerramento dessa vigésima oitava Live Senai te agradece pelo professor Daniel seu colaboração aqui junto com a gente foi uma noite aí muito rico
como sempre né você trazer o conhecimento hoje em relação à saúde mental nas escolas agradecer também a cada um que colaborou que assistiu que comentou que teve essa noite aqui junto com a gente Tá certo Um abraço Adão Obrigado pessoal abraço a quem tá aqui e aqui vai nos ver no futuro agradeço aí ao Pablo Valente também por mais esse convite até a próxima gente tchau tchau tchau tchau tchau pessoal
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