mulher é empurrada de Ribanceira e jogada aos jacarés quando o animal se aproxima sua reação é surpreendente Marília uma jovem de 14 anos morava com seus pais Ana e Carlos ela levava uma vida normal pacata sem grandes acontecimentos que pudessem desviar o curso rotineiro de seus dias a família habitava uma casa simples em um bairro tranquilo pelas manhãs Marília costumava acordar ao som da voz da mãe cantarolando na cozinha e do Ranger suave da cadeira de balanço na sala onde seu pai com o jornal nas mãos Lia as notícias do dia anterior a vida ali
fluía com uma calma quase palpável e todos pareciam seguir um ritmo próprio feito do barulho do chuveiro do aroma de café fresco e do sopro de Vento entrando pela janela da sala o início da tarde de um dia ensolarado marcava a promessa de um almoço diferente Carlos o pai de Marília tinha decidido preparar a refeição ele não cozinhava sempre mas quando o fazia a cozinha se transformava em um palco de experimentos culinários enquanto Ana geralmente seguia receitas clássicas com temperos equilibrados Carlos era mais inventivo lançando mão de ingredientes que não combinavam à primeira vista mas
que no final traziam sabores únicos naquele dia a mesa já estava posta com a toalha de linho branca herdada da avó de Marília e o aroma de algo desconhecido pairava no ar Marília vem aqui provar o molho chamou Carlos de dentro da cozinha segurando uma colher de pau diante da panela Fumegante a garota se levantou do sofá largando o controle remoto da televisão e caminhou até o pai ela fitou o molho de cor terrosa tentando adivinhar o que ele havia colocado ali o que tem nesse molho pai ah é um segredo tem um pouco de
páprica defumada ervas que sua mãe comprou na feira e acho que coloquei algo de manga Ou talvez não Experimente disse ele com um sorriso misterioso Marília provou o molho sentindo uma mescla de sabores doces picantes e algo levemente cítrico franziu a testa pensativa Antes de abrir um sorriso é estranho mas gostoso você é mesmo corajoso na cozinha corajoso bom pelo menos não sou covarde no tempero brincou Carlos piscando o olho para ela Ana entrou na cozinha enxugando as mãos no avental aparentava bom humor embora sempre mantivesse certa cautela com as invenções do marido Carlos O
que você está tramando desta vez perguntou ela aproximando-se da panela Estou criando algo novo respondeu Ele girando a colher na panela nada de rotinas hoje é um prato especial para deixar nossa tarde esquecível Ana sorriu mas lançou um olhar curioso para a panela Espero que seja inesquecível de forma positiva querido da última vez que você tentou Inovar no cardápio acabamos com o paladar confuso por uma semana sem preocupações Ana desta vez eu me superei pouco depois a família se reuniu na mesa da sala de jantar o sol atravessava o vidro da janela iluminando o ambiente
o chão era de madeira Clara refletindo a luz e dando um ar aconchegante ao espaço a mesa não muito grande aproximava os três permitindo que as vozes soem próximas familiares ali as risadas E os comentários sobre o dia seguinte na escola de Marília ou o trabalho de Ana enchiam o ambiente de uma leveza peculiar María E a escola como estão suas notas perguntou Ana servindo-se do prato que Carlos havia preparado Mara ergueu os ombros Mea de cabelo castanho para trás da orelha estão boas mãe a professora de português elogiou meu último ensaio disse que tenho
imaginação Carlos olhou orgulhoso para a filha imagina o que você poderia fazer escrevendo sobre gastronomia hein a jovem que experimentou o tempero misterioso do pai o que acha María a menina riu acho que você iria gostar de serem de uma hisa Mas eu também podia ES do nosso jardim ou sobre as conversas que temos aqui na sala a conversa fluía intercalada por risadas até que no meio desse convívio tranquilo Carlos começou a respirar com dificuldade inicialmente María não percebeu nada de errado Ana contudo notou o rosto do marido ficar pálido ele largou o talher levou
a mão ao peito e dobrou o corpo levemente para a frente sem conseguir falar a dor transparecia em suas Carlos O que foi perguntou Ana levantando-se da cadeira a voz já carregada de preocupação Marília largou o guardanapo e o coração disparando pai você está bem Carlos tentou responder mas as palavras não saíam com clareza um gemido baixo escapou de sua garganta antes que ele tentasse inspirar mais ar seu corpo tremia Sutilmente e seu rosto se contorcia em desconforto Ana Correu para o lado dele ajeitando sua postura na cadeira consegue falar dói muito ele assentiu com
a cabeça pressionando o centro do peito e ao mesmo tempo um suor frio deslizava por sua testa María se levantou de supetão quase derrubando a cadeira e correu para o telefone da sala suas mãos tremiam ao discar o número de emergência alô por favor meu pai está passando mal eu acho que é algo com o coração Precisamos de uma ambulância rápido a voz do outro lado da linha pedia calma e confirmava o endereço em seguida a atendente garantiu que o socorro chegaria o mais rápido possível O silêncio que se seguiu quebrado apenas pela respiração ofegante
de Carlos era pesado Ana segurava a mão do marido com força seus olhos marejados procurando noos dele algum sinal de alívio María encostada na parede sentia o estômago embrulhado de nervosismo e medo o almoço antes tão especial agora ficava esquecido sobre a mesa a ambulância não tardou a chegar os paramédicos invadiram a casa com uma expressão séria carregando equipamentos enquanto um deles verificava o pulso e a pressão de Carlos o outro falava com Ana tentando entender os sintomas ele se queixou de dor no peito H quanto tempo começou Ana tentava responder com a voz entrecortada
agora há pouco estávamos almoçando e de repente ele ficou assim María observava tudo da porta incapaz de mover um músculo sentia-se impotente presa em um pesadelo onde as cores e sons pareciam distorcidos Eles colocaram Carlos na maca levando às pressas para a ambulância Ana entrou junto segurando a mão do marido enquanto Marília ficou para trás com o coração apertado uma vizinha Dona Sandra senhora de idade que costumava cumprimentá-los todas as manhãs aproximou-se e colocou uma mão no Ombro da menina meu bem vai ficar tudo bem venha Vou levá-la ao hospital Marília apenas assentiu engolindo em
seco os olhos arregalados refletindo o medo no hospital o tempo parecia passar de forma estranha Marília Olhava O Relógio na parede percebia os ponteiros se mexendo mas cada minuto parecia uma eternidade Ana andava de um lado para o outro no corredor Branco as luzes de neon incomod seus olhos cansados Finalmente um médico rosto sério e semblante reservado aproximou-se ele teve um infarto conseguimos estabilizá-lo por enquanto mas a situação é delicada vamos precisar interná-lo para observação e tratamento Marília sentiu um nó na garganta Ana apertou as mãos contra o peito incapaz de conter as lágrimas Doutor
ele vai ficar bem o médico respirou fundo escolhendo as palavras Faremos o possível ele precisa de alguns dias internado vamos acompanhar atentamente durante os dias que se seguiram Marília e Ana revezavam se no quarto do hospital o ambiente era asséptico cheirava a álcool e medicação e o bipe constante dos aparelhos lembrava a fragilidade daquela situação Carlos de olhos semicerrados tentava sorrir quando via a filha e a esposa Ei minha princesa dizia ele a voz fraca cada vez que María se aproximava a garota segurava sua mão tentando retribuir o sorriso pai estamos aqui vai ficar tudo
bem dizia ainda que sua voz traísse um leve tremor Ana ao lado da cama acariciava o cabelo do marido afagava seus ombros murmurava palavras de encorajamento Entretanto a insegurança e o medo a consumiam por dentro quando saía do quarto às vezes chorava baixinho no corredor para qualquer força superior que pudesse ajudá-los após alguns dias porém o quadro de Carlos piorou Marília estava na sala de espera quando viu enfermeiras correrem em direção ao quarto o coração dela disparou Ana que estava dentro do quarto Correu para a porta com o rosto pálido aterrorizado eles estão fazendo tudo
o que podem disse uma enfermeira empurrando Ana para fora Marília sentiu a vista escurecer por um instante a pulsação latejando nas têmporas segurou no braço da mãe tentando ser forte mãe o que aconteceu Ana não conseguia falar apenas tremia minutos se tornaram horas na percepção confusa de Marília até que o médico ressurgiu o semblante fechado carregando um peso invisível nos ombros sinto muito fizemos tudo o que estava ao nosso alcance disse ele a voz baixa Ana soltou um gemido sufocado como um animal ferido mas Marília levou as mãos ao rosto recusando-se a acreditar ele estava
ali há pouco tempo prometendo que ficaria bem agora não estava mais a dor da perda de Carlos se abateu sobre as duas como uma tempestade escura voltaram para casa sem conseguir falar as paredes antes familiares pareciam estranhas e vazias a cadeira de balanço o jornal amassado sobre a mesinha a cozinha com os temperos ainda fora do lugar tudo lembrava Carlos na primeira noite sem ele Marília ouviu os soluços da mãe no quarto ao lado a jovem se abraçou ao travesseiro tentando impedir as lágrimas de jorrar mas não conseguiu chorou até sentir a cabeça doer os
dias se arrastaram a ausência de Carlos tão repentina desestabilizou a família Ana que antes sustentava a casa com Sua serenidade entrou em um estado de Sofrimento profundo não era apenas o luto natural de perder o companheiro de vida era algo além ela passava horas sentada na poltrona da sala encarando um canto qualquer como se Esperasse que Carlos surgisse De repente Marília tentava se aproximar Mãe você quer comer alguma coisa não tenho fome querida dizia Ana sem desviar o olhar do vazio as semanas transformaram-se em meses o semblante de Ana não melhorava pelo contrário a cada
dia ela parecia mais ausente mas presa a um mundo que Marília não conseguia alcançar às vezes Marília a escutava murmurando Carlos Onde você está volte para casa estou te esperando outras vezes a mãe esquecia o nome da própria filha chamava-a por um nome inexistente ou simplesmente não a reconhecia quem é você chegava a perguntar confusa as mãos trêmulas os olhos perdidos Marília se desesperava mas não sabia o que fazer conversou com parentes próximos tios e tias que pouco visitavam mas que agora atendiam a seus telefonemas finalmente conseguiu que alguns deles se unissem para ajudar Ana
levaram-na psicólogos e psiquiatras explicando a situação a mãe de Marília não respondia bem aos testes às vezes ficava agressiva outras se mostrava apática era como se a sanidade dela estivesse derretendo escorrendo por entre os dedos da memória em uma tarde chuvosa o médico psiquiatra reuniu-se com a família em uma pequena sala de espera as paredes decoradas com quadros paisagísticos tentando trazer algum conforto ao ambiente sua mãe está apresentando um quadro complexo o luto desencadeou um estado Psicótico com perda de memória e forte instabilidade emocional disse o médico olhando para Marília e dois parentes que a
acompanhavam ela vai melhorar Doutor perguntou María segurando a borda da cadeira com força o médico suspirou é impossível dizer agora ela precisa de tratamento intensivo medicação acompanhamento psiquiátrico contínuo no momento ela é considerada incapaz de cuidar não apenas de si mesma mas também de você as palavras considerada incapaz atingiram Marília como um golpe ela sentiu o chão sumir so seus pés sem a mãe em condição de cuidar dela e sem o pai o que aconteceria com a sua vida tinha apenas 14 anos não podia viver sozinha os parentes próximos no entanto não Se mostraram dispostos
a assumir a responsabilidade cada um tinha sua própria vida problemas rotinas aquela menina Órfã de pai e com a mãe internada parecia-lhes um fardo difícil de carregar Marília o que faremos disse a tia Ana Paula que apesar do nome semelhante ao da de María era apenas uma parente por parte de pai eu não sei tia eu não sei disse Marília os olhos cheios d'água sentindo a solidão apertar o peito foi quando uma voz ao telefone em uma chamada Inesperada trouxe um lampejo de esperança Marta uma tia distante por parte de mãe que María conhecia apenas
por cartas esporádicas e algumas menções em álbuns de família soube da situação Ela vivia sozinha em uma fazenda distante perto de um lago E uma floresta eu posso cuidar de Marília disse Mara ao telefone com uma voz firme Marília Segurou o aparelho um tanto insegura tia Marta eu eu não esperava que você fosse se oferecer você mora tão longe tem certeza Claro que sim minha querida sei que não nos conhecemos muito bem mas você é minha sobrinha o sangue da minha irmã corre em você não posso deixá-la assim venha morar comigo tenho espaço tenho Tranquilidade
e acho que aqui você poderá encontrar um pouco de paz a notícia da internação de Ana na clínica psiquiátrica por tempo indeterminado chegou a Marília como uma sentença definitiva ao mesmo tempo a proposta de Marta se tornou um refúgio inesperado sem alternativas arrumou suas malas despediu-se dos poucos parentes que apareceram eles não discutiram muito pareciam até aliviados por não terem que lidar com a situação a viagem até a fazenda de Marta foi longa Marília pegou um ônibus intermunicipal atravessando estradas Sem Fim Campos Verdes pequenas cidades esquecidas na janela via as nuvens mudarem de forma sentia
o balanço do veículo embalando seus pensamentos chegou a uma pequena rodoviária onde Martha a aguardava parada perto de um jipe antigo usando um chapéu de palha e vestindo roupas simples porém elegantes em sua simp cham erguendo o braço a menina desceu do ônibus carregando uma mala surrada aproximou-se um pouco tímida sou eu você é a tia Marta mar sorriu um sorriso caloroso que iluminava seu rosto Sim sou eu como você cresceu vamos a fazenda fica a alguns quilômetros daqui no caminho de a conv peruna da vi estavaem a menina respondia com monossílabos ainda abalada por
tudo o que acontecera nas últimas semanas quando chegaram à Fazenda Marília Se surpreendeu com o cenário O sol estava se pondo e a luz alaranjada iluminava os campos de trigo o Pomar com algumas árvores frutíferas e ao fundo um lago tranquilo sua superfície refletindo o céu cor de pêssego ao lado do Lago começava uma mata frondosa cujos sons de pássaros anunciavam a vida abundante naquele lugar a casa de Marta Era uma construção antiga mas muito bem conservada tinha um Alpendre com uma cadeira de balanço janelas grandes cortinas brancas dançando com a brisa do entardecer o
cheiro de madeira terra molhada e Flores silvestres preenchia o ar era um contraste imenso com a casa da cidade com o hospital com a lembrança dolorosa do pai e da mãe do eso que você se sinta em casa aqui disse mar guiando Mara para dentro não temos luxo mas temos conforto e tranquilidade María olhou ao redor a sala tinha uma lareira de pedra um tapete felpudo e uma estante cheia de livros na cozinha utensílios de barro e madeira pendiam das paredes havia um cheiro de chá de ervas Parecia um local seguro aconchegante muito bonito aqui
tia disse Marília com a voz ainda um pouco tímida mas sincera Marta acariciou o ombro da sobrinha fico feliz que goste Vou preparar algo para comermos você deve estar cansada Amanhã posso lhe mostrar a fazenda apresentar os animais e quem sabe se você quiser podemos ir até o lago os dias na fazenda eram silenciosos mas não vazios Marília ia se adaptando ao novo ritmo ajudando Marta Com pequenas tarefas Como colher algumas frutas no pomar ou pegar água do poço enquanto isso seu coração aos poucos encontrava um espaço para respirar entre as lembranças dolorosas mesmo assim
a saudade da mãe não a abandonava após algumas semanas María conseguiu que Marta a levasse para visitar Ana na clínica psiquiátrica a mãe estava em uma ala silenciosa com enfermeiras atentas e janelas gradeadas quando María entrou no quarto encontrou Ana sentada à beir o olhar perdido mãe chamou a voz baixa Ana virou o rosto parecendo confusa por um instante quem quem é você perguntou com a voz hesitante mar sentiu um aperto na garganta sou eu María sua filha Ana franziu a testa como se tentasse Recordar María minha menina murmurou antes de baixar o olhar a
menina aproximou-se estendendo a mão antes de segurá-la houve um longo silêncio quebrado apenas pelo tic-tac de um relógio no corredor como você está mãe perguntou Marília tentando ser gentil tentando ignorar a dor Ana Demorou a responder à voz distante estou aqui esperando Carlos foi buscar flores não foi Ele disse que voltava logo Marília mordeu o lábio inferior sentindo os olhos queimarem mãe o papai não está mais aqui Ana olhou para ela como se visse um estranho falando em um idioma desconhecido de repente porém algo pareceu clarear em seus olhos um pequeno momento de sanidade Marília
Meu bem disse Ana a voz mais firme desculpe estou confusa você está bem você está segura a menina assentiu fungando levemente estou com a tia Marta ela está cuidando de mim na fazenda é um lugar bonito mãe tem um lago uma floresta Ana ainda que por alguns segundos pareceu compreender é bom que você esteja bem fique forte eu eu vou melhorar para ficar ao seu lado vou ficar bem eu prometo esses raros lapsos de Lucidez de Ana eram os únicos momentos de verdadeiro alívio para Marília Quando a mãe falava assim parecia que Um Fio De
Esperança se acendia mas logo após esse breve instante Ana voltava a se perder em seus devaneios Chamando por Carl contando que dia era esquecendo onde estava de volta à Fazenda Marília tentava encontrar sentido em sua nova vida Marta percebendo a tristeza da sobrinha decidiu conversar certa noite enquanto preparava um chá de camomila Marília Eu sei que não é fácil você passou por Coisas que nenhuma menina da sua idade deveria passar mas estou aqui se quiser conversar estou sempre pronta para ouvir María sorveu um gole do chá sentindo o calor confortar sua garganta Obrigada tia eu
eu sinto falta do meu pai e minha mãe não está bem é difícil mas aqui eu me sinto um pouco mais segura Quando eu olho pela janela e vejo a natureza penso que talvez a vida possa continuar mesmo que seja de um jeito diferente Mara assentiu com os olhos compreensivos é importante você ter um lugar assim Tente descansar amanhã posso te mostrar o album de fotos da sua mãe quando era jovem você sab que ela adorava cantar nas festividades da escola quando criança María sorriu intrigada não ela nunca me contou isso eu gostaria de ver
essas fotos com o passar do tempo as visitas à mãe continuaram sempre dolorosas mas com pequenos instantes de sanidade que traziam conforto Ana às vezes reconhecia a filha prometia melhorar dizia que ficaria bem esses momentos fortaleciam Marília que se agarrava à Esperança na Fazenda a convivência com Marta se tornava mais próxima mais afetiva as duas conversavam sobre a infância de Ana sobre o passado da família sobre Carlos também andavam perto do lago ouviam o canto dos pássaros sentavam-se na varanda à noite para olhar as estrelas Tia você sempre viveu aqui sozinha perguntou Marília uma tarde
enquanto cortava algumas laranjas Marta Pensou um pouco antes de responder praticamente depois que meus pais faleceram herdei A Fazenda tive alguns relacionamentos mas nunca se firmaram acabei me apegando a este lugar a este silêncio a natureza me faz compania Marília compreendia o silêncio também estava se tornando uma compania para ela um silêncio Pacífico não aquele silêncio opressivo que sentia na casa vazia sem o pai e com a mãe perdida em sofrimento a cada dia que passava Marília se sentia mais parte daquele lugar embora a dor da perda e a preocupação com a mãe não desaparecessem
a atmosfera da fazenda e a presença calorosa de Martha ajudavam a menina a lidar com os sentimentos havia árvores a explorar livros na estante um campo de flores silvestres não muito longe Marta lhe ensinou a distinguir tipos de pássaros pelo canto a plantar pequenas mudas no Jardim a cozinhar um bolo simples usando farinha colhida ali perto prove disse mar oferecendo um pedaço de bolo de fubá é receita da sua avó ela fazia isso quando as filhas Estavam tristes marlia provou sentindo o sabor suave e doce do bolo é muito bom eu acho que minha mãe
adoraria comer isso talvez quando ela melhorar a gente possa trazer um pedaço para ela mar sorriu sim quem sabe um dia e assim com o tempo um vínculo inquebrável ia se formando entre tia e sobrinha antes desconhecidas uma para a outra agora compartilhavam Segredos lembranças esperanças Marília encontrava em Marta uma figura de apoio uma presença firme ainda que tranquila que a ajudava a se orientar em meio ao caos que se instalara em sua vida Marta por sua vez enxergava na menina a chance de cuidar de alguém de transmitir afeto e criar uma nova dinâmica familiar
que Não dependia apenas do sangue mas também da escolha de estar em ali uma para a outra as visitas à clínica psiquiátrica continuavam e embora Ana não demonstrasse sinais reais de melhora María ainda contava com aqueles fragmentos de sanidade que brotavam de tempos em tempos esses momentos mesmo curtos eram preciosos filha dizia Ana a voz mais clara quando a Lucidez a tocava por segundos eu vou ficar bem eu prometo e Mara sorria apertando a mão da Eu sei mãe estou esperando você respondia a voz entrecortada pela emoção ao voltar para a fazenda marillia sentia o
peso Das incertezas mas também um estranho conforto sabia que tinha um lugar para chamar de casa pelo menos por agora sabia que não estava sozinha no mundo apesar de tudo o olhar afetuoso de Marta lhe dava segurança Você é forte minha querida disse mar certa vez enquanto penteava o cabelo de Marília sentada no pendre eu vejo a sua força no modo como você lida com tudo isso Marília não respondeu apenas encostou a cabeça no Ombro da tia deixando que a brisa do entardecer acariciasse seu rosto A Fazenda era realmente um lugar lindo o lago refletia
o céu com perfeição e a floresta era rica em sons e cores durante as manhãs Marília caminhava entre as árvores escutava o farfalhar das Folhas observava Esquilos saltando de de galho em galho à tarde ajudava Marta em alguma tarefa doméstica aprendia a fazer pão caseiro ou conversava sobre o passado de sua mãe tentando entender quem ela era antes da tragédia À noite contemplava as estrelas tentando imaginar um futuro onde a mãe pudesse retornar recuperada e elas pudessem formar novamente uma família ainda que diferente da original seria uma família esses pensamentos acompanhavam Marília durante todas as
semanas e meses que se seguiram ela nunca deixava de visitar a mãe quando podia nessas visitas a maior parte do tempo era difícil as palavras de Ana eram desconexas a memória falhava o olhar distante doía no coração da menina mas em alguns instantes a mãe reaparecia a verdadeira Ana e prometia com a voz embargada eu vou ficar bem para poder ficar ao seu lado essas poucas palavras eram suficientes para manter ceza A chama da Esperança em Marília a vida na fazenda corria com uma paz que a cidade não oferecia Marta ensinava a Marília o nome
de cada planta no Jardim mostrava fotos antigas de Ana ainda jovem sorridente cantando em festivais escolares em uma dessas fotos Ana usava um vestido florido segurando um Ramalhete de flores silvestres o sorriso no rosto dela era Radiante e Marília quase podia ouvir sua risada ao contemplar a imagem ela era cheia de alegria disse Martha olhando a foto por cima do ombro de Marília eu queria ter conhecido esse lado dela respondeu a menina os olhos ainda fixos na imagem esse lado ainda existe está adormecido mas existe comentou Mara com um tom suave na voz nos pequenos
instantes de Lucidez durante as visitas Ana repetia a promessa Ela olhava nos olhos da filha apertava sua mão e dizia que ficaria bem Marília sabia que aquele não era um processo simples mas se agarrava a essa possibilidade era um vínculo que as duas compartilhavam a esperança por menor que fosse era um elo que a unia à mãe impedindo que a perda fosse total e definitiva e assim em meio à tardes ensolaradas na fazenda a conversas com Marta no Alpendre a visitas emotivas à clínica psiquiátrica a lembranças do pai e a pequenos fragmentos de sanidade da
mãe Marília encontrava uma maneira de seguir em frente não era um caminho sem dor mas era um caminho com alguma luz mar acolheu a sobrinha com um cuidado que surpreendia até ela mesma não se conheciam pessoalmente antes disso apenas por fotos e histórias familiares esparsas Mas em pouco tempo formaram laços inquebráveis o anos haviam se passado desde os acontecimentos que mudaram a vida de María tão tão drasticamente agora aos 22 anos ela era uma jovem mulher que ainda morava na fazenda de Mara sua tia aquela que tempos atrás a acolhera quando sua mãe precisou de
internação psiquiátrica o lugar não perdera seu encanto o lago Sereno refletindo o céu as árvores ao redor a brisa suave que agitava os campos era ali que Marília encontrava senão a Felicidade Plena pelo menos a estabilidade e uma espécie de paz embora carregasse consigo as sombras do passado a mãe de Marília Ana apresentara uma leve melhora ao longo daqueles anos tinha deixado a clínica psiquiátrica E vivia agora com ela e mar na fazenda a melhora porém era algo frágil tênue como um fio de seda prestes a romper Ana vivia em um estado letárgico envolta em
um nevoeiro interno que a impedia de reagir ao mundo de forma vigorosa tomava medicamentos passava longos períodos em silêncio olhando para o nada e raramente dizia alguma frase coerente Apesar da pouca resposta o simples fato de tê-la ali em casa era um alento para Marilha que dedicava o máximo de si para cuidar da mãe Marta também fazia o que podia administrando as rotinas lembrando-se de dar as medicações nos horários certos preparando as refeições e garantindo o com conforto de Ana a psiquiatria já fizera tudo a seu alcance agora dependia apenas de Ana reagir Esse era
o ponto que Marília entendia melhor a cada dia Marília estudando psicologia na faculdade sabia o quão complexo era o funcionamento da mente humana ela caminhava diariamente cerca de 5 km para chegar à Universidade Um percurso cansativo mas ao mesmo tempo revigorante durante o trajeto ela não ia sozinha Rafael e Renato irmãos e amigos seus há 5 anos a acompanhavam fielmente os dois haviam estudado em escolas próximas dali e quando ingressaram na mesma Universidade se tornaram companhia constante Marta ficava mais tranquila sabendo que Marília não fazia aquele longo caminho solitária haviam animais silvestres trechos sem muito
movimento e contar com a presença de dois amigos era um conforto naquela raa e Renato caminhavam lado a lado o sol filtrava por entre as folhas das Árvores ao longo da estrada de terra batida que levava à pequena cidade próxima Onde ficava a faculdade María trazia uma mochila leve a tiracolo os cabelos amarrados em um rabo de cavalo o rosto Sereno mas concentrado ela comentava algo sobre a última prova de Psicologia Clínica enquanto Raia enção e Renato às vezes soltava um comentário um pouco sarcástico porém sempre mantendo a aparência descontraída você acha que foi bem
na prova Marília perguntou Rafael ajeitando os óculos Ele era magro alto de feições suaves e um olhar curioso que parecia sempre analisar o mundo ao redor Acho que sim respondeu ela pensativa estudei bastante a parte sobre os transtornos de personalidade era extensa mas consegui responder tudo Renato o mais robusto dos dois irmãos com um cabelo escuro um pouco mais comprido deu um tapinha no ombro de Rafael viu estudar compensa você Rafa devia ter passado mais tempo no livro e menos tempo admirando a paisagem Rafael revirou os olhos rindo eu estudei Renato só não fico me
gabando e também gosto de aproveitar o caminho observar o lugar não sou tão ansioso quanto você ei meninos interveio marí sorrindo vamos parar de implicância o dia está tão bonito não estraguem meu humor eles riram aquilo era comum entre eles uma dinâmica leve brincalhona carregada de certa intimidade conquistada ao longo de anos caminhando juntos pouco depois chegaram à faculdade um prédio simples sem muito luxo mas com boas salas de aula e um corpo docente competente Marília despediu-se dos amigos no corredor antes de entrar na sala deu um leve sorriso para Rafael que retribuiu com um
aceno tímido Renato observou em silêncio o olhar demorado sobre a interação dos dois a gente se vê mais tarde pessoal disse María entrando na sala Claro responderam quase em uníssono assim que ela desapareceu pela porta Rafael e Renato ficaram no corredor o fluxo de estudantes passava por eles mochilas pesadas conversas apressadas risadas aqui e ali Renato preciso te contar algo disse Rafael encostando-se à parede o que foi perguntou o irmão coçando a nuca eu acho que estou apaixonado pela Marília Renato ergueu as sobrancelhas surpreso não esperava ouvir aquilo ficou em silêncio por alguns segundos as
engrenagens girando em sua mente Marília era especial sim mas o que esse interesse de Rafael significava para ele apaixonado sério meso tempo você sente isso há alguns meses eu diria eu tentei resistir Mas ela é tão especial tão dedicada à mãe tão inteligente não consigo parar de pensar nela Renato suspirou olhando para o chão olha cara é melhor você não se envolver com ela por que diz isso Renato estreitou os olhos aproximando-se abaixando um pouco a voz a mãe dela enlouqueceu Rafa Quem garante que ela não vai enlouquecer também esse tipo de coisa pode ser
genético hereditário sei lá você não quer se meter num relacionamento complicado Rafael fez uma expressão de desagrado Renato isso é um preconceito absurdo a Marília não tem culpa da condição da mãe Além do mais ela entende de Psicologia está estudando para isso ela não demonstra nenhum sinal de instabilidade pelo contrário eu só estou avisando Faça o que quiser disse Renato dando de ombros já arrependido de ter se mostrado tão explícito apenas tome cuidado Rafael não respondeu apenas Balançou a cabeça e se afastou a ideia de ver Marília daquela forma suspeitando dela por causa da mãe
parecia-lhe horrível meses se passaram Rafael observava María com paciência ajudando-a no que fosse preciso participando de trabalhos da faculdade junto a ela ouvindo seus desabafos sobre a mãe e sobre as dificuldades da vida na Fazenda aos poucos ele criou coragem para se declarar escolheu um fim de tarde ao término de uma aula quando o sol dava as paredes externas da Universidade Marília disse ele chamando-a antes de partirem para a caminhada de volta preciso te dizer algo ela franziu o senho percebendo a tensão na voz do amigo o que foi Rafael aconteceu alguma coisa ele respirou
fundo o coração batendo mais rápido eu eu gosto de você não só como amiga gosto de verdade estou apaixonado Sei que sua prioridade não é um relacionamento agora mas precisava falar você não precisa responder de imediato pode pensar se quiser só quero que saiba Marília Ficou surpresa a expressão dela era de quem não esperava aquela declaração especialmente de um amigo tão próximo tão querido confusa mexeu no cabelo abaixou o olhar depois voltou a encará-lo Rafael eu agradeço sua sinceridade mas não sei o que dizer como você mesmo falou minha prioridade agora é a faculdade cuidar
da minha mãe ajudar a Marta não estou pronta para um relacionamento Rafael assentiu Tentando Manter o sorriso triste entendo perfeitamente não quero te pressionar podemos continuar amigos certo antes de responder María se aproximou e o abraçou sentindo a tensão nos ombros dele diminuírem Claro que sim você é muito importante para mim depois disso Rafael Manteve a amizade mesmo com o coração Um pouco dolorido o tempo passava e a rotina prosseguia Até que a saúde de Ana piorou outra vez ela parecia cada vez mais catatônica como se o pouco de reação que demonstrava Estivesse se apagando
Marília e Marta tentaram de tudo ajuste noos remédios consultas emergenciais conversas com os psiquiatras porém o quadro de Ana era de involução não havia escolha precisaram interná-la novamente desta vez em uma clínica psiquiátrica mais próxima uma tentativa de monitoramento constante na noite antes de levarem Ana Marília chorou no quarto sentindo-se impotente frustrada com medo Martha entrou no aposento e se sentou ao lado da sobrinha ela vai receber o melhor cuidado meu bem não é sua culpa Marília fungou Eu sei tia mas dói ela estava ali conosco mesmo que em silêncio agora vou perder isso de
novo é temporário disse marth acariciando lhe o ombro quem sabe desta vez eles encontrem um tratamento mais adequado no dia seguinte Rafael e Renato a esperavam no portão da fazenda para a caminhada ao vê-la com o rosto abatido perguntaram o que estava aconte Endo minha mãe piorou vou ter que interná-la de novo Rafael imediatamente se aproximou segurando a mão dela com delicadeza sinto muito não se preocupe nós vamos estar aqui ao seu lado o que você precisar é só dizer Renato com as mãos nos bolsos Confirmou com um aceno é qualquer coisa Conte conosco a
voz dele suava menos empática que a de Rafael mas Marília acreditava na sinceridade da oferta eles estavam juntos há tanto tempo ela sorriu mesmo com os olhos marejados obrigada de verdade Vocês são meus amigos isso significa muito alguns dias depois à noite Rafael apareceu na casa da fazenda Marília estranhou pois naquele horário não costumavam se ver ele estava ofegante Parecia ter corrido Rafael o que houve está tudo bem perguntou ela preocupada ao abrir a porta estava na cozinha e Ana já havia sido levada para a clínica então a casa estava mais silenciosa que de costume
está está tudo bem só quero te mostrar uma coisa venha comigo confie em mim Marília hesitou Mas o tom da voz dele inspirava confiança eles saíram atravessando um pequeno atalho atrás do celeiro e Entraram na floresta a luz da lua mal passava pela Copa das árvores e Marília sentia o som dos Grilos e da Brisa noturna Rafael para onde estamos indo ele sorriu virando-se para ela é Logo Ali quero te mostrar algo que vai fazer você se sentir melhor ela não discutiu após alguns minutos chegaram a uma parte da floresta onde havia um lago escondido
um corpo d'água pequeno mas límpido refletindo a escuridão estrelada do céu ao redor centenas de vagalumes pairavam emitindo pequenas luzes era época de reprodução desses e o espetáculo luminoso era simplesmente mágico María arregalou os olhos levando a mão ao peito nunca imaginara que aquele canto existia muito menos tão perto de casa meu Deus sussurrou isso é incrível Rafael aproximou-se sorrindo satisfeito com a reação dela achei que gostaria de ver é bonito não é ela sentiu as lágrimas se acumulando estava tão triste por causa da mãe mas ver aquela cena resplandecente um verdadeiro balé de luzes
na escuridão lhe trouxe um alívio imenso em um impulso Marília abraçou Rafael com força obrigada obrigada por me trazer aqui disse ela Chorando Baixinho eu precisava disso ele correspondeu ao abraço mantendo-se em silêncio respeitando o momento quando se separaram Marília enxugou o rosto e sorriu para ele aquele instante de comunhão era precioso dias depois as coisas continuaram na rotina de sempre faculdade cuidados com a fazenda visitas à mãe internada porém algo crescia no peito de Marília a atitude de Rafael o apoio Incondicional A forma como ele parecia entender o que ela sentia sem julgá-la tudo
isso fez com que ela percebesse que também nutria sentimentos fortes por ele o rapaz não era apenas um amigo era alguém que trazia luz em em seus momentos mais sombrios tal como os Vagalumes no Lago numa tarde após as aulas Marília chamou Rafael de lado perto de um velho Carvalho próximo ao caminho da volta para casa Renato estava adiantado alguns metros chutando Pedrinhas aparentemente distraído Rafael disse ela o coração acelerado eu pensei muito sobre tudo o que você me disse sobre seus sentimentos eu também gosto muito de você sei que minha vida é complicada mas
se você quiser caminhar ao meu lado apesar de tudo eu gostaria que ficássemos juntos os olhos de Rafael brilharam um sorriso lento e sincero iluminou o seu rosto é claro que quero eu não tenho palavras Obrigado por me dar essa chance eles se abraçaram Renato distante observava de soslaio apertou o maxilar ao ver a cena não tinha coragem de intervir naquele momento mas a inveja e o ressentimento queimaram em seu peito nas semanas seguintes Rafael e Marília começavam a namorar caminhavam de mãos dadas sorriam juntos dividiam pequenos Segredos Martha notou a mudança no semblante da
sobrinha apesar das preocupações Marília parecia mais Serena um pouco mais alegre Marta aprovava Rafael achava-o um bom rapaz Ana não podia expressar opinião absorta em seu mundo de distorcido na clínica psiquiátrica Renato fingia aceitar a situação mas por dentro sentia-se traído por algo que nem sabia que tinha direito ele também sempre admirar Marília mas nunca tivera coragem de se declarar agora via o irmão conquistá-la e percebia que seus próprios sentimentos eram mais profundos do que imaginara quando olhava para os dois sentia-se isolado como se fosse um intruso de vez em quando soltava piadinhas sobre o
casal Mas elas sempre ficavam na superfície disfarçando a raiva que realmente sentia certa manhã Rafael adoeceu uma gripe forte com febre dores no corpo ficou em casa deitado sem condições de acompanhar Marília quando ela saiu encontrou apenas Renato no portão aguardando-a Bom dia disse Marília franzindo a testa Cadê o Rafael Ele está gripado respondeu Renato forçando um sorriso parece que pegou uma febre disse para eu acompanhar você hoje não podemos deixá-la ir sozinha não é mesmo Marília ponderou confiava em Renato eles eram amigos há anos não havia motivo para desconfiar dele está bem então obrigada
por se preocupar vamos lá os dois caminharam juntos pela trilha conhecida a conversa entretanto estava estranha Renato não falava muito parecia pensativo marlia tentava puxar assunto sobre as aulas a saúde da mãe o estado de Rafael mas Renato respondia com monossílabos Está tudo bem com você Renato Você parece distante ele deu um meio sorriso parando de andar e olhando para a mata densa ao lado da trilha Tudo ótimo só estou pensando aliás posso te mostrar um lugar da floresta que eu gosto muito é um atalho rápido Mara hesitou estava num horário apertado para chegar às
aulas mas talvez não tanto assim um atalho rápido não faria mal Pode sim mas dem M Renato assentiu e entrou por uma Vereda entre as árvores María o seguiu a luz do sol mal penetrava no interior da Mata naquele ponto O terreno era irregular as raízes das árvores despontavam do solo como armadilhas naturais a umidade deixava o ambiente com um odor terroso Marília precisou desviar de Galhos baixos e folhas úmidas Renato não falava nada apenas continuava seguindo em frente ela começou a se preocupar um pouco Renato falta muito onde Exatamente estamos indo ele não respondeu
imediatamente só parou quando chegaram a um ponto onde havia uma ribanceira íngreme com um declive bastante acentuado era um local Sombrio sem nenhum Som Além do Canto distante de pássaros e o sussurro do vento Renato se virou para ela sua expressão era Estranha os olhos brilhando de um modo diferente intenso e assustador Marília eu eu te amo sempre amei ela recuou um passo surpresa e desconfortável com o tom de voz dele Renato o que você está dizendo você é meu amigo ele apertou os punhos Por que você escolheu o meu irmão por que não eu
eu sou melhor para você ele é fraco vive doente não vai te proteger eu posso te dar o que precisa Marília respirou fundo tentando manter a calma Renato eu gosto de você mas não dessa forma Eu amo o Rafael você sabe disso o rosto dele se contorceu de raiva contida você acha que sua escolha foi boa acha que sua mãe não deixou um legado de loucura em você eu posso te salvar disso largue o Rafael fique comigo ela tentou se afastar levantando as mãos como se dissesse para ele se acalmar eu não vou largar o
Rafael por favor vamos embora daqui Renato avançou tentando beijá-la à força mar virou o rosto pare o que você está fazendo irritado frustrado Renato a empurrou com violência o golpe a surpreendeu e ela perdeu o equilíbrio na borda da Ribanceira num segundo estava no chão firme no outro despencava por alguns metros rolando entre Terra pedras e raízes o impacto foi doloroso e a perna esquerda latejou com uma dor aguda ao parar de rolar sentiu que não conseguia se levantar tentou meer a perna mas era impossível sem sentir uma pontada insuportável lá em cima na borda
Renato a observava seu rosto estava pálido o olhar frio como se a culpa e o remorso estivessem enterrados sob uma camada de gelo Renato me ajude gritou Marília desesperada ele não respondeu apenas se afastou desaparecendo entre as árvores deixando-a sozinha ferida com a respiração acelerada e o coração disparado Marília gritou por ajuda mais algumas vezes o lugar era isolado e a dor latejava a cada tentativa de movimentar a perna a angústia tomou conta dela pegou o celular no bolso com dificuldade as mãos trêmulas tentou ligar para Rafael mandou mensagens mas ele não respondia Provavelmente estava
dormindo febril sem condições de ver o celular Marília respirou fundo tentando pensar com clareza estava isolada na floresta ninguém respondia a seus chamados o que fazer de repente Ela ouviu um barulho como um arrastar suave um som que parecia vir de um animal grande o pânico cresceu ao perceber a silhueta de um jacaré era incomum vê-los naquela parte da Mata mas não impossível já que havia corpos d'água dispersos por ali o jacaré aproximava-se indiferente à dor e ao desespero da jovem ela tentou arrastar o corpo para trás mas a perna não deixava sentia um terror
crescendo no peito o réptil se aproximava lentamente os olhos fixos nela Marília pegou o celular novamente com a voz mais baixa possível ligou para a polícia alô por favor me ajudem eu fui empurrada numa ribanceira na floresta acho que minha perna está quebrada tem tem um jacaré aqui por favor acreditem em mim do outro lado da linha o atendente pareceu hesitante senhora isso não é algum tipo de trote Marília fez o possível para manter a voz firme mesmo trêmula não por favor meu nome é Marília eu moro na fazenda da Dona Marta a alguns quilômetros
da cidade estou machucada por favor mandem alguém o atendente ainda que incrédulo decidiu enviar uma viatura melhor prevenir do que ignorar e se arrepender Enquanto isso o jacaré continuava a se aproximar Marília segurou a boca com a mão para não gritar sentia o réptil a centímetros de seu corpo Seu focinho Largo a respiração abafada o animal a encostou o contato gelado e áspero da pele grossa contra sua perna machucada fez seu coração gelar ela continuou imóvel engolindo o pânico lágrimas escorrendo pelo rosto de repente o jacaré pareceu perder o interesse e seguiu adiante provavelmente atraído
por outro cheiro ou pela movimentação de pequenos animais na mata Marília não ousou mover-se a até ter certeza de que ele estava longe o tempo passava com lentidão insuportável a perna doía o corpo tremia de medo e dor o suor frio empapa sua testa ela não sabia se Renato voltaria se alguém a encontraria começava a perder as esperanças até que finalmente ouviu vozes e o barulho de Galhos sendo partidos a polícia havia chegado homens com lanternas e armas se aproximavam chamados pelo os gritos anteriores e pela ligação ao avistá-la um dos policiais soltou um suspiro
de alívio aqui ela está aqui eles desceram cuidadosamente a ribanceira utilizando cordas aproximando-se de Marília um deles examinou rapidamente sua perna enquanto outro falava no rádio pedindo uma ambulância fique calma vamos te tirar daqui Marília tentou falar mas as palavras saíam fracas um jacaré havia um jacaré o policial a encarou confuso um jacaré Não vimos nada subindo Mas não se preocupe Vamos levá-la a um hospital com cuidado eles a imobilizaram colocaram-na numa maca improvisada e a ergueram Subindo o barranco a jovem sentia uma mistura de alívio e terror O Pesadelo não tinha acabado mas pelo
menos estava a salvo ainda não entendia o que levar a Renato a fazer aquilo dentro da viatura mar fechou os olhos tentando conter as lágrimas a sirene ligou e o veículo partiu em direção à cidade o paramédico verificava seus sinais vitais garantindo que ela estaria estável até chegar ao pronto socorro finalmente a polícia chega e a leva para o hospital a notícia sobre o que havia acontecido com María a queda na ribanceira e o encontro com o jacaré espalhou-se rapidamente pela região não era comum um incidente tão ocorrer ali e a história corria de boca
em boca dos vizinhos próximos até os conhecidos mais distantes logo todos sabiam que Renato estava envolvido no caso o mesmo rapaz que muitos tinham visto acompanhando Marília e Rafael nos caminhos para a faculdade no hospital Marília encontrava-se deitada em uma cama alta coberta por lençóis Claros ainda Com a Perna engessada e dores espalhadas pelo corpo ela estava com a cabeça apoiada no travesseiro e os olhos cansados mas aliviados por ter escapado do perigo o barulho do Corredor com enfermeiras indo e vindo e o cheiro de desinfetante traziam uma atmosfera estranha mas ela sentia-se segura ali
longe da floresta e do Olhar de Renato Rafael ao saber do que acontecera foi ao Hospital mesmo carregando uma febre alta ele não quis esperar melhorar pegou uma máscara colocou um casaco Grosso para atenuar os calafrios e seguiu rapidamente chegando lá Marta o recebeu na entrada do quarto surpresa com a expressão tensa dele Rafael você está doente por que não esperou um pouco perguntou Marta preocupada notando o suor na testa dele eu não podia esperar Marta Preciso falar com a Marília respondeu ele a voz abafada pela máscara seu olhar atravessava a fresta da porta do
quarto Marta hesitou mas abriu caminho para que ele entrasse Marília ao vê-lo Tentou sentar-se um pouco apoiando o corpo com os cotovelos Rafael você está aqui achei que ficaria em casa descansando disse ela surpresa com a presença dele levando a mão até sua própria máscara pois o hospital exigia certos cuidados Rafael aproximou-se devagar tocando a mão de Marília sobre a cama ele sentia a raiva fervendo por dentro mas primeiro queria saber exatamente o que ocorrera me conta tudo por favor o que aconteceu lá naquela trilha Marília a voz dele saia contida mas tensa Marília relatou
o episódio com a voz entrecortada pela angústia explicou que Renato a levara a um lugar isolado declarara seu amor de forma obsessiva e ao ser rejeitado a empurrou o barranco abaixo falou do jacaré do medo que sentiu ao vê-lo tão perto do alívio e do desespero ao mesmo tempo sem poder se mover contou ainda como ligou para a polícia Rafael ouviu sem interromper apertando a mão dela com força seus olhos ardendo de indignação ele vai pagar por isso murmurou Rafael sem soltar a mão dela Renato não podia ter feito algo tão covarde Marília ainda abalada
tentou acalmá-lo Rafael não por favor não faça nada precipitado não quero que você se coloque em risco por minha causa não posso simplesmente deixar isso passar Marília rebateu ele a voz mais firme isso é imperdoável pouco depois chegaram os pais de Rafael e Renato eles souberam do incidente e foram ao hospital ao entrar no quarto encontraram Marta junto de Marília e Rafael os rostos dos Pais estavam pálidos a mãe deles com os olhos inchados o pai com expressão de choque Marta ao vê-los não conteve as palavras embora seu Tom fosse firme porém comedido foi o
filho de vocês que fez isso com a minha sobrinha Renato a empurrou de uma ribanceira e a deixou ferida em defesa disse Martha olhando-os nos olhos eles ficaram parados por um momento como se não acreditassem a mãe de Rafael e Renato foi quem falou primeiro a voz trêmula nós não imaginávamos que o Renato pudesse chegar a esse ponto meu Deus o que aconteceu com o nosso filho em em seguida eles se aproximaram de Marília tentando parecer confortantes embora extremamente abalados Marília disse o pai deles enquanto a mãe ficava ao lado nós sentimos muito pelo que
aconteceu só Pedimos que por favor não denuncie o Renato ele é nosso filho sabemos que errou mas não queremos que a vida dele seja arruinada nós imploramos Rafael ao ouvir o apelo dos pais não conseguiu conter a indignação Como assim não denunciar pai ele machucou a Marília de propósito podia ter sido pior ela podia ter morrido a mãe de Rafael tentou acalmá-lo meu filho por favor entenda estamos desesperados Renato Tem problemas é evidente Mas se a polícia se envolver ele ele já se envolveu mãe Marília estava ferida a polícia veio retrucou Rafael enfurecido ele não
merece proteção precisa responder pelo que fez Marília Abatida refletiu sobre a situação sentia-se grata aos pais de Rafael pelo apoio que sempre deram a ela pela amizade entre as famílias lembrava-se de momentos em que Renato também fora Gentil no passado e por mais que a raiva e a dor ardessem em seu peito havia um fio de empatia talvez até pena do que Renato se tornara Depois de alguns segundos de silêncio tenso ela disse com voz baixa eu não vou denunciá-lo não o farei por consideração a vocês Rafael virou para ela incrédulo Marília Não isso não
está certo ele quase te matou ela olhou para Rafael pedindo compreensão com o olhar eu sei Rafael mas já estou ferida já passei por isso denunciar ou não nesse momento não vai apagar o que aconteceu eu estou cansada e eu entendo o desespero dos seus pais os pais de Renato suspiraram de alívio embora o olhar de Rafael continuasse duro e contrariado Marta ao lado não parecia satisfeita mas respeitou a decisão da sobrinha um clima estranho pairou no quarto a tensão era palpável cada um envolto em seus próprios pensamentos horinhas depois quando Marília já retornara à
Fazenda veio a notícia que ninguém esperava Renato fora preso Rafael denunciou o próprio irmão desobedecendo os pais guiado por sua revolta ao saber disso os pais de Renato e Rafael Se desesperaram correram atrás de advogados pagaram fiança e assim Renato acabou solto não mais preso mas manchado a mancha da violência do ataque a Marília se espalhara a comunidade não ouvia mais da mesma forma passar pela região com o filho agressor era insuportável eles sabiam que dali em diante qualquer comentário na mercearia qualquer olhar na rua seria hostil nós não podemos mais ficar aqui disse o
pai de Renato a Rafael visivelmente abalado seu irmão não pode pode continuar nesta faculdade nesta cidade terá de ir para outro estado lá ele que se vire Não podemos sustentá-lo mais este é o castigo que ele vai ter Rafael ouviu sem protestar não queria contato com o irmão o castigo era Brando diante do que acontecera Mas sabia que manter Renato por perto só traria mais sofrimento ele compreendia a decisão dos Pais embora não aprovasse a brandura deles eu não quero mais falar com ele disse raa amaría algum tempo depois enquanto lhe trazia um chá na
fazenda ela estava sentada na cadeira de balanço com a Perna engessada apoiada em um banquinho a expressão cansada mas Segura Eu entendo respondeu ela segurando a xícara quente ele fez algo terrível Rafael fitou o campo lá fora a linha distante da floresta onde tudo acontecera foi muita sorte o jacaré não terte atacado talvez tivesse se aliment antes não sei mas saber que Renato te deixou a mercê disso ele serrou os punhos incapaz de esconder o ódio eu nunca vou perdoar meu irmão o tempo passou TRS anos voaram Como folhas ao vento muita coisa mudara Marília
agora formada em psicologia atendia diversas pessoas na pequena clínica que montou em parceria com outro profissional na cidade era respeitada querida o período Sombrio do passado servira como combustível para entender melhor a mente humana e se dedicar a ajudar os outros ela agora estava grávida de 9 meses prestes a dar à luz Rafael não cabia em si de tanta felicidade vivia acariciando a barriga dela imaginando o rosto do filho o futuro a família que estavam formando Marta continuava na fazenda administrando tudo com eficiência e Ana a mãe de Marília apresentar a melhora ao longo desses
anos estava mais participativa embora ainda tivesse episódios psicóticos Nos quais falava com o falecido Carlos chamando-o como se estivesse ali em um final de tarde os pais de Rafael apareceram na fazenda chorando Marília e Rafael Se entreolharam preocupados Marta que mexia no Jardim veio recebê-los eles sentaram-se na sala a atmosfera tensa lembrando tempos passados o que aconteceu perguntou Rafael à voz baixa temendo o que viria a mãee dele Secou as lágrimas com o lenço que trazia na mão é sobre o Renato a voz embargada ele foi preso novamente Marília escutando a conversa ao lado de
Rafael franziu a testa o pai de Rafael continuou ele cometeu alguns crimes Onde está morando não aceitou o término do namoro com a última namorada e ela tinha uma ordem de proteção contra ele Renato ignorou agora está atrás das grades foi diagnosticado com psicopatia o silêncio caiu sobre a sala Rafael abaixou a cabeça tentando assimilar a notícia ele sentia tristeza raiva e uma ponta de alívio sabendo que ao menos o irmão não poderia ferir mais ninguém então é isso disse Rafael com uma amargura contida Renato preso criminoso nunca imaginei dizer isso do meu irmão María
pousou a mão no ombro transmitindo-lhe calma os pais de Rafael estavam dilacerados por dentro María entendeu o sofrimento deles mas nada podia fazer Renato trilhar um caminho Sombrio dias depois Marília sentiu as contrações era a hora Rafael Correu para ajudá-la Marta preparou as coisas rapidamente e eles foram para a maternidade da cidade o trabalho de parto foi intenso mas ao final o choro de um bebê forte encheu o ambiente era um menino saudável María e Rafael decidiram chamá-lo de Carlos Neto em homenagem ao pai de Marília o avô que o menino nunca conheceria mas cujas
memórias permaneciam vivas nos corações da família quando Marília voltou para a fazenda com o bebê nos braços todos se reuniram na sala Marta trouxe cobertores chá para Marília e um sorriso eterno no rosto de felicidade Rafael segurava a mão da esposa emocionado e Ana a avó aproximou-se lentamente um pouco insegura havia sempre o temor de como ela reagiria já que ainda apresentava lapsos de sanidade misturados com suas crises antigas Ana pegou o bebê com cuidado com as mãos trêmulas mas firmes o suficiente para segurar o pequeno Carlos Neto ela olhou para o rosto do neto
os olhos brilhando em um reconhecimento silencioso ele é tão lindo disse Ana com a voz Clara lúcida parece com o avô o jeito do nariz algo no olhar sim ele tem algo do meu Carlos Marília sentiu o peito apertar as lágrimas marejando os olhos a quanto tempo não via a mãe tão presente tão consciente aquela era a voz de Ana a verdadeira Ana falando do bebê com clareza percebendo sua semelhança com o marido falecido mãe chamou Marília emocionada você sabe onde o papai está Ana abaixou o olhar triste porém lúcida ele faleceu minha filha não
está mais conosco infelizmente mas de certa forma o bebê Traz um pedaço dele de volta é como se a vida continuasse Marília não aguentou as lágrimas desceram pelo seu rosto enquanto olhava a mãe segurando Carlos Neto percebendo a mudança em sua expressão no seu semblante mais desperto mais presente no mundo real aquele momento no qual Ana reconhecia a realidade mesmo que dura era algo pelo qual Marília esperara por anos e ali estava tão simples e tão forte a partir daquele dia notou-se uma melhora impressionante em Ana ela tinha Recaídas às vezes mas cada vez menos
frequentes o nascimento do neto parecia lhe dar forças ela passeava pela fazenda conversava com Marta trocava olhares compreensivos com Marília ajudava em pequenas coisas dentro de casa não era a mesma Ana de Anes da tragédia com Carlos mas estava mais próxima do que jamais estivera desde o infarto que levou seu marido com o tempo depois de um ano inteiro Ana não teve mais episódios de perda de Lucidez mantinha uma rotina Serena ajudando a cuidar do pequeno Carlos Neto que agora engatinhava pelos cantos da sala explorando tudo com curiosidade um dia enquanto Marília e Ana sentavam-se
na varanda da fazenda a brisa morna do entardecer passando entre elas a filha comentou mãe você parece mais tranquila mais forte estou orgulhosa do seu Progresso Ana observou o neto brincando de segurar um graveto no quintal sob a supervisão de Martha seu olhar era suave quase Sereno eu lutei contra minha própria consciência por anos Marília disse Ana pensativa era como estar presa num sonho ruim onde não conseguia distinguir realidade e fantasia mas quando seu filho nasceu quando vi aqueles olhos aquele rostinho tão parecido com seu pai senti que precisava voltar de verdade precisava estar presente
ele me deu força para mudar para enfrentar o que havia na minha mente María aproximou-se dela segurando a mão eu estou tão feliz mãe feliz por estarmos aqui nesta var você lci eu com meu filho nos braços Nossa famlia unid novamente Ana virou o rosto para a filha um sorriso sincero no canto dos lábios mar não precisa dizer mais nada o abraço que se segui foi a confirmação de todos os esforos peras tristezas e superações vividas ambas Sabi o peso daqueles anos mas agora compartilhavam um momento de cumplicidade e de aceitação da realidade a brisa
continuava soprando entre as árvores o silêncio era quebrado pelo riso do bebê no quintal pelo farfalhar das Folhas no Pomar e pelo leve som da cadeira de balanço movida pelo pé de Marta que observava tudo com satisfação discreta María abraçou a mãe e disse que estava feliz por estar ao lado dela [Música] agora h