nós profissionais da educação poderíamos prever porque é muito Óbvio me parece que esse tipo de perversidade esse tipo de dificuldade iria se instaurar quando a gente trata de um espaço que já tá sendo pago por essas famílias para segregar [Música] bullying discriminação racismo homofobia como as escolas a imprensa e toda a sociedade devem enfrentar esses problemas que estão cada vez mais latentes principalmente no ambiente escolar quase sempre são causas de situações trágicas como a que terminou com a morte de um adolescente bolsista do Colégio Bandeirantes em São Paulo no início do mês de agosto Este
é o tema do Analisa de hoje com a professora Eloí Andreia de Matos Lins livre docente da faculdade de educação da Unicamp líder do grupo de pesquisa hindu infâncias diferenças e direitos humanos da Faculdade de Educação o Analisa é um programa produzido pela secretaria executiva de comunicação da Unicamp hoje com trabalhos técnicos de João Ricardo boi Jorge Calhau e com a edição de Cléber Casablanca eu sou Ebe Rios professora obrigada pela sua participação hoje aqui no Lisa Eu que agradeço e tendo esse espaço de interlocução apesar de um caso tão triste é importante para que
a gente coloca essa pauta em discussão com certeza Professor esse caso traz à tona novamente uma denúncia de bullying a partir da origem sócio eeconômica e da orientação sexual do adolescente que morreu negro pobre e gay a escola diz que fez o acolhimento quando foi provocada a ONG que deu a bolsa também diz isso mas isso é contestado pelo tio do adolescente é um caso que ainda vai ser apurado tem uma série de causas né nunca é uma causa só mas o que ele sinaliza no ambiente escolar de uma forma geral Porque nas escolas privadas
muitas vezes as desigualdades passam a ser condições pro conflito ao invés de enriquecerem a convivência e o aprendizado como você disse são muitas camadas é uma questão muito complexa mas eu acho que a gente podia começar da mais superficial que foi essa que nos assolou como sociedade né em função do do suicídio desse menino eh em função dessa dessa camada mais superficial a gente vê que tudo falhou né Nós como sociedade falhamos nesse processo de inclusão significa em princípio que não só esse caso revela as contradições da nossa sociedade em termos de classe de raça
de gênero sexualidade tantas outras diferenças que vem se desdobrando em desigualdade Então por essa última camada o que a gente consegue mais uma vez verificar é que a nossa sociedade é profundamente desigual porque ela não tolera nenhum tipo de diferença principalmente a diferença de raça etnia mas isso sempre fundamentado em diferença de classe Então nesse caso a gente tem uma uma um péssimo exemplo de como todas essas diferenças numa única pessoa como elas causam essa essa desgraça social e como ele não aguenta como não é possível aguentar e como não é possível que ninguém aguente
tanto sofrimento ético político então ele revela uma série de outros casos eh eu acho que é importante não não isolarmos esse acontecimento ele é só mais um eh que que nos apresenta que nos coloca diante de um espelho sobre como a nossa sociedade vem frágil nessa dimensão da superação das desigualdades e vem eh querendo fazer uma uma colocação de verniz uma espécie de eh tentativa para paraa superação de uma imagem muito ruim que nós temos que de fato é o que nós somos nesse sentido das desigualdades e nós eh não temos elementos para para compreensão
de que isso foi superado pelo contrário esse veniz ele cai por terra é isso que que esse caso dentre tantos outros nos nos mostram né como a gente não não faz a tarefa de casa como a gente não é uma sociedade que de fato busca a a inclusão Então por mais que a escola para ser mais objetiva com relação à sua questão por mais que essa escola diga que faz esse trabalho de inclusão eh Isso é alguma coisa mais como como pano de fundo né e não de fato buscando elementos mais aprofundados estruturais paraa superação
dessas desigualdades aí escola como parte da sociedade né então a sociedade não faz a escola não faz e a escola privada mais refém desse tipo de de eh eu acho que é engano de que está fazendo alguma coisa mas é muito superficial quando de fato precisa se aprofundar nas causas de diferenciação de desigualdade na nossa sociedade que geram todo esse sofrimento e principalmente quando elas estão inseridas numa proposta superficial de atender uma demanda de um discurso corrente né de inclusão Mas isso não passa muitas vezes de um discurso porque ela não acredita né ela tá
inserida numa camada social que não acredita nisso então se não acredita não vai conseguir fazer né professora é possível dizer que as escolas tanto as que propõem oferecer bolsas quanto as que não se propõem muitas vezes até se fecham além de não fazer né da forma como deveria se fecham pro debate de questões vitais como saúde mental dos estudantes racismo bullying violência ou ou pecam na forma de abordar que seria No No primeiro caso né que a senhora tava exemplificando eh me parece que o grande problema que nós temos que enfrentar do do ponto de
vista social mas puxando pr pra dimensão Educacional como parte da nossa condição social é que as pessoas não estão suficientemente convencidas de que na educação essa são questões centrais a educação nada pode ser além dessa tentativa de humanização antes de uma preocupação com vestibular antes de qualquer tipo de preocupação com avaliação e cumprimento de de metas a grande coisa a grande função social da escola é aumentar as sensibilidades e percepções da nossa própria humanidade como nós vivemos em rede em sociedade e também com cuidado de si então a escola perdeu a função social quando ela
passa a a a se comportar e a funcionar pela lógica de mercado sim as privadas são mais reféns desse tipo de lógica evidentemente porque também são cobradas por muitos pais que acreditam que a lógica é essa é passar no vestibular por exemplo né e outras formas de avaliação e de ascensão social meritocrática enfim e a principal questão da escola que deve passar em todas as disciplinas deve PEP passar melhor dizendo todas as disciplinas que a formação humana fica em último plano né professor professora mas isso isso é que é um problema muito sério porque é
a própria sociedade se essas escolas estão agindo assim Elas têm quem pague por isso exatamente né ou seja o problema é muito mais sério porque se eu tenho um pai uma mãe que quer uma escola desse formato quer dizer o que que sobra né Exatamente isso é isso é muito sério e é possível dizer também eh a nas escolas públicas ou perdão eh que o incentivo a programas de bolsas em escolas privadas incentiva a meritocracia que é baseada na competição que é mais ou menos isso que a senhora tá falando agora em que os bolsistas
sempre vão estar em desvantagem né Eh eh Ou seja a escola por si só tá promovendo uma desigualdade eu acho que a temos um elemento complicador que é o lugar onde a gente faz a discussão né que é a Escola privada mas antes de de abordar esse elemento complicador nós temos que recuperar a necessidade de reparação histórica a população à populações que não tiveram acesso então nós estamos falando de cotas certo independentemente do lugar né se é público se é privado o direito legítimo as cotas que é inquestionável a partir daí eu vou concordar com
você que uma lógica que tem sido construída é essa de que a entrada dessas minorias sociológicas políticas linguísticas etc nas escolas através das bolsas das cotas vem sendo lida vem sendo significada por uma lógica meritocrática e aí é toda uma subversão muito perversa da da legitim desse direito a ao ingresso né a a acessibilidade a esses lugares que não seriam possíveis por exemplo uma escola de Elite sim então Só através das cotas que isso seria possível e é um direito que a gente tem que defender Eu queria deixar isso muito bem pontuado agora como é
que depois essa entrada se torna um peso para quem entrou paraas famílias a ponto de chegarmos Num caso como esse que não é isolado Tá longe de ser recentemente na verdade foi dia 31 de agosto saiu uma matéria muito interessante na Folha de São Paulo sobre vários outros casos que não culminam no no no suicídio mas de muito sofrimento de crianças de 6 7 anos ingressando nessas escolas né Uhum eh e e Várias escolas de Elite foram citadas na matéria Então eu acho que é importante a gente entender a dimensão disso nós não repito não
estamos tratando de um caso isolado eh e acho que nós temos que continuar defendendo porque é é inegável esse direito né embora a entrada nesses espaços a partir das cotas das bolsas seja uma entrada para esse tipo de acolhimento que tá muito longe de ser o ideal e e ele fica muito mais na superfície naquele verniz que eu comentava de início então todo o trabalho tá por ser feito a entrada é um mero início de um processo que não um processo de acolhimento que não é feito de fato e se não houver a entrada mesmo
que traumática isso nunca vai acontecer isso nunca vai mudar nunca vai deixar de ser traumático né também temos essa essa forma de de compreensão agora eh eu não acredito que que a gente precisasse passar por isso né aí entra outra questão da escola pública não é professora também da escola pública né que que deve receber e deve ser o nosso foco de interesse maior para para esse tipo de superação é na escola pública que a gente pode ter esse confronto de diferenças e fazer uma transformação ou viabilizar um processo de transformação social mas me parece
muito Mais Cruel Do que é possível suportar que qualquer ser humano possa suportar nas escolas particulares que é o caso eh um pouco mais em destaque para nós aqui eh como se não fosse possível prever nós profissionais da Educação poderíamos prever porque é muito Óbvio me parece que esse tipo de perversidade esse tipo de dificuldade iria se instaurar quando a gente trata de um espaço que já tá sendo pago por essas famílias para segregar porque uma uma característica importante da classe média da da da Elite de modo geral das classes abastadas economicamente é ter uma
percepção muito eh estereo esp ada das camadas mais pobres e é justamente esse um dos principais motores para essas famílias uma das principais motivações para essas famílias é a colocação dos seus filhos num espaço eh segregado quando de repente eles são colocados de de frente com com esse tipo de diferença né então Eh eu eu me lembro sempre do Darc Ribeiro no povo brasileiro na obra seminal o povo brasileiro quando ele falava dessa eh corrupção moral das elites Então acho que a gente precisa enfrentar esse tipo de discussão para não ficar cada vez que um
caso desse acontece tentando achar na superfície um tipo de resposta que nos acalme que nos dê uma sensação de Segurança Social enquanto nós não não enfrentarmos a grande chaga o grande câncer que é essa essa forma de subalternizar As populações eh pobres negras com com diferença de orientação sexual enfim as chamadas minorias quando quando enquanto a gente não puder recuperar isso que o des Ribeiro não só ele né A Professora Maria Helena chi eh mostram sobre como a nossa classe média mas não só né Essas elites TM uma repulsa por outras classes sociais mais baixas
e e outros grupos e sociais a gente não vai entender o que acontece na escola privada e também na escola pública mas principalmente na escola privada as famílias pagaram por essa diferenciação professora Então gostaria de retomar um pouquinho a história até a minha infância especificamente vou vou pedir licença aí pro pro Internauta para uma história pessoal na minha infância a escola pública era eu tenho 57 anos então só para que as pessoas tenham uma noção né era muito forte a gente tinha que fazer o exame uma prova para entrar na escola pública né você não
podia entrar automaticamente na escola pública tinha que fazer um exame e a escola privada era ppp papai pagou passou né então o nível da escola privada era muito mais baixo do que o nível da escola pública essa essa essa inversão que a gente sofreu ao longo dos anos da desqualificação da escola pública né em que você tem essa segregação Ou seja eu pago para ter um Ino supostamente de qualidade e aquele que não paga Teoricamente né porque no fundo paga por meio dos impostos né não tem qualidade então Em que momento né Essas coisas se
inverteram e por o que que tá por trás disso bom eh longe de conseguir esgotar as causas eu queria falar de algumas principais alguns elementos principais que nos levam para esse estado atual nós temos uma his de desinvestimento na educação pública né Por um lado das políticas governamentais historicamente falando alguns poucos governos fizeram o movimento contrário mas como regra a gente tem uma lógica e uma prática de desinvestimento para dar um exemplo muito recente no Estado de São Paulo agora acaba de passar na alesp pela ccj da lesp um PL que vai desinvestir quase 10
bilhões de reais da educação passando para custeio da Saúde foi para seguiu para para eh homologação enfim e ainda tá em tramitação mas é alguma coisa que Muito provavelmente vai acontecer no nosso estado né então continua uma uma continuidade desse desmonte esse é um aspecto importante né uma falta concreta de financiamento historicamente acontecendo mas isso tá eh Eh vamos dizer carrega uma intenção né quer dizer se não investe não é porque não tem o recurso é porque existe uma intenção de eh inclusive subsidiar o ensino privado e esvaziar eh de recursos o ensino público quer
dizer o que que tá eh que intenção é essa por que existe isso então Eh esse esse tipo de esse tipo de falta de de investimento como prática né como recorrência só é a também pela pela nossa cultura porque a ao lado da da prática da do tipo de desinvestimento que vem acontecendo uma cultura vai se engendrando sobre a a diminuição do estado da importância do estado e de como as famílias são capazes de se autogerir né E que elas podem fazer os negócios e seguir com suas com suas empreitadas eh quase que individualmente sem
esse apoio do estado e a educação passou a fazer parte da cultura do ponto de vista da da cultura mais Ampla como um acessório né como alguma coisa que pode ser comprada alguma coisa que não é essencial para para essa nossa forma de socialização Então ela passa a ser um produto e as pessoas passam a se convencer de que elas têm condições de comprar esse produto e que nessa prateleira de produtos ela vai escolher esse produto que diferencia os seus filhos ela não quer igualar então tem toda uma lógica sendo construída que é neoliberal evidentemente
que vai dando essa sedimentação os governos não fariam esse desinvestimento se não houvesse uma aprovação Popular infelizmente cada vez mais essa lógica vai sendo apoiadora dessas políticas públicas as pessoas não requerem o seu direito a educação pública como você teve eu também eu sou filha da escola pública e que nós sabemos que não existe de fato uma diferença de qualidade que justifique essa busca desenfreada pelo setor privado é muito mais uma lógica de distinção de classe do que de fato uma busca por qualidade Exatamente é porque se houvesse um investimento na escola pública essa questão
de comparação né não haveria Então se houvesse por exemplo um um aluno de escola pública que por acaso quisesse como bolsista ir para uma escola privada não haveria essa segregação quer dizer todo esse processo que a gente Opa todo esse processo que a gente tá vivendo hoje exatamente né e e e então me parece ser muito mais lógica essa essa disposição de investimento na escola pública do que a desconstrução da escola e o enfrentamento desses outros problemas que a gente não vê a luz no fim do túnel né porque essa sociedade ela é Ela Essa
sociedade da escola privada ex ela é cada vez mais segregadora exato ela tá na lógica da segregação exato mas como ela vira essa coisa eh do desejo de consumo uhum É mais esse desejo que sustenta a nossa classe média e as classes baixas e não entendendo também porque é óbvio que pega todo mundo né a lógica de que as escolas particulares são a grande coisa a ser consumida todo mundo quer as pessoas mais pobres também querem é um direito querer se isso fica sendo disseminado nesse Imaginário que é lá que tem qualidade que é lá
que é bom quando de fato isso não se sustenta mesmo né se houvesse essa qualidade pra gente pensar em qualidade a gente não encontraria esse tipo de caso com certeza a gente não encontraria essa vastidão de casos que não são reportados suficientemente que é qualidade exato a senhora tocou num ponto essencial como a gente pode considerar uma boa escola privada em que esse ambiente tóxico prevalece Exatamente é impossível que um pai e uma mãe vejam nisso qualidade de de ensino Exatamente é impossível é assim é chocante n deveria ser né como você acha que aprender
matemática física e química com os melhores do né do da área e você tem um ambiente tóxico assim isso é algo produtivo educacionalmente falando isso profissional vai sair daí né enfim professora só dando continuidade aqui ao nosso roteirinho nas escolas públicas há também problemas de violência claro né o incentivo à escola pública de qualidade com professores bem pagos estrutura seria o caminho suficiente para enfrentar também essa violência ou ali também são necessários programas de acolhimento que sofrem desmonte assim como né toda a estrutura da escola pública tem sofrido olha do meu ponto de vista e
de vários outros estudiosos e estudiosas da área A Grande Virada vai ser precisa ser só será através da educação pública então uma Recuperação Nossa no nosso Imaginário social de que é no espaço de convivência pública com a função de apoio do Estado é uma um uma dimensão que a gente tem que requerer voltar a se importar com com esse tipo de sustentação do Estado o estado é para para isso então uma outra uma outra lógica do Estado precisa ser recuperada que é de bem-estar social mesmo não abrir mão disso e a partir dessa dessa compreensão
que nós possamos lutar por esses espaços públicos como espaços de de de confronto necessário e legítimo de qualquer democracia as diferenças elas existem em qualquer dimensão e a gente não pode imaginar que vai haver uma uma harmonização uma uma forma eh harmônica de viver porque isso não é democrático se todo mundo pensasse igualo né não não seria alguma coisa concreta real então pensando nessas diferenças é no espaço público é na escola pública a única chance que a gente tem de transformação social aliás isso não sou eu que que recupero aqui eh mais eh imediatamente da
dos pensamentos e das das eh pesquisas mais recentes na área se a gente pegar Anízio Teixeira que foi perseguido pela ditadura Era exatamente isso que ele estava dizendo é através da maquinaria da escola pública que nós podemos pensar numa recuperação democrática e de fato ter algum tipo de sociabilidade democrática que nunca tivemos a gente tem projeto de democracia a gente não vive numa democracia robusta uma democracia que seja para todos e todas né então é através da escola pública eu retomaria fundamentalmente o projeto do Anízio Teixeira que não é perseguido à toa né e é
impressionante que a gente sabe que dá certo né porque que as pessoas que T poder para para dar dar prosseguimento a isso não não tem essa atitude né quer dizer exatamente essa intenção neoliberal na base disso tudo né desmonta tudo desmonta tudo e deveria haver agora falando do subsídio né do setor público pro sistema privado né seria necessário reverter esse tipo de de subsídio né Para que o ensino público eh tivesse mais gás para enfrentar esse problema porque hoje a gente vê exatamente o desmonte do público e subsídio pro privado né Eh Ou haveria necessidade
de ter as duas coisas é mais recentemente a gente teve uma disputa importante nesse sentido através da da verba do fundeb e tentaram em 2020 levar esses recursos para setores privados né Eu acho importante a gente entender que recursos públicos devem ir paraos setores públicos isso é fundamental a gente já tem um desmonte a gente já tem uma uma uma forma de funcionamento que vem sendo desqualificada em função da falta de investimento então cada vez mais essa lógica de mercado vai tentando eh se se apropriada essa veba pública e e e cada vez mais a
gente vai esvaziando esse cofre que já não é suficiente para as escolas públicas paraas instituições que apoiam as escolas públicas também então Eh é muito complicado a gente pensar eh do ponto de vista de financiamento dessa dessa forma dividida né então a gente tem que fortalecer essa essa fonte única né de recurso público para as instituições públicas agora isso não significa que a a gente não tenha políticas mais amplas de Formação que deem conta desse social né em várias frentes e nessa formação mais Ampla que as pessoas que atuam em instituições privadas se beneficiem então
a gente tá falando de de frentes diferentes de atuação né E como que as verbas públicas podem ajudar por exemplo num projeto de educação em Direitos Humanos de forma Ampla né para juízes para professores para formadores de modo geral né para paraa Ampla esfera social isso pode ser feito como um braço do Estado agora isso não significa utilizar recurso público instituição que é privada é bem diferente até porque seria quase no sentido eh de uma quando a gente fala por exemplo de parceria público-privada eh é é não é uma mão só né É uma mão
que vai e vem né E às vezes a gente observa que só vai num sentido né só do público pro privado e não do privado pro pro público examente ia ser uma lógica né professora eh como notícias como essa né que a gente teve infelizmente né devem ser tratadas no universo escolar e também pela imprensa né Eh a gente sabe que tem um efeito né daqueles casos que quando um é noticiado ao aumento de outros né Eh mas a gente também tem as redes sociais que espalham isso rapidamente mesmo que a imprensa silencie né é
uma comprovação esse fato é uma comprovação desse efeito ou outros fatores tem justificado né o aumento de casos e aí no caso a gente chama responsabilidade né como tratar disso eu acho que sim pelo que eu venho acompanhando nós temos eh outros fatores que desencadearam mais casos lamentavelmente com jovens a pandemia foi um deles né uma perda de saúde mental de de um grupo específico não só dos jovens mas destacadamente dos jovens esses fatores existem as redes sociais por outro lado como você disse não tem regulação nenhuma e por falta de regulação a gente vai
vendo uma série de problemas problemas em Cascata Esse é um deles você pode com qualquer idade fazer uma busca uma criança um adolescente uma busca sobre Como cometer um suicídio com esse nível de detalhamento e você encontrar sim né pelas redes sociais eh algumas mais subterrâneas outras menos isso isso é possível então a falta de regulação é um monstro gigante que a gente vai ter que enfrentar as causas eh de Sofrimento mental como foi a pandemia mas não só também o tipo de escola que a gente oferece que também não abre espaço para que esses
jovens essas crianças tem uma participação ativa esse é um Outro fator de sofrimento e outras eh outros elementos culturais que que geram esse tipo de complexidade por outro lado quando a gente pensa na regulação da mídia a mídia eh comercial nós temos evidência de que sim esses casos quando são reportados como você disse eles geram engajamento eles geram eh modelagem espelhamento e tem sempre aumento de casos né quando o Robin Williams eh cometeu suicídio as pesquisas indicaram que por ele ser famoso de 13% que é mais ou menos o percentual de de de eh modelagem
que a gente encontra né de casos que vão se se assemelhando no caso de uma pessoa famosa isso pode chegar a 30% isso sem contar os detalhes de como foi feito né que a que a imprensa pode evitar já tem um efeito de de espelhamento agora isso não significa também que a gente não encontre outros estudos que mostrem que a imprensa não deve calar né a própria UMS lançou no no começo dos anos 2000 um manual sobre como a mídia pode tratar isso e e eu não tô falando lamentavelmente da internet né que é essa
terra sem lei Mas de de lugares Seguros como a mídia pretende ser a a mídia comercial e e tem a função social de ser e de acompanhar que é eh quando a notícia vai ser dada ela precisa ser dada ela não deve ser escondida mas toda a forma de de Amparo sobre Onde buscar ajuda eh Que tipo de elemento são são eh freios para que isso não aconteça para para muito mais um apoio eh efetivo para essas pessoas que estão em risco do que um modo de conhecer como dá fim logo a sua existência né
Então temos uma série de de de estudos mostrando que quando a notícia vem sem esse detalhamento sem essa forma eh de de mera exploração sobre o fato quando isso é feito de uma maneira muito bem cuidada e muito bem eh direcionada para criação de esperanças no lugar de Mero desespero e de pânico social isso ajuda muito né então eu eu parto desse princípio também eh os estudos mais recentes tem um de 2020 que vão eh eh juntar especialistas da área da saúde com pessoas do Jornalismo e é mais ou menos nessa direção que a gente
tem pensado né uma grande parte das pessoas preocupadas com isso tem tem se manifestado quer dizer não é esconder não é deixar de falar mas como colocar isso publicamente faz toda a diferença principalmente mostrando pros jovens não só para eles mas nesse caso em específico sobre formas eh de esperança e e de acolhimento e de como isso tem que ser discutido Então tem que ser discutido é que a forma tava muito equivocada e principalmente saber que Eles não estão sozinhos né eles podem se sentir sozinhos naquele momento da dor do enfrentamento né da da discriminação
de tudo mais mas existe toda uma comunidade e e nesse caso a universidade é fundamental né que tá pensando sobre isso né que tá Tá lutando também das formas possíveis dentro do ambiente acadêmico mas por meio da prática escolar né por meio da da prática na sala de aula por meio da discussão que se faz um programa como esse e que é necessário para que outras pessoas pensem sobre isso discutam sobre isso então acho que essa sensação também de que eles não estão sozinhos né existe toda uma comunidade pensando junto né eh e e professora
então pra gente encerrar Que tipo de acolhimento né postura estrutura são necessários ao ambiente escolar seja ele público privado ou privado com bolsas né quando a gente diz então vamos fazer direito como é que a gente pode fazer perfeito é a questão de milhões né eu não consigo imaginar como eu te disse uma forma da gente enfrentar isso que não seja pelas políticas mais amplas com essa com esse investimento no setor público eu eu quero deixar isso destacado né Eh além desse investimento que precisa ser recuperado e de toda uma uma forma de de de
concebemos a educação pública para que haja superação de fato estrutural sobre essas questões aí eu me dirijo para pro setor privado eh se essas escolas querem mesmo fazer uma transformação o primeiro gesto é uma mudança nos seus projetos político-pedagógicos e eu não vou abrir mão do político nesse campo do do pedagógico Isso significa que há uma intencionalidade esse político Para mim significa uma intenção sobre um outro tipo de sociedade que a gente quer formar e um outro tipo de proposta que a as escolas privadas encampam junto com a dimensão pública se a dimensão pública também
se voltar para isso quer dizer recuperar a ideia de que através da educação a gente pode voltar a pensar em sensibilizar as pessoas e a humanizar e a criar uma rede de sociabilidade que não deixe as pessoas desamparadas a ponto de cometerem o que esses jovens estão pensando em cometer porque eles não têm perspectiva de futuro é isso que a gente deixou de apresentar paraos jovens perspectiva de futuro at é muito sério né Principalmente paraos jovens que pertencem a essas minorias Então se as escolas privadas querem fazer parte de fato desse processo de transformação o
que eu particularmente acho difícil de acontecer para Além Da Lógica de mercado então importante esse exercício de consciência o que que nós escola particular queremos de fato porque se for mesmo um enfrentamento antirracista antissexista anticapacitista enfim antic classista contra todo tipo de violência e de opressão é é é preciso é fundamental é essencial que no projeto político-pedagógico as famílias participem Como manda LDB né que seja de fato um processo democrático horizontalizado as famílias participem os jovens as crianças participem com colegiados elementos de representação e que aquele projeto político pedagógico diga sobre essa busca essencial que
é por uma sociedade igualitária fora mas principalmente nas relações a partir das relações que acontecem naquela escola e aí tudo muda tudo muda o tipo de de professor de professora que a gente vai contratar que que essa escola vai contratar quer dizer ele pert a mais uma maioria essas crianças esses jovens vão ter acesso a uma representação de um outro tipo de docência a docência negra a docência kir a docência que não seja normativa que tipo indgena indígena que tipo de docência é possível currículo é alguma coisa para se mudar estrutur toda toda a base
eurocêntrica precisa ser tensionada e toda essa discussão que que longe de ser um incômodo mas de de espelhamento sobre o que nós temos sido como sociedade que não nos afaste do do problema para ser enfrentado quer dizer é incômodo a gente se assumir como classe média como classe média alta para alguns casos eh que nós somos parte do problema e que nós somos uma parte muito importante do problema então que isso não nos nos eh imobilize que seja exatamente o contrário um reconhecimento de alguma coisa muito trivial sobre como o Brasil foi se constituindo como
sociedade em que justamente as classes médias alta essas elites vão se constituindo como opressoras das outras classes isso é evidente a partir desses casos são crianças que reproduzem são jovens que reproduzem essa violência na matéria que eu comentava antes uma criança de 7 anos bolsista uma menina de 7 anos bolsista passa a ser perseguida na escola porque o tênis dela não era tênis de marca Então esse tipo de sociabilidade que nós temos provocado nós como sociedade como Parte dessas classes infelizmente isso tem que ser entendido como incontornável ou a gente se depara com isso reconhece
que é esse o tipo de sociabilidade perversa que a gente tem criado e ensinado as crianças que as crianças só aprenderam isso porque Elas tiveram esse tipo de de aprendizagem eh no âmbito familiar e mais amplo social e a gente vai poder fazer a escola se deparar com o que ela tem que enfrentar de fato e não ficar no verniz ficar nessa nessa discursividade de que é inclusiva e depois ameaçar que não vai dar mais bolsa como se fosse possível isso né que a gente encontra nesse caso específico né uma uma uma postura muito perigosa
como se fosse um favor sendo feito até ali e olha vocês não querem mostra a não convicção daquilo que tá sendo proposto né professora B é uma desconstrução bem bem complexa né profunda Professora Muito obrigada pela sua participação hoje aqui foi muit importante né a sua contribuição a professora Eloí Andreia de Matos Lins que é livre docente da faculdade de educação da Unicamp líder do grupo de pesquisa hindu infâncias diferenças e direitos humanos da Faculdade de Educação Este foi o Analisa um programa produzido pela secretaria executiva de comunicação da Unicamp com trabalhos técnicos de João
Ricardo boi Jorge calal e edição de Cléber Casablanca até o próximo programa [Música] l [Música]