Prados, amigos que acompanham o meu canal do YouTube! Hoje iremos para a sétima aula deste minicurso sobre o comentário de Santo Tomás de Aquino ao Pai Nosso, aula referente ao sexto pedido do Pai Nosso, que é "não nos deixeis cair em tentação". E vocês verão que Santo Tomás Jaino faz um paralelo entre este pedido e a bem-aventurança dos puros de coração, que verão a Deus.
Nós já temos observado, desde o início desta série de aulas que eu estou disponibilizando gratuitamente aqui no YouTube, que na linha de Santo Agostinho, Tomás de Aquino faz um paralelo entre os sete pedidos do Pai Nosso, sete das bem-aventuranças em São Mateus, e os sete dons do Espírito Santo. Tudo isso perfaz um caminho de perfeição da vida cristã. E, no caso deste penúltimo pedido do Pai Nosso, "não nos deixeis cair em tentação", antes de irmos ao texto de Tomás do comentário ao Pai Nosso, vale a pena falar um pouco do que seja a tentação segundo o mesmo Doutor da Igreja e, a partir disto, a tentação do homem, do homem decaído no estado de pecado, para a partir disto, mostrar o que é a tentação de Cristo propriamente e como ela pode servir-nos como modelo de resistência ante as três grandes fontes de tentação.
Então, antes e acima de tudo, a tentação é uma palavra que vem do latim "tentacio", que significa, no seu conceito teológico, submeter algo ou alguém à prova. Então, pela tentação, uma pessoa é submetida à prova e, segundo Santo Tomás, isto em dois vetores: a) aquilo que ele chama de finalidade próxima da tentação, que é conhecer a pessoa tentada; e b) a finalidade última, que, se for positiva, é levar a pessoa, a partir do conhecimento dos seus pontos fortes e dos seus pontos fracos, ao aperfeiçoamento na virtude e, desta, em última instância, à salvação da alma. E, no seu lado negativo, o fim último do tentador é desencaminhar a pessoa ainda nesta vida, tanto quanto seja possível, e, por fim, em ordem à perdição eterna, é a tentação diabólica em sentido pleno.
Então, nós temos três fontes de tentação: uma delas é interna, que é a carne, e duas externas, que são o mundo e o demônio. Isto é doutrina consolidada há 2000 anos de Magistério da Igreja e de tradição. Porém, vale.
. . Eu vou ler aqui um trechinho de textos de Santo Tomás, coligidos por Batista Mondim em seu Dicionário Enciclopédico Del Piero de Sano Tomás, que agora finalmente ganhou uma tradução para o português, e eu tenho me valido desta para apresentar aos amigos que não leem.
É uma boa fonte de pesquisa para quem quer ter um primeiro contato geral com a obra de Santo Tomás de Aquino. E aqui, o Mondim tem. .
. Aqui, então, a edição, que é da Loyola, do Dicionário Enciclopédico do Pensamento de Santo Tomás de Aquino e o verbete "tentação". Só um minuto, que eu sem querer desmarquei.
Ele diz-nos algumas coisas interessantes: depois de enumerar que, na ordem mais ou menos em que eu abordei aqui, tentação significa submeter algo ou alguém à prova, depois de salientar que a finalidade próxima da tentação é conhecer a pessoa tentada, ou para ajudá-la na virtude como finalidade última e, portanto, a salvação como fim último mesmo sobrenatural, ou para perdê-la e desencaminhá-la, no caso do tentador diabólico. E depois, no ponto em que o Mondim vai enumerando o que Santo Tomás Jaino diz na Sentença de Pedro Lombardo sobre as fontes da tentação, sendo, como eu disse há pouco, uma interna, que é a carne, e duas externas, sendo estas o mundo e o demônio. Vamos ver o que diz o Mondim e a de Santo Tomás que ele arrola aqui no verbete.
Tomando o conceito de tentação em sentido teológico, Santo Tomás pode facilmente mostrar que Deus não pode estar incluído entre as fontes, ou seja, as causas das tentações, porque, sendo bondade infinita e querendo o nosso bem, ele não pode nos tentar no sentido de querer induzir-nos ao mal. Por isso, as fontes da tentação se encontram quer em nós mesmos, paixões, quer fora de nós, o mundo e o demônio, o assalto à virtude. Aí diz Santo Tomás.
Ele vai abrir aspas para um trecho do Comentário às Sentenças de Pedro Lombardo. E aqui só faço um parênteses, abro um parêntese para dizer que esta é uma obra de juventude de Santo Tomás. Em algum momento da sua história, foi mestre sentencio, que era um grau que se obtinha naquela altura nas universidades medievais, mormente na de Paris, que consistia… cujo trabalho consistia em o mestre ler as sentenças de Pedro Lombardo, que foi um autor do século XI, portanto, um século anterior a Santo Tomás, autor que fez uma enorme compilação de séculos de doutrina católica expressa, quer nos doutores, quer no magistério.
E, naquela altura, para alguém formar-se mestre, era preciso, antes e acima de tudo, mestre no sentido pleno do termo, passar pelo grau de mestre sentencio, ou seja, leitor das sentenças de Pedro Lombardo e, posteriormente, comentador. Lía-se e comentava-se, há vários comentários, as sentenças de Pedro Lombardo de autores conhecidos até o século X, como Guilherme de Haan, que inclusive foi um ponto de inflexão de queda de toda a Escolástica. Abramos aspas para Santo Tomás: "O assalto à virtude provém ou de uma causa intrínseca, isto é, da corrupção da carne, ou de uma causa extrínseca, que nos assalta ao modo de objeto, e esta é a tentação do mundo, por cujas coisas são seduzidos os corações do Homem para pecar, e ao modo de agente, que leva ao pecado com a persuasão, o terror, com as adulações; e esta é a tentação".
Do inimigo: "Isto é do diabo e seus companheiros. " Fechamos aspas. Santo Tomás de Aquino, na Sentença de Pedro Lombardo, distinção 21, questão 1, artigo 1, volta ao mondim.
Segundo Santo Tomás, ao tentar o homem, as finalidades que se propõem o diabo são duas: letra A, foram; acho que eu não serei aqui. Fim próximo: ver a qual vício estamos principalmente inclinados; e letra B, fim último, quando descobriu o nosso lado fraco, dirigir sobre ele os seus assaltos. Aqui vale abrir um parêntese de demonologia tomista para dizer o seguinte: o demônio tem uma inteligência intuitiva.
Ele já possui no seu intelecto o que não precisa do corpo para operar, já que se trata de uma criatura imaterial. Todos os inteligíveis, ou seja, os conceitos que lhe foram infundidos desde o momento da sua criação, fazem parte de seu conhecimento. Um só anjo da guarda, por exemplo, que na hierarquia dos anjos é a mais, digamos assim, ínfima, segundo Santo Tomás de Aquino, tem mais ciência e detém no seu intelecto uma qualidade e uma quantidade maior de ciência do que toda a humanidade esparramada no tempo e no espaço, desde Adão até o último homem que nascerá antes do juízo universal.
Então, o demônio é um inimigo cujo intelecto é poderosíssimo. Ele é capaz de, ao contemplar aquele a quem vai tentar, enxergar no corpo as ressonâncias que certos pecados deixam. Esses são pecados na alma, mas que são somatizados.
É como se o demônio visse, ao contemplar uma pessoa em um só ato contemplativo, todo o horizonte principal das suas mais inclinções. Este conhecimento profundo o ajuda muito na sua maléfica intenção de fazer uma pessoa cair. O demônio age, sobretudo, na imaginação; porém, sempre caberá ao homem, mesmo àquele que está sediado por uma infestação diabólica, consentir ou não no pecado.
Será o ato decisivo da vontade de consentimento que poderá ou não transformar uma tentação diabólica em pecado. Então, o mondim continua: a malícia da tentação é julgada de modo diverso conforme a fonte esteja em nós ou fora de nós. A fonte está em nós quando a tentação nasce de nossas paixões; aqui a malícia da tentação será julgada pelo comportamento da vontade diante das paixões.
Alguém é culpável da tentação se a vontade excita as paixões em vez de guiá-las à moderação. Não, abre aspas: "Santo Tomás, nas tentações da carne, o próprio agente tentador é um ato de quem é tentado, porque não só a carne deseja, mas todo o homem; portanto, essa tentação é pecado. " Então pode acontecer que, em algumas tentações da carne, a própria tentação já implique um certo pecado quando a vontade já tem dado, dado ao hábito adquirido e uma inclinação a este consentimento, já que, por norma geral, devemos evitar também as ocasiões de pecado e não apenas o pecado.
E continua Santo Tomás: "Portanto, essa tentação é pecado quando o movimento da parte concupiscente surge da apreensão de um prazer que se deseja contrariamente à proibição da razão. Nem se pode falar de pressão ou violência, não sendo obrigado o homem interior a seguir os impulsos do homem exterior. " Por isso, permanece sempre uma ratio peccati, ou seja, uma razão de pecado, e mais ainda que na tentação do diabo, porque o próprio desejar é um ato de quem é tentado e está, como que, em seu próprio poder.
É impressionante a capacidade de síntese de Santo Tomás e o seu vislumbre do alcance dos atos humanos, tanto no que diz respeito ao íntimo do nosso coração como no que diz respeito a tudo que provém deste segredo, que é essa intimidade última do coração. Todavia, não está no poder do homem evitar absolutamente a tentação da carne a fim de não sofrer nenhuma, mas pode-se evitar esta ou aquela em particular. Então, o que Santo Tomás está dizendo aqui é que, nesta vida, é impossível a uma criatura humana, sobretudo no atual estado já de natureza decaída pelo pecado, passar a vida sem tentações.
Então, a notícia, seja boa ou má, é de que todos nós tivemos, temos e teremos tentações até a nossa morte. Se a tentação provém do exterior, ou seja, do mundo e do demônio, uma vez, e continua Santo Tomás, que, em tal caso, o homem não é a causa ativa, mas passiva. A tentação, em si mesma, não constitui pecado, mas somente uma prova.
Então, se porventura a tentação interna, que é a da carne, nela pode acontecer, não necessariamente, mas pode acontecer que haja pecado na tentação mesma. No caso das causas externas, ou seja, o mundo e o demônio, não sendo o homem causa ativa da tentação, mas sim passiva, será sempre uma prova. O submeter, ou o ser submetido a uma prova.
Abre aspas de novo para Santo Tomás: isso aí citações da Sentença e do seu comentário às Sentenças de Pedro Lombardo, na tentação do mundo e do demônio, vindo esta do exterior; o ato não pertence à pessoa tentada, pertence-lhe somente sofrer a tentação. Aqui, por isso não há pecado, salve se houver o prazer do consentimento, porque, então, o tentado começa a cooperar interiormente com este tentador externo. Mas, ainda que o poder do demônio seja, por si, maior que o do homem, todavia lhe é inferior quanto aos atos do livre arbítrio, que não podem ser constrangidos.
Deles é senhor o homem, não o demônio. O homem pode, portanto, resistir à tentação. Então, Deus criou o homem livre, e esta liberdade é uma espécie de fortaleza inexpugnável.
Nem mesmo o consórcio de todo o quinto dos infernos é capaz de coagir esta liberdade, coisa que nem mesmo Deus o faz. Mas continuamos aqui com o mondim antes. .
. Irmos para o texto do comentário de Santo Tomás neste pedido que é: "não nos deixeis cair em tentação". Quanto às tentações do demônio, Santo Tomás admite que esse espírito maligno pode, e possa, produzir impressões na fantasia, ou seja, na imaginação, que é sentido interno.
Como vocês viram já em vários cursos na plataforma contra impugnantes, temos cinco sentidos externos que são evidentes: tato, fato, visão, audição e paladar. Quatro internos: senso comum, que unifica os dados apreendidos pelos cinco sentidos externos, memória, imaginação e potência cogitativa. Então, o demônio é capaz, sobretudo, de agir na imaginação.
Está aqui a dizer Santo Tomás. Vou repetir a frase: "Santo Tomás admite que esse espírito maligno possa produzir impressões na fantasia, representando-os coisas sensíveis externamente ou também nos turbando internamente as imagens". Mas essas impressões, sendo somente na apreensão e não no desejo — desejo é uma das grandes das 11 paixões da alma —, não têm razão de pecado.
São somente tendências do pecado na intenção do tentador. O demônio, se Deus não lhe proíbe, pode dispor dos órgãos corporais do homem para movimentos libidinosos, mas não pode causar o consentimento a tais movimentos, que permanecem sempre reservados à vontade. Então, a vontade é a sede do pecado no seguinte sentido: se ela resiste à tentação, não haverá pecado, ainda que as tentações sejam de molde a submeter o homem aos maiores tormentos possíveis, como no caso de Jó.
E aqui, com relação às tentações de Jesus, ou seja, Cristo foi tentado; ele teve três tentações no deserto. Vamos ler aqui o que o Mondim compilou de interessantíssimo, dito por Santo Tomás em diferentes obras. A primeira fonte citada aqui é a terceira parte da Suma Teológica, questão 41.
O valor exemplar tem para o cristão as tentações de Cristo. Por esse motivo, Santo Tomás as estuda com particular empenho. Antes de tudo, explica porque Jesus quis ser tentado.
Segundo o doutor Angélico, ele o fez por três motivos: Primeiro, para mostrar-nos que ninguém, por mais justo que seja, está isento da tentação. Segundo, para ensinar-nos o modo de vencê-las. Terceiro, para exortar-nos a ter confiança em sua misericórdia.
Mas, segundo o doutor Angélico, tem valor exemplar também as circunstâncias, o tempo e a sequência. Jesus quis ser tentado no deserto para indicar que, quanto mais buscamos a solidão, tanto mais somos tentados. Quis, além disso, que a sua tentação viesse depois do jejum para ensinar-nos que o jejum é uma ótima preparação para vencer a tentação.
E também quem jejua está sujeito à tentação, e exatamente a tentação que diz respeito ao próprio jejum, não é? "Se és o Filho de Deus, converte estas pedras em pães". Enfim, Jesus quis que sua tentação ocorresse segundo aquela sequência rigorosa, de modo a ensinar-nos que a tentação começa no pouco e aumenta muito; começa nas coisas que parecem exigências naturais, como, por exemplo, a comida, progride com a soberba e chega até o desprezo de Deus.
Então, podemos ser tentados. Se a tentação de Cristo é o modelo de todas as tentações, assim como também a maneira de vencer a tentação, é o modelo desse modelo perfeito dessa resistência. O próprio Cristo nos diz: tudo isso apresenta-nos, digamos assim, uma sequência que considera no homem as potências que vão desde o que lhe é na alma inferior até aquilo que na alma é superior.
Não nos esqueçamos que, no caso do pecado original, diz o texto sagrado que Eva contemplou o fruto e viu. Ela contemplou o fruto e viu que tinha um aspecto saboroso. Então, a tentação ordinariamente começa naquilo que é sensível e pode chegar a nos desencaminhar ao ponto de recusarmos a Deus e adorarmos o demônio, que era, digamos assim, uma das pretensões: "Se te prostrares ante mim, tudo te darei".
Mas, principalmente para o comportamento de Jesus, diz Santo Tomás, que o cristão deve olhar sua reação. É tal a ponto de abrir aspas: "confundir, humilhar e desencorajar Satanás", o qual não só não venceu, como foi esmagado pelo poder de Cristo. A tentação enfrentada, como o fez Jesus, torna-nos mais fortes e exalta a dignidade do nosso ser cristão.
Então, com isto aqui já temos assim um preâmbulo, pelo menos naquilo que é o sumo, o essencial, para nos situarmos com relação ao sexto pedido do Pai Nosso, que é: "não nos deixeis cair em tentação". E de tudo que eu disse aqui, fiquemos que é impossível a todos nós passarmos a vida sem tentações; que a tentação pode ser pecaminosa em alguns casos, em que a fonte é a carne, que no caso externo nunca é pecaminosa, até o momento em que deixa de ser uma mera tentação e, passando pelo consentimento, dirige-se a um ato, seja interno, seja externo do homem. Então, trata-se de uma luta.
E o próprio pedido do Pai Nosso, tenhamos em vista, ele já nos indica esta doutrina implicitamente, porque Cristo não nos ensinou a dizer "preservai-nos da tentação", e sim "não nos deixeis cair em tentação", para indicar-nos que a tentação acontecerá. Então, vamos agora ao texto relativo a este sexto pedido, ao comentário de Santo Tomás nesta catequese. Repito, para quem viu as aulas anteriores, catequese dada a seus amigos e alunos na Quaresma do ano de 1273, um ano antes da morte do Angélico Doutor.
Abramos aspas para o Dr "Alguns que, embora tenham pecado, desejam obter o perdão dos pecados. Então, confessam e se arrependem; no entanto, não aplicam todo o esforço que deveriam para não cair novamente no pecado. Isso não é.
. . ".
Apropriado. Ou seja, que alguém chore os seus pecados por arrependimento e, por outro lado, acumule razões para chorar é por causa do pecado reiterado. Por isso, se diz na Escritura: "Lavai-vos, purificai-vos, tirai diante dos meus olhos a malícia dos vossos pensamentos, cessai de fazer o mal" (Isaías 1:16).
Portanto, como dito acima, Cristo nos ensinou a pedir perdão pelos pecados, mas nesta parte nos ensina a pedir que evitemos os pecados. Ou seja, que não sejamos levados à tentação, pela qual caímos. Ensinou-nos dizendo: "E não nos deixeis cair em tentação.
" Sobre isso, podemos perguntar três coisas, diz o grande doutor católico: primeiro, o que é a tentação; segundo, como o homem é tentado e por quem; terceiro, como ele é livrado da tentação. Parte do que ele tira aqui já está condensado no que eu resumi aqui, lendo o dicionário enciclopédico do pensamento de Santo Tomás do Batista Mondin. Com respeito à primeira das três coisas, deve-se saber que tentar nada mais é do que testar ou provar.
Tentar um homem é provar a sua virtude. A virtude do homem é testada ou provada de duas maneiras, ensina Tomás, de acordo com o que a virtude exige: que é o bem. Fazer isto é fazer o bem e evitar o mal.
"Desvia-te do mal e faz o bem" (Salmo 33). Portanto, a virtude do homem às vezes é provada em relação a fazer o bem, às vezes em relação a evitar o mal. Aqui ele já está a dizer-nos outras coisas.
E aqui lembro o São Gregório Magno. Qualquer hora dessas, eu vou fazer uns vídeos aqui para postar também no meu canal do YouTube sobre a "Magna Moralia" do Gregório Magno, que foi lida e frequentada por Santo Tomás. A certa altura do livro, primeiro, São Gregório diz que, referindo-se a isso, ser bom entre os bons não é meritório, senão uma obrigação; ser bom entre os maus é grandemente meritório.
Ora, se considerarmos levarmos isso às últimas consequências, levando em conta o pecado original, vamos ver que a bondade nesta vida traz sempre consigo, por parte do homem que adquire virtudes, torna-se bom certos méritos que podem ser maiores ou menores. Então, a virtude do homem às vezes é provada em relação a fazer o bem, às vezes em relação a evitar o mal. Quanto ao primeiro, o homem é provado se está disposto a fazer boas obras, como jejuar e coisas semelhantes.
Tua virtude se mostra grande quando estás disposto a fazer o bem, e, dessa maneira, Deus às vezes prova o homem, não que a virtude do homem lhe seja desconhecida, mas que todos a conheçam e sirva de exemplo para todos. Então, a virtude não é para usufruto nosso; ninguém adquire virtudes para escondê-las; ninguém acende uma candeia para colocá-la debaixo do alqueire; pelo menos, quem o faz não deve fazê-lo. Assim, Deus tentou Abraão, né?
Está lá no livro do Gênesis, e Jó, e por isso que Deus frequentemente envia tribulações ao justo — é por isso que envia tribulações aos justos, a fim de que, suportando pacientemente, sua virtude se manifeste e outros progridam na virtude. "O Senhor, vosso Deus, vos põe à prova para se tornar manifesto se o h mais ou não. " Aliás, é aqui entre as citações de Santo Tomás há várias do Antigo Testamento; as do livro de Deuteronômio são particularmente abundantes neste comentário.
Quanto ao segundo modo, a virtude do homem é provada quando ele é induzido ao mal. Quando resiste bem e não consente, então sua virtude é grande; mas, se sucumbe à tentação, então não tem virtude nenhuma. No entanto, ninguém é tentado por Deus dessa forma: "Porque Deus não é tentador de coisas más, e Ele não tenta ninguém" (Carta de São Tiago 1:13).
Neste sentido, Ele pode pôr alguém à prova, mas nunca para fazer a pessoa cair. O homem é tentado pela própria carne, pelo diabo e pelo mundo. A carne o tenta de duas maneiras.
Primeiro, porque a carne instiga ao mal; isto aqui está pressuposto, não esqueçamos, é a doutrina do pecado original. No estado de inocência com que Deus nos criou, a carne não era uma instigação, porque todas as potências sensitivas estavam perfeitamente ordenadas, as potências volitivas e intelectivas. Adão era reto no seu sentir, no seu querer e no seu conhecer.
A carne sempre busca seus prazeres; isto é, prazeres carnais, nos quais muitas vezes há pecado. Com efeito, quem se entrega aos prazeres carnais negligencia as coisas espirituais. "Cada um é tentado pela sua própria concupiscência.
" Em segundo lugar, a carne tenta afastando-nos do bem, pois o espírito em si mesmo sempre se deleita nos bens espirituais, mas a carne, com o seu peso, impede o espírito. Aqui ele vai citar o livro da Sabedoria 9:15: "O corpo que se corrompe torna pesada a alma. " E também a Epístola de São Paulo aos Romanos 7:22: "Deleito-me na lei de Deus segundo o homem interior, mas vejo nos meus membros uma outra lei que se opõe à lei do meu espírito, que me faz escravo da lei do pecado que está nos meus pensamentos.
" Aqui está implícita nessa explicação de Santo Tomás. Provavelmente, quando ele deu essa catequese, ele citou a doutrina da fome, fome pecat. Nesta lenha para o pecado que há no homem, que por conta da sua desordem de origem, há no fundo da sua alma, por mais virtuosos que sejamos, crepita em nós um fogo proveniente da queda, que não é um fogo bom.
A tentação é grave. "Carne é muito grave", diz Tomás, "porque esse nosso inimigo está como que unido a nós. E, como diz Boécio, nenhuma praga é mais eficaz para causar dano do que o inimigo doméstico; portanto, é preciso estar vigilante contra ela.
" Abre aspas: "Mateus 26:41: vigiai e orai para que não entreis em tentação. " Por sua vez, o diabo tenta fortemente. Depois que a carne é subjugada, surge outro inimigo, a saber, o diabo, contra quem travamos grande luta.
E aqui vai L. citar a carta aos Efésios, a Epístola aos Efésios 6:12: "Nós não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas sim contra os principados e potestades, ou seja, do Inferno, contra os dominadores deste mundo tenebroso. " Fecha aspas.
Por isso, o demônio é expressamente chamado de tentador. Abre aspas: "Para a primeira carta de Tiago 3:5: não podendo eu sofrer mais demora, enviei a reconhecer a vossa fé, temendo que o tentador vos tenha tentado. " Mas, volta a Tomás: em sua tentação, ele procede com muita astúcia, pois, ao modo de um bom comandante no cerco de um castelo, considera os pontos fracos daquele a quem deseja atacar e tenta-o naquela parte em que o homem está mais fraco, aqui no sentido em que eu falei, do conhecimento diabólico, né?
Das nossas mais inclinações. Por isso, tenta com aqueles vícios aos quais os homens, tendo subjugado a carne, estão mais propensos, como a ira, o orgulho e outros vícios espirituais. Primeira carta de Pedro agora 5:8: "O demônio, vosso adversário, anda ao redor como um leão que ruge, buscando a quem devorar.
" Volta a Tomás: o diabo, porém, faz duas coisas quando tenta. Vão anotando isso, porque se vocês puserem no papel, vocês terão um guia, terão tudo que foi dito, por exemplo, nesta aula, um guia de como, pelo menos em algumas ocasiões, agir em situações aflitivas. Então, o diabo, porém, faz duas coisas quando tenta.
Primeiro, não propõe imediatamente algo que seja evidentemente mau, mas algo que tenha aparência de bem, pelo menos no início, para que, através disso, afaste o homem um pouco do seu propósito espiritual, porque depois o induz facilmente ao pecado, quando já o desviou, nem que seja um pouco. Abre aspas: "Segunda Coríntios 11:1: o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz. " Fecha aspas.
Em seguida, depois que o levou a pecar, prende-o e não permite que levante do pecado. Abre aspas: "Jó 4:12: os nervos dos seus músculos estão entrelaçados uns nos outros. " Fecha aspas.
Assim, o diabo faz duas coisas; é o pater mate, né? O pai da mentira engana e mantém a vítima no pecado. Por sua vez, o mundo tenta de duas maneiras: primeiro, pelo desejo excessivo e descontrolado de coisas temporais.
Abre aspas: "1 Timóteo 6:10: a raiz de todos os pecados é a avareza. " Fecha aspas. Em segundo lugar, aterroriza por meio de perseguidores e tiranos.
Abre aspas: "Segunda Timóteo 3:12: nós estamos envoltos em trevas. " Perdão, Jó 37:19. Agora, assim: "Segunda Timóteo 3:12: todos os que querem viver plenamente piedosamente em Jesus Cristo padecerão perseguição.
" Então, outra notícia, que é bom termos no horizonte: todos nós, quanto mais quisermos a perfeição na virtude, mais e dramaticamente seremos tentados, e com tentações cada vez mais fortes, mas sempre na medida em que Deus permite para nosso aperfeiçoamento em ordem à nossa salvação. Como se disse no início, então todos sofrerão perseguição. O demônio não persegue aqueles que já estão como que conquistados.
Mateus 10:28: "Agora, não tem mais os que matam o corpo. " Volta a Tomás: agora, portanto, fica claro o que é a tentação, como o homem é tentado e por quem é tentado. Vejamos, então, como o homem é livrado.
Quanto a isso, é importante ressaltar que Cristo nos ensina a orar, não para que não sejamos tentados, como eu disse ainda há pouco, mas para que não sejamos induzidos à tentação, que seria até uma tradução mais, digamos assim, literal. Com efeito, se o homem vence a tentação, merece uma coroa; por isso se diz, né? Em Tiago 1:2, carta de Tiago: "Meus irmãos, tende por motivo de maior alegria para vós as várias tribulações que caem sobre vós.
" Fecha aspas, né? Outra citação agora do Antigo Testamento: "Filho, ao aproximar-se do serviço de Deus, prepara tua alma para a tentação. " E, por fim, novamente, São Tiago: "Bem-aventurado o homem que sofre a tentação, porque, depois que tiver sido provado, receberá a coroa da vida.
" Então, a tentação pela qual nós passaremos e que pedimos a Deus para que não caia nela, ela tem para nós um caráter instrumental, caráter salvífico. Piririm pororom! E, por isso, ensina-nos a pedir que não sejamos induzidos à tentação pelo consentimento.
Agora, 1 Coríntios 10:13: "Não vos surpreendeu nenhuma tentação que não fosse humana. " Fecha aspas, diz Santo Tomás. Ser tentado é humano, mas consentir é diabólico!
E mais: mas que será? Mas será que Deus nos induz ao mal, já que dizemos: "E não nos induzas à tentação? " E aqui tem uma nota do editor, eh, interessante: embora em português seja mais comum dizermos "não nos deixeis cair em tentação", em latim oramos "ne nos inducas in tentationem" - "não nos induzas à tentação", né?
Só para termos isso no nosso horizonte. Daí, a pergunta de Santo Tomás: dizem que Deus leva o mal, dizem analogicamente, porque o permite na medida em que, por causa dos muitos pecados, ele retira do homem a sua graça, e, sem ela, o homem cai. Por isso, cantamos no Salmo 70.
Abre aspas: "Versículo 9: quando faltarem as minhas forças, não me abandones. " E aqui, só para lembrar o que eu já disse em vídeos anteriores: os Salmos, a numeração dos Salmos que o santo soma mais usa é da Vulgata. " Antes de alterações posteriormente feitas, Deus, porém, guia o homem para que não seja levado à tentação pelo fervor da caridade, pois qualquer grau de caridade, por menor que seja, pode resistir a qualquer pecado.
Né? As muitas águas não puderam extinguir o amor. "Abre, abram-se e fecham-se aspas", e também pela luz do intelecto que nos instrui sobre o que fazer.
Pois, como diz Aristóteles na Ética, livro III da Ética, todo aquele que peca é ignorante. E aqui não é CPRE dizer que o cristianismo superou esta ética, segundo a qual, que aliás, tem uma linha certa de continuidade entre Sócrates, Platão e Aristóteles. Todo o tropeço existencial, ou seja, todo pecado, tem como fundamento a ignorância.
O cristianismo foi muito além e mostrou que é possível pecar com grave malícia e com fraqueza, às vezes até beirando ao invencível. "Salmo 31:8, inteligência te darei; te ensinarei o caminho que deves seguir". Volto a tomá-lo: é isso que buscava Davi quando dizia: "Alumia os meus olhos, para que eu nunca durma na morte, para que nunca o meu inimigo diga: prevaleci contra ele" (Salmo 12:4 e 5).
Ora, o que nos permite isso é o dom do intelecto. Nós temos a luz da razão natural, que é capaz de nos dar alguns critérios para evitar, pelo menos, certos grupos de pecado. E, se não consentimos à tentação, mantemos o coração puro, sobre cuja bem-aventurança lemos: "Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus" (Mateus 5:8).
É assim que chegamos à visão de Deus a qual Ele nos conduza. Amém. Então, que magnífico comentário ao sexto pedido do Pai Nosso!
Meditemos a respeito do que nos diz aqui Santo Tomás, porque isso será de grande proveito, sobretudo num mundo que já está grandemente descristianizado. Presumivelmente, espirituais e elas, como que, jogam na lata do lixo toda a doutrina que elas próprias deviam passar aos fiéis. Portanto, ir a Tomás e partilhar esta luz, eu tenho certeza interior, uma certeza moral, é um bem extraordinário.
Então, pensamos com todo o nosso coração, sabendo, conhecendo a nossa própria fraqueza: "Não nos deixeis cair em tentação". Amém. Até o próximo e último pedido do Pai Nosso.