o inferno é eterno ele sempre existiu ele existe agora é a subdivisão mais infértil sem esperança e malevolente do submundo do Caos em que as pessoas decepcionadas e ressentidas eternamente habitam muitas coisas podem acontecer na nossa vida para que nos tornemos pessoas ressentidas e amarguradas durante a infância o mundo pode parer um lugar hostil e perturbador medida que uma criança cresce se ela não se sentir devidamente amada e protegida terá dificuldades de encarar o mundo mais facilmente e começar a lançar mão de alguns mecanismos de defesa Na tentativa de se proteger dos conflitos provenientes tanto
do seu interior como do exterior Isto é da cultura e da sua relação com os outros elas se sentem então divididas Como Se duas forças estivessem lutando dentro delas Pois por mais que elas vejam a necessidade de aé e as relações interpessoais algo perigoso Elas têm necessidades de satisfazê-las a psicanalista alemã Karen Horn depois de uma vasta experiência Clínica com seus pacientes concluiu que na tentativa de evitar um colapso mas sem muitas ferramentas e habilidades para prevenir isso uma das possíveis soluções que uma pessoa pode encontrar para tentar resolver esses conflitos e manter uma aparência
de unidade e bem-estar é se afastando das pessoas assumindo uma atitude de indiferença e atestando a sua superioridade através da sua intelectualidade é o que Karen Horne chama de supremacia do intelecto a pessoa reconhecendo que está sofrendo por causa dos seus conflitos não se sente disposta a mudar mas pelo contrário ela passa a se vangloriar de suas próprias observações a respeito de si mesma é como se ela separasse o próprio intelecto delaes mesma e passasse a ser a sua própria observadora sem a pretensão de solucionar qualquer coisa ela então passa a admirar o seu próprio
sofrimento e se esquiva de tentar mudar Karen horna escreve o intelecto é o guia para o qual da mesma forma que para Deus nada é impossível o conhecimento dos problemas íntimos não constitui pois um passo no sentido da mudança é a mudança os pacientes que operam sobre esta premissa ficam muitas vezes confusos pelo fato de esta ou aquela perturbação não desaparecer já que conhecem tanta coisa a respeito da sua dinâmica esse interesse orgulhoso no seu próprio sofrimento pode se estender para outras pessoas ela então começa a observá-los e conclui que não são tão dignas de
ter a sua amizade porque não estão tão conscientes de si mesmas quanto ela o que acontece na verdade é que ela projeta nos outros a causa do seu sofrimento para aliviar o ódio que sente por si mesma para ela a verdadeira liberdade é não se comprometer com nada e não se responsabilizar por nada qualquer ligação íntima com algo ou com alguém seria vista como fraqueza e aprisionamento isso faz com que ela restrinja sua condição a fim de manter intacta sua aparência de liberdade e Independência dessa forma prefere se manter em um emprego Medíocre e limitar
suas despesas não se arrisca em nenhuma empreitada porque teme não obter um êxito brilhante e instantâneo o que destruiria aquela sua imagem de intelectualidade Evita relações sociais Porque caso os outros a conhecessem mais a fundo ela temeria que descobrissem que sua vida é uma farsa à medida que o tempo passa ela se vê obrigada a se afastar cada vez mais dos outros porque não pode aceitar o fato de ter ficado para trás pelos motivos que ela mesma criou sente-se então obrigada a viver no seu mundo de fantasias enfim o seu orgulho A consome tanto que
passa a desenvolver uma irritabilidade difusa e qualquer pergunta sobre si mesma será vista como uma afronta isso tudo que eu descrevi é magistralmente desenvolvido por fodor dostoyevski em seu livro Memórias do subsolo publicado em 1864 é a a história de um funcionário público aposentado que acabou de completar 40 anos e vive uma vida completamente miserável mora em um apartamento sujo e pequeno sem amigos e com um mordomo que ele chama de carrasco pois a sua prontidão e disponibilidade é vista como uma punição pelo homem do subsolo já que não entende como alguém pode se dedicar
ao outro sem sentir remorço este livro deu início ao conceito de subs um estado psicológico onde o indivíduo ao tentar escapar das influências externas acaba se aprisionando em um ciclo de ressentimento e negação esperando obter Independência e autossuficiência acaba se tornando escravo do próprio orgulho preferindo remoer o seu sofrimento do que realmente tentar superá-lo no cinemas personagens como o Coringa e Travis de Taxi Driver são exemplos de personagens que estão no subsolo mas este livro no final é um grande aviso de dostoyevski para todos nós ele está nos avisando para não sermos iguais ao Homem
do subsolo no entanto este vídeo será uma espécie de Psicologia reversa e te mostrará o que você deve fazer caso queira destruir a sua vida e fazer parte do subsolo a primeira coisa então é fingir que não precisa dos outros para nada o homem do subsolo USA a desculpa de que tem uma autoconsciência muito elevada que o impede de ter amigos e desenvolver relações sociais pensando que ninguém é bom o suficiente para estar com ele só que esse orgulho em atestar que não precisa de ninguém faz com que ele empreste aos outros uma importância excessiva
ele na verdade necessita dos outros para obter uma confirmação direta dos valores fictícios que construiu para si mesmo ele precisa provar que é inteligente e que os outros estão perdendo a oportunidade de ter a sua amizade no fundo o que ele quer é se vingar de si mesmo do seu sentimento de autodesprezo mas o faz por intermédio dos outros ou seja para provar para si mesmo que é inteligente e manter o seu ideal intacto ele precisa das outras pessoas esse orgulho é o que torna as relações humanas do homem do subsolo algo paradoxal ele se
sente inseg em relação aos outros os despreza se mantém distante e ao mesmo tempo necessita delas de forma Vital isso fica mais claro na segunda parte do livro em que o narrador Isto é o homem do subsolo decide reencontrar antigos conhecidos em um jantar ele não é próximo desses homens mas por um desejo de autoafirmação e uma esperança de confrontar os sentimentos de inferioridade que nutre em relação a eles resolve comparecer quando ele chega no jantar percebe que não foi realmente convidado com entusiasmo e que a sua presença é mais tolerada do que bem-vinda Porque
descobriu que alteraram o horário do jantar sem avisar ele durante o jantar ele tenta se afirmar com discursos e provocações mas suas tentativas de impor respeito apenas resultam em mais embaraço e isolamento a cena atinge o Seu Clímax quando o narrador embriagado e dominado pelo ressentimento tenta provocar um dos colegas que é de fato o centro das atenções daquela noite no entanto os outros convidados ficam desconfortáveis e deixam ele sozinho o que só intensifica seu sentimento de rejeição foi aqui que teve o seu ideal de inteligência e superioridade destruídos e todo o seu preparo para
essa situação não serviu para nada pois percebeu que os colegas não se importavam com as coisas que ele sabia ou o que ele queria provar isso mostra como muitas vezes o desprezo pelos outros são na verdade reflexos de nossa própria insegurança e sentimentos de insignificância o homem do subsolo é atormentado por demônios imaginários nascidos de sua própria falta de boa vontade em relação à humanidade e isso nos leva para a segunda coisa que você deve fazer se quiser destruir a sua vida não fazer nada mas pensar em fazer tudo o homem do sub subsolo sempre
arquiteta planos e projetos em sua cabeça mas nunca concretiza nada ele mesmo escreve era muito enfadonho ficar sentado de braços cruzados lançava-me então nas minhas escapatórias imaginava para mim mesmo aventuras e inventava uma vida para viver ao menos de algum modo seu monólogo interno está cheio de pensamentos se amaldiçoando por não agir e prometendo agir da próxima vez sabendo plenamente que quando o momento chegar ele não o fará até mesmo seus desejos de Vingança com as outras pessoas onde diz que realizará tal ato mas que nunca acontece isso é demonstrado na parte em que o
narrador diz que vai começar uma briga com um oficial militar que passa todo dia por ele na rua ele planejou empurrá-lo no momento em que os dois se cruzassem da próxima vez mas sempre acaba dando passagem para o oficial essa incapacidade de realizar seus desejos o corrói lentamente e destrói seu respeito por si próprio isso de algum modo pode se relacionar conosco podemos não perceber mas à medida que mentimos para nós mesmos dizendo que na próxima vez Vamos fazer tal coisa e essa próxima vez nunca acontece vamos acreditando na nossa mentira a tal ponto que
ela se torna uma verdade e basta então apenas visualizarmos os feitos na nossa cabeça que é o ficiente para não nos esforçarmos em concretizar aquilo com medo de ao passar o que imaginamos para a realidade ela perca a perfeição idealizada e nos sentiremos ainda mais culpados quantos projetos pensamos e nunca começamos quantas vezes imaginamos cenários na nossa cabeça que nunca são confirmados na realidade temos medo de sermos jogados para fora desse nosso Paraíso que construímos a terceira coisa que você pode fazer caso queira destruir a sua vida é justamente isso que eu disse agora evitar
confrontar suas ideias com a realidade com o medo de fracassar o homem do subsolo é alguém que não pode deixar de comparar seus feitos reais com a sua imagem idealizada onde precisa ser um gênio ou um ser humano perfeito e nessa comparação seus atos ou possibilidades reais sempre se mostram inferiores para não perder essa imagem de perfeição ele nem ao menos tenta começar alguma coisa Pois caso falhasse atestaria que de fato é um fracassado mas a consequência do medo de fracassar é a crescente inveja que o homem do subsolo começa a ter dos outros que
conseguem atualizar as suas potencialidades o narrador divide o mundo em dois tipos de pessoas as que agem que ele chama de homens de ação e as que pensam os homens de ação realizam coisas são ativos e não param por nada para conseguir o que querem enquanto a pessoa que apenas pensa pode conceber grandes ideias mas são ineficazes o medo do homem do subsolo em fracassar o faz evitar competições saudáveis empobrecendo cada vez mais a sua vida ele considera o esforço algo terrível pois pensa que se a pessoa precisa se esforçar para tentar alguma coisa é
Porque de fato não é boa naquilo E se ele vê que alguém percebeu o seu esforço a sua atitude passa a ser o oposto da que ele estava tendo ele então passa a se tornar desinteressado dando a entender que aquilo é a coisa mais fácil do mundo o medo do fracasso também pode se espalhar para outros âmbitos da vida como nos relacionamentos uma das passagens mais interessantes do livro é quando o narrador brevemente estabelece uma conexão com a prostituta chamada de Lisa e dá o seu endereço para ela isso poderia ter sido um caminho de
saída para o homem do subsolo ou seja o começo da sua reconexão com a sociedade e com seus semelhantes Mas em vez disso ele é imediatamente tomado por um terror irracional por causa do seu apartamento feio e velho e quando Lisa o visita ele a insulta a tal ponto que ela vai embora e ele nunca mais a vê ele estava tão assustado com o Medo da rejeição e tão desesperado que Lisa pudesse ar o seu ideal de perfeição descobrindo que ele é uma farça que jogou fora sua única chance de recuperar a sua vida do
desespero a imagem de indiferença que o homem do subsolo tenta passar faz com que ele restrinja seu envolvimento com medo de perder a sua ilusão de independência e autossuficiência passando a ter cada vez mais inveja e Ódio dos outros preferindo se enclausurar no seu mundo orgulhoso de sofrimento e por fim a última coisa que você pode fazer para destruir a sua vida é ser intelectualmente arrogante o homem do subsolo pensa que sabe mais do que qualquer um ao seu redor apesar de não demonstrar esse conhecimento em nenhum momento do livro as suas ilusões de grandeza
o impedem de aceitar conselhos dos outros mesmo quando claramente o beneficiariam e dão-lhe um lugar para se refugiar quando se sente embaraçado Pelo sucesso material ou espiritual dos outros nós podemos facilmente nos tornar orgulhosos se não soubermos trabalhar Nossa intelectualidade isso porque o orgulho se apaixona por ele mesmo pelas suas próprias criações e quer se desvencilhar de todo o resto acreditando que só ele é o suficiente na história do mundo o orgulho e a arrogância intelectual sempre estiveram associados ao diabo Car Jung escreveu que o diabo é o aspecto de toda a função psíquica que
escapa A Hierarquia da totalidade assumindo a autonomia e o domínio absoluto Jordan Peterson fazendo uma análise do livro o paraíso perdido de John Milton escreveu algo semelhante Lúcifer é o espírito do totalitarismo ele é lançado do céu para o inferno porque tal elevação tal rebelião contra o altíssimo e incompreensível inevitavelmente produz o inferno a grande tentação da faculdade racional é glorificar sua própria capacidade e suas próprias ações alegando que em face de suas teorias nada que seja transcendente ou fora de seus domínios precisa existir dostoyevski adverte através do homem do subsolo para pessoas como eu
e você que gostam de aprender para não se deixar levar pelo reino da arrogância intelectual onde tudo aquilo que você sabe é tudo o que precisa se fechando cada vez mais para o aprendizado pensando que vamos construir o nosso próprio Paraíso sozinhos e autossuficientes tudo o que vai nos restar é governar no nosso próprio inferno o que o Salvará o totalitarismo diz em Essência você deve contar com a fé naquilo que já sabe mas não é isso que salva o que salva é a disposição de aprender com aquilo que você não sabe qualquer pessoa pode
ser salva do caminho da autodestruição ao compreender uma frase escrita por dostoyevski em um de seus romances O que é o inferno penso assim é o sofrimento de não poder mais amar para dostoyevski somente a abertura para o aprendizado e a capacidade de amar é que fará com que a pessoa não caia em um abismo quando digo amar me refiro a aproximação com algo para além de nós mesmos amor ao trabalho amor a alguém ou amor a Deus o psiquiatra austríaco e fundador da logoterapia Victor frankel chama essa capacidade do homem em se voltar para
fora de si mesmo de autotranscendência o homem só volta para si mesmo e se preocupa excessivamente com a sua posição a respeito da vida quando deixa de realizar a sua missão E assim se frustra na sua busca de sentido essa missão é imposta pela própria vida que pergunta a todo instante O que nós vamos fazer dela só conseguimos responder essas perguntas que a vida nos faz na medida em que somos responsáveis e só seremos responsáveis na medida em que encontrarmos algo fora de nós mesmos para cumprir ou realizar seja amando alguém se dedicando a algo
ou suportando um sofrimento inevitável é por isso que o sentido nunca pode ser criado mas sim buscado se formos meramente criar um sentido não nos defrontarem com a objetividade do mundo o que pode acarretar em uma subversão moralista para atenuar um aborrecimento que não conseguimos lidar por causa dessa mesma objetividade que confrontou a nossa consciência dar sentido equivaleria a moralizar o que muitas vezes pode fazer com que o mal pareça o bem e o bem o mal em outras palavras nós não criamos nosso próprio caminho nós encontramos o caminho e o homem do subsolo se
fechou para qualquer tipo de autotranscendência e escolheu se confinar em sua própria degradação não sejamos iguais a ele pois nos foi dado a capacidade de autotranscendência Isto é de olhar para fora para o mundo para além de nós mesmos e então encontrar um sentido não tenha tanta vergonha de si mesmo pois todo mal vem disso não esqueça de conferir o primeiro comentário fixado e a descrição do vídeo para encontrar as recomendações de leituras complementares eu sou Felipe Luiz terapeuta e escritor até a próxima [Música]