Sustentarea Explica | I | (In) Segurança Alimentar

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Sustentarea USP
Você sabe o que é e como classificar a insegurança alimentar? Classificada em três níveis: leve, m...
Video Transcript:
Segurança Alimentar, você sabe o que é? Este é o Comida que Sustenta, uma produção do  Sustentarea. Episódio: Sustentara Explica.
Olá, olá! Seja muito bem-vinda e muito  bem-vindo ao Sustentarea Explica! !
Meu nome é Pamela di Christine e no episódio de  hoje vamos abordar um tema que tem estado muito presente no noticiário nos últimos  tempos, e não é por uma boa causa… Então veeem comigo saber mais  sobre esse tema super importante! Você sabe o que é Segurança Alimentar? De acordo com as pesquisadoras  Nayara Rocha e Valéria Burity, em 1970 surgem as primeiras definições  do termo Segurança Alimentar.
Essa primeira definição veio em resposta  às preocupações globais com a fome e com a desnutrição que decorriam do  período pós Guerras Mundiais. Foi nesse momento que os países  perceberam que a força de um país, na realidade, não se baseava apenas na  capacidade bélica, mas também em como garantir a disponibilidade de alimentos em  quantidade suficiente para sua população. Com o tempo, a definição se ampliou para  além da quantidade de alimentos disponíveis, alcançado sua qualidade e o seu valor nutricional, e aí a adição do termo Segurança Alimentar  e ‘Nutricional’ que tenta reforçar isso aqui no Brasil, onde é comum utilizarmos a  abreviação - SAN - quando abordamos esse tema.
E em 1996, na Cúpula Mundial da Alimentação  a convite da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, a  FAO, os Chefes de Estado e de Governo afirmaram “o direito de todos a terem acesso a  alimentos seguros e nutritivos, em consonância com o direito a uma alimentação adequada e com  o direito fundamental de não sofrer com fome”. Atualmente, a segurança alimentar e  nutricional é definida como a realização do direito de todos terem acesso REGULAR  e PERMANENTE a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer  o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares  promotoras de saúde, que respeitem a diversidade cultural e que sejam social,  econômica e ambientalmente sustentáveis. A partir de uma definição, fica mais fácil saber  quando determinada condição não é atendida.
Então, pensando no nosso tema, sabendo o que  é a Segurança Alimentar e Nutricional, agora partimos para definir o  que é a IN-segurança alimentar. A INsegurança Alimentar é uma condição em que  as pessoas não têm acesso adequado a alimentos suficientes, seguros e nutritivos para atender  às suas necessidades diárias. Isso pode ocorrer devido a várias razões, como pobreza, falta  de acesso físico a alimentos, conflitos, desastres naturais, mudanças climáticas  e sistemas alimentares inadequados.
Existem diferentes níveis de INsegurança alimentar  que podem ser classificados em uma espécie de escala de gravidade. A FAO e a Organização Mundial  da Saúde, a OMS definem os seguintes níveis: A INsegurança alimentar leve, ocorre devido à  escassez de alimentos disponíveis, o que leva as pessoas a enfrentarem incertezas ocasionais  em relação ao acesso a alimentos adequados. Nesse estágio, é possível que  haja preocupações temporárias relacionadas à falta de variedade  ou qualidade dos alimentos, isto é, as pessoas não tem certeza se terão o que  comer num futuro próximo e, se tiverem, se a quantidade será suficiente para atender  a todas as pessoas que compartilham o lar.
Já o segundo nível é a moderada: quando a  variedade e a quantidade de alimentos ficam limitadas e prejudicam o consumo sob o ponto de  vista nutricional, ou seja, fica estabelecida uma situação em que as necessidades nutricionais  das pessoas não são atendidas por um período que pode se prolongar. Isso tem um grande  potencial de afetar a saúde e o bem-estar. E por último e a mais crítica, a INsegurança  alimentar grave ou a FOME, situação em que as pessoas enfrentam privação extrema  de alimentos, levando à desnutrição, perda significativa de peso e  sensação de fome persistente.
A insegurança alimentar grave tem impactos severos  na saúde física e mental e pode levar à morte. E esse cenário está muito presente, em 2021  a FAO apontou que havia cerca de 811 milhões de pessoas em situação de INsegurança  alimentar grave em todo o mundo, ou seja, pessoas passando fome. E, infelizmente, boa parte  da população brasileira se encontra neste cenário.
De acordo com a FAO, o Brasil saiu  do Mapa da Fome em 2014 ao alcançar a meta de reduzir o número de pessoas em  situação de fome a menos de 2,5% de sua população. Isso foi resultado de políticas  e cooperação entre ministérios e governos. Porém, com o enfraquecimento de  diversas poliíticas públicas de combate a insegurança alimentar e com  o agravamento da pandemia de COVID-19, o Brasil tornou a apresentar os  critérios de inclusão no Mapa da Fome.
(aqui eu abro um parêntesis bem rapidinho para  explicar o que é o tão falado ‘Mapa da Fome’. Essa era uma iniciativa da FAO que tinha como  objetivo monitorar e avaliar a prevalência da fome e da desnutrição em nível global. Ele fornecia uma representação geográfica das regiões onde a insegurança alimentar é mais  grave, destacando os países e as populações que enfrentam altos níveis de subnutrição.
Apesar de ser uma ferramenta que não é mais utilizada pela FAO, os critérios do Mapa da  Fome continuam sendo usados em larga escala para avaliar a condição de segurança alimentar, e é por  isso que ouvimos tanto sobre ele no noticiário) Voltando ao cenário recente no Brasil, de acordo  com Segundo Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar, que foi publicado em 2022, cerca de  125,2 milhões de pessoas apresentavam algum grau de INsegurança alimentar, sendo que 33 milhões de  pessoas estavam em INsegurança alimentar grave, ou seja, 15,5% da população estava em situação  de fome - o que é muito mais do que os 2,5% que eram utilizados como critério para  entrada de um país no Mapa da Fome. Esses números mostram que o Brasil possui um grande desafio pela frente em relação ao  combate à fome e INegurança alimentar. Nesse momento, você deve estar se perguntando:  como proporcionar o acesso a alimentos seguros e nutritivos para a população, ou seja, como  garantir segurança alimentar e nutricional?
O que podemos dizer é que garantir a Segurança Alimentar e Nutricional é um desafio complexo que requer uma abordagem multifacetada envolvendo  várias partes, incluindo governos, agricultores, organizações da sociedade  civil, iniciativa privada e cidadãos. Tanto o médico, geógrafo e professor Josué  de Castro quanto o professor Amartya Sen diziam que a fome e a desnutrição não seriam  resolvidas apenas com o aumento da produção e da produtividade agrícola. A fome é um  fenômeno político e econômico no sentido mais amplo – incluindo, mas não se restringindo  à produção e distribuição dos alimentos.
Não há uma fórmula pronta para garantir  a segurança alimentar e nutricional, mas podemos abordar algumas ações… Podemos começar pelo acesso aos alimentos, o que diz respeito à disponibilidade  e acesso financeiro e físico. Falando em acesso financeiro, programas de  transferência de renda, como o Programa de Renda Mínima e o Bolsa Família, têm como objetivo  melhorar e fornecer suporte financeiro direto, contribuindo para a redução da pobreza e ajudando a garantir o acesso a necessidades básicas,  incluindo alimentos e serviços essenciais. Já pensando no acesso físico, são necessários sistemas alimentares mais inclusivos e  que alcancem comunidades vulneráveis, garantindo assim a disponibilidade de alimentos,  culturalmente apropriados e seguros para consumo.
Nesse sentido as ações de governos  são extremamente importantes. A implementação de políticas que  apoiem os pequenos agricultores, investimento em infraestrutura  para transporte e armazenamento, e o estabelecimento de redes de  segurança social podem auxiliar. Além disso, iniciativas como o Programa Nacional  de Alimentação Escolar, o PNAE, e as hortas comunitárias também podem desempenhar um papel  significativo no acesso a alimentos de qualidade.
Garantir a Segurança Alimentar  e Nutricional também requer uma gestão sustentável dos recursos naturais. A agricultura depende fortemente de terra, da água e da biodiversidade, por isso é crucial adotar  práticas que minimizem a degradação ambiental. Métodos agrícolas sustentáveis, como a  agroecologia e a agricultura orgânica, podem ajudar a reduzir o impacto negativo da  agricultura convencional nos ecossistemas e, ao mesmo tempo, diminuir a distância  entre produtor e consumidor.
É fundamental reconhecer que alcançar a Segurança Alimentar e Nutricional é uma  responsabilidade compartilhada. Governos, organizações e indivíduos  devem unir esforços para enfrentar os desafios complexos que estão  na base do combate à fome. Ao priorizarmos a agricultura sustentável,  melhorarmos o acesso aos alimentos, gerenciarmos os recursos naturais de forma  responsável e capacitarmos os cidadãos, podemos construir um futuro no qual todos tenham acesso  a alimentos seguros, nutritivos e acessíveis.
E ainda assim, esse caminho  não é livre de obstáculos. Questões globais como a pobreza, os  conflitos e a desigualdade representam desafios significativos para alcançar  a Segurança Alimentar e Nutricional. Essas questões requerem abordagens mais amplas, para além do papel da produção  e distribuição de alimentos, mas que também levem em consideração os fatores  socioeconômicos e políticos que contribuem para que um mundo com tantos avanços, ainda apresenta  números tão absurdos de insegurança alimentar.
Passou rápido, né? ! !
O Sustentarea Explica é assim,  rapidinho e com muito conteúdo. E hoje eu finalizo o episódio  como uma frase de Josué de Castro, que resume bem o que falamos até aqui: "O maio absurdo de nossa sociedade  é termos deixado morrer centenas de milhões de indivíduos de fome num mundo com  capacidade quase infinita de aumento de sua produção e que dispõe de recursos técnicos  adequados à realização desse aumento”. Ficou com dúvida em algum conceito? 
Corre aqui para nos ouvir e esclarecer! Te espero no próximo episódio, heimm! Até lá!
O Comida que Sustenta é uma  produção do Sustentarea. Para ouvir todos os episódios,  nos siga no Spotify, Orelo, Google Podcasts, YouTube ou  acesse sustentarea. com.
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