Você conhece alguém que é não-binário ou sabe o que isso quer dizer? Na população geral e até mesmo dentre os profissionais da psicologia, esse assunto ainda é bem desconhecido, o que gera várias dificuldades para as pessoas que se identificam dessa forma. Oi!
Eu sou o André e hoje quero te explicar algumas coisas sobre o que significa ser não-binário. Vou trazer a maneira como a psicologia entende esse tema e questionar alguns mitos bem comuns sobre isso. Se achou legal o tema de hoje, não deixa de clicar no joinha aqui embaixo, inscreva-se no canal e siga a gente nas redes sociais.
Você pode se cadastrar na nossa lista de e-mail para receber notícias do canal e do mundo da psicologia. Se tiver interesse, o link tá aqui embaixo. Uma ideia bem difundida ao redor do mundo é a de que podemos classificar todas as pessoas usando apenas 2 categorias: homens ou mulheres.
Essa ideia é conhecida como binarismo ou binaridade de gênero. Ela costuma vir acompanhada de outras ideias também, como as de que essa classificação deve ser determinada pela biologia do corpo da pessoa e que ninguém muda sua classificação nessas categorias com o passar do tempo. Ao longo das últimas décadas, têm ficado cada vez mais claro que essa visão binária do ser humano está desatualizada.
Mesmo se analisarmos só a biologia humana, várias pesquisas sugerem que as coisas não são tão simples assim. Algumas das suspostas diferenças cerebrais, hormonais e psicológicas entre homens e mulheres vêm sendo questionadas, revisadas ou até desbancadas. Para ler mais sobre isso, recomendo o artigo que está na tela.
Hoje sabemos que ter um cromossomo Y, por exemplo, não garante que alguém seja do sexo masculino, embora isso seja o mais comum, e vários genes presentes no cromossomo X são importantes para a produção do esperma. Ou seja, essa divisão entre um cromossomo "masculino" e outro "feminino" não é tão clara assim na prática, já que ambos contribuem de formas diferentes para o desenvolvimento do corpo de qualquer pessoa. Outra razão para questionar a binaridade é a existência de pessoas não-binárias, ou seja, aquelas que não se identificam exclusivamente como homem e nem como mulher, mas sim como alguém que vai além desse raciocínio binário.
Algumas delas podem descrever suas identidades de gênero através de certas categorias que fazem parte da não-binaridade, como queer, multigênero, agênero ou talvez prefiram não usar um termo específico. Em vez de se expressar de acordo com uma lógica tipicamente masculina ou feminina, a pessoa não-binária pode se expressar de uma forma que não atenda necessariamente à nenhuma dessas expectativas sociais de gênero. A depender da sua personalidade e do contexto, talvez ela se expresse de um jeito que seria visto pelos outros como mais masculino, feminino ou uma mistura de ambos.
Essas pessoas costumam demonstrar um forte desejo de vivenciar o gênero de uma forma mais livre e sem se limitar às expectativas mais tradicionais de gênero. Na prática, isso pode tomar várias formas a depender de cada indivíduo e o mesmo indivíduo pode preferir se expressar de formas diferentes ao longo do tempo ou a depender do contexto. Uma pessoa trans pode ser não-binária ou binária.
Se ela for binária, significa que ela se identifica exclusivamente com o sexo oposto àquele designado à ela no nascimento. Já se for não-binária, como explicamos antes, significa que ela não se identifica exclusivamente com a categoria de homem ou a de mulher. Diferente do que alguns pensam, ser não-binário não é só uma modinha ou tendência atual.
Indivíduos não-binários não surgiram apenas recentemente, eles existiram em várias partes do mundo ao longo da história humana. Talvez alguém tenha a impressão de que isso é apenas uma moda atual porque mais pessoas estão se sentindo à vontade para tornar essa informação pública ou porque a internet nos expõe a mais pessoas não-binárias, por exemplo. Outro mito sobre essas pessoas é o de que elas na verdade são só muito indecisas ou estão passando por uma fase que terminará logo, a partir da qual elas se enquadrarão dentro da binaridade e assim serão felizes para sempre.
Como na cabeça de alguns, a binaridade é algo óbvio e até inquestionável, pode ser bem difícil para eles cogitar a incrível, fantástica e revolucionária possibilidade de que talvez nem todo mundo tenha uma identidade de gênero como a deles. Todos esses questionamentos que a binaridade de gênero tem recebido despertaram muita resistência entre as pessoas. Alguns ainda defendem com unhas e dentes a binaridade ou acham que as pessoas estão complicando demais as coisas sem necessidade.
Parte dessa resistência parece se relacionar com a necessidade de desfecho. Ela é a necessidade de evitar a ambiguidade e de ter respostas claras para as coisas. Todo mundo tem ela, mas alguns tem muito mais do que outros.
Quanto mais uma pessoa tem essa necessidade de desfecho, maior tende a ser a sua resistência a mudanças e maior é a chance dela ser mais apegada à própria binaridade ou à ideias que contribuem para a sua perpertuação. Uma consequência disso é que essas pessoas também tendem a ter mais preconceito contra aqueles que não se adequam à lógica binária e são mais contrárias à medidas que ofereçam algum tipo de ameaça à binaridade ou que a questionem. Vou dar agora algumas dicas tanto para pessoas não-binárias quanto para aqueles que convivem com elas.
Dica número 1: respeite as pessoas não-binárias. Pode parecer um pedido simples, mas o fato é que esses indivíduos ainda são alvo de muito preconceito e desrespeito, o que oferece um grande risco à saúde física e mental deles. Talvez esse assunto seja muito novo para você, especialmente se você for uma pessoa cisgênero, muito apegada à binaridade e viver em uma bolha na qual as pessoas também são assim.
Se for o seu caso, informe-se mais sobre esse assunto. Dica número 2: se você for uma pessoa não-binária, proteja bem a sua saúde mental. Em sociedades nas quais a binaridade é uma ideia muito difundida, a tendência é que pessoas que não atendam às expectativas culturais de gênero sejam punidas por isso.
Essa punição pode tomar a forma de olhares discriminatórios, hostilidade, falas grosseiras, exclusão social e até violência física. Como você já deve saber, os "guardiões da binaridade" estão à solta por aí, então tome todos os cuidados que puder para proteger sua saúde mental. Melhor seria se a gente vivesse em um mundo no qual as pessoas fossem mais empáticas e compreensivas com quem é não-binário, isso facilitaria muito a vida desses indivíduos e evitaria uma grande quantidade de sofrimento desnecessário.
Infelizmente, a realidade é que ainda existe muita intolerância dirigida a pessoas não-binárias. Tornar o mundo um pouco melhor para elas talvez seja menos complicado do que você imagina. Uma forma de fazer isso que não vai te custar tão caro é adotando uma linguagem mais inclusiva sempre que possível.
Outra opção é simplesmente ouvir com cuidado as demandas dessas pessoas e atendê-las quando puder. Você vai encontrar mais dicas sobre como proteger a sua saúde mental no meu livro e você consegue achá-lo nas principais livrarias e no link aqui embaixo. Se já leu, deixa uma avaliação lá na Amazon que vai me ajudar muito!
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Se quiser fazer uma doação, é só mandar um pix pelo QR code que tá na tela. Hoje expliquei o que é a binaridade de gênero e o que são pessoas não-binárias. Questionei alguns mitos sobre elas, como os de que isso não passa de uma moda ou indecisão.
Falei sobre a resistência que esse assunto provoca em muita gente e dei algumas dicas tanto para aqueles que sentem essa resistência quanto para quem é não-binário. Você gostou de a gente ter abordado esse assunto de hoje? Se sim, clica no joinha aqui embaixo, comenta a sua opinião, inscreva-se no canal e siga a gente nas redes sociais.
Um vídeo que é um bom complemento ao de hoje é o que a gente fez sobre a sexualidade.