[Música] Olá pessoal a gente tá começando mais um bdf entrevista eu sou Beatriz drag Ramos e hoje a gente recebe a arquiteta e urbanista Raquel rck professora titular da USP e também coordenadora do leb cidade Raquel muito obrigada por est aqui com a gente hoje Eu que agradeço essa oportunidade Raquel rck é professora titular da faculdade de arquitetura e urbanismo da Universidade de São Paulo e coordenadora do leb cidade na USP também é prefeita do campus Butantã foi diretora de planejamento da Secretaria Municipal de planejamento de São Paulo durante a gestão de luí herundina e
secretária Nacional de programas urbanos do ministério das cidades durante o primeiro governo Lula começar falando sobre o projeto requalifica centro um projeto aqui da Prefeitura de São Paulo que dá incentivos para que eh Esses prédios que estão em desuso no centro de São Paulo sejam requalificados a partir de de de uma construção de moradias de longo e curto prazo moradias ou estadias de longo e curto prazo eu queria saber o que que você pensa sobre esse projeto requalifica centro e aí eu queria também já entrar um pouco no tratamento que o poder público tem dado
aqui pro centro de São Paulo eu acho que é bem importante quando a gente fala de centro entender o quadro mais amplo assim para complexificar a situação o centro da cidade de São Paulo especialmente região de S República era historicamente a centralidade da cidade o centro da cidade das classes médi médias e altas era o lugar elegante das lojas bacanas das atividades culturais dos restaurantes ET isso aí desde o finalzinho do século XIX era isso e isso começou a mudar isso Começou a Mudar bom primeiro com várias intervenções que foram decisões da própria política Urbana
né da cidade de São Paulo na hora que a política Urbana tornou mais difícil o acesso do automóvel ao centro ele começou a ficar menos o c dentro das classes médias e altas porque até bem pouco tempo automóvel era coisa só de classe média e alta e o povo andava de transporte coletivo né É essa a questão então com os calçadões com os eixos expressos que atravessam o centro na verdade eles permitiram também a abertura de novas centralidades então a gente começou a ter novas centralidades na região da Paulista Jardins depois isso foi Mig and
na direção ali da Marginal do Pinheiros eí Então você teve uma migração da centralidade de classes médias e altas para fora do centro ao mesmo tempo o centro virou o lugar de máxima acessibilidade de transporte coletivo aí tem uma coisa do sistema de transporte coletivo da nossa cidade que ele é todo rádio concêntrico então é no centro que você faz a mudança de modal né do do trem pro metrô e do metrô pro ônibus do ônibus pro metrô do ônibus então o centro virou um grande terminal intermodal né e portanto extremamente Popular junto com isso
a rodoviária né que já veio pro centro há muito tempo também popularizou agora já saiu nos anos 70 então a gente teve um processo de popularização do centro e portanto de perda de valor e Diário do Centro de saída desses centralidades mais elegantes que foi acompanhada de uma postura que é típica da nossa gestão Municipal aí eu tô falando na longa duração não tô falando de uma gestão específica que é o fato de que os locais de classe média alta são extremamente bem cuidados geridos limpos lindinhos né mantidos e os lugares populares tem uma zeladoria
pior de quinta feita largada então isso também foi deixando o centro mais abandonado bom então com isso desde os anos 90 a gente começa a ter um discurso da prefeitura do governo de estado Sul foi variando de estado prefeitura prefeitura estado pensando precisamos revitalizar o centro porque de um lado a gente teve com a saída né dessas classes médias muitos edifícios residenciais e comerciais de escritório ficaram vazios porque os escritórios migraram para outra região e os apartamentos também então tinha muito prédio vazio subutilizado e aí tem de um lado a ideia de que puxa tanto
prédio vazio subutilizado precisa ser reutilizado e junto com isso em função da nossa eterna crise de moradia necessidade não satisfeita de moradia desde os anos 90 a gente começou a ter o culpo ações de moradia desses prédios então começou uma pauta e uma agenda de que é preciso utilizar Esses prédios reformando para moradia popular como linha de atuação e ao mesmo tempo como ação direta de movimentos sociais de moradia que passaram a ocupar e lutar pela reforma desses prédios para que eles puder e tem várias coisas inclusive que já foram reformadas tal então a gente
começa a ter uma dupla agenda aqui uma agenda que vem hegemônica né da ideia de que ai o centro tá abandonado ele tem que ser revitalizado a ideia de revitalizado é que não tem vida porque essas vidas que tão hoje elas não importam né estas vidas não importam ela não tem vida então precisa ter vida então precisamos ter estímulos e essa que é a questão teve toda uma linha de que a ideia de estímulo é estimular o cadro imobiliário a produzir mercadorias que são de interesse hoje de espaços comerciais e residenciais no C então abriu
uma fronteira para mercado imobiliário isso foi feito através de várias políticas o requalifica é apenas uma delas dentro de vários de pius de operação Urbana desde operação Urbana centro é estímulo pro setor imobiliário vem vem vem ocupar vem usar e de outro lado inão da luta pela moradia que quer lutar por moradia social então a situação do centro eu vi e eu vejo a questão do requalifica um pouco nessa tensão Qual que é o problema do requalifica problema do requalifica também tem que entender num num quadro Mais amplo o que que tá acontecendo na cidade
de São Paulo nós temos um bom imobiliário de produção de novas unidades residenciais estimuladas por incentivos como requalifica e outros mas também pelo plano diretor da cidade né que ofereceu potencial construtivo de graça para produzir habitação de interesse social e o que foi produzido ali é muito mais o que a gente chama de fake habitação de de de interesse social que são pequenas unidades estúdios que vão para aluguel de curta Temporada aluguel temporário tipo our BNB ou ou outros tipos de aluguel por quê Porque no campo do mercado imobiliário a nova frente de financeirização eh
da moradia do ponto de vista do mercado corporativo é o aluguel e o aluguel de curta Temporada é um dos produtos Então se o que que a prefeitura faz a ao fazer um programa como requalifica abre uma frente para isso só que nós estamos vivendo na a pior crise Habitacional que essa cidade já conheceu na sua história a quantidade de pessoas morando na rua não só no centro é o sinal mais Evidente disso e quando você vai aumentando o valor dos imóveis para esse tipo de mercado você vai subindo os preços e vai tornando cada
vez mais difícil as pessoas que têm menos renda poderem morar então resumidamente é óbvio que o centro precisa de cuidado é óbvio que o centro precisa de políticas pro centro a discussão é que política que cuidado essa questão e a política essa requalifica assim como por exemplo ppp Campos Elísios que tá sendo tá sendo proposta pelo governo do estado qual é a lógica dela a as áreas aonde o porque o mercado ele entra comprando os imóveis das pessoas derrubando e fazendo uma torre no lugar é assim que tá entrando em tudo quanto é bairro da
cidade comprar um sobradinho outro outro outro outro derrubar tudo monta uma torre e vende os produtos dessa torre por várias razões nos Campos Elísios porque tem área Tombada porque é uma área muito antiga Então essas áreas muito antigas tem 550 milhões problemas de erança 150 herdeiros que tem que assinar uma escritura um herdeiro tá lá em Portugal o outro sumiu outro não sei o quê então é muito mais difícil pro mercado fazer essas operações de incorporação sozinho então é inacreditável O que que a política pública tem feito tentar dado uma ajudazinha pro mercado isso vem
desde o projeto Nova Luz do Cassab Que Era exatamente isso a prefeitura propria derruba limpa e tum entrega limpinho pro mercado sem gente sem construção sem nada pro mercado poder ali colocar os seus produtos a ppp Campos Elísios é nada mais nada menos do que a última versão desta mesma coisa qual que é a proposta pega a praça e princesa e Abel tudo que tá em volta cinco quadras que estão em volta se tem gente mor não tem gente morando se tem prédio se tá bom se tá ruim se as pessoas T PR on diao
não tem a menor importância o mais importante é derruba tudo arranca tudo tira tudo e entrega limpinho lindinho pro mercado poder produzir esses produtos é de uma perversidade porque pressupõe que cuidar do centro e transformar o centro é destruir o centro sendo que o centro é o lugar de maior qualidade arquitetônica e urbanística de São Paulo a gente tem muita edificação de qualidade a gente tem muito urbanismo de qualidade e isso tudo a perspectiva né é arrasar é terra arrasada para poder construir isso e Raquel as pessoas têm conseguido acessar esses apartamentos construídos via ppp
no centro ou fora dele as pessoas eh em situação de vulnerabilidade social que perderam sua suas casas ou por demolições de cortiços eh por situações variadas entraram estavam em ocupações e entraram eh se cadastraram para receber um um um imóvel como que tá sendo Então importantíssima essa essa questão eh eu tava comentando da tensão entre a transformação urbanística do centro em torno de uma ideia né da volta do seu glamur e a transformação urbanística do centro eh ofertando moradia para quem mais precisa como essa agenda da moradia para quem mais precisa ficou muito forte e
se colocou muito na resistência contra projetos gentrificadores então a uma das últimas versões desse processo de transformação que veio da iniciativa do Governo do Estado mas do município também foi a ppp municipal demor e ela foi feita tem uma ppp Municipal que aconteceu também na na região dos Campos eliz é diferente dessa ppp do centro administrativo e ela ocupou várias quadras aqui dos Campos Elísios eh uma ppp do Hospital Pérola byon e uma outra que é ppp Municipal de moradia onde moravam gentes morava precariamente em condições que necessit avam urgentemente ser transformadas certo muita gente
é essa essa ppp foi básicamente ofertada para quem trabalhava no centro e não morava no centro e para entrar na ppp você tem que pagar é um financiamento tem juros você tem que ser uma pessoa né que é capaz de assumir um crédito né tem que ter uma ficha para poder assumir um crédito então o que que aconteceu as pessoas que moravam ali cuja vida cujas pensões foram completamente curti foram destruídos para dar lugar a ppp não tiveram acesso a esses apartamentos aonde elas foram parar é inacreditável mas tem famílias que foram removidas dessas quadras
onde foi a ppp Municipal de moradia que tão hoje nas quadras que são objeto e ameaçadas de demolição e remoção pra ppp do Centro Administrativo numa espécie de transitoriedade precariedade permanente Então a gente tem uma política que é uma verdadeira máquina de produção de sem teto máquina de produção de gente encurtada e numa coisa perversa falou não não mas esse pessoal recebeu um voucher de auxílio aluguel tem mais de 20.000 pessoas com esse vouer de auxílio aluguel que que você faz com vouer de auxílio aluguel de R 400 você aluga o pior quarto do pior
curtiço ou da pior pensão ou o pior barraco da pior favela da cidade de São Paulo que tá indexada o valor básico de algan de São Paulo é indexado pelo voucher da bolsa aluguel isso não é política isso não é uma política pública de habitação então é a própria política pública produzindo e alimentando a precariedade Vamos agora para um rápido intervalo e a gente volta já já com mais um bloco do bdf [Música] [Música] entrevista Voltamos com mais um bloco do bdf entrevista tá conversando com a Raquel runck Raquel No primeiro bloco A gente falava
um pouco sobre as ppps sobre a situação de moradia no centro eh sobre os interesses eh que permeiam o centro de São Paulo e você trouxe rapidamente um pouco sobre a transferência da Sede Administrativa do governo estadual que deve sair do do Morumbi região aqui da zona sul de São Paulo para pro centro de São Paulo pro Campos elises eh eu queria que você falasse um pouco como você tá vendo esse projeto quais são serão os impactos dele aqui pro centro e como é que tá se dando a participação dos moradores da Região sobre esse
projeto bom Primeiro vamos começar a dividir essa conversa em dois pontos é muito positivo que a administração do Governo do Estado esteja no centro da cidade muito positivo porém a discussão é como que isso se dá de que forma isso se dá então em primeiro lugar a gente tem que considerar que metade da administração do Governo do Estado já está no centro no triângulo histórico sobretudo em volta da região do páo do colégio da cé tem muitos órgãos quer dizer que vai concentrar todos os órgãos em volta ali dos Campos Elíseos em Torres novas Torres
e vai esvaziar aqueles prédios que eles ocupam hoje ou seja nós vamos ter mais prédio vazio agora no centro porque concentrou porque são 22 órgãos do Governo do Estado que já estão no centro e que vão ter que sair de onde tão para ir para esse tal nova ppp Então essa é uma pergunta e não precisaria Você pode ter um espaço de concentração você pode trabalhar com a ainda do Governo do Estado pro centro sem necessariamente destruir um pedaço do campus Elísios para construir uma nova Então o que a gente percebe com isso que a
grande motivação não é exatamente a concentração do Governo do Estado isso é um é uma espécie de cortina de fumaça que você põe na frente a grande motivação é o negócio da ppp ou seja são os negócios que você movimenta a partir de uma parceria público-privada tanto é que toda a modelagem dessa ideia não foi absolutamente conversada nem discutida com ninguém nem com ninguém que mora lá nem com ninguém em lugar nenhum nem na prefeitura nem na Câmara Municipal não foi objeto de um plano né surgiu abriu o céu Caiu um plano urbanístico que não
foi aprovado na Câmara que não foi discutido que não foi feito nada sobre ele que já definiu que precisa arrasar cinco quadras dos Campos elisios para construir as torres ali será que esta é a melhor forma de instalar o governo do estado em vários prédios ali da região inclusive na próprio Campos elios é possível instalar sem fazer isso então eu acho que é absolutamente fundamental um processo público de debate a cidade não é casa da mãe Joana que vai o governo do estado vai lá e arrasa um pedaço inteiro inteiro de um bairro sem fazer
nenhum debate nem no campo institucional da câmara municipal da prefeitura nem pedir autorização nem conversar com ninguém que que é isso né não é possível fazer assim além do mais dentro dessa área dos Campos elizas a gente tem algumas veis zonas especiais de interesse social que exigem isso é a legislação de São Paulo que você em cada área onde tem as ZS qual que era a ideia a motivação das zis são locais que são habitados por população de baixa renda e que precisam de reestruturação Então são as favelas são as comunidades mas são também cortiços
e pensões que precisam de um projeto de transformação precisa de um projeto de transformação só que ele é discutido através de um conselho gestor de cada uma dessas eis onde participa quem mora participa o município participa os órgãos envolvidos se faz um debate público sobre qual que é a proposta e a partir daí se elabora um plano que absolutamente não foi o que aconteceu até esse momento com a ppp dos Campos Elísios a ppp dos Campos Elísios foi lançada como uma ideia ali um render jogado né que evidentemente teve um plano urbanístico que alguém fez
Sei lá onde que também não discutiu com ninguém foi objeto de um concurso de arquitetura mas bem esquisito porque é um concurso aonde o plano urbanístico já tava definido que era esse então é um pouco para ver qual que é a cara o resultado ganhador do concurso né produziu uma coisa que é exatamente igual o plano urbanístico óbvio né não tem não tem diferenças em relação a ele né e nada disso foi objeto de debate pelo contrário quando tudo isso foi lançado acho que aí teve muitas manifestações de adores ali que moram naquele naquela região
e que estão absolutamente indignados né de serem desapropriados quando poderia ter soluções que não necessariamente os desapropriar né Acho que essa também é uma uma discussão muito importante e a prefeitura inclusive ela tá cedendo terrenos áreas para pro Governo do Estado né o governo do estado demandou a área porque tem um ter de ônibus ali que que vai acontecer com esse terminal para onde que ele vai um terminal importante da Cidade quando eu falei que a o o o centro virou um grande terminal intermodal ali é uma das regiões super importantes de terminal que que
vai acontecer nada foi apresentado nada foi colocado nada né então assim como é que a cidade Pode admitir um projeto que seja assim sem nenhum tipo de debate nem consideração são dos atingidos então tem atingidos que são usuários do transporte coletivo tem atingidos que são moradores da área proprietários da área tem atingidos que somos nós moradores da cidade de São Paulo e que temos zelo por uma área que faz parte da nossa história e da nossa memória e queremos participar do processo de definição de como isso como esta área vai se transformar que evidentemente é
absolutamente necessário que se se transforme Uhum é voltando um pouco na no começo da entrevista né que a gente falava um pouco sobre se requalifica centro que é esse projeto da prefeitura E agora esse projeto do Governo do Estado me parece que é tudo muito orquestrado entre os dois órgãos né Município e Estado de São Paulo me parece que talvez essa falta de posição da prefeitura com relação a a essa transferência da sede enfim tá tá servindo a esse interesse também desse requalifica centro por exemplo enfim que sim porque eu acho que tem um alinhamento
em termos de visão urbanística que é a seguinte o mais importante é promover negócio isso é o mais importante de tudo o cuidado a vida a qualidade do lugar onde a gente vive isso aí não tem a menor relevância então Imagino que tem um alinhamento que vai nesse sentido eu queria voltar a um pouco agora pra questão Municipal eh porque o prefeito Ricardo Nunes sancionou recentemente a a revisão da revisão da Lei de zoneamento né vetou Acho que 18 pontos sendo que muitos deles eh foram questionado por associações de bairros aqui de São Paulo e
eu vou até ler aqui a sigla que não são siglas que a gente tá acostumado a a usar no nosso cotidiano né e elas essas associações reclamavam por exemplo de que zonas exclusivas para residências se tornariam zonas e de estruturação Urbana então permitindo construção de prédios sem limite de tamanho por exemplo e nessas áreas de de construção de de de casa nessas áreas residenciais né E aí eu queria que você falasse um pouco pra gente explicasse um pouco pra gente a importância dessa lei de zoneamento e o que como é que você vê esse dessa
como como se deu essa revisão na Câmara dos Vereadores Qual que é a sua posição sim nossa isso é uma questão complexa que também tem uma história né Eh a história do zoneamento na cidade de São Paulo Escrevi até um livro sobre isso chama cidade ai é uma história que historicamente protegeu e reservou os melhores lugares da cidade pros produtos imobiliários de média de alta renda essa é a história e uma parte dessa história tem a ver com o zoneamento das áreas exclusivamente residenciais que que são essas ZS na história do zoneamento elas são as
antigas zona um Z1 lá dos anos 70 que que era essa Z1 são bairros residenciais de altíssima renda como você sabe que o zoneamento é um bairro Residencial de altíssima renda são bairros aonde tamanho mínimo de terreno A 500 m qu só pode ter uma moradia em cima dele só Pode ocupar metade com essa moradia a outra metade tem que ser Jardim e área verde só pode construir uma vez área de terreno Ou seja é uma área destinada para mansões e isso correspondeu na história da cidade a presença de bairros da Elite de São Paulo
Jardim Europa o paqu bu Sumaré Morumbi São bairros que têm essas características né e a os moradores desses bairros historicamente muito organizados e com muito poder político souberam defender a sua continuidade até porque eles acabaram ficando uma espécie de Ilha Verde no meio de um mar de prédio Porque todo o resto foi sendo aberto para uma construção ilimitada com altura máxima e o mercado imobiliário sempre cobiçou esses locais então a o fato eh o fato de do conjunto né de liberos geral que a câmara municipal fez na revisão do zoneamento tecio vetado pelo prefeito as
ZR as antigas Z1 mostra né a continuidade do Poder de organização desses moradores desses bairros por outro lado mostra a fragilidade de todo o resto porque os bairros populares de sobradinhos que viraram verticais Pode ser na maior pirambeira pode ser ser junto a uma área de proteção pode ser uma antiga área vegetada Esse foi passando tudo por cima toda a discussão da revisão do plano diretor porque as zonas de estruturação Urbana as zus são as áreas aonde você pode construir mais vezes a área do terreno você pode reproduzir o terreno em altura mais vezes isso
é que são as zos e em tese na ideia inicial do plano é em 2014 quando ele foi votado era vamos concentrar esses potenciais perto do metrô perto do trem perto de onde tem corredor de ônibus de alta capacidade para mais gente morar perto do metrô do trem etc uma ideia super legal então vamos fazer lugares densos sem garagem que os usuários do transporte coletivo vão poder morar ali essa era a ideia só que essa ideia caiu exatamente numa num processo de financiera da produção da moradia na cidade que é um processo de que cada
vez mais a produção Imobiliária da cidade é feita pensando num capital excedente concentrado capaz e precisando se investir em alguma coisa segura e que dê rentabilidade no longo prazo e isso é tipicamente tijolo espaço construído não esperando remuneração imediata então o que que acabou acontecendo junto a esses eixos foi uma produção Imobiliária muito grande enorme porque eles conseguiram um umas pegadinhas para poder fazer garagem mas não necessariamente uma produção imobiliária que atendeu a população usuário de transporte coletivo que não tem car que tem menor renda Então e o mercado depois de fazer isso falou não
gente vamos ampliar só em volta do metrô não vamos crescer mais ainda e a revisão do plano diretor foi isso foi crescer mais ainda o lugar aonde você faz esses potenciais de áa construída não importa o que não importa para quem né na verdade eh o que tá sendo produzido na cidade e é isso que eu coloco o tempo inteiro nós temos um recorde de unidades residenciais produzidas e ao mesmo tempo a maior crise de moradia da história da cidade é isso que tá acontecendo e agora a gente entrando nesse período eleitoral esses esses interesses
estão todos colocados em jogo né a próxima pessoa que entrar aí na na prefeitura eh como é que você como é que você acha que precisa entrar como é que se dará esse di me parece eu eu acompanho a política urbana da cidade de São Paulo H mais de 40 anos ativamente pesquisando e atuando e participando do debate público Eu nunca vi uma câmara municipal e uma situação como essa que nós temos na cidade de São Paulo no dia de hoje com controle total e hegemonia de uma visão da cidade pros negócios e sem espaço
pra negociação e sem espaço para que outras questões né outros interesses outras agendas também possam acontecer então eu espero muito muito que a gente possa renovar evidentemente a gestão mas renovar a câmara municipal e poder e assim restabelecer uma espécie de dignidade básica na Câmara Municipal aonde os projetos sejam pelo menos lidos e entendidos pelos vereadores antes de votar eu acho que assim tem uma coisa básica que precisa acontecer de mudança e que é absolutamente necessário nessa cidade quando você revisa o plano diretor imediatamente você revisa o zoneamento e agora acabou de fazer a revisão
da revisão então não tem sentido isso tem que questionar e nós vamos ter que repensar né Nós temos que repensar não pode ser assim tudo bem existe interesse do setor imobiliário de produzir espaço construído esse interesse é legítimo mas não pode ser o único interesse que tem espaço tem que ter também espaço para outras questões e outras considerações ainda mais agora no momento de crise climática esse modelo de cidade que a gente tem já era vamos sucumbir as temperaturas altas a as enchentes isso tem a ver com o modelo de cidade que temos nós temos
que repensar o modelo de cidade então tá na hora de romper com esse paradigma a gente vai para um rápido intervalo e volta já [Música] [Música] já voltamos com o último bloco do bdf entrevista conversando hoje com Raquel Roni arquiteta e urbanista eh coordenadora do leb cidade e professora titular também da faculdade de arquitetura e urbanismo da USP e prefeita do campus Butantã prefeita do campus Butantã tem que lembrar isso isso consome bastante do meu tempo e da energia Raquel a gente acabava aí o segundo bloco falando um pouco sobre eh um um plano de
cidade que precisa ser repensado também colocando em Pauta as mudanças climáticas né a gente tem visto ondas de calor cada vez mais longas e cada vez mais repetitivas aqui em São Paulo e todo ano uma coisa que já tá até chega a ser até banalizada já as enchentes os desmoronamentos as pessoas perdendo suas casas eh a Prefeitura de São Paulo em 2023 deixou de investir 413 milhões deais num plano de prevenção de desastres aqui em São Paulo é dado do Portal da Transparência eh eu queria que você falasse um pouco sobre a urgência da gente
pensar uma cidade eh colocando em eh em questão a as mudanças climáticas e falar um pouco de que população essa que tá sendo penalizada eh com com essa falta de olhar para esse ponto eu acho que nós temos que pensar nessa questão em duas escalas ou dois níveis o uma coisa é o passivo né quem hoje tá numa situação de precariedade e vulnerabilidade porque já foi construída a cidade de uma certa maneira o passivo ambiental e de risco que de exposição ao risco de Enchente ou desmoronamento que nós temos na cidade e que precisa de
plano de redução de risco de plano de intervenção em várias escalas e que é uma coisa enorme outra coisa é um modelo de cidade que temos porque veja né a gente que vive em São Paulo a nossa experiência nas chuvas de verão é eh basicamente Quando começa enchente É também um colapso do trânsito por quê Porque todo o nosso sistema viário principal estrutural foi construído em cima de Rio tampado né Na hora que os rios saem das suas calhas né porque se concentram muito mais água e o sistema de canalização não dá conta é o
sistema de circulação que também entra em colapso Então o que tá em questão na verdade hoje é a relação do rio com a cidade é da cidade com a sua topografia é os aterros os cortes que foram feitos que não podi ser feitos então Claro falou gente mas já tá feito sim uma coisa é o que tá feito outra coisa é o que virá Então aí tem uma dimensão muito importante por isso que entra a discussão do plano diretor é o fim da picada você fazer um plano diretor que vai falar do Futuro baseado nas
ideias que produziram o colapso ambiental que nós temos hoje então a ideia do Futuro era modelar uma possibilidade diferente e mesmo nos pedaços da cidade que ainda não tem uma infraestrutura plena nas periferias da cidade já pensar em estruturá-las de outra forma não ali também canalização asfalto tamponamento de Rio Oi quer dizer nós estamos reproduzindo esses modelos então não se trata apenas de investimentos na redução de riscos e vulnerabilidade fundamentais mas insuficientes mas também de pensar o futuro como será a nossa cidade nos próximos anos pra gente evitar que esse colapso seja cada vez maior
e a E aí eu queria que você desse algumas ideias então de como o que que a gente precisaria colocar por exemplo o próximo gestor aí da cidade de São Paulo poderia pensar em colocar em prática para eh mudar essa esse paradigma mesmo de cidade de construir uma cidade que vá gerar novamente eh tantos desastres e aumentar ainda mais a o aquecimento global e potencializar as mudanças climáticas eu vou dar o exemplo de dois projetos que estão em debate hoje Ness de São Paulo de novos projetos grandes de novas infraestruturas grandes né uma que é
um projeto totalmente absurdo Nesse contexto de estender a Marginal de Pinheiros como vi expressa sobre o parque Jurubatuba versus transformar essa região da Jurubatuba num parque de absorção de chuva de Esponja que consiga eh reduzir essa vulnerabilidade preench gente é um absurdo neste momento a gente repetir na região de Ubatuba o erro que foi feito nas demais marginais não podemos acabar com as marginais hoje mas pelo menos podemos não continuar fazendo a mesma coisa no caso do Parque Jurubatuba então um exemplo muito concreto um outro exemplo esse mais numa área Central no bexiga Bela Vista
é toda a luta e toda a disputa em torno da de metrô saracura ali a disputa não é apenas na eh digamos a forma como o metrô entra nesse ba a gente defende que tem que ter metrô que é muito legal né Mas qual é o efeito e o impacto do metrô na transformação da área em torno de forma a perder aquilo que caracteriza de uma forma muito forte que hoje tem uma luta importante para afirmar que é o bexiga Como um território negro um bairro negro bexiga Como Quilombo né Quilombo na história do Quilombo
saracura que é exatamente nessa Estação e por isso que a estação tá lutando para se chamar saracura vai vai uma das primeiras escolas de samba que foi removida n al do lugar para poder dar lugar à estação essa Estação histórica precisa contar essa história essa luta importante Mas quais são os mecanismos que a cidade vai usar para que vindo o metrô a população negra que vive no bexiga que é um dos bairros negros de São Paulo permaneça e não seja expulsa Eu acho que isso também é uma discussão que tem a ver como você atualizar
né as formas de pensar a relação eh das infraestruturas com a cidade o outro exemplo muito concreto que tá em debate os Jurubatuba na zona sul vou dar um exemplo na zona oeste né a proposta que tá sendo feita em relação à Rodovia Raposo Tavares a Rodovia Raposo Tavares repensar a Rodovia Raposo Tavares que é um absurdo uma Rodovia dentro de um local totalmente urbanizado cheio de gente morando uma oportunidade incrível pra gente pensar um modal de alta capacidade um trem um VLT que não precise trazer tanto a quem aguenta ficar no congestionamento da Raposo
para sair e voltar pra cidade em vez de pensar um modal pensar uma conexão deste lugar e usar esse modal para repensar como a circulação melhor a qualidade dos bairros em torno e não piora não aí tem uma proposta de construir mais uma pista para ser uma Rodovia maior ainda expressa gente completamente absurdo um projeto do século XX sem vigência nenhuma pro século XX não é à toa que os moradores as associações dos bairros da Zona Oeste tão emp polvorosa Contra esse projeto um outro projeto muito melhor é possível e necessário Então acho que são
dois exemplos concretos de coisas que estão na pauta discussão da cidade que são estruturais e que mostra caminhos outros caminhos que a gente tem para ir gente esquece a gente nunca vai conseguir 40 milhões de pessoas não é 40 milhões vai 20 milhões da região metropolitana de São Paulo circular por carro e moto não vai não dá não cabe é matemática a gente aprendeu lá lá no ensino fundamental um você faz a conta quanto que espaço que ocupa um carro que espaço tem na rua matemática da primeira segunda série do primeiro grau não cabe não
dá ou a gente vai trabalhar transporte coletivo de massa com essa melhor oferta e muito mais descentralização da cidade ou não tem como ir adiante Então tá na hora de acordar e fazer isso e não pode ser o elemento mais importante mais fundamental de uma política Urbana seja asfaltar a cidade asfalto asfalto é a cadeia do petróleo petróleo é o maior emissor de gás de efeito estufa é o pior destruidor da atmosfera nós vamos ter que abandonar o petróleo nós vamos ter que abandonar o asfalto e é nisso que a gente tem que tá investindo
desde já é só uma questão importante que você colocou do da da mobilidade urbana aqui em São Paulo né Eh a gente tá fazendo trabalhando também essa questão aqui no Brasil de Fato e a prefeitura passou um dado interessante assim né para conectar com o que a gente tá conversando eh a a gestão eh Nunes Covas Covas Nunes tinha prometido 300 km a mais construídos de ciclovias ciclofaixas na cidade e eles mesmos passaram aqui para mim que entregaram 49 a gente tá em agosto e corredor de ônibus e corredor de ônibus também então assim eh
passa por mudar também essa lógica da mobilidade urbana aqui em São Paulo com certeza eu tava brincando aqui dizendo ah lembro que eu sou prefeita mas acho que como prefeita ali do Campos eu tô vivendo os desafios e as dificuldades da gestão também né do território claro que em outra escala E no caso do campus né Eh 70% dos Estudantes de de graduação usam e dependem do transporte coletivo para poder chegar eh no Campus né e 60% da de toda a população do campus incluindo funcionários docentes todos né 60% eh depende desse modal com ônibus
não dá não dá é impossível você fazer chegar esses números nós somos 70.000 pessoas né Nós temos que ter uma estação de metrô no Campus ou ou temos uma estação de metrô no Campus ou temos uma estação de metrô no Campus para poder conseguir acessar isso com qualidade esse número você não consegue você não consegue atender com ônibus Então veja eu tô eu tô colocando concretamente a circulação interna lá dentro nós temos temos uma ciclovia maravilhosa né 30 km de ciclovia dentro do campus para você circular lá dentro é possível mas você precisa chegar lá
né então a bicicleta e o pé é super bem-vindo aliás tem que melhorar muito as suas condições de circulação para pedestres mais sombra mais conforto mais bebedor está aparecendo muito no nosso debate do nosso plano diretor ali do campus Mas tem uma questão que ou é transporte coletivo de massa ou ou é transporte coletivo de massa então corredores de ônibus melhora muito sim mas nem sempre em todas as situações você consegue fazer esses corredores eh a gente falou um pouco de moradia agora de mobilidade eu queria que você trouxesse também mais eh outros Desafios que
estão colocados aí pros próximos gestores que devem entrar com a nova eleição Agora sim acho que Sem dúvida nenhuma moradia e mobilidade são elementos assim muito centrais mas eu acho que nós temos que pensar também a própria questão do centro né como que a gente pode transformar o centro sem destruir transformar o centro de uma forma inclusiva transformar o centro de forma que a gente tenha assim através do eixo cuidado né cuidado com as pessoas cuidado com as ruas cuidado com as árvores cuidado com as edificações como um eixo importante eu acho que isso é
uma questão muito importante muito cara né pr pra cidade de São Paulo acho que isso é um grande tema para nós né eu acho que eh é um desafio para PR pr pra gestão como um todo mas eu acho que o nosso maior desafio é Um Desafio de natureza política mesmo né Eu acho que tá mais do que na hora de eh a gente repensar a nossa representação política e conseguir ter uma representação política que consiga não tá estruturada apenas em torno dos negócios Eh que que não seja umaes ação política baseada na sua própria
reprodução dos seus mandatos como elemento Central Enfim acho que tem uma grande questão né e eu vejo que tem eh candidatos e candidatas hoje nessa eleição muito interessantes que trazem uma história muito interessante eh e que tá na hora da gente ver se consegue fazer essa renovação acho que sem essa renovação é muito muito difícil a gente transformar essa cidade não acredita em Bala de Prata não acredita em urbanismo mágico com varinha de condão um urbanismo que produz uma transformação não dá para você fazer urbanismo que produz a transformação de cima para baixo sem diálogo
sem entender a complexidade dos processos que excluem e sem pensar sempre de forma associada com as políticas siis com as outras políticas que são capazes de alavancar aquela mudança e a participação social né a participação das pessoas sobre os planos né ess e participação não é essa pantomima de participação faz audiência públ teve 95 audiências públicas Nossa foi super participativo né mas na verdade não foi de verdade então acho que a gente também tem que questionar profundamente que a participação virou um ato burocrático administrativo para prestar contas para dizer que teve totalmente esvaziado de poder
real de poder transformar as coisas de diálogo real com as pessoas Acho que isso também é uma lição que nós vamos ter que superar a gente encerra aqui o bdf entrevista com a Raquel ronique arquiteta e urbanista Raquel muito obrigada pela sua participação por ter essa conversa hoje Eu que agradeço muito obrigada E a gente fica por aqui você pode acompanhar o bdf entrevista ao vivo na TVT Todas as terças às 9:15 da noite o programa também fica disponível nos canais do YouTube do Brasil de fato e da rede TVT E você também pode escutar
o programa em formato de Podcast nos seus tocadores de áudio preferidos muito obrigada e até a próxima k [Música]