CONSERVADORISMO, RUPTURAS E NOVAS CONFIGURAÇÕES DE FAMÍLIA | Belinda Mandelbaum

eu acho que é a primeira questão a gente considerar quando a gente se pergunta sobre o que é família eu acho que é considerar que família é uma instituição social [Música] pode parecer óbvio mas não é porque durante muito tempo é é até praticamente finais do século 19 se considerou que a família é uma instituição natural ou de que ela seria uma espécie de representação na terra de uma expressão de uma vontade divina né então que ela teria portanto uma é um modo de seehofer modo de configuração que seria natural e seria eterno e que

não seriam os homens que poderiam é transformá-la ela queria um modelo vamos dizer assim mais ideal que precisaria ser seguido e o que não fosse aquele modelo seriam aberrações da natureza ou transgressões dessa ordem divina mas é estudos que foram feitos no campo da antropologia das ciências sociais da democracia demografia dos estudos culturais a partir do final do século 19 foram evidenciando que a família é uma instituição social e portanto ela é histórica isso quer dizer que ela muda no tempo ela se transforma no tempo de acordo com as transformações sociais com as transformações econômicas

com as transformações da própria composição das populações e ela também muda no espaço é diferente em diferentes formas de sociedade em diferentes lugares do mundo não é de acordo principalmente com as condições como disse econômicas ou geográficas ou a distribuição entre o número de homens e mulheres em cada em cada sociedade né e ocorre que essas com essa concepção de família né que havia como uma entidade natural e eterna né ela não ficou só lá no século 19 né é de alguma maneira está presente em certos setores da nossa sociedade ou talvez pra gente dizer

melhor ela está latente de alguma maneira é mesmo no século 21 apesar de todas as transformações apesar de todos esses estudos dessas evidências da diversidade de arranjos familiares pelo mundo nós ainda temos né é convivendo na nossa sociedade e até na nossa própria mentalidade o mas um certo modelo ideal do que seja a família que certos momentos né de ascensão por exemplo como nós estamos vivendo de ondas mais conservadoras digamos assim né parece que ganha um certo de está aqui uma certa força né a ponto de por exemplo né nós recentemente nós tivemos aí né

uma proposta no nosso congresso nacional o estatuto da família né que procurou não é um estatuto que procura legisla sobre o que é família no brasil e ela volta diz e esse estatuto volta dizer que família é aquele arranjo né e é de pessoas composto por pai mãe né um casal heterossexual e os seus filhos ou eventualmente um dos pais o pai ou a mãe e os seus filhos bom os dados demográficos o censo demográfico brasileiro já desde 2006 mostra que esse arranjo familiar nem metade das famílias brasileiras não é é é a uma enorme

diversidade no brasil né que é feita de famílias estendidas ou seja famílias que incluem os avós e outros parentes agregados não é que é feito de famílias monoparentais uma enorme proporção de famílias parentais chefiadas por mulheres de arranjos que incluem às vezes amigos não é hoje a gente tem uma discussão importante sobre a questão da união homoafetiva no então é todos esses arranjos que totalizam fora desse estatuto proposto né que passou pela câmara dos deputados uma comissão especial que que redigiu e depois parou no senado não houve uma muita pressão social ou movimentos sociais em

torno disso né de alguma maneira é deixa de fora milhões de brasileiros e é claro que isso é uma questão muito importante porque definindo que a família definir também quais são as famílias que estão sob a proteção do estado em diversas áreas na área da saúde e da assistência social da habitação etc então implica também em deixar desprotegida uma parcela imensa da sociedade brasileira né por isso a questão do debate do que é família é um debate é fundamental e eu acho que um outro ponto importante para levar em consideração nesse debate é que cada

vez mais ao longo do século 20 né a questão do desejo de cada um de nós né na constituição das suas relações afetivas né ganhou uma certa primazia em relação a modelos mais tradicionais né de cunho eventualmente religioso ou baseados vamos ser assim valores do tipo patriarcal ainda estão presentes na nossa sociedade né mas eles de alguma maneira foram questionados por uma proposta que dá uma certa primazia ao desejo individual aos afectos às relações de afeto que de alguma maneira então é contribuíram para ampliar essa pluralidade de diversidade de famílias né a de alguma maneira

o aumento do índice de separações divórcios recasamentos e etc então é eu acho que tudo isso faz com que quando a gente pergunta o que é família né hoje talvez a gente tem que levar muito em consideração que cada um considera que a sua família e que podem ser os arranjos mais variados baseados ou não em relações de sangue por exemplo gostou desse vídeo então aproveite porque tem muita coisa boa de esperando aqui inscreva se [Música]