Minha filha de 16 anos, toda rebelde, gritou na minha cara. Eu queria que você estivesse morto. O namorado novo da mamãe é meu pai de verdade.
Eu só olhei para ela, respirei fundo e respondi bem calmo: "Anotado, querida? Então, acho que é hora de eu começar a agir como morto. " Três dias depois, ela estava desesperada, implorando para eu voltar ao normal.
Tenho 44 anos. Sou pai solo desde que me separei da minha ex Melissa há 8 anos. Nossa filha Amanda, foi criada praticamente só por mim.
A mãe dela largou tudo e foi viver do outro lado do país, seguindo aquele velho papo de realizar um sonho. Vê a filha no máximo duas vezes por ano. Semana passada, tudo desabou.
Amanda começou a namorar um moleque chamado Jason, de 17 anos. E olha, eu não aprovo. O garoto tem ficha na polícia por furto, falta na escola toda hora, dirige como se tivesse sete vidas e ainda trata minha filha como lixo.
Sexta passada, ela queria ir numa festa na casa de uns conhecidos com ele. Eu disse que não, que não ia permitir, coisa de pai preocupado, certo? Pois bem, ela simplesmente surtou, começou a gritar que eu estava destruindo a vida dela, que eu não entendia ela, aquelas cenas clássicas de adolescente revoltada.
Foi aí que ela lançou a bomba. Queria que você estivesse morto. Pelo menos o namorado da mamãe é mais pai para mim do que você jamais foi.
Mal posso esperar para fazer 18 anos e ir morar com eles. Eu só olhei para ela. Não gritei, não discuti, só falei: "Anotado, querida?
" Ela subiu pro quarto, provavelmente esperando que eu fosse atrás, como sempre fiz. Mas sabe, alguma coisa dentro de mim simplesmente desligou. Não foi raiva, foi tipo um clique.
Se ela quer que eu esteja morto, então beleza. Eu ia ser exatamente isso para ela. No sábado de manhã, comecei meu papel de morto.
Mortos não fazem café da manhã, então ela que se virasse. Mortos não dão carona, então ela que pegasse ônibus. Mortos não dão dinheiro.
Então, quando ela pediu grana pro almoço, eu simplesmente olhei através dela, como se nem existisse. Ah, e mortos, com certeza não pagam plano de internet, Spotify ou Netflix. No começo, ela achou que era piada.
Tentou de tudo para me provocar. Pai, isso é ridículo. Pai, para com isso, pai.
Segui meu dia normalmente, como se ela fosse invisível. Fiz jantar só para mim. Assisti TV sozinho e quando ela falava, nem olhava na direção dela.
Hoje de manhã, meu celular começou a pipocar de ligações da Melissa. Descobri que Amanda ligou chorando do telefone fixo. Mas bem, mortos não atendem telefone, né?
Será que isso é mesquinharia? Talvez. Mas sinceramente cansei de ser o único que se importa para no fim ouvir que não sou bom o bastante.
Para quem tá se perguntando, sim, ela tá comendo. Tem comida na geladeira. Só não tem babá, cozinheiro e nem motorista.
Hoje ela tentou me quebrar trazendo Jason aqui em casa. Acredito que ela achou que eu ia ser obrigado a reagir por educação. Que nada.
Passei pelos dois na sala, fui até a cozinha, fiz um sanduíche e voltei para meu escritório. Dava para ouvir ela explicando pro Jason que eu estava sendo psicopata e que estava ignorando ela sem motivo. O moleque, sem noção nenhuma, teve a cara de pau de bater na porta do meu escritório e falar que eu estava sendo infantil.
Nem levantei a cabeça do notebook. Aí ficou interessante. A Melissa ligou paraa minha irmã, a Stephanie, para tentar me convencer a parar com isso.
Mas a Stephanie sabe exatamente quem é quem nessa história. Ela tem sido meu porto seguro desde que a Melissa resolveu largar tudo e sumir, brincando de mãe zona legal duas vezes por ano. Stephanie entrou na minha casa, olhou pra Amanda jogada no sofá toda acabada e soltou na lata.
Ué, que cara é essa? Achei que você ia estar feliz agora que seu pai tá morto para você. Amanda caiu no choro.
Tia Stephanie, faz ele parar. E a Stephanie de braços cruzados. Parar quem?
Eu não vejo ninguém te fazendo nada. Amanda subiu pro quarto, se trancou e a Stephanie me deu um baita high five e falou que estava orgulhosa por eu finalmente me impor. Sentamos, eu com meu café, ela com uma taça de vinho e ela me contou que a Melissa tá surtando.
Thago, o namorado dela que viu Amanda três vezes na vida, tá dizendo que eu tô abusando emocionalmente dela e que eles estão analisando opções. Stephanie só respondeu para Melissa. Talvez seja a hora de você parar de terceirizar a maternidade e começar a ser mãe de verdade ao invés de deixar seu namorado brincar de paizinho.
O melhor, hoje o celular da Amanda foi cortado. É simples. A conta tá no meu nome.
Mortos não autorizam pagamentos. E quando o débito automático falhou, eu só cancelei. Ela teve que ligar pra amiga Rebeca no telefone fixo e lá estava ela reclamando da minha insanidade, dizendo que não foi bem isso que quis dizer quando desejou que eu estivesse morto.
Querida, agora é tarde demais. Atualização. A audácia dessa garota não tem limite.
Hoje ela perdeu o ônibus. Sabe por quê? Por que tá acostumada com o finado aqui acordando ela?
Ela desceu às escadas às 8:45. A escola começa às 8:15. Me encontrou sentado na cozinha, tomando meu café e lendo as notícias no tablet.
"Pai, por que você não me acordou? " "Tô atrasada", gritou. Silêncio total.
Nem olhei para ela. Ela começou a se desesperar. Isso não tem graça.
Eu tenho prova de química hoje, continuou agitada. Se colocou na minha frente, balançando as mãos, tentando chamar minha atenção. Só deslizei o tablet para lado e continuei lendo, sem dizer uma palavra.
Furiosa, ela subiu correndo e minutos depois ouvi ela ligando pra mãe usando o telefone fixo. Uns 20 minutos depois, ela desceu chorando. A mamãe disse que se você não me levar pra escola agora, ela vai ligar pro advogado.
Disparou, tentando me intimidar. Quase ri. A mesma mãe que não paga pensão há do anos.
Mas beleza, chama o advogado. Resultado, Amanda teve que ir andando pra escola. É perto, coisa de uns 2 km, num bairro super seguro.
Fiquei na janela vendo ela sair, arrastando a mochila, provavelmente me xingando mentalmente. Por volta do meio-dia, a escola ligou. Não atendi, mas deixaram um recado.
Amanda tentou comprar o almoço, mas a conta dela tava zerada. Eu sempre coloco o crédito toda segunda. A moça da cantina deixou ela pegar o almoço, mas avisou que precisa colocar saldo.
Aí o circo pegou o fogo de vez. Melissa, minha ex, pegou um voo e apareceu aqui às 3 da tarde, acompanhada do tal Thaago. A cena parecia piada.
Ele, com boné virado para trás, calça de grife tentando parecer mais jovem do que seus 38 anos. E ela, visivelmente mais magra, cheia de procedimentos no rosto, usando roupa que parecia roubada do guarda-roupa da Amanda. Brian, abre essa porta agora.
A gente precisa conversar sobre o que você tá fazendo com a nossa filha, berrava Melissa. Eu sentado no sofá, bem visível pela janela, só foliando um livro. Thago começou a esmurrar a porta.
Seja homem, cara. Vem falar com a gente. Virei a página.
Ficaram lá fora uns 45 minutos. Melissa variava entre gritar, implorar e ameaçar. Tiago foi de Machão a tentar espiar pela janela até sugerir chamar a polícia.
Quando Amanda chegou da escola, andando de novo, deu de cara com os dois na varanda. A cara dela era impagável, como se não acreditasse que a mãe realmente tinha vindo. "Mãe, o que você tá fazendo aqui?
", perguntou sem entender nada. Filha, eu vim resolver isso. Seu pai perdeu a cabeça.
A gente vai ficar no hotel até resolver tudo respondeu Melissa, puxando Amanda. Ela olhou para mim pela janela, com aquele olhar de quem implora para eu fazer alguma coisa. Pai, por favor, me desculpa, eu não queria dizer aquilo.
Chorou. Segui lendo como se ninguém estivesse lá. Melissa apertou o braço dela.
Vem, filha, faz amá-la. Você vai ficar comigo até seu pai parar com essa palhaçada. Mas tinha um detalhe.
Amanda não contou pra mamãezinha que tá incondicional acadêmica, quase sendo expulsa por faltar demais e sumir com aquele tal de Jason. Se faltar mais um dia sem motivo, já era. Amanda tentou explicar, mas Melissa ignorou, dizendo: "A gente resolve isso".
O Thaago conhece gente no conselho da escola. Tiago, que viu Amanda só três vezes na vida, balançava a cabeça como se fosse verdade. Então levaram ela.
Ela olhou para trás na esperança que eu impedisse. Mas não dessa vez. Mais tarde, minha irmã Stephanie chegou comida chinesa e vinho, olhou para mim e falou: "Eles não aguentam dois dias num hotel" e riu.
Melissa não dá conta nem de um fim de semana, imagina tempo integral. E ela errou. Não duraram dois dias, duraram exatas 16 horas.
Às 7:30 da manhã seguinte, Amanda apareceu com Melissa e o namorado na porta. Eu tava obviamente fazendo café da manhã para mim. Dessa vez nem bateram.
Melissa ainda tinha uma chave reserva e entrou como se fosse dona da casa. Brian, isso acaba agora. Amanda tem algo para te dizer, anunciou Melissa.
Amanda tava um caco. Olheira funda, cabelo todo bagunçado. Pai, me desculpa.
Eu não queria dizer aquilo. Por favor, volta ao normal, pediu com a voz embargada. Coloquei meu prato na mesa com ovos e bacon e comecei a comer em silêncio.
Thago deu um passo à frente. Escuta aqui, parceiro. Tentou, mas Amanda explodiu.
E não foi comigo. Cala a boca, Thaago. Você nem me conhece.
Para de fingir que é meu pai", gritou tremendo. O silêncio tomou conta. Só se ouvia o barulho do meu garfo batendo no prato.
O rosto da Melissa ficou roxo de raiva. Amanda, peça desculpas pro Thago agora. Ele veio até aqui por você.
Eu não ligo. Amanda disparou em prantos. Você me arrastou para aquele hotel nojento, onde vocês brigaram a noite inteira.
Você nem sabe que matérias eu tenho. Nem sabia que eu tinha prova de química. Nem sabia que tô incondicional na escola.
Vocês não sabem de nada. se virou para mim soluçando. O papai sabe, o papai sabe que eu odeio picles no meu lanche.
Sabe que meu café tem que ter exatamente dois cremes. Sabe que eu fico em pânico quando tem tempestade. Sabe que minha série favorita é The Office, mesmo eu dizendo para todo mundo que é euforia.
Meu pai me conhece. Mas eu disse para ele que queria que ele estivesse morto. Disse que o Tiago era meu verdadeiro pai.
A voz da Amanda se quebrou. E agora? Ele nem consegue olhar na minha cara.
Melissa tentou se meter. Filha, a gente pode resolver isso? Não.
Amanda cortou fria. Você foi embora. me deixou quando eu tinha 8 anos.
Liga quando lembra e só manda dinheiro no meu aniversário quando não esquece. Ano passado chegou duas semanas atrasado. Então ela puxou um pedaço de papel todo amassado do bolso.
Parece que ela tinha escrito uma carta lá no hotel. A letra tremida, quase ilegível. Pai, eu sei que provavelmente você nem vai ler isso porque pessoas mortas não leem.
Mas eu preciso que você saiba. Me desculpa. Me desculpa de verdade.
Eu tava com raiva por causa do Jason e da festa e acabei falando a pior coisa que eu podia. Mas eu não queria. Eu não quis dizer isso.
Você não é perfeito. Você é rígido. Se preocupa demais e ainda corta as bordas do meu sanduíche, mesmo quando eu já te falei mil vezes que não sou mais uma criança de 5 anos.
Mas sabe, você sempre esteve aqui. Sempre. Quando eu fiquei menstruada pela primeira vez e morri de vergonha de comprar absorvente, você apareceu com uns 10 tipos diferentes de chocolate.
Lembra? Quando eu reprovei na prova de direção, você só disse que tava tudo bem e me levou para tomar sorvete. E quando Jason foi um idiota comigo no mês passado, você não jogou na minha cara, só me deixou chorar e fez macarrão com queijo para mim às 11 da noite.
Me desculpa por ter dito que o Thiago era meu verdadeiro pai. Ele nem sabe qual sério eu tô. Quando descobriu, me deu um vale presente da Justice.
Sério? Justice, eu tenho 16 anos. Por favor, por favor, não fica mais morto para mim, por favor.
Ela colocou a carta bem ali do lado do meu prato. Melissa ficou sem saber o que dizer. Amanda, eu eu tô construindo uma vida para nós duas.
Amanda riu, mas aquela risada amarga cheia de raiva para nós. Jura? Não, você tá construindo uma vida para você lá no seu condomínio perfeito, onde criança só pode visitar duas semanas por vez.
E sim, o pai me contou das suas regrinhas de condomínio. Thago ficou completamente desconfortável. Parecia querer evaporar dali.
Melissa, talvez seja melhor a gente ir. Amanda não pensou duas vezes. Pus dois.
Saiam! Essa é a minha casa, minha e do meu pai. Vocês não são bem-vindos aqui.
" O silêncio foi sufocante. Melissa pegou a bolsa, respirou fundo e soltou. Tudo bem.
Quando você estiver pronta para pedir desculpas e agir de forma razoável, você sabe onde me encontrar. Eles saíram. Amanda ficou ali tremendo.
Eu terminei meu café da manhã, lavei meu prato e guardei. Aí olhei para minha filha. Olhei de verdade pela primeira vez em cinco dias.
Tem cereal no armário. E não esquece que você tem aula. Não foi muita coisa, mas o alívio no rosto dela valeu tudo.
Ela me abraçou. Eu não consegui retribuir o abraço ainda, mas também não empurrei ela para longe. Eu sei que tenho muito que provar, ela sussurrou.
Eu sei, mas eu vou fazer de tudo, tudo que for preciso. A gente vai ver. Respondi.
Atualização final. Foi um fim de semana de revelações. No sábado, 7 da manhã, Amanda já estava de pé, tentando fazer café da manhã.
Ovos queimados, torrada mole, mas ela tentou. Tá lavando as próprias roupas, limpando a casa sem que ninguém peça. E nem citou o nome do Jason, nem uma vez.
Mas o verdadeiro show veio de um lugar inesperado. Melissa ligou para Stephanie no sábado à noite, furiosa. Aparentemente Thago terminou com ela.
Disse que tudo aquilo abriu os olhos dele. Percebeu que ela basicamente tinha abandonado a própria filha e que ele não tinha assinado contrato nenhum para lidar com o drama de mãe que larga o filho. O cara que queria brincar de ser paisão de um adolescente que ele viu três vezes, não aguentou uma única noite de paternidade de verdade.
E claro, na cabeça brilhante da Melissa, tudo isso era culpa minha. Ligou para Stephanie, berrando que eu destruí o relacionamento dela e que fiz a Amanda se virar contra ela. Só que Stephanie, sendo Stephanie, colocou a chamada no viva voz.
Amanda e eu ouvimos tudo. Ele era para casar. Você faz ideia do quanto é difícil encontrar um homem decente na minha idade, Stephanie?
E o Brian arruinou tudo com aquele teatrinho dele. Brian não fez nada, respondeu Stephanie rindo. Ele só deu pra Amanda exatamente o que ela pediu.
Isso é alienação parental, gritou Melissa. É mesmo? Por, até onde eu sei, alienação parental exige que para começo de conversa você tenha sido pai ou mãe de verdade um dia, né?
A ligação terminou com Melissa, ameaçando o processo e Stephanie, rindo tanto que derrubou o vinho no meu sofá. O domingo foi quieto. Eu e Amanda não falamos muito, mas a gente existiu no mesmo espaço.
Ela fez a lição na mesa da cozinha. enquanto eu pagava umas contas, fez café para nós dois e acertou direitinho. Duas medidas de creme, como eu gosto.
Depois do jantar, assistimos office. Escolha dela, não minha. E então chegou essa manhã.
Tô trabalhando em casa quando ouço um carro parar na frente. Olho pela janela e claro é o Jason naquele Honda velho com escapamento barulhento. Amanda desce as escadas, vê ele pela janela e fica pálida.
Eu eu não chamei ele. Juro o pai. Eu não chamei.
Fico olhando enquanto ela sai. Não dá para ouvir, mas dá para ver. Jason gesticula, aponta para casa, aponta para ela, invade o espaço dela, completamente transtornado.
Ela está recuando, balançando a cabeça. Então ele agarra o braço dela. Estou do lado de fora antes mesmo de perceber que me movi.
Tira a mão da minha filha. Os dois congelam. Amanda começa a chorar.
Alívio, penso. Jason se arma todo. Ah, agora você quer falar?
Amanda está dizendo para todo mundo que você anda ignorando ela feito um maluco. E ainda assim, aqui está você na minha casa, agarrando minha filha depois que ela pediu para soltar. Isso é agressão, filho.
Eu não sou seu filho. Não, você não é. Você é um garoto de 17 anos com problema de faltas na escola e ficha criminal que acha que pode manipular minha filha porque ela é vulnerável.
Mas veja, ela não é mais vulnerável. Ela tem o pai dela e o pai dela está muito vivo. Olho para Amanda.
Quer que ele fique aqui? Ela balança a cabeça. Não terminei com ele na quinta.
Ele não aceita. Você ouviu ela? Vai embora e não volte mais.
Não ligue, não mande mensagem, não passe por aqui. Você não quer saber o que um pai é capaz, certo? Ele olha para Amanda.
Isso é uma droga. Amanda, você sabe que quer. Quero que você vá embora.
A Amanda diz firme. Fui idiota. Fui muito idiota.
Mas acabou. Ele bate a porta do carro e sai em disparada, provavelmente tentando parecer durão, mas só parece uma criança. Amanda e eu ficamos na garagem por um momento.
Tenho orgulho de você. Finalmente digo. Ela começa a soluçar.
Lágrimas feias, chorando com o nariz escorrendo. Sinto muito, pai. Sinto muito.
Fui horrível. Fui muito má com você. É, concordo que você foi.
Ela ri entre as lágrimas. Você deveria dizer que está tudo bem. Não está tudo bem.
O que você disse do eu sabia? Doe eu. Mas vamos resolver isso até sobre o Thago.
Principalmente sobre o Thiago. Isso foi errado, Amanda. respondi: "Eu sei, Deus, eu sei.
" Ele tentou me dar conselhos amorosos no hotel sobre o Jason. Disse que eu deveria dar uma chance para o garoto se provar. O garoto com ficha criminal?
E a mamãe só ficou ali a sentindo como se ele fosse um especialista em relacionamentos. Ela nem sabe o sobrenome do Jason. Entramos.
Faço café para nós dois. O dela com dois cremes, do jeito que ela gosta. E agora o que acontece?
Ela pergunta: "Agora você está de castigo por duas semanas por causa da festa. Sem celular, sem sair, sem amigos em casa. " Ela a sente justo.
E você vai escrever cartas de desculpas para a tia Stephanie por colocá-la no meio dessa confusão, para sua mãe, por envergonhá-la na frente do Thaago, mesmo que ela merecesse. E para você mesma, para mim. Isso por namorar alguém que te trata como propriedade.
Você merece mais que isso. Ela se emociona de novo. E você?
Eu não deveria te escrever uma carta de desculpas. Não. Você me deve algo melhor.
Você sempre me deve a verdade, mesmo quando estiver brava, mesmo quando me odiar, mesmo quando achar que estou arruinando sua vida. a verdade e não desejar que eu estivesse morto. Eu consigo fazer isso.
Bom, além disso, você vai ficar com um celular básico até conseguir pagar metade do plano de um smartphone. Pai, pessoas mortas não pagam iPhone Amanda. Posso estar vivo de novo, mas não sou bobo.
Ela reclama, mas concorda. Tá bom, justo. Enquanto escrevo isso, ela está lá em cima fazendo lição de casa.
Melissa ligou seis vezes. Não atendi. Stephanie me mandou uma mensagem só dizendo: "Irmão do ano, não sei se agi direito.
Meu próprio pai teria me dado uma surra por falar assim, mas eu não sou meu pai. Estamos descobrindo tudo conforme vai acontecendo. Ela vai ficar bem.
Nós vamos ficar bem. " E o Thaago, segundo a última mensagem de voz da Melissa, ele já está namorando outra pessoa. Uma professora de yoga de 28 anos, sem filhos, perfeito para ele.
Observação. Para quem está dizendo que sou pai do ano, não sou. Sou apenas um pai que chegou no limite e teve sorte de dar certo.
Para quem diz que sou abusivo, pense no que é ser único pai que se importa por 8 anos, só para ouvir que você vale menos que um cara qualquer, que nem sabe em que séria a filha está. Amanda me trouxe um sanduíche para o almoço. Peru com queijo suíço, sem picles, do jeito que eu gosto.
Vamos ficar bem. Essa história mostra que no fim quem te ama de verdade nunca te abandona. Obrigado por assistir.