eu sempre achei que minha vida tinha caído num buraco sabe casada com o Rogério aquele molenga Fazia anos o cara até que não era de todo ruim mas ele era muito mole não tinha mais emoção a gente vivia numa rotina que parecia um Marasmo Sem Fim trabalho casa ele Jogado no sofá vendo futebol Ou aquele jornal que só fala de desgraça e eu ali só fingindo que ainda tava presente mas na real minha cabeça já tava longe faz tempo tava faltando alguma coisa algo que me fizesse sentir viv de novo aí foi quando tudo começou
eu tava voltando de uma viagem de trabalho uma convenção de vendas lá em São Paulo o chefe fez questão de me mandar porque segundo ele eu era a funcionária mais promissora papo furado ele só me mandou porque queria me tirar da reta por uns dias mas dane-se peguei o buzão e fui o evento foi um saco aquele monte de gente metida empresário falando difícil achando que tava salvando o mundo eu só tava interessada mesmo no final do dia quando rolava a bebida e a galera ficava mais solta quando chegou no de último dia eu já
estava morta de cansada não aguentava mais ouvir baboseira de vendas tava doida para voltar para casa não porque eu sentisse falta do Rogério Que fique claro mas porque eu queria mesmo era o meu canto a minha cama Aí pegamos o buzão para voltar pro Rio e claro tinha que dar merda no meio do caminho na estrada o ônibus pifou que pariu eu pensei olhando pela janela e vendo a escuridão tomar conta da estrada eram umas 7 da noite e o o motorista já tinha saído para dar uma olhada no motor mas do jeito que ele
fez aquela cara de derrotado eu já sabia que a gente estava na mão do azar a galera começou a reclamar todo mundo falando ao mesmo tempo isso aqui vai demorar hein Ouvi uma mulher lá da frente dizer eu já tava sem paciência desci do ônibus para tomar um ar porque o calor lá dentro tava insuportável fiquei encostada na lateral do buzão esperando alguém resolver alguma coisa quando de repente um farol forte iluminou a estrada era um caminhão vindo na nossa direção o cara parou o caminhão bem do nosso lado a cabine era alta e o
motorista abaixou o vidro um cara grandão mais velho com cabelo grisalho barba por fazer e um olhar que parecia meio malandro sabe Ele olhou pra galera do ônibus e soltou Ô rapaziada vocês estão precisando de ajuda aí motorista do buzão logo explicou a situação que o ônibus tinha quebrado e ia demorar até o socorro chegar aí o Caminhoneiro que depois eu descobri que se chamava Mauro falou que podia dar carona para quem quisesse até o próximo posto de gasolina que ficava uns 20 Km à frente eu olhei aquela galera desesperada os rostos preocupados gente tentando
ligar pros parentes E pensei comigo mesma não vou ficar aqui mofando não fui até o motorista do caminhão e perguntei essa carona Ainda tá valendo parceiro ele me olhou dos pés à cabeça deu um meio sorriso e falou claro que tá minha filha Sobe aí peguei minha mala pequena joguei nas costas e subi na cabine do caminhão Mauro já estava lá ajeitando o banco para mim tu vai para onde ele perguntou enquanto ligava o motor pro Rio Se Deus quiser ele riu é para lá que eu tô indo também vai dar certo e assim a
gente partiu eu ali sentada ao lado de um desconhecido Na Boleia de um caminhão e o ônibus para trás parado no escuro por um instante me senti mais livre do que eu tinha me sentido em anos conforme a gente foi andando o Mauro começou a puxar assunto ele era aquele tipo de cara que conhece todo mundo sabe tudo das estradas já rodou o Brasil inteiro o papo fluía fácil ele me perguntou de onde eu era o que que eu fazia essas coisas de praxe eu respondi meio que no automático sem muita vontade de falar da
minha vida para ser sincera eu queria mesmo era me desligar daquela realidade chata que me esperava em casa mas o Mauro era insistente e teu marido não veio contigo eu ri sem graça não ele ficou em casa trabalhando Mauro fez uma cara de quem entendeu mais do que eu tava falando sei como é trabalho demais esquece de viver acontece com muito homem Pois é acontece respondi olhando pela janela tentando mudar de assunto mas não consegui tirar da cabeça o quanto aquela frase dele tinha ressoado em mim Rogério vivia Mesmo trabalhando mas não era só isso
ele não era presente de verdade era como se ele tivesse perdido o brilho a vontade de viver de correr riscos de me surpreender a noite foi caindo e a estrada par par infinita Mauro vez ou outra olhava para mim com aquele sorriso de canto de boca e eu comecei a sentir uma coisa estranha no ar não era medo mas tinha alguma coisa naquele jeito dele meio bruto meio seguro de si que me deixava desconcertada a gente parou num posto de gasolina para ele abastecer o caminhão e aproveitamos para comer alguma coisa sentamos numa mesa daquele
restaurante de beira de estrada simples mas limpinho pedi um misto quente e ele pediu um prato de arroz feijão e carne coisa de quem tá acostumado a comer bem na estrada Vai me dizer que tu sobrevive só com lanche ele perguntou me encarando enquanto dava uma garfada no prato ah sei lá lanche pizza Rogério não é muito de cozinhar e eu já me acostumei tu merece coisa melhor hein ele disse meio que na brincadeira mas com aquele tom de verdade por trás eu ri des conversando mas aquilo mexeu comigo depois de comer voltamos pro caminhão
e a viagem seguiu o silêncio entre a gente agora não era mais desconfortável parecia que tinha uma tensão no ar Uma expectativa Mas nenhum de nós falava nada até que ele soltou do nada tem um lugar aqui perto uma cabana onde os caminhoneiros descansam às vezes é meio longe da estrada mas tranquilo Se quiser parar um pouco a gente pode ir até lá não faz mal relaxar antes de seguir viagem eu não sei o que me deu na hora talvez fosse a sensação de liberdade ou talvez fosse o tédio que eu sentia em casa mas
eu olhei para ele Olhei pro caminho escuro à frente e falei Bora Mauro sorriu daquele jeito que só ele tinha virou o volante e Saímos da Estrada Principal Eu sabia que aquilo era errado que eu devia pensar duas vezes antes de me meter numa situação assim mas ao mesmo tempo eu queria me sentir viva fazer algo fora do comum e o Mauro parecia saber exatamente o que estava fazendo a Cabana era simples de madeira no meio de umas árvores bem isolada tinha uma lâmpada fraca pendurada na entrada e o Mauro foi logo abrindo a porta
lá dentro era só uma cama velha uma mesa e nada mais mas na minha cabeça aquilo parecia o lugar perfeito tá com sede ele perguntou pegando uma garrafa de água da mochila dele eu balancei a cabeça mas não era sede que eu tava sentindo era outra coisa uma mistura de curiosidade de nervoso de excitação sei lá ele veio até mim me encarou de perto e eu senti o ar pesado entre a gente sem falar nada ele passou a mão na minha cintura e me puxou para perto não tinha mais volta ali naquela Cabana no meio
do nada eu esqueci do Rogério esqueci da minha vida chata e me deixei levar Mauro me olhava com uma intensidade que eu não via há anos e eu por mais que soubesse que aquilo era errado queria aquilo mais do que qualquer outra coisa naquele momento aconteceu ali mesmo sem pressa mas com uma urgência silenciosa eu sabia o que tava fazendo e sabia que quando voltasse para casa nada seria como antes depois daquela noite eu voltei para minha vida como se nada tivesse acontecido mas a verdade eu sabia que tinha mudado já no caminho de volta
sentada ao lado do Mauro com a estrada correndo pela frente e as luzes dos postes passando rápido pela janela eu sentia aquele calor um sentimento que eu não tinha H anos algo mais forte mais vivo um negócio que parecia explodir dentro dentro de mim o que rolou naquela Cabana aquilo foi o que eu queria há muito tempo e nem sabia mas deixa eu voltar pro ponto onde tudo começou a fazer sentido depois que a gente saiu daquela Cabana o Mauro não falou muito a gente ficou em silêncio por um bom tempo só ouvindo o ronco
do motor do caminhão e o barulho dos pneus na estrada de terra era como se tudo já tivesse sido dito tudo tivesse acontecido do jeito que tinha que ser não tinha muito papo eu olhava para ele de canto de olho e às vezes ele retribuía o olhar com aquele sorrisinho de quem sabe o que fez e não tá nem aí e eu eu tava me sentindo estranhamente confortável com aquilo tudo tá de boa aí ele perguntou depois de um tempo ainda com os olhos na estrada Tô sim e tu eu respondi meio seca mas com
um sorriso no rosto não sabia se ele estava tentando iniciar uma conversa ou só quebrar o silêncio tô sempre de boa pô vida na estrada é essa aí mesmo sabe vamos a gente para conhece gente nova e segue sem muito peso sem apego eu não respondi não sabia se era isso que ele queria ouvir de mim mas na real não estava interessada em prolongar aquele papo o Mauro era só um momento só uma fuga da minha realidade e para ser bem sincera Aquilo me bastava Chegamos no Rio já de madrugada ele me deixou num ponto
perto de casa nada muito longe para eu não ter que andar muito sozinha antes de descer dei aquele último sorriso para ele sabe como é um sorriso de agradecimento de quem sabe que foi bom mas que ali acabava valeu pela carona eu falei já com a mão na porta de nada Dona Moça foi bom o papo e tudo mais ele sorriu daquele jeito de sempre malandro e calmo mas sem querer esticar o assunto Mauro sabia que ali terminava o que começou na estrada e eu também sabia quando pisei na calçada senti o ar quente da
madrugada carioca tudo parecia igual as ruas as luzes fracas dos postes o cheiro do mar Ao longe mas dentro de mim nada tava igual entrei em casa e dei de cara com o Rogério ele tava Jogado no sofá como sempre dormindo a pizza que ele devia ter pedido tava ali na mesa já fria com um pedaço mordido a TV ligada em algum canal qualquer era o retrato perfeito do que tinha se tornado minha vida com ele otário pensei enquanto fechava a porta de mansinho para não acordar ele subi pro quarto sem fazer barulho e fui
direto pro banheiro liguei o chuveiro Deixei a água quente cair sobre mim e fiquei lá pensando em tudo o que tinha rolado com o Mauro não me deixava arrependida Na verdade me fazia sentir um prazer estranho uma liberdade que eu não sabia que precisava tanto a água escorria pelo meu corpo mas parecia que não conseguia tirar o que eu sentia Eu sabia que depois daquela noite eu nunca mais seria a mesma e sinceramente eu não ia me prender a isso nos dias que seguiram eu fui Voltando à rotina de sempre acordava cedo fazia meu café
dava um beijo na testa do Rogério Antes de ele sair pro trabalho às vezes ele me olhava com aquele sorriso de sempre o mesmo sorriso Bobo de quem acha que tá tudo bem que tá vivendo uma vida perfeita e eu eu só olhava de volta pensando em como ele não fazia ideia da mulher que ele tinha ao lado tá tudo certo aí amor ele me perguntava sempre que notava que eu tava um pouco mais quieta Tá sim R só cansada eu respondia sem dar muita bola a verdade é que depois daquela noite com o Mauro
eu comecei a reparar mais ainda no quão patético o Rogério era o cara vivia vida toda preocupado com o trabalho com as contas com o que a gente ia fazer no fim de semana e eu eu só fingia que me importava uma noite enquanto ele estava largado no sofá vendo TV eu sentei na cozinha olhando pro celular e dei de cara com uma mensagem de uma amiga minha a Denise a Denise era dessas que sabe de tudo e de todos fofoqueira que só mas era minha amiga de longa data então eu confiava nela Mulher tu
não vai acreditar quem eu vi hoje lá na Lapa a mensagem dela piscou na tela quem respondi curiosa mas sem muita expectativa aquele Mauro O Caminhoneiro que tu pegou carona ele tava lá todo garanhão falando alto com os amigos num boteco meu coração deu um pulo era estranho mas só de pensar nele eu já senti aquele calorzinho de novo respondi rápido sério o que ele tava fazendo Ah sei lá né ele não me viu mas tava ali tomando uma cerveja rindo alto cheio de confiança eu ri sozinha Mauro Era exatamente o tipo de cara que
que não passava despercebido aquela confiança aquela segurança de quem não se apega a ninguém e a nada me deu uma vontade louca de vê-lo de novo mas aí a realidade bateu eu tinha uma vida tinha um marido tinha todo um teatro montado para manter e por mais que o Rogério fosse o otário perfeito eu não podia me arriscar assim toda hora mas a verdade é que aquilo não saía da minha cabeça algumas semanas depois eu tava voltando do trabalho e a sensação de tédio que tinha voltado a tomar conta de mim era insuportável o Rogério
como sempre tinha mandado uma mensagem dizendo que ia fazer hora extra no escritório como se isso fosse surpresa né ele vivia inventando desculpa para ficar mais tempo lá achando que estava fazendo algo útil para nós dois no fundo Era só mais uma forma de fugir da realidade Medíocre que ele mesmo criou vai lá trouxa pensei enquanto apagava a mensagem dele e ia pro sofá aquela rotina estava me sufocando de novo e era inevitável minha mente corria de volta pro Mauro pro jeito que ele falava pro jeito que ele agia sem se importar com o que
eu pensava pro jeito que ele me fazia sentir uma pessoa diferente um dia sozinha em casa eu resolvi que precisava sair não aguentava mais aquela Mesmice peguei o celular e mandei uma mensagem para Denise mulher bora paraa Lapa hoje preciso espairecer ela não demorou para responder Denise adorava uma balada Ainda mais quando eu dava o toque partiu amiga te encontro no bar do Gil às 9 feito era tudo que eu precisava um pouco de cerveja de música alta e talvez só talvez eu pudesse esbarrar com o Mauro por lá de novo chegando na Lapa eu
já senti aquela energia diferente as ruas lotadas gente rindo bebendo música vindo de todo canto eu e a Denise nos encontramos no bar e logo pedimos uma cerveja tava precisando daquilo de uns goles para soltar a mente esquecer um pouco de tudo E aí amiga como tá a vida Denise perguntou depois de uns oles Ah tu sabe né a mesma coisa de sempre Rogério achando que tá tudo certo eu fingindo que tá tudo bem Você conhece o jogo Denise Rio conheço bem mas ó você sabe que não precisa ser assim né pode dar uns perdidos
de vez em quando se tu quiser ela piscou para mim já meio animada pela cerveja aquela frase ficou ecoando na minha cabeça era como se ela estivesse me dando o empurrão que eu precisava e como se fosse destino lá no fundo do bar eu vi ele Mauro sentado numa mesa com uns caras cerveja na mão rindo alto como sempre parecia que nada tinha mudado desde a última vez que eu o vi já fazia um tempo desde aquela noite com o Mauro na cabana a vida tinha seguido o fluxo de sempre mas agora era como se
eu tivesse duas versões de mim mesma a Sandra de casa a mulher que o Rogério achava que ele conhecia que mantinha tudo arrumadinho na linha e a Sandra que vivia fora nas Entrelinhas carregando um segredo que dava um gosto diferente pra rotina engraçado como uma vida dupla pode ser viciante Mas vamos voltar onde eu parei depois daquela noite que eu vi o Mauro na Lapa confesso que fiquei agitada era difícil não pensar nele naqueles dias na estrada na cabana no jeito como ele me fez sentir uma mulher diferente mas ao mesmo tempo eu sabia que
não dava para ficar me jogando nessas ideias toda a hora podia ser bom demais mas também era arriscado demais eu tinha que manter o jogo e o Rogério por mais otário que fosse ainda era meu álibi perfeito para essa vidinha dupla que eu tava levando mas o troço é que a gente não manda no que sente né e eu mesmo querendo segurar as pontas às vezes me pegava pensando no Mauro imaginando se um dia ia esbarrar com ele de novo por acaso ou se ele tinha me esquecido completamente só que o universo parece que gosta
de brincar com a gente uma tarde voltando do trabalho recebo uma mensagem Inesperada não era do Rogério como de costume dizendo que ia fazer hora extra ou perguntando o que eu queria de jantar era do Mauro E aí sumida pensei em tu hoje meu coração deu aquele pulo no peito não esperava por isso fiquei parada na frente do celular sem saber o que responder um milhão de pensamentos rodando na minha cabeça por um lado eu sabia que devia deixar aquilo quieto que já tinha sido suficiente o que a gente tinha vivido na estrada por outro
lado não vou mentir a curiosidade e a vontade me pegaram de jeito Oi sumido E eu com isso respondi Tentando Manter o ar de desinteressada mas por dentro eu já tava derretida ele não demorou a responder nada não só pensei Quem sabe a gente se vê de novo lembrei de ti e daquela noite lá na cabana eu senti o corpo inteiro esquentar aquele jeito direto do Mauro me deixava balançada ele não enrolava não ficava de conversinha fiada se queria alguma coisa falava logo e eu eu gostava disso mais do que devia sei lá Mauro você
sabe que não dá para ficar de assim a toda hora mandei mas já sentindo que minha resistência estava desmoronando Sei sim não tô pedindo nada sério só que você me veio na cabeça a gente pode fazer igual da outra vez sem amarra eu sorri Quase que involuntariamente o cara sabia como mexer comigo mesmo de longe só que eu tinha que manter a fachada não dava para sair de casa a qualquer hora sem levantar suspeita a gente vê Tô na correria mas quem sabe mandei jogando a isca mas sem me comprometer demais ele respondeu com com
um emoji de sorriso daqueles com cara de safado a conversa parou por ali mas eu sabia que aquilo estava longe de ter acabado alguns dias se passaram e eu seguia a rotina como se nada tivesse acontecido Rogério continuava na dele fazendo hora extra preocupado com o trabalho enquanto eu mantinha minha vida dividida entre o que ele achava que era meu mundo e o que eu sabia que tava rolando de verdade só que por dentro aquela mensagem do Mauro ainda tava martelando era como se uma parte de mim tivesse despertado de novo numa sexta o Rogério
mandou uma mensagem dizendo que ia pro escritório de novo que tinha uma reunião importante eu que já estava mais do que acostumada com isso vi ali minha oportunidade fiquei pensando se devia ou não entrar em contato com o Mauro mas o impulso falou mais alto tá de pé aquela ideia de a gente se ver mandei para ele já sabendo a resposta claro que tá gata Me diz onde e quando que eu apareço pensei um pouco não queria dar bandeira não podia ser em lugar muito Óbvio então seria um motel discreto fora da rota que eu
e Rogério costumávamos passar ele topou na hora te pego às 8 Então ele sugeriu fechado às 8 em ponto Mauro apareceu com o caminhão me senti um pouco idiota saindo de casa com aquela desculpa esfarrapada que inventei pro Rogério disse que ia encontrar a Denise tomar uma cerveja e colocar o papo em dia ele como sempre acreditou mal sabia que eu tava indo fazer tudo menos isso Subi na cabine do caminhão e lá tava ele com o mesmo sorriso de quem já sabia o que ia acontecer era como se a gente nunca tivesse parado de
se ver tá gata hein ele disse me olhando dos pés à cabeça Cala a boca Mauro respondi rindo mas por dentro adorando a atenção não ia dar o braço a torcer tão fácil ele ligou o motor e a gente seguiu em direção ao motel o clima era de descontração como se a gente tivesse feito isso mil vezes eu olhava pela janela sentindo o vento no rosto e me perguntava como Aquilo tinha se tornado minha vida era como se eu fosse duas pessoas ao mesmo tempo e estranhamente eu estava adorando cada minuto Chegamos no motel e
entramos sem chamar atenção o lugar era simples discreto do jeito que a gente precisava Mauro pagou a diária e a gente subiu pro quarto quando a porta se fechou era como se todo o peso do mundo tivesse ficado lá fora ali só existia eu e ele o que rolou naquela noite foi parecido com o que rolou na cabana não tinha pressa não tinha cobrança era puro desejo sem amarras Mauro sabia exatamente como mexer comigo e eu bom eu me entreguei não tinha mais aquele medo de ser descoberta não tinha mais culpa só tinha eu ali
vivendo o que eu queria mesmo que por algumas horas depois de tudo a gente ficou deitado na cama sem falar muito ele acendeu um cigarro como sempre fazia e Ficou ali olhando pro teto eu por outro lado tava com a cabeça a mil não porque eu me arrependesse longe disso mas porque eu sabia que mais cedo ou mais tarde aquilo podia dar merda mas por algum motivo eu não conseguia me importar E aí gata como tá a vida ele perguntou soltando a fumaça devagar a mesma de sempre Rogério lá achando que tá tudo certo e
eu aqui levando a vida que ele nem imagina Mauro riu Esse cara é um otário mas se tá bom para tu tá bom para mim eu ri junto é bom demais ele nunca vai descobrir e se descobrir também que se dane a verdade é que eu sabia que o Rogério jamais teria coragem de desconfiar ele confiava em mim mais do que devia E no fim das contas isso era o que me dava liberdade para fazer o que eu quisesse era um jogo perigoso mas eu tava disposta a jogar quando a noite acabou Mauro me deixou
em casa como da outra vez desci do caminhão e dei aquele último olhar para ele não precisava de mais nada ele sabia que a gente ainda ia se ver de novo quando desse vontade e eu sabia que aquela não seria a última vez entrei em casa e o Rogério tava lá no sofá dormindo de novo a pizza que ele tinha pedido ainda tava na mesa fria como sempre olhei para ele com aquele ar de pena mas sem me sentir culpada para mim ele era só um cara que me sustentava que fazia o papel dele de
marido sem nunca perceber a verdade e sinceramente eu não precisava de mais do que isso subi pro quarto tirei a roupa e fui direto pro banho enquanto a água caía sobre mim eu pensava em tudo o que tinha acontecido eu sabia que aquilo era só o começo de uma uma nova fase o Mauro era só uma peça no meu quebra-cabeça uma parte da minha liberdade que eu não estava disposta a abrir mão tão cedo a partir daquela noite eu tinha decidido que viveria as duas vidas do jeito que quisesse com ou sem Rogério com ou
sem Mauro eu seria a mulher que eu queria ser sem olhar para trás