[Música] k Ok então bem boa noite a todas as pessoas que estão aqui nessa aula aberta queria primeiro agradecer a presença de todos vocês também agradecer ao Instituto esp por ter organizado essa possibilidade de encontro bem se eu entendi bem esse nosso encontro ele é basicamente uma espécie de apresentação de um tipo de curso que eu havia sugerido e que vai ocorrer agora nos meses de dezembro e de Janeiro sobre psicanálise e cons cência Então queria trazer alguns elementos que acho importantes e relevantes eu diria tanto para aqueles que tão hã trabalhando com a psicanálise
na sua na sua prática na sua Clínica eles estão estudando psicanálise ou aqu eles também T uma uma um interesse filosófico pela questão que eu acho que na verdade o que eu queria fazer é uma coisa um pouco na interface entre filosofia e psicanálise Na verdade uma interface tripla para você um pouco mais preciso porque entre filosofia Basicamente aquilo que a gente chama de filosofia da consciência filosofia da mente Dependendo de qual é a configuração geográfica que a gente tá falando psicanálise e também aportes importantes a meu ver da Neurologia a respeito de algumas questões
que são centrais pra gente entender o que afinal de contas pode uma clínica absolutamente desmedicalização ação simbólica da estrutura simbólica da qual nós fazemos parte da reconfiguração da palavra como é o caso da psicanálise né bem primeiro talvez seria interessante tentar explicar por que que que que eu achei que recuperar o problema da consciência recuperar as questões vinculadas a noção de consciência poderia ser uma bela maneira de introduzir aquilo que a psicanálise tem de mais importante né né e eu insistiria só num ponto aquilo que eu entendo como o que há de mais importante na
psicanálise é uma articulação profunda entre Clínica e crítica entre eh modelos de intervenção Clínica e eh processos digamos de crítica social crítica social no sentido Mais amplo possível seja uma reflexão crítica sobre as estruturas de poder de sujeição nas nossas sociedades o as limitações das possibilidades de experiência próprias das nossas sociedades e o e a forma com que a nossa inserção social nos faz sofrer a forma com que muito dos nossos ou seja dimensões fundamentais do nosso sofrimento psíquico tá vinculado aquilo que a gente poderia chamar de Sofrimento social Então já um primeiro ponto que
me parece importante para entender aquilo que a gente poderia chamar de a especificidade da psicanálise enquanto Clínica né eu diria a uma das especificidades fundamentais da psicanálise enquanto Clínica é entender o vínculo indissolúvel entre sofrimento psíquico e sofrimento social certo sofrimento psíquico ele é uma categoria própria porque ele Define um campo próprio de intervenções significa que há dimensões disso que nós entendemos por sofrimento psíquico que impede um tipo de intervenção psíquica essa intervenção psíquica ela não se confunde com uma intervenção eu digamos orgânica e também não se confunde com uma mera profilaxia ou uma intervenção
social embora ela ela também não é completamente autônoma em relação a esses essas duas dimensões né mas ela tem um modo específico de intervenção esse modo modo específico de intervenção tá baseado num tipo específico de escuta a partir de sujeitos CTO ou seja sujeitos que são tomados de maneira digamos individualizada C eh daí essa esse dispositivo Clínico que é próprio da psicanálise mas que também pode ser um dispositivo não necessariamente vinculado àquilo que nós chamamos da clínica individualizada de consultório né porque inclusive no na Perspectiva histórica da psicanálise muitas dessas dimensões foram for outras dimensões
foram testadas né Eh mas o fato é que há uma uma um trabalho fundamental de de escuta a partir digamos n de daquilo que a gente po chamar de suas incidências subjetivas então tem tudo isso para dizer existe um modelo de intervenção que privilegia o campo do psíquico esse modelo de intervenção Porque mesmo quando ele se dá em contexto social mesmo quando você tem uma transferência de grupo mesmo quando você temha um trabalho num Hospital Psiquiátrico certo mesmo que você tenha uma escuta de grupo no num Hospital Psiquiátrico em algum outro tipo de instituição percebam
que isso é muito diferente embora seja uma dimensão importante mas tem todo um tipo de escuto específico isso é muito diferente do que uma intervenção direta digamos no que significaria as macroestruturas sociais né então quer dizer o próprio a simples ideia de que você vai insistir Olha tem um tipo de intervenção que é próprio daquilo que a gente pode chamar das de microestruturas sociais podem estar no campo da família pode estar no campo de um de um grupo eh terapêutico específico bem isso já nos coloca uma série de questões eu diria eh técnicas específicas tudo
isso para dizer existe uma dimensão do sofrimento psíquico mas que ela é indissoluvel ela é Ela tem uma relação indissolúvel com o sofrimento social ou seja com as maneiras com que as nossas relações à linguagem as nossas relações ao trabalho as nossas relaçõ ações aquilo as dimensões sociais do desejo elas nos fazem sofrer né nossas dimensões a autoridade a instituições elas não fazem sofrer então isso é a um ponto importante de partida bem se nós admitirmos isso que eu tô tentando trazer para vocês que há então uma relação indissolúvel entre Clínica e crítica não há
nenhuma possibilidade de intervenção Clínica do ponto de vista psicanalítico que não traga no seu bojo uma crítica das estruturas sociais né são dado muito importante talvez claro que a diria a psicanálise ela tem uma uma multiplicidade de histórias né ela tem uma multiplicidade também de abordagens né então você vai ter perspectivas que muito mais conservadoras nesse sentido n vinculados ao contrário a uma há uma compreensão da estrutura do sofrimento psíquico como como algo derivado de inadaptação do Eu a funções digamos de mediação entre o princípio de realidade o princípio de prazer Ou seja a capacidade
que o eu teria de de uma certa forma lidar bem com a realidade né lidar bem com a realidade lidar bem com as demandas da realidade né então você tem Claro você tem perspectivas como como a clássica psicologia do Ego seus suas derivações que vão ser muito características disso mas eh eu imagino se vocês vieram a um curso do qual eu sou responsável porque talvez vocês também partilhem de uma outra história e eu levo isso tão a sério por exemplo lembraria que eu entre outras coisas eu Sou coordenador de uma coleção de livros eh e
uma delas eh chama explos que um dos livros que a gente publicou Era exatamente uma história popular da psicanálise né seja a ideia de que existe uma outra história que ela precisa ser recuperada Porque nessa história fica fica muito muito mais Evidente C aquilo que ela talvez a pá trouxe de fundamental que essa articulação como havia dito entre Clínica e crítica uma articulação que eu gostaria de insistir ela tem a sua atualidade ela ainda é atual E aí também tem umas umas colocações que nós vamos ver no interior Desse nosso desse nossos Desse nosso curso
de quatto encontros né Por que nós podemos defender esta atualidade porque a psicanálise também já foi objeto de várias críticas críticas as muitas críticas relevantes muitas críticas que mostraram certos limites cer e como como se trata também de uma de uma prática de uma clínica em em contínua eh reconfiguração em contínua reabsorção certo e contínuo retrabalho de si né então é claro que essas críticas também elas fazem parte da história da psicanálise é importante também lembrar isso elas são elementos importantes dessa história quas que vieram eh de lutas sociais de certos movimentos por exemplo tem
críticas estruturais vindas do feminismo vindas de outras as lutas vinculadas a teorias de gênero mas também críticas vinculadas à reflexão filosófica sobre a psicanálise já os anos 60 70 foram muito muito pródigos nesse sentido n todas elas de uma certa forma elas eh eu gostaria de de definir com vocês um princípio né que o princípio mais ou menos esse não se trata de ignorá-las muito pelo contrário Mas trata-se também de mostrar como a partir eh dessa dessas configurações de expectativas que nos são próprias hoje a psicanálise ainda tem alguma coisa de fundamental a dizer né
E que talvez que só ela possa dizer pelo menos alguns algumas coisas eh importantes para que nós possamos orientar criticamente melhor Nossa experiência em relação à nossa sociedade a maneira como ela nos faz sofrer e a maneira com que ela limita as capacidades eh de digamos de desenvolvimento eh dos sujeitos certo e como isso eh é uma matriz profunda de produção de sintomas de inibições de angústias que tem na escuta Clínica o seu eh o seu Horizonte digamos fundamental de intervenção C dito isso você poderia me perguntar mas então por que falar sobre exatamente sobre
uma questão que parece bastante digamos eh clássica né bem o qual é o O que que a psicanálise tem a dizer sobre a noção de consciência né como se fosse algo um pouco distante dessa dessa exigência de pensar Então as relações Profundas entre Clínica e crítica como uma condição como a condição Central para que a psicanálise possa ter uma atualidade dentro dos dos embates que nos são próprios no nosso presente né eu escolhi essa estratégia por não concordar exatamente com com o pressuposto de base o pressuposto de base é mais ou menos o seguinte eh
nós eh a consciência por exemplo não é um conceito clínico nem é um conceito psicológico ele ele é um conceito derivado é um conceito que a clínica toma a sua maneira e ela toma da onde aí vem toda uma questão a consciência ela é uma construção uma construção que tá que tá no meio do caminho entre uma construção moral moral insistiria nisso claro que você tem a figura da consciência moral então H todo um trabalho atual de fazer uma distinção como se ela fosse um um um setor específico desse problema eu diria que ela não
é um setor específico desse problema né diia que ao contrário ela é a base da formação Geral do conceito Ah então aí vem uma questão interessante ver uma formação base da formação Geral do conceito Ou seja a base de um conceito que hoje tem desdobramentos no não só no campo da Clínica no campo da Psicologia mas também tem no campo da ciência no sentido mais amplo do termo por isso eu trouxe para trouxe para esse debate a Neurologia certo e tudo aquilo que isto implica No que diz respeito à às potencialidades de de de redefinição
das nossas capacidades das nossas da das nossas atividades que tem que vem do interior do bojo Dessa espécie aquilo que a gente poderia chamar como alguns já falaram dessa emergência de uma de um homem de um sujeito de um humano né Bas neuronal né nesse sentido Então queria fazer um um um um movimento que é duplo na verdade né esse movimento duplo ele parte então de tentar recuperar o que que significaria para nós E aí vocês podem perguntar quem é esse nós né diria para nós eh sujeitos que foram constituídos no interior de uma matriz
de pensamento uma Mat de pensamento muito eh vinculada à história do ocidente né porque essa essa história ela ela é diferente em outros horizontes mas no entanto a história ocidental por uma série de razões materiais ela se tornou a história mundial né Eh isso ela se tornou porque entre outras coisas ao seu lado jun essa história não é só um história de sistemas de ideias ela não é só uma história de sistemas de saberes ela não é só uma história de epistemes mas ela uma história de processos de produção né de dinâmicas sociais de produção
E essas dinâmicas e esses elementos estão todos desconectados né Eu queria mostrar um pouco porque que eu defendo essa ideia ou seja eh o nosso sistema de produção a gente chama Sista capitalista de produção ele tem no seu bojo uma metafísica ele é uma metafísica em ato o capitalismo não é só um sistema de trocas econômicas né ele não é só um sistema de determinação de padrões e parâmetros de produção de riqueza de valorização de valor de valores econômicos ele é é também uma metafísica em at ela é uma uma no sentido de um de
uma de uma determinação eh diria gramatical das possibilidades da nossa das nossas experiências dos modelos das nossas experiências de quem nós podemos ser de quem nós somos né basta vocês lembrarem não se fala da mesma forma dentro e fora do capitalismo não se deseja da mesma forma dentro e fora do capitalismo não se trabalha da mesma forma dentro e fora do capitalismo tá eu digo tudo isso para dizer bem esse modelo ocidental ele ele ele se torna modelo Mundial não há nenhum outro outra Matriz epistêmica nenhuma outra forma epist que não que não tenha que
no presente se confrontar se deparar e se ser afetada por essa por essa Matriz Global né então eu digo tudo isso porque no interior dessa forma de pensamento foi aí foi dentro desse Horizonte inclusive vinculado a todos esses process processo que apareceu a centralidade da noção de uma noção muito específica de consciência que nós naturalizamos de uma maneira impressionante né como se ela não não fosse o fruto de um processo histórico social e como ela é um como ela é um fruto de um processo histórico social ela tem sua data de nascimento e provavelmente ela
terá sua data de morte né E aí toda uma questão a meu ver que eu gostaria de de insistir como a psicanálise ela contribui para essa morte de uma certa forma se vocês permitirem falar de uma maneira um pouco mais metafórica ela contribui pro acaso da centralidade da consciência e trazendo no seu trazendo então ao seu lugar Um tipo digamos de de reflexão sobre as potencialidades da experiência humana que talvez ainda nos sejam eh um desafio fio muito mais do que uma realidade né então eu só lembraria vocês o seguinte eh quando vocês falam eu
falei ah uma dimensão moral da consciência ela é fundamental eh basta vocês se lembrarem por exemplo o que significa quando nós ouvimos alguém dizer olha esse alguém essa pessoa é alguém Sem consciência né ou alguém que age sem consciência então quer dizer agir sem consciências percebem ela tem tem uma dimensão tem uma dupla dimensão eu queria partir daí talvez que eu queria aproveitar nosso encontro para explicitar melhor digamos o que que seria Ah o eixo fundamental do nosso curso né o problema Central diria isso qual é o problema central a ser tratado né vejam Vamos
pegar esse exemplo quando quando nós ouvimos essa esse tipo de proposição tão trivial né ah sujeito tá jil sem consciência né significa o quê duas coisas ele agiu de forma involuntária né e ele também agiu sem sem se auto apreender Então a gente tem duas questões muito importantes aqui né a ideia de vontade e a ideia de autorreflexão né E por que que essas duas questões são importantes qu insistir nossa sociedade Nossa forma de vida transformou essas esse ess essas duas ideias no eixo central da nossa vida no sentido mais forte do termo o eixo
normativo dos nossos modos de vida a ideia de vontade e a ideia de autorreflexão porque os dois elementos essas duas ideias elas estão conectadas como o Esteio fundamental da nossa concepção de liberdade né seja não é possível para nós pensarmos uma liberdade que não seja o exercício da vontade e que não seja o exercício da autorreflexão isto tem consequências não só digamos sociais Mas isso também tem consequências clínicas fundamentais né Por quê Porque ess tudo se passa como se a intervenção Clínica ela fosse chamada neste momento onde o sujeito já não dispõe de uma vontade
Livre ele já não consegue mais entender porque ele faz o que ele faz porque ele age da maneira como ele age como se fosse muitas vezes um corpo estranho que agisse no meu lugar Como se eu tivesse submetido a um maquinismo que me me impede de autorre refletir ou seja de tomar a mim mesmo como como objeto de reflexão me reorientar criticamente já exercer uma capacidade digamos de deliberação uma capacidade de decisão que seria o o a a a ex pressão fundamental da Minha Liberdade essa não é só uma questão moral essa não é só
uma questão política essa é uma questão Clínica fundamentalmente uma questão Clínica né basta nós lembrar-nos quer dizer como a ideia de vontade alienada né Ela é um eixo central da Constituição da psiquiatria moderna a distinção entre alienação e autonomia vontade autônoma Ou vontade alienada B a gente pegar eh os porque por que que durante tanto tempo os eh aquelas pessoas que nós internamos em hospitais psiquiátricos eram chamados os alienados né aqueles que TM uma vontade em outro lugar uma vontade outra aqueles que estão que estão sendo colocados estão estão agindo como um outro então toda
uma questão vocês percebem decisiva fundamental sobre onde está a nossa identidade né Onde está exatamente aquilo que nos faz nós mesmos mas no sentido não só de uma definição eh digamos específica uma especificação Quem somos nós mas principalmente de um de uma questão pragmática uma questão vinculada à capacidade de ação e que onde nós Agimos como nós mesmos né onde nós somos efetivamente os sujeitos das nossas ações Onde nós estamos com Nossas ações são frutos de uma deliberação que nos é própria nos absolutamente próprio eu eu insistiria é impossível pensar uma clínica né Sem Pensar
No peso de todas essas questões né então por exemplo vamos pegar um exemplo desse comecei vocês falando olha tem dois elementos aí importantes nós fazemos entender a lógica da intervenção Clínica né quer dizer eh é impossível entender a essa sua lógica sem levar em conta como há uma naturalização da nossa sociedade da centralidade da noção de vontade da noção de autorreflexão vejam por exemplo um ato involuntário para nós um ato involuntário para nós não pode ser uma ação livre ela por quê Porque ela é uma ação condicionada como seriam condicionadas as ações de quem e
do que não tem consciência né não tem capacidade efetiva de autorreflexão U então vejam eh essa já uma ideia que para nós é absolutamente constituinte né tudo que nos é involuntário não é fruto da nossa vontade da centralidade da nossa vontade nossa vontade como eixo fundamental que me permite eh eu dizer que as minhas ações são minhas e aí tem aí eu eu por que que eu insisto Nisso porque porque a vontade ela tem uma história dentro da nossa das nossas concepções filosóficas a vontade nasce num dado momento né e não é por um por
um acaso que a vontade nasce num debate teológico ela é expressão de uma certa teologia que nos é até hoje constituinte né então então isso é importante porque eu ve tô desenvolvendo com vocês essa ideia olha existem relações fundamentais entre ide autorreflexão poder a refletir a si mesmo né ser ser Senhor ser senhor de da da de uma da minha própria vontade e ter consciência né a consciência ela tá ela elaa consciência ela é incompreensível se eu não atualizo eu diria Eh toda uma constelação de conceitos que passam por identidade vontade eh autodeterminação autorreflexão Auto
no sentido autonomia né então todas você tem um campo a gente vai ver um pouco como esse campo ele se ele vai ele se se configura como esse campo se monta e como esse campo mais uma vez ele ele tá presente tanto tanto nas nossas concepções do mundo tanto nos nossos modos de vida quanto nas nossas formas de intervir na vida de intervir na vida no momento que nós entendemos que ess que essa constelação Ela não ela não tá dada para certos sujeitos né então eles começam a sofrer por isso porque os seres humanos dessa
característica fundamental fundamental eles sofrem por valores né pela realização ou não de certos valores nós podemos sofrer pela realização ou não de certos valores morais por certos ideais que nós gostaríamos de ter realizado e não conseguimos realizar certo então nossos nossos Sofrimentos não são só baseados em marcadores biológicos não são só baseados em déficits ou ou em excessos de certas configurações biológicas né eles são baseados eu insistiria fundamentalmente pela pelo Impacto de de estruturas de valores no interior das nossas vidas e esses valores não estão ausentes do campo da Clínica e só para vocês terem
uma ideia do que mais concreta do que eu tenho a dizer que eu tô tentando dizer Veja por exemplo a a clínica ela não é autônoma em relação a valores que circulam na sociedade né Por exemplo eh a gente sabe muito bem como o ideas de normalidade de saúde estão vinculados a valores por exemplo como Harmonia como proporcionalidade proporção né bem Harmonia Harmonia não é um valor Clínico Harmonia é um valor estético né diz a o o bom termo a a forma a a forma perfeita né todo esse tipo de coisa bem sabemos como questões
como rendimento são elementos fundamentais eh performance rendimento hoje em dia para que nós paraa Constituição de um certo tipo de escuta Clínica né bem rendimento performance não são conceitos clínicos são conceitos econômicos né da mesma forma controle autocontrole né Eh hierarquia saber hierarquia hierarquizar seus desejos kreplin tem uma kreplin era um psiquiatra no século X eh responsável por algum por alguns dos tratados de psiquiatria mais influentes a época final do século XIX começo do século XX então ele vai falar por exemplo sobre a demência precoce que era a maneira como ele entendia o que hoje
nós chamaríamos de Psicose então e ou dependendo nós chamaríamos de esquizofrenia né então ele vai falar por exemplo do paciente que acorda e não sabe não sabe hierarquizar suas vontades ele acorda de um lado acorda de outro começa a fazer uma coisa larga deixa de fazer outra coisa fica andando de um lado para eh de uma de uma ação para outra outra como alguém descoordenado desorientado né então vocês percebam tem uma questão de hierarquia hierarquizar por quê Porque ele tá sendo afetado por todos os lados e ele não consegue estabelecer nenhum tipo de hierarquia mais
bem hierarquia controle são valores políticos não são valores clínicos Então tudo isso para mostrar como a clínica ela tá inserida no interior de um campo e abstraí-los princípios de diretivos do seu poder né no sentido mais estrutural do termo e da sua do seu da sua das suas dimensões de tratamento né dito isso por exemplo eu tava falando para vocês sobre essa essa questão tão fundamental sobre eh as noções de vontade de autorreflexão Vejam uma coisa interessante né Vamos pegar o caso da autorreflexão Porque isso me interessa particularmente dentro dessa discussão né bem por que
ela é tão central a noção de consciência ela tá ela tá basicamente vinculada essa capacidade que eu tenho de tomar para mim tomar mim mesmo como objeto me autorre refletir né e eu costumo de lembrar aos meus alunos alunas tal que a a reflexão ela é esse termo que para nós é tão tão operacional da ideia de consciência ele aparece inicialmente como uma metáfora né reflexão na verdade aparece pela primeira vez com Lock a gente usa que foi o primeiro a usar reflexão como nós usamos hoje né e o lock Desc no ensaio sobre entendimento
humano o lock descreve isso para dizer olha a consciência é um pouco como um olho né que reflete que que reflete a luz que que que que vê imagens né do que a que que que ele funciona um pouco como como um como uma uma como uma superfície né que capaz de refletir imagem exterior né então vocês percebem era uma metáfora escópica essa metáfora escópica ela ela Funda a nossa noção de consciência aponta com noção de consciência você basicamente uma espécie de de de olho interno né o Richard hor que é um filósofo norte-americano escreveu
um belíssimo livro chama filosofia como pelho da natureza né trabalha muito essa questão a gente vai poder ver isso dentro do nosso curso né mas a ideia fundamental aqui é que exatamente por causa dessa dessa operação de conexão porque essa que é a questão a a reflexão é uma forma de conexão ela conecta coisas mas ela conecta coisas que parecem ser as mesmas porque ela conecta o objeto a sua imagem e é como se bem de uma certa maneira o objeto e sua imagem é a mesma coisa né quanto melhor refletido mais idêntico são essas
duas coisas né Quanto quanto mais o espelho é polido quanto mais o espelho é perfeito mais então a imagem é simplesmente a a duplicação do objeto né então eu insistiria esta ideia né Essa essa ideia por por por por mais que ela tenha as suas questões interessantes ela é Ela Funda um elemento central do ocidente né E essa concepção de que entre a imagem e objeto no interior da consciência né entre a representação e a coisa no interior da consciência entre mais entre entre a a o pensamento e a inspeção das operações do pensamento há
uma identidade absoluta a uma absoluta e ela Funda esse lugar que é meu que é radicalmente meu né então a consciência é algo como o lugar no qual objetivo só que aí é claro né aí tem uma série de questões muito interessantes objetivar significa eu tomo a mim mesmo como objeto eu tomo as estruturas do meu pensamento as operações do meu pensamento como objeto do meu próprio pensamento e é claro que esta esta Auto inspecção Essa autorreflexão é também uma certa divisão como se o dispositivo que define a minha autoidentidade vocês percebam que coisa paradoxal
fosse na verdade a expressão de uma estranha divisão fse de uma estranha vocês quiserem mais do que uma estranha divisão uma estranha sujeição de mim por mim mesmo por quê Por que que eu falo isso e aí eu queria entrar um pouco nessa dimensão moral teol lóg da ideia de consciência que nos vai ser tão importante né porque eu quero fazer um pouco isso com vocês uma uma genealogia da consciência como é que nasceu para nós essa noção não só de consciência né mas essa noção de primeira pessoa o que que para nós significa primeira
pessoa porque que falar na primeira pessoa é tão importante para nós né Eh e que não necessariamente seria dessa forma né eu lembraria só um detalhe eh fazer um pequeno parêntese né Eh por exemplo os gregos não falam na primeira pessoa né seria um equívoco imaginar que existe algo como a primeira pessoa tal como ela funciona para nós fora fora das nossas próprias sociedades né dier os gregos podem até utilizar Eu Em certas circunstâncias mas eles nunca utilizam eu como nós utilizamos eles nunca utilizam o eu como uma perspectiva F mental e singular de avaliação
né como uma testemunha que não é testemunha de um fato objetivo mas é testemunha de um impacto singular de alguma coisa né isso não existe porque ISO isso pressuporia para um grego uma diferença fundamental anre o que eu vejo é a maneira como eu vejo né Eh e essa distinção ela ela ela efetivamente não existe dessa forma porque o a primeira pessoa do singular não tem esta função primeira pessoa do singular todo todas essas questões são importantes para que nós possamos entender em última instância como apareceu esse operador de identidade de autoidentidade que é a
consciência que essa essa é a sua função Central se vocêes quisessem uma definição eh digamos eh ontológico de consciência eu diria que consciência é um operador de identidade de si é isso né ela aí todas as Os questionamentos sobre ela vão girar em torno disso vão girar a partir disso né Que tipo de jeito é esse que nasce de uma maneira tão brutal no sentido de um de um gesto de um gesto forte né como vinculado à afirmação da identidade de si seja você tá vinculado à afirmação da identidade de si É porque tem alguma
coisa que parece tá te tirando de si mesmo a todo momento ah né Então aí a gente começa a uma discussão muito muito muito interessante porque Vejam Só ã se se eu disse para vocês bem consciência se vocês quiserem uma imagem Pensa em um olho e uma imagem literalmente né onde o olho e a imagem se encontram onde a distância não conta de uma certa forma e por que que a distância não conta porque o olho o olho submete a imagem né de uma certa forma o olho constitui a imagem né o ordo define o
que é a imagem né então há uma é uma divisão entre a consciência que inspeciona e a inconsciência que é inspecionada né entre a consciência que avalia e a consciência que é avaliada né e é importante que essa que que a primeira sujeite a segunda né Por qu de onde vem isso como é que como é que isso aparece para nós por que que eh por que que eu posso dizer para vocês que essa essa inspeção das nossas operações cognitivas ela não é só uma inspeção de operações cognitivas a gente estaria completamente equivocado sobre o
A Força instauradora Dessa crença Nossa de que nós somos lá onde nós conseguimos inspecionar nós mesmos nossas próprias operações né estaremos completamente equivocados se não conseguíssemos ouvir ah digamos o o caráter não só de inspeção mas também o caráter de autoavaliação autoavaliação de das nossas próprias ações autoavaliação de nós mesmos porque vejam um olhar não é apenas um olhar essa a primeira coisa a ser colocada aqui um olhar é uma perspectiva uma perspectiva significa é um modo de organização ele traz um mundo né ele traz uma forma de estar no mundo de organizar o mundo
né Eh e ele traz uma verdadeira sintaxe de avaliação né e e é interessante porque só para que vocês possam um parêntese um parênteses né só para que vocês possam entender melhor o que eu tô querendo onde eu tô querendo chegar é porque para nós seres Sem consciência seres sem essa capacidade de inspecção de si eles eh eles não poderiam seres que não se avaliam a si mesmo não estão no nosso grupo né Isso é o que define a nossa excepcionalidade humana para uma certa visão tradicional dessa situção Isso é o que faz que faria
de nós humanos né então vejam primeira isso é um dado muito interessante porque olha só vou trazer para vocês né significa duas coisas primeiro algo de próprio aos humanos que se expressa na existência da consciência quer dizer concretamente né animais e outros seres viventes não teriam consciência Esso é a nossa ideia tradicional ou ao menos não teria uma consciência como a nossa né E esse é o dado mais fundamental não teria uma consciência que que que é uma consciência como a nossa é uma consciência sem capacidade de autoreflex né E aí é um dado interessante
porque por exemplo eh existe um filósofo Harry Frankfurt que foi tentar dar uma visão mais ou menos eh digamos pedagógica do que pode ser uma vontade livre porque toda essa questão gira em torno disso né gira em torno um pouco bem ess animais não terem não têm capacidade autorreflexiva então em última instância eles não são livres né não não não não faz sentido atribuir esse tipo de de de de julgamento a animais né E por exemplo alguém como Harry frankfur vai dentro de uma de uma ideia tradicional nesse sentido vai dizer o seguinte olha existe
uma coisa que é ter desejo por exemplo eu posso ter desejo de fumar e eu eu posso um animal pode ter desejo de fumar pode ter desejo de nicotina isso não é nem um pouco impossível só que existe uma outra coisa que é ter desejo de ter desejo ou não ter desejo de ter este desejo você percebe a gente tá num num uma espécie de Desejo de segundo grau tem um desejo de primeiro grau Eu tenho um desejo de né Agora posso ter um desejo de segundo grau Eu tenho um desejo de ter certo tipo
de desejo ou de não ter certo tipo de desejo então no nosso exemplo eu posso ter um desejo de ter desejo de fumar o que é raro Mas eu posso ter um desejo de não ter desejo de fumar então vocês percebem isso o que me faz com que eu me divida mais uma vez eu me avalie né eu e eu e eu imponha a partir da minha vontade um tipo de restrição à aquilo que aparece para mim como um desejo né então eu escolho entre os desejos né e falo não esse eu não quero né
então é como se essas essa esse desejo de segundo grau ele fosse o o fundamento do excepcionalismo humano né ser a importância disso como se ele fosse a aquilo que que que determina a humanidade em nós e é mais interessante porque dentre os humanos não é só isso não é só um excepcionalismo entre espécies né espécie humana e as outras dentro dos humanos nem todos teriam essa capacidade de autorreflexão porque nem todos teriam essa consciência desenvolvida nesse nível porque tem aqueles que teriam uma consciência cujo exercício de autorreflexão ainda não se encontra propriamente desenvolvido né
Por exemplo as crianças e para vários durante vários séculos entre nós aquilo que Nós chamávamos de os selvagens né E esse um dado importante de ser lembrado isso Explicita muito claramente como os nossos conceitos normativos eles têm eles tem uma geografia que ele é própria né eles têm uma um uma dinâmica digamos de de imposição que é próprio né que afinal de contas se essas se a gente tá diante de de de de humanos que ainda não tem uma capacidade de autorreflexão própria a gente tem obrigação moral de de colocá-los de permiti-lhe daquilo que nós
daqu desse ponto de desenvolvimento e Progresso que nós conseguimos chegar e que eles ainda não né então vem você tem esse exercício de autorreflexão eh seja desculpa você tem consciências cuj ess exercício de autorreflexão não não teria encontrado propriamente o seu desenvolvimento ou que teria o seu ter o seu desenvolvimento travado impedido por algum elemento exterior no caso aquilo que Nós chamávamos classicamente dos loucos né ão a criança O Selvagem louco essa Tríade clássica né da regressão nos conhecemos né então vocês percebam isso é um dado muito interessante né a consciência entender a importância desse
conceito ela determina ao mesmo tempo quem é humano e quem é mais humano dentre os humanos né exemp Qual é o limite Qual qual é qual é o o conjunto dos humanos e dentro dos humanos quem é mais humano do que outros humanos n Quem são os humanos que tão que tão um um ponto acima né tão um passo à frente então que vão servir de de modelo para os humanos que tão num passo atrás né só para vocês terem uma ideia como isso é tão arraigado entre nós eu trouxe inclusive aqui um uma afirmação
de um filósofo moriss merl Ponti morlon Ponti dizia o seguinte né existe natureza em toda a parte onde é uma vida que tem um sentido mas onde porém não existe pensamento Olha que interessante daí o parentesco com o vegetal é natureza o que tem um sentido sem que esse sentido tenha sido estabelecido pelo pensamento é autoprodução de um sentido a natureza é diferente portanto de uma simples coisa porque ela tem um interior ela se determina dentro de ela se determina de dentro daí oposição entre natural e acidental e não obstante a natureza é diferente do
homem né Eh não porque não é instituída por ele ela supõe a costume ou discurso essa é uma eu trouxe isso não por concordar eu trouce isso porque acho que essa é uma visão tradicional do problema muito muito muito clássica né O que qu merlon po tá e eu trouxe de um filósofo do século XX não peguei um filósofo do século X7 18v para mostrar como esse conceit e um conceito como esse ele agora Talvez os últimos as últimas décadas ele começa a ser visto de maneira de forma cada vez mais sist com suspeita de
maneira cada vez mais sistemática né mas isso é muito recente porque Vejam Só lembrando isso olha que interessante o merlotti tá a dizer que a natureza é uma vida portadora de sentido só que ela é privada de pensamento ela conhece finalidade por isso que ela é portadora de sentido essa finalidade é uma autoprodução no sentido de não precisar recorrer a nenhum fenômeno transcendente né mas essa finalidade ela não seria exatamente o exercício livre de uma escolha de uma deliberação de uma consciência por isso a natureza desconhece a primeira pessoa do singular né o fato de
ser caracterizada por alguma forma de movimento finalista varia dela uma entidade diferente de uma simples coisa mas então ela não é fruto de uma da desculpa chama de uma instituição criadora né e o mais interessante em afirmações dessa natureza é que é que o que que ela tá querendo exatamente dizer porque assim não ter pensamento em nenhum grau é difícil mesmo já mesmo os anos 50 era difícil afirmar né Por exemplo um outro filósofo da época um filósofo da biologia da Medicina chado Josh Kang guilim lembrava o seguinte viver é mesmo para uma meba preferir
excluir ele diz toda atividade orgânica é uma atividade valorativa Ou seja é um tipo é um julgamento a partir de valor né Eh mesmo que esse julgamento apele aos afetos as Sensações aos modos de afeções isso não muda um dado estrutural dele né É trata-se de uma atividade valorativa eu seleciono né posso errar mas eu seleciono a partir de uma capacidade de julgamento de avaliação né então uma forma de como se o quente tivesse a dizer olha uma formma de pensamento existe até numa meba então não pode ser isso que saber excepcionalismo algum né pensamento
é em um certo nível uma categoria genérica dos seres vivos né Eh que a gente pode admitir formas diferentes de pensamento só que é claro Men Ponti que que ele tá querendo mesmo que ele não colocado nesses termos vai dizer não mas tem tem um tipo específico de pensamento que nos é próprio é o é o pensamento autorreflexivo né como a gente viu anteriormente E aí vem uma questão muito interessante porque eh a gente poderia dizer é sempre possível perguntar se a autorreflexão tá realmente completamente ausente dos outros viventes porque a capacidade que os viventes
têm de modificar padrões de Conduta a partir de mudanças no meio ambiente os processos de aprend AD a partir de fracassos e de erros pressupõe algo como uma espécie de autorreflexão de base né só que aí então a gente vai ter que dar um passo ainda além n falar então tá então mas teria uma um um tipo de autorreflexão que não seria próprio né Eh e que é a ideia de que digamos eh a capacidade de colocar em dúvida a sua própria existência eh de perguntar Ou seja que não seria própria ou seja um certo
nível de autorreflexão a gente toma a todo momento nós mesmos como como não só como um elemento de avaliação mas uma dificuldade de estabelecer processo de avaliação um conflito de interpretações poderia tentar operar alguma coisa nesse nível né Mas a gente podesse sempre perguntar por porque nós daríamos uma uma importância ontológica tão decisiva a este a essa forma muito específica de autorreflexão né Toda uma questão que eu queria trabalhar com vocês mas aqui o tempo que nos resta eu acabei me distanciando da psicanálise vamos voltar a psicanálise Por que psicanálise dentro desse contexto e vejam
que interessante ã talvez a psicanálise coloque algumas questões como por exemplo mas não é claro que a autorreflexão como Auto apreensão do pensamento por si mesmo exista realmente em nós talvez ela seja uma ilusão moral por que que eu insisti numa ilusão moral moral aí porque aí fecho um parêntese que tava lá lá atrás porque veja isso nasce da Necessidade que nós teríamos por isso que eu falei numa divisão de tomar distância de nós mesmos né de estabelecer que há algo em nós que de uma certa forma há uma vontade em nós que se distingue
radicalmente das das dos impulsos das afecções né da libido que o termo é esse então aparece desse dessa dessa forma eh que de uma certa maneira eh é é a dimensão do involuntário em nós né quem é um nome fundamental dentro deste processo ele não é um moderno Então você percebe que isso não é uma coisa que Funda a modernidade mas é um é uma é um mas ele também eh embora não seja o moderno ele é um precursor de algo de de algo que é mod modernidade vai se vai se consolidar dego que na
modernidade vai se consolidar de forma decisiva que é o Santo Agostinho ISO que eu insisto Nisso porque vamos voltar a uma matriz teológica Porque tem uma base teológica nisso né o Agostinho vai dizer algo mas tem uma maneira de entender isso melhor né o Augostinho ele eu vou acabar dorando o tempo mas tudo bem Depois a gente ganha mais é uma maneira de gostinho ele ele fala que ele se volta contra si mesmo com o seu próprio corpo quando por exemplo ele tá num numa sauna a sauna na época não era a sauna que vocês
conhecem hoje era uma sauna era uma sauna é uma sauna como ela normalmente normalmente é uma sauna como lugar para você tomar banho público né e ele tá lá e ele tem uma ereção involuntária que deixa ele completamente morto de vergonha ele começa a se perguntar mas que que o que que é isso que no corpo Ele parece que tem um um princípio autônomo uma uma uma força né que que que coloca que Nosa que coloca a vontade sempre uma força insubordinada em relação à vontade né E é claro é um dado interessante porque isso
Explicita um dado um elemento fundamental aqui quer dizer essa essa involuntário libido por exemplo no tem o caso No caso dele ela ela expressa um um princípio de Conduta um princípio de ação né que não que que não é exatamente o fruto direto de uma vontade livre então aí nasce essa distinção moral fundamental de desejo e vontade né E aí também nasce essa ideia de que bem eh el por por não ser fruto uma vontade livre ela não tá submetida é necessário que o que o que a que o sujeito ele possa submeter esta vont
ele possa recuper erar o seu governo de si é uma questão política que tá aqui colocada né É como se eu tivesse tem uma força insubordinada tem um elemento subordinado em mim eu não posso permitir a insubordinação eu tenho que que impor novamente um princípio de dominação né princip dominar quem tem que dominar nesse né A questão fundamental é quem tem que dominar não é o corpo né quem tem que dominar é a razão né O que tem que dominar essa razão Que Tem Na expressão da Vontade que que reflete a si mesmo o seu
fundamento né ou seja vocês percebem mais uma vez é esse esse modelo é um modelo que nasce dentro de um debate teológico né esse modelo que nasce dentro de um debate teológico ele não vai só não só para para Horizonte da filosofia moral ele ele vai ele vai ser pervasivo em relação a todos os nossos usos do conceito de consciente e o que a psicanálise nos traz de interessante a gente perguntar bem talvez essa ideia de uma autorreflexão tá possível que é tão fundamental para nossa concepção de liberdade ela seja uma ilusão moral né Muito
mais uma ilusão moral do que uma realidade cognitiva porque não é claro que a nossa autorreflexão não seja motivada ela não seja condicionada ela não seja limitada por motivações inconscientes a maneira como nós não é claro que a maneira com Que Nós aprendemos a nós mesmos não seja na verdade expressão de uma de um de um sistema de motivações e de limitações que é inconsciente que limita brutalmente a nossa capacidade de revisão e de crítica de nós mesmos né ou seja então ou seja não é claro maneira mais Evidente Mas é claro que nossa autorreflexão
seja um ato incondicionado por que que eu digo isso eu levaria um pouco pro final porque bem essa discussão A gente vai fazer de forma mais adequada dentro do nosso curso né bem vocês sabem a psicanálise tem a sua maneira uma teoria do da consciência né Não só da consciência como estado né mas também da consciência como Instância né Então nesse nessa teoria a consciência ela aparece como uma função derivada como um processo entre percepção e memória né eh e aí vem várias maneiras de de falar sobre isso mas o tempo nos resta diria o
seguinte para escrever um pequeno texto muito muito astuto 1925 que ele parece um pequeno texto mas no fundo ele é fruto de uma elaboração de décadas assim eh que que onde a gente encontra eh rascunhos Como projeto para uma psicologia científica Capítulo 7 da interpretação dos sonhos cartas ao fliz né textos de metapsicológico todos esses textos Nos quais a questão da consciência aparece né e de uma certa forma Quase como se eles fossem todos em direção um pequeno texto chama Notas Sobre o bloco mágico onde ele acha uma metáfora ele acha uma imagem para explicar
o que que ele entende por aparelho psíquico né E na verdade ele fala olha tem duas questões que o aparelho psíquico tem que dar conta tem que receber percepções e ele tem que tem que preservar memórias n então ele procura ter uma capacidade limitada de receber percepções ele procura criar memórias duradoras mesmo que essas memórias duradouras não sejam imutáveis elas estão sempre em processo estão sempre em reinscrição né quem der ridata é um texto muito muito importante uma cena da escritura sobre essa esse caráter processual digamos assim da memória do Freud né e o que
que isso significa né mas aí vem uma questão aí primeiro elemento para entender essa teoria da da da consciência é do Freud é que a consciência ela não tem acesso direto à memória e nem tem uma abertura completa à percepção né as suas representações elas são vinculadas à memórias que ela não tem acesso direto ou seja suas representações não são espontâneas essas memórias que elas não tem acesso direto interferem a todo momento nas representações que a consciência é capaz de ter né Eh Ou que ela ela ela censura representações ela puxa representações eh a partir
das formas do lpso dos atos falos ela puxa para seja para pré-consciente ou ela ela puxa para fora do horizonte da consciência né Então as representaç luções espontâneas e nem as percepções também são espontâneas porque as percepções estão dirigidas a a repetição eh a percepção ela ela ela ela não é uma recepção não é uma percepção digamos eh como se fosse um um dado na Sens data né dado sensorial ela é na verdade a tentativa de reencontrar né de a minha percepção tá baseada numa tentativa de de encontrar de novo algo né o que eu
percebo e tá em larga medida sujeito submetido mas não é só isso né porque se fosse isso então eu estaria num processo completamente alucinatório mas bem o elemento que me impede estar num processo completamente alucinatório não é um acesso direto a um objeto tal como ele é no Estado Real de coisas ela é são os fracassos da Alucinação eu eu consigo eu consigo eh criar caminhos a partir dos fracassos dos meus processos alucinatórios o que não significa que eu tenho que eu tenho acesso direto ao real né ao Estado Real de coisas significa simplesmente que
eu sei como evitar para repetir certos fracassos então é um dado importante pra gente se explicar o que que é que que é uma prova de realidade porque que essa prova de realidade não necessariamente a identificação de um princípio de realidade é simplesmente eu tava dizendo as percepções elas são elas não são espontâneas elas são dirigidas à tentativa de reencontrar de repetir experiências anteriores de satisfação Tendo isso em mente o Freud então desenvolve essa essa imagem do bloco mágico que mais ou menos o seguinte todos vocês conhecem esse tipo de brinquedo é que nessa época
o brinquedo era mais mais primário né que é são ess são esses brinquedos Onde eu posso ficar desenhando a todo momento alguma coisa Depois eu apago né só que na época do Freud ele era composto de três elementos Então você tem uma espécie de tábua de cera né Eh você tem um duas folhas uma folha de celulose e uma outra folha é um pouco mais frágil né onde você então com uma uma espátula você escreve né E aí Claro onde você escreve você faz com que o papel toque a cera então ele fica né eí
Depois você tira o papel volta e ele fica Ah digamos assim vazio novamente né F lá tem um dado interessante que a cessa capacidade limitada da percepção né E essa ess e esse o fato de que os elementos da memória vão deixar traços porque é Claro porque a cera Ela não ela não se apaga chega um momento inclusive que fica muito difícil de escrever porque porque ela tá toda marcada né Então essas marcas vão aparecendo né e fala ah issão eh uma metáfora muito interessante sobre a final de contas como você tem esse sistema de
memórias que eles vão que não só eles vão eh se preservando mas eles vão interferindo também né E ele fala só falta uma coisa para ser como aparelho psíquico que que aí eles seria verdadeiramente um bloco mágico que os traços da memória os traços minésio eles pudessem intervir também no papel não é só um uma exterioridade que intervém não é só um princípio externo mas também um princípio interno que intervém mas tudo isso para dizer então o seguinte percebem coisa interessante Então ele ele tem ess primeiro tem essa ideia da dessa dupla camada né e
é muito importante Dupa camada de papel porque a percepção ela tem duas funções no Freud são mais ou menos contraditórios ela precisa proteger o aparelho psíquico de excitações e ela nunca consegue fazer isso direito até porque a noção de trauma do Freud Exatamente Essa uma quantidade de exitação não que que a consciência não sabe como lidar né então por isso ela ela é marcada por esse ela precisa expulsar censurar reprimir Então você tem esse esse dado ela nunca a a quantidade sação ela sempre passa embora a percepção em larga medida procure proteger é uma proteção
frágil digamos assim e ela porque ela também tem um outro lado que ela precisa receber essas citações Néa não pode simplesmente se proteger por completo porque isso significaria que ela não consegue mais se orientar dentro da do o sistema de excitações tal como eles se dão na no exterioridade mas também tem as exações que vêm de dentro né excitações internas né então é um sistema de digamos de gestão de excitações de uma certa forma que é muito interessante porque o posteriormente depois o lacam vai desenvolver isso como se fosse uma uma máquina e aí eu
só terminaria dizendo o seguinte a psicanálise ela tem uma concepção mecânica da consciência o Isso vai ser o eixo do nosso curso só que esse essa esse maquinismo da consciência ele não é o mecanicismo e o maquinismo tal como nós entendemos hoje né Por exemplo se a gente pega Na neurologia CTO você tem várias correntes que vão fazer aquilo que a gente poderia chamar de uma redução materialista dos fenômenos da consciência como se os fenômenos como se os estados mentais que nós usamos para normalmente descrever a consciência F sem maneiras imprecisas de descrever Lever na
verdade fenômenos cerebrais como se todo o estado mental pudesse ser reduzido a um estado neuronal como se ele fosse simplesmente uma maneira metafórica de falar de um estado neuronal né E por ser uma maneira metafórica você não tem se você precisar intervir né é necessário que você intervir na estrutura neuronal não no estado mental então quer dizer eu posso falar sobre sobre emoções sobre afetos posso falar sobre Sensações certo mas eu tô na verdade a falar de maneira imprecisa de algo que tem realidade mesmo do ponto de vista científico e mais de intervenção em Estados
cerebrais captações seratonina estruturas de de sinapses neuronais que dess assim elas elas elas elas são elas não são nem a causa disso que que a que os estados mentais são efeitos elas por isso que a ideia de redução não é nem a causa é é é o fenômeno descrito de maneira adequada né como se nós fôssemos sombras da atividade do nosso cérebro né só que o maquinismo da psicanálise é de outra natureza Não é esse que então reduz faz uma redução materialista dos fenômenos da consciência ele tem uma também tem uma redução materialista mas um
outro tipo de materialismo que não é assim materialismo psic digamos assim esse materialismo eh digamos neuronal é um materialismo histórico porque a questão fundamental da da psicanálise é entender como essas limitações próprias a consciência PR os nossos nossos atos de autorreflexão né Eh as nossas expressões de auto apreensão C elas são na verdade eh frutos de uma historicidade estrutural do nosso modo de ser né então e como de uma certa maneira eh lá exatamente onde a nossa Auto apreensão falha L onde a nossa apreensão ela ela ela ela ela manca no sentido mais forte do
termo é lá exatamente que aparece que que se manifesta ou seja lá onde lá onde aparecem os sintomas os lapsos as inibições as angústias exatamente nestes pontos que algo de que rompe esse maquinismo próprio da consciência seja que que essa dependência das nossas formas de das nossas formas de autodeterminação nossas formas de autoidentidade a a um a um Horizonte histórico que sen eu comecei a falar sobre teologia porque esse Horizonte histórico ele não é só Horizonte histórico digamos de de uma história curta uma história longa né marcada por uma série de princípios teológicos e Morais
que nós naturalizamos com elemento constituinte das nossas vidas como exatamente nesses pontos onde esse maquinismo não funciona ou seja pontos Nos quais ess consciência ela deixa então de operar é exatamente lá que algo da Ordem do que nós poderíamos chamar de um sujeito aparece Então essa distinção completamente Improvável completamente inusitada né e eu diria mesmo ainda difícil de ser entendida entre o que como é possível falar de consciência de um lado e sujeito de outro ou seja de de de consciência de de daquilo que determina a nossa identidade daquilo que organiza a nossa autorreflexão daquilo
que organiza a nossa apreensão tudo isso tá fora do que nós efetivamente somos né então ou daquilo que nós efetivamente estabelecemos como singularidade então exatamente isso que eu queria desenvolver com vocês e mostrar então Quais são as consequências disso para uma clínica e para uma crítica então para isso a gente Tent aí acho uma meia hora mais um tempo para perguntas [Música] né Tá então a gente vai direto perguntas é isso Entendi então vamos lá eh a acho é Renata Matias de Lima né Renata pergunta o seguinte o nosso sofrimento vem mais da nossa Auto
expectativa ou da fragmentação dos nossos tempos eu gostaria de ouvi-lo por favor eu diria o seguinte você tem você tem múltiplas formas de Sofrimento psíquico vinculadas entre outras coisas asac as características estruturais das nossas sociedades você colocou dois aqui muito importante né são Sofrimentos vinculados a ideais né E aí vem uma questão muito interessante que seria mais ou menos a seguinte eh Auto expectativa dentro desse contexto é quase um pleonasmo né não tem nenhuma relação a ideal onde o ideal não esteja numa posição Alta Faz parte eu diria das nossas formas de vida onito mais
cutural do termo lembrar que todo mundo tá fora da expectativa mas isso em que no que sentido que que ten que que eu que eu penso com isso quero dizer mais ou menos o seguinte veja eh Freud tinha essa ideia importante né de que o eu no interior do eu você tem uma divisão uma divisão entre eh aquilo que tá aquilo que pode ser chamado de super eu e o termo do Freud é um termo bom é que a tradução ela é difícil de se fazer porque é Uber is Uber is é algo que tá
sobre o eu algo que tá acima do eu falam em alta expectativa isso é interessante porque há uma topologia no se su né E essa topologia ela ela reproduz a topologia de um tribunal é é o Freud também pensa numa metáfora nesse sentido um tribunal onde o juiz está sempre acima do julgado né você sempre olhando de baixo para de cima para baixo né então isso isso é um pouco como se ele falasse bem os ideais sociais que são elementos decisivos nos processos de socialização e de individualização eles não são indissociáveis eles estão totalmente vinculados
a uma estrutura fantasmática não há nenhuma relação a ideais E aí o dado mais interessante ainda porque esses ideais eles têm autoridade esses ideais têm necessariamente uma força de lei não há nenhuma eh relação a ideais e a autoridade que não seja também uma relação fantasmática não só uma relação normativa aos uma relação também fantasmática então por isso eh esse fantasma tá vinculado ao quê fantasma vinculado a sempre a uma estrutura de demandas de amor né a capacidade que a crença que eu tenho de que se eu agir conforme os ideais se eu agir conforme
e as expectativas Como Você levantou eu vou conseguir me livrar do meu desamparo porque eu vou vou est me colocando numa posição Onde eu posso ser um objeto efetivo de amor tudo se passa um pouco como se o FR lembrasse sim mas essa demanda ela ela é tão impressionante que o sujeito tá disposto a tudo até se autodestruir para preservar a ideia de que tem um amor que pode nos tirar do desamparo né então por isso a expectativa sempre vai ser eh um um não só uma um objeto digamos de de autodesenvolvimento do eu ela
vai ser sempre um objeto também de autodepreciação do eu isso é um elemento constituinte das formas das nossas daquilo que a psic chamava classicamente das nossas neurose você também levantou um outro elemento que se ouvia também um um sofrimento a fragmentação dos nossos tempos né esse é um dado interessante assim por que a ideia de fragmento ela necessariamente nos faria sofrer né né Eh por que que por que que o fato de você tá dentro de uma realidade fragmentada eh ela necessariamente faz sofrer Será que não a gente poderia também falar o inverso quer dizer
eh uma um uma situação Onde onde você tem uma espécie de de totalidade uma totalidade na qual essa seria impossível a a experiência do fragmento né frag porque exp fragmento é uma experiência interessante a experiência daquilo que emerge mas emerge só como uma parte ele emerge como uma promessa ele emerge como algo que poderia ainda ser né Eh emerge como como algo que ainda não se realizou isso sim tem um lado mas talvez você tenha pensado na questão da fragmentação dos nossos tempos como essa essa espécie de isolamento dos sujeitos né Essa Experiência profunda de
de isolamento que a qualis os sujeitos estão submetidos que isso está vinculado entre outras coisas a a a implosão das da noção de corpo social né a implosão da ideia é de que B eh a o elemento que determina tem mais realidade dentro da nossa existência não são os indivíduos né É é é o corpo social corpo Ou seja é o sistema de relações é como se falasse eh um dado um princípio estruturalista clássico né as relações vêm antes dos seu dos elementos né o fato de você não conseguir mais de uma certa forma ver
em relação né Eh eh compreender uma relação que não não é só relação que entre as pessoas nossa volta mas relações temporais né relações Profundas relações temporais que de uma maneira ou de outra nos Tira desse desse de talvez desse dessa dimensão que estava falando da fragmentação né ela com certeza é um elemento importante das nossas dinâmicas de Sofrimento bem tá tem uma outra questão estão aqui que é do João Lucas Z diz o seguinte niet chega a denunciar a psicologia como empreendimento moral verdade podemos entender a consciência como seu objeto clássico denotaria uma metafísica
que remeteria a decart no si mesmo Sim João foi bom você ter lembrado niet de fato ele é uma figura fundamental dentro de tudo isso que eui com vocês né exatamente eu diria Talvez um um texto importante um texto que eu vou trabalhar com vocês com certeza é o genealogia da moral acho um texto onde questão da Gênese da consciência a partir exatamente da sua da sua natureza moral ela é colocada né mas aí é uma espécie de antropogênese da consciência que unit faz né Eh e é um dado muito muito importante porque aí entre
outras coisas ele vai insistir que é uma série de sentimentos Morais que na verdade escondem outros sentimentos né Tu vai dizer bem verdadeiro o sentimento moral tá vinculado por exemplo ao ressentimento né Eh que deve ser então denunciado como um elemento constituinte de nós mesmos né Essa eh esse ressentimento como essa essa raiva de tudo aquilo que não se submeteu a ao império de uma de uma lei que nós demos para nós mesmos né e raiv de tudo aquilo que em nós também não se submeteu de todos aqueles que não se submeteram né então como
elemento constituinte dos nossos sentimentos Morais que é um pouco como é a relações as relações entre o niet e o Freud são muito mais profundas do que a gente possa imaginar né Eh porque o Freud de uma certa maneira ele fala isso quando ele vai dizer ele fala a sua maneira também né ele vai dizer olha o o fruto fundamental do processo civilizatório é o sentimento de culpa né não há processo civilizatório sem sentimento de culpa mas ele não tá fazendo uma defesa do sentimento de culpa ele tá falando olha o saldo é sempre um
é sempre um saldo processo civilizatório é indissociável de uma violência que ele é constituinte né e ele só vai poder se realizar quando ele vai se quando ele puder fazer uma autocrítica da sua própria violência Então não é uma luta da civilização contra a barbárie né uma compreensão do caráter Bárbaro da civilização é outra coisa né então todos aqueles que a todo momento nos momentos até engraçado momentos mais desesperadores falam não mas a gente tá em luta da civilização contra a barbária e tal bem um pouco de de de eh freudismo seria bom nessas Nessas
horas né o Freud vai lembrar não não não processo civilizatório tem uma barbárie que ele é própria a barbária Elia própria ele é insociável da perpetuação de uma certa forma de Sofrimento psíquico ligado ao sentimento compulsivo de culpa né que é que que pressupõe inclusive um tipo de dependência né H certas figuras que vão aparecer como as figuras super fantasmáticas super gicas né que vão aparecer no interior da da da nossa experiência social com todas as regressões que isso possa implicar né então Ou seja a sua maneira eu diria é é um diagnóstico que que
que dialoga muito com o diagnóstico Liano que a gente encontra também na Geologia da moral quando ele vai fazer uma é uma autocrítica do processo civilizatório na verdade é isso né só só um parênteses isso mostra entre outras coisas quão ruim a nossa maneira de falar de ressentimento hoje porque normalmente a gente fala como se a gente tentasse descrever porque que há comportamentos de pessoas que não são como nós né e a Idea exatamente o contrário ela falar veja como nós veja como nós nos constituímos é uma operação de suspeita de si de auto inspecção
né Então esse é um dado você coloca de fato então o niet é quem abre essa perspectiva de que olha entender a consciência não é só entender as operações da consciência cognitiva entender como essas operações elas estão vinculadas ah ah tem toda uma discussão é o seguinte elas estão vinculadas a uma a uma determinação moral da consciência né E aí quem vai aprofundar isso é o heidegger o heidegger no seu nos nos seus cursos sobre o niet que tem momentos impressionantes realmente belos momentos você vai lembrar olha mas Pera aí que que é consciência no
sentido for vamos pegar o decart como é que ela nas que que é consciência pro descart né que que é você saber o que é consciência pro decart pergunta o que que é pensar pro decart o que que é cogitar né Eh cógito ergum né eu penso logo existo Então tá também que que que regime de pensamento é esse né e ele vai fazer toda uma um trabalho filológico muito preciso vai falar olha veja como citá aparece né a todo momento né Eh ele sempre aparece como a capacidade de representar e ele vai falar bem
É o pensamento representativo que que ganha que ganha então a a sua a prevalência o que que é representar representar eh ele usa então Eh o ele ele ele usa o que aparece no termo alemão né for stellung né for stelling por diante né Eh e ele vai falar olha apresentar sempre pôr o objeto diante de si a ideia da metáfora escópica que eu tinha falado para vocês né ou seja É como se eu se eu se eu se eu colocasse é o olho que coloca o objeto ele fala não mas mas o o for
stelen ele é sempre o for stelen é sempre um pô diante um pôr a si mesmo diante de si né seja não eu é porque eu o objeto submete ao meu olhar submete as minhas condições de de organização do espaço né então ou seja eh mais uma vez percebe essa estrutura cognitiva ela não é só uma estrutura que a gente chama narcísica né E que é uma espécie de projetiva é uma estrutura projetiva objeto a minha estrutura no mundo né a consciência faz isso ela não apreende simplesmente ela não H por isso a ideia do
Freud ela não a percepção não é uma percepção li espontânea é uma percepção que ela é um ela é Ela é impulsionada por tentativas de reencontro e e e de repetição de uma certa forma eh isso converge com essa ideia de que a estrutura da consciência é projetiva é claro que ela vai ter ela vai ter fracassos né dentro desse processo projetivo por exemplo ador não falava Então você vai precisar de uma dupla reflexão Você tem uma reflexão que vem do objeto outra coisa mas então como é que ela se integra né dentro mas a
ideia que ess essa projeção ela é uma forma de domínio ela é uma forma de dominação então a consciência ela é um instrumento de dominação do mundo né no sentido mais forte do termo porque o mundo agora ele é o mundo no qual consciência é o fundamento né ou o mais que is sujeito ao fundamento e esse Sujeito como fundamento ele vai não só reorganizar cognitivamente o mundo mas ele também vai organizar materialmente o mundo para organizar ponto de vista da sua ação sobre o mundo uma série de consequências que vão ser derivadas daí então
tem uma tem uma uma visão digamos assim hegemônica de sujeito que vai ser que vai se impor de certa forma né e e nessa visão hegemônica isso eu queria insistir a ideia de consciência constituinte Então nem não adianta nada s s para eu falar assim não adianta nada você fazer uma como se faz hoje em dia infelizmente dentro de certos horizontes do pensamento do universitário eh eh Global não adianta se fazer uma crítica do sujeito ocidental né Eh no sentido abstrato do como muitas vezes acontece por quê por duas razões primeiro porque o sujeito ocidental
não existe dessa forma eu tô falando para vocês uma visão hegemônica do processo tem uma visão hegemônica tem várias visões concorrentes né que acontecem no mesmo tempo e que entram em profundo conflito um com o outro né Então aí com fazer com que essa não é não é sujeito a filosofia ocidental sujeito um setor fundamental da filosofia tal que por uma série de razões entre elas o capacidade de adaptação da sua das suas pressuposições metafísicas as as as as exigências materiais de reprodução do mundoal como ISO constituía conseguiu se impor né então primeiro seria importante
esse tipo de de digamos assim de de precisão por outro lado sempre bom lembrar de nada adianta você fazer uma crítica a esse sujeito se a noção de consciência autorreflexão continua tal qual e no fundo muitos que fazem essa crítica perpetuam Exatamente esse tipo de noção às vezes da maneira mais simplória possível aí fica tudo muito complicado né então por isso que eu que eu acho que é importante recuperar a psicanálise como um elemento eh decisivo dentro do nosso pensamento crítico porque ela vai falar olha Então você quer fazer uma crítica mesmo de verdade né
então você a a ideia de consciência vai ter que sair de cena se a ideia de consciência sair de cena uma série de coisas importantes também vão embora né vai embora uma certa noção de autonomia então é importante a gente ter uma uma noção de ação que não seja mais vinculada a ideia de autonomia a gente tem não tem então que tá faltando pra gente poder ter vai embora também uma certa noção de deliberação vai embora uma certa noção de decisão vai embora muita coisa né vai embora uma noção de identidade Ah isso aí é
sempre bom lembrar ainda mais hoje em dia porque tem gente que pco parece esqueceu no final das contas vai vai embora tudo isso e aí e aí você então aí tem uma tarefa existe uma tarefa do pensar de não só do pensamento mas da ação da ação coletiva né em relação a esse Novo Horizonte né ser crítica do seito ocidental ela tem que ser eu não posso fazer a crítica do se ocidental na frente ele ele entra pela porta dos fundos depois de novo N E aí você ele entra pela porta dos fundos fica pior
a situação é pior porque você não consegue nem mais nomeá-lo né e mas ele tá lá a gente pode passar para mais uma né do Gabriel escada Gabriel pergunta o seguinte se o capitalismo é uma metafísica em ato que constitui historicamente de formas coletivas e foi naturalizada o único modo de produzir mudanças estruturais Profundas é através da consciência não então Gabriel eh isso o único modo profas estruturais não diria ser através da consciência seria é compreendendo a consciência como um uma parte fundamental desta metafísica né Então seja aí tem uma questão significa o quê significa
bem pensar eh modos de relação a si relação ao outro eh relação eh ao mundo que não sejam sob a forma da consciência que a consciência é é um modelo de organização n eu disse para você organização na relação a si mesmo a forma da autorreflexão relação ao mundo sobre a forma dessa projeção do pensamento representativo né relação ao outro porque minem a consciência ela procura de uma certa forma no outro aquilo que que que que que é a repetição dela como consciência Então ela vê também aqueles que não tê consciência né então ela também
é uma forma de intervenção no outro por que que eu vou intervir então no no nos selvagens porque eles não têm consciência não no sentido el eles têm consciência potencial por isso que eles podem ser educados né não seja podem ser tem toda tem todo o que significa educação Nesse contexto mas tem consciência potencial como uma criança tem consciência de potencial mas ela não pode comandar né você não pode deixar a criança comandar Então você vai deixar também os selvagens Livres né Eu uso esse termo arcaico Exatamente porque para colocar muito claramente né O que
o que essa Matriz de pensamento pressupôs né Não por acreditar nisso oo contrário né Mas insistiria respondendo a tua questão Gabri o seguinte insistir o capitalismo é uma metafísica significa que não se trata quando se faz a crítica do capitalismo né só de pensar em modelos mais justos de redistribuição né em processos digamos mais integrados de mais amplos de conhecimento trata-se também de falar H é É necessário uma desconstituição da metafísica que lhe é própria metafísica baseada na noção de propriedade uma metafísica baseada na noção de identidade uma metafísica baseada em uma certa naturalização de
princípios teológicos que são próprios teológico político nossa relação à natureza por exemplo é é fruto dessa metafísica né Ela é fruto dessa ideia de que é uma distinção muito estrutural entre pessoas de um lado coisas do outro né E as coisas tão são qual qual a natureza das coisas ser submetidas a pessoas eh poder ser usadas por pessoas né E é claro dentro dessas coisas aparece todo o sistema de viventes que não teria autorreflexão não ão não só os animais né todos os animais mas também quer dizer a natureza aparece como a condição pra produção
de uma certa abundância né que vai ser fundamental para realização material da nossa liberdade como autonomia entre outras coisas então insistiria o seguinte criticar o capitalismo é criticar a metafísica que ele naturaliza Esse é o elemento fundamental né e o mais difícil ao meu ver porque ela ela é ela ela ela muitas vezes permanece inclusive dentro eh das nossas das nossos pressupostos mobilizados na crítica ao próprio capitalismo né E mais uma vez eh isso é importante dentro de uma perspectiva Clínica não é só uma importante dentro de uma crítica social ela importante também dentro uma
perspectiva clínica porque esta esta gramática esta metafísica nos faz sofrer ela impõe divisões ela põe impossibilidades dentro das relações a nós mesmos dentro das relações ao outro dentro das relações ao mundo e E essas relações essas impossibilidades elas aparecem em nós elas se manifestam em nós eh como como fontes de sofrimento eu insisto Nisso porque se eu puder deixar para vocês uma o que o que eu gostaria de fazer nesse curso e o que eu faço normalmente é insistir Veja a a clínica ela é indissociável mais uma vez da compreensão entre relação entre sofrimento psíquico
e sofrimento social ou seja ela é indissociável do fato de que ela mobiliza no seu interior né todo um sistemas de revoltas de ins submissões eh de de resigna contra certas dimensões da da da Ordem Social das nossas formas de vida que é visto pelos sujeitos como portadora de de de Servidão mais forte do termo Então é isso isso nos faz sofrer de uma maneira brutal né então eu diria que há toda uma uma elaboração a ser feita nesse sentido bem se a gente puder fazer então ó uma última pergunta porque acho que tô meio
mal na garganta Você pode falar um pouco sobre a consciência na atualidade mediada pelas tecnologias e inteligência artificial né então Alessandra essa é uma questão que eu gostaria mesmo de trazer com vocês de forma mais sistemática dentro do nosso curso né porque eh eu acho que tem duas dois elementos interessantes aqui primeiro deles é é é evidente que a gente tem todo um processo é é as coisas mudam de sinal né todo um processo no qual você tem vários setores eh da do campo da Inteligência Artificial por exemplo que vão negar a existência da consciência
né vão negar essa autonomia da consciência né a consciência como um conceito obsoleto né E por exemplo isso vai obrigar certos filósofos John C por exemplo né tem um uma uma metáfora boa né para falar olha tem algo de irredutível na consciência que é mais ou menos o seguinte porque tem esse tem uma dimensão porque a gente vai operar em em em dois digamos assim em dois Campos de Batalha e muitas vezes nos campos de batalha eles eles ganham valor alguns elementos ganham valores diferentes né então a gente vai é obrigado a defender num campo
e atacar em um outro né Por exemplo ele vai dizer o seguinte Olha tudo se passa um pouco dentro desses debates sobre inteligência artificial como se a gente esquecesse um dado falou ó vou poder vou poder explicitar isso vocês pensarem numa metáfora que que a metáfora que a gente chama do argumento do quarto chinês né que não é não é um não é o terceiro quarto chinês é um quarto né mas imagina o seguinte tem alguém no quarto que ele que ele ele recebe eh ideogramas chineses ou melhor ele recebe textos né e ele tem
uma espécie de planilha onde ele vai ver cada texto que vale a um ideograma Então ele recebe eh ele recebe o texto e entrega um ideograma recebe o texto e entrega te ograma né ou seja ele fala bem eh isso significa o quê que eh eh tem alguém que conscientemente fala que entende chinês não não ele simplesmente mecanicamente reproduz diz ah mas é um pouco como a inteligência artificial imagina que é Nossa consciência Mas isso não não faz menor sentido porque você perde a dimensão do sentido né Há um sentido da primeira o sentido da
implicação da primeira pessoa o tipo das ações da própr primeira pessoa que se você perde por isso que ele cria esse argumento é um pouco você pressupõe para eh tem uma diferença estrutural entre alguém que faz isso e alguém que sabe chinês como é que você como é que você como é que você descreve essa diferença a não ser o fato de que bem o segundo caso ele tem consciência do que tá fazendo né e o outro não tem consciência do que tá fazendo né tá fazendo de forma de forma automática de forma mecânica então
e ter essa consciência permite então outras coisas um todo um uso da linguagem marcado pela criação pela criatividade né que é próprio nos nossos usos da linguagem você você tem Você conhece eh um número muito limitado de proposições você consegue tirar número infinito de proposições em última instância né Então seja essa é um dado interessante porque você percebe Nesse contexto a noção de consciência ela tem uma função no final das contas é definir há um sentido da primeira há um sentido das operações da primeira pessoa uma espécie de há certas coisas que a gente só
consegue descrever utilizando a primeira pessoa certo e aí que é diferente um pouco disso que eu tinha discutido vocês que era exatamente bem mais são as estruturas assim de de poder que a primeira pessoa nos impôs né então esse isso mas isso para mim é muito interessante porque isso nos obriga saber eh operar como havia dito entre dois Campos de Batalha para entender quer dizer em que contexto eh a ideia de consciência ela nos é útil em que contexto ela ela nos é uma trava né bem Vamos então parar por aqui porque acho que a
garganta tá no limite mas eu agradeço então infinitamente a presença de todos vocês aqui né e eu espero então vocês aqueles que se interessarem que a gente possa participar do curso né disposição vocês parte pra continuação dos nossos debates era isso muito obrigado n