21 de janeiro de 1793. Uma carruagem cercada por membros da cavalaria francesa segue pelas ruas de Paris rumo ao local da guilhotina. Quando o veículo chega ao seu destino, sua porta se abre e o prisioneiro é escoltado ao local da execução. Suas mãos amarradas com um lenço. O carrasco corta seus cabelos e retira o colarinho de sua camisa. O prisioneiro vira-se para a multidão e se declara... ...inocente. Ele tenta fazer um discurso, mas os tambores começam a rufar, fazendo com que suas últimas palavras não sejam ouvidas por ninguém. São cerca de dez horas da manhã.
O condenado é colocado na guilhotina e, subitamente, a lâmina cai, cortando a cabeça do prisioneiro. O carrasco ergue o braço e exibe a cabeça do condenado para a multidão. Esse é ninguém menos que Luís XVI, que havia sido um dos reis mais poderosos da Europa. Os gritos dos franceses comemorando a morte do rei fazem a Europa tremer e, de certa forma, são ouvidos até hoje. A morte de Luís XVI, é apenas um dos muitos momentos emblemáticos da Revolução Francesa. Um acontecimento que tem repercussões até hoje. Mas porque que os franceses se revoltaram? O que foi
a Queda da Bastilha? Qual é o papel do Napoleão nessa história? Assista o vídeo até o final para entender essa história. O Nostalgia História está de volta! Olá, meus queridos amigos, tudo bem com vocês? Meu nome é Felipe Castanhari. E hoje vamos falar sobre um dos eventos mais importantes da história ocidental, a Revolução Francesa. Ela vai muito além da morte do Luís XVI ou da famosa Queda da Bastilha. Durante uma década, a França foi palco de revoltas, intrigas políticas, golpes de Estado e guerras com outros reinos. Aconteceu muita coisa nesses dez anos e é isso
que eu vou mostrar para vocês hoje. Claro, não dá para esmiuçar em um vídeo todos os aspectos da revolução, que teve um impacto político e social muito grande. Mas aqui você vai ver os principais acontecimentos para entender como e principalmente por que a França mudou tanto em dez anos. Então, já deixe seu like e se inscreva no canal, e claro quero deixar um agradecimento especial aos membros Super Saiyajin 3 do Clube Nostálgico, que apoiam nosso trabalho. Vire um membro também e me ajude a continuar produzindo esses vídeos que vocês tanto curtem e seus nomes vão
aparecer aqui nos créditos, tá? Link para virar membro na descrição. Pessoal, é com muita felicidade que anuncio a nova parceria entre Nostalgia e a faculdade de Meliès. A Meliès, é uma faculdade que, desde 2005 é especializada em artes digitais. Para você ter uma ideia, tem ex-aluno da Meliès trabalhando para a Blizzard, Weta, ILM e até Disney! Na Meliès você encontra cursos de graduação e especialização em animação, jogos, design e efeitos visuais. E pode ficar tranquilo, porque a Meliès é reconhecida entre as melhores do mundo. Ah, e sem mencionar que eu fui aluno da Meliès em
2007 e isso mudou a minha vida. Entre no site que eu estou deixando aí na tela e visite a Meliès, que eu tenho certeza que vocês vão curtir. Vamos começar falando de outro Luís, o Luís, XIV. Ele foi rei da França entre 1643 e 1715. Por aproximadamente 72 anos. Foi o reinado mais longo da história europeia. Maior até que o da rainha Elizabeth, que morreu em 2022. Foi com o Luís XIV que a França se tornou uma das maiores potências da Europa. Mas por que eu estou falando desse Luís XIV, que morreu em 1715, cerca
de 74 anos antes da Revolução Francesa? Porque, para entender de verdade a Revolução Francesa, é importante olhar para o passado da França. E é de lá que vem uma frase muito famosa que é atribuido ao rei Luís XIV. "O Estado sou eu." Vamos pensar um pouco sobre essa frase. Primeiro é importante fazer uma separação muito importante. Estado e governo não são a mesma coisa. O Estado é o conjunto de instituições políticas e administrativas que organizam a vida das pessoas em uma sociedade. Então, são órgãos administrativos, câmaras legislativas, delegacias, serviços públicos e por aí vai. Já
o governo é o conjunto de pessoas que administra esse Estado durante um determinado tempo. Então, o governo é muito importante, mas ele não é o Estado. É só pensar no Brasil. A cada quatro anos rolam eleições e o governo pode ser trocado. Mas mesmo se mudar o governo, o Estado permanece com suas leis e instituições. Então, no momento em que Luís XIV, diz que "o Estado sou eu", ele não está apenas falando que ele é quem manda na França, mas sim que a França é dele. Ou melhor ainda, ele está dizendo que ele é a
França. Ele controla totalmente o reino e o povo. O Luís XIV pode criar leis e impostos porque manda na economia, na política e até na religião. Aliás, no caso da França dessa época, o poder do monarca é visto como um direito divino. O rei manda em tudo, porque Deus decidiu assim. Em outras palavras, o poder do rei é absoluto. É por isso que esse sistema de governo é chamado de absolutismo. E esse poder não acaba com a morte de Luís XIV. Depois que ele morre, seus herdeiros mantêm esse mesmo poder total sobre o reino. E
isso não é exclusividade da França. As principais nações europeias desse período são governadas por monarcas com poder absoluto sobre seus reinos e suas colônias espalhadas pelo planeta. Como eu disse, o Luís XIV fez a França se tornar uma potência europeia, mas isso mudou depois da sua morte e a economia da França foi desandando ao longo do século 18. Um dos motivos foi a famosa Guerra dos Sete Anos. Esse é considerado o primeiro conflito global da história e envolveu várias potências europeias, como França, Áustria e Grã-Bretanha, brigando pela posse de colônias na América do Norte e
Ásia. E a França se ferra legal nessa guerra, perdendo praticamente todas suas colônias na América do Norte e ficando com suas finanças arrasadas. E nesse cenário que chegamos a 1774, quando a França ganha um novo rei, um jovem de 19 anos chamado Luís Augusto. Ao ser coroado, esse rapaz assume o nome de Luís XVI. E passa a mandar na França inteira do seu enorme palácio em Versalhes. Hoje, Versalhes é um subúrbio de Paris, mas na época era outra cidade. A capital francesa era Paris, mas o poder político estava em Versalhes, que era onde o rei
ficava com sua côrte. Quando Luís XVI assume o trono, a sociedade francesa não é exatamente o melhor lugar do mundo. Sabe aquela noção básica que nós temos de que todas as pessoas têm os mesmos direitos? Essa ideia simplesmente não existe na França do século 18. Nem em nenhum outro lugar daquela época para ser bem sincero. Lá o rei manda numa sociedade que é dividida em ordens, chamadas de estados. Apesar do nome, isso não tem a ver com aquilo que eu falei sobre Estado e governo, tá? Pode parecer confuso, mas é que Estado também é a
palavra usada para descrever como as classes eram divididas na sociedade francesa. O Primeiro Estado é formado pelo clero, ou seja, os membros da Igreja que têm muita influência. Uma prova disso é que não existe liberdade religiosa na França. O reino é católico e todos os franceses devem ser católicos, porque outras religiões são proibidas. No Segundo Estado estão os nobres. Alguns moram em castelos ou nas cidades, mas aqueles com mais prestígio ficam em Versalhes com o Luís XVI. Alguns atuam na administração da França. Outros servem nos exércitos do rei. Mas muitos fazem basicamente nada. A nobreza
e o clero têm muito poder na França. Juntos, o primeiro e o Segundo Estado somam 3% da população, mas possuem cerca de 40% das terras francesas. Sim, a igreja e a nobreza são donas de quase metade da França e, claro, têm muitos privilégios. Um dos principais é que eles são sustentados pelo dinheiro público, mas pagam pouquíssimos impostos. Mas peraí. Se eles pagam poucos impostos, de onde vem o dinheiro que banca esses caras? Bem, isso nos leva aos outros 97% da população francesa. Esse é o Terceiro Estado onde está todo mundo, que não é nobre nem
da Igreja. A maior parte dessas pessoas são camponeses que muitas vezes precisam entregar parte da colheita para o rei. Mas no Terceiro Estado estão também os moradores das cidades, como trabalhadores e pequenos comerciantes. Todos pagando impostos cada vez mais altos para sustentar tanto as contas públicas como os privilégios da nobreza e do clero. O Terceiro Estado inclui também uma burguesia composta por banqueiros, grandes comerciantes e empresários. Essas pessoas às vezes têm mais dinheiro que a nobreza, mas não têm poder político nenhum. A palavra final é sempre do rei e o problema é que, muitas vezes
as decisões do rei são exatamente o oposto do que essa burguesia deseja. Essa insatisfação da burguesia caminha junto com o surgimento das primeiras fábricas. Essa é a época da primeira revolução industrial, com indústrias do setor têxtil pipocando por toda a Europa. Mas, em 1786, o Luís XVI passa uma rasteira na indústria francesa. Ele assina um acordo com a Inglaterra para aumentar a exportação de vinho francês, só que, em troca, reduz as taxas de importação dos produtos industrializados da Inglaterra. Isso inunda o mercado da França com roupas e tecidos ingleses. Muitos burgueses que eram donos de
fábricas quebram e são obrigados a abandonar seus negócios. Resultado: um monte de gente sem emprego. Esse é apenas um exemplo. O ponto é que a burguesia começa a achar que não é justo ela sofrer as consequências dos problemas econômicos da França enquanto nobres e Igreja mantêm seus privilégios. E nas ruas e nos campos a população cada vez mais miserável também não aguenta mais sustentar as camadas superiores da sociedade. O clima vai ficando cada vez mais tenso. E foi assim que o povo cansou dessa vida e a Revolução Francesa finalmente estourou... Não. A primeira resposta a
esse poder total do rei, é uma revolução de outro tipo, uma revolução na forma de pensar. Ao longo do século 18, ou seja, antes da Revolução Francesa, surgiu o famoso Iluminismo, um movimento que prega o uso da razão e do conhecimento científico, além de defender a liberdade política e econômica, religiosa e os direitos individuais. O Iluminismo começa a se espalhar pela Europa inteira e a França é um dos pontos centrais disso, com pensadores muito famosos como Voltaire ou Montesquieu. E quando a gente olha a sociedade francesa dessa época, como vocês viram aqui, é fácil entender
porque muitos iluministas franceses eram totalmente contra o poder absoluto dos reis e contra a influência da Igreja na vida das pessoas. Não é à toa que os ideais do Iluminismo, que foram crescendo durante o século 18, funcionam como uma espécie de mola propulsora da Revolução Francesa e de várias outras mudanças que aconteceram na Europa dessa época. Então, Luís XVI não deve querer ouvir falar de Iluminismo, né? Não, na verdade, muito pelo contrário. Luís XVI assume o trono super interessado nesse tal de Iluminismo. Quando a gente pensa na Revolução Francesa, é fácil imaginar o Luís XVI
como um tirano que não está nem aí para o povo. Mas a história é um pouco mais complexa. O verdadeiro problema do rei francês é que, politicamente falando, ele é um sujeito inseguro. Mesmo sendo um dos homens mais poderosos da Europa, Luís XVI quer ser amado pelo povo. Afinal, de que adianta ocupar o trono da França, mas ser odiado pelos franceses? Então, no começo do seu reinado, ele busca soluções para a crise financeira que a França atravessa. Uma das ideias é reformar o sistema de impostos, reduzindo alguns, aumentando outros e passando a cobrar mais daquele
pessoal que não estava muito acostumado com isso. Mas nem todos na França concordam com isso. O clero e a nobreza não querem nem ouvir falar dessas ideias do Luís XVI. E, claro, usam todo seu poder e influência para tentar barrar essas mudanças. Agora é importante a gente parar para dar um pulinho aqui do nosso lado do Oceano Atlântico. Em 1776, os Estados Unidos, declararam sua independência da Inglaterra e a França apoia os rebeldes americanos, porque a Inglaterra é sua grande rival na Europa. O problema é que isso acaba sendo um tiro no pé, porque o
envolvimento francês na Revolução Americana arrasa de vez com a economia francesa. Qual que era, então, a solução? Aumentar os impostos, é claro! E lembrando aqui que nobreza e clero continuam pagando pouquíssimos impostos, então as coisas na França não vão nada bem. O preço dos alimentos fica cada vez mais alto e o povo francês tem cada vez menos dinheiro. Parece que a coisa está ficando insustentável. Ao saber que a maior parte do povo não consegue mais comprar nem mesmo um único pão, a rainha Maria Antonieta, esposa de Luís XVI, teria mostrado todo o descaso da corte
real com a população ao dizer "Se não tem pão, que comam brioches." Para quem não sabe, o brioche é um pão mais caro que o pão comum. Mas essa história tem um ponto bem importante. Essa frase da Maria Antonieta é muito famosa. Mas o mais provável é que ela nunca tenha falado essas palavras. O que se acredita que a frase foi tirada de um livro da época e acabou sendo atribuída a Maria Antonieta, que era muito odiada pelo povo francês. Assim, ela entrou para a história como símbolo da futilidade da nobreza. O resultado é que
a França chega ao ano de 1789 com a população morrendo de fome e conflitos rolando nas cidades por causa de comida. Com isso, o reino se torna um barril de pólvora prestes a explodir. Sem saber o que fazer, o Luís XVI convoca os Estados Gerais, uma assembleia com representantes dos Três Estados, ou seja, clero, nobreza e povo. A ideia é que esses caras encontrem soluções para a crise. Mas isso não dá em nada, porque o clero e a nobreza não querem abrir mão dos seus privilégios de jeito nenhum. Chega uma hora que a galera do
Terceiro Estado, ou seja, o povo, percebe que aquilo não vai dar em nada e anuncia que não faz mais parte dos Estados Gerais. Os representantes do povo passam a se declarar como uma Assembleia Nacional que fala em nome de todos os franceses. A ideia deles é já começar a criar propostas de novas leis e políticas para a França. Claro que o Luís XVI não fica nada feliz com isso, afinal, ele é o rei e só o rei pode criar leis. Então o que ele faz? Manda fechar o salão onde acontecem as reuniões dos Estados Gerais,
assim, ninguém consegue mais entrar. É claro que isso só piora a situação do rei. Então, os representantes da Assembleia se reúnem e fazem um juramento prometendo não se separar até que a França tenha uma Constituição. O juramento foi a primeira vez que os franceses se opuseram formalmente a Luís XVI. Assim, a Assembleia dos Estados Gerais se torna uma Assembleia Nacional Constituinte, com a missão de criar novas leis para a França. Seus membros, que são chamados de deputados, querem mudanças na França, mas nem todos pensam da mesma forma. A Assembleia conta com vários grupos, cada um
com suas ideias. Mas, olhando de forma geral, ela pode ser dividida em dois grandes grupos. A maioria dos deputados representa a alta burguesia como donos de fábricas e grandes comerciantes. Eles são a favor de manter o rei no poder, desde que ele governe sem poderes absolutos e respeitando uma constituição. O que esse grupo quer, basicamente, é ter poder político, de preferência sem compartilhar esse poder com o povo nas ruas. Há também outro grupo com menos representantes, ligado à baixa burguesia, como pequenos comerciantes e artesãos. Esses deputados são mais radicais e defendem o fim da monarquia.
Para eles, a única solução é uma democracia, onde franceses de todos os níveis sociais terão direito de votar e escolher seus governantes. Ao longo da revolução, esses dois grupos passam a ser conhecidos por dois nomes aqueles considerados moderados, que não querem o fim da monarquia, ficam conhecidos como girondinos, em referência à Gironda, um território no sudoeste da França com comércio muito forte. E o outro grupo passa a ser conhecido como jacobinos por causa do Clube Jacobino, que defendia uma maior participação popular nas decisões governamentais. Esses nomes são muito famosos, mas não existe uma data exatana
revolução que esses termos passaram a ser usados. Então, não vamos nos prender a isso o tempo inteiro. O importante é ter em mente que os girondinos representam a alta burguesia e são mais conservadores. Eles querem mudanças, mas de uma forma mais controlada. E os jacobinos são mais alinhados com a baixa burguesia e querem mudanças radicais e imediatas. E é justamente daí que vêm os termos direita e esquerda da política. Quando a Assembleia Nacional Constituinte está em sessão, os jacobinos, que defendiam uma sociedade com maior participação popular, sentam do lado esquerdo do plenário e os girondinos
que querem conservar aquele sistema de monarquia do lado direito. Então, a origem desses termos tem a ver com o lado que cada grupo ficava dentro da Assembleia. E assim, eu não sei se vocês perceberam, mas eu falei de alta burguesia e baixa burguesia... ...e o povão? Cadê o povão nessa história? A gente sempre imagina a Revolução Francesa como uma revolta popular com as massas desafiando o rei nas ruas de Paris. Isso não está necessariamente errado, mas a grande verdade é que a Revolução Francesa é essencialmente uma revolução da burguesia. O povo participa da revolução, mas
ela gira sempre ao redor dos interesses da burguesia. Claro que existem momentos em que uma parte dessa burguesia e o povo querem a mesma coisa, mas isso não é uma regra. Bom, o Luís XVI não gosta nem um pouco dessa Assembleia Constituinte e deixa isso bem claro, demitindo seu ministro das Finanças, que é a favor da Assembleia. O problema é que quando essa notícia chega em Paris, começam a rolar protestos na cidade e a coisa logo descamba para a violência, com tumultos e saques. Para evitar o pior, a Assembleia ordena a criação de uma milícia
burguesa para manter a ordem na capital. As coisas ficam ainda mais tensas quando exércitos franceses começam a deixar a fronteira e partem na direção de Versalhes, que é a sede da Assembleia, e de Paris. Então, as pessoas começam a desconfiar que o rei vai fechar a Assembleia e mandar os soldados para cima dos manifestantes na capital. Muitos soldados franceses são a favor da Assembleia. Só que os exércitos da França contam também com milhares de mercenários alemães e principalmente suíços. E esses mercenários lutam em nome de quem paga o salário deles, que nesse caso é o
rei. Com medo dos exércitos reais entrarem na cidade, o povo de Paris, incluindo os caras da milícia burguesa, percebe que precisa de armas para se defender. Eles invadem o Hospital dos Inválidos, que é usado como depósito de armas, e pegam um monte de mosquetes. Mas esses mosquete, antigas armas de fogo de cano longo, precisam de pólvora e munição. Assim, uma multidão corre para o local onde isso é armazenado. Uma fortaleza chamada Bastilha. Localizada em Paris, a Bastilha de Saint-Antoine foi erguida no século 14 para defender o lado leste da cidade de eventuais ataques ingleses na
Guerra dos Cem Anos. Durante o reinado de Luís XIV, a fortaleza se tornou uma das prisões mais temidas da França. Qualquer pessoa que cometesse um crime contra a monarquia era jogada lá dentro, onde poderia ser torturada ou esquecida até morrer. Não é à toa que ela se tornou um dos símbolos mais opressores do poder real. Porém, em 1789, existem apenas sete prisioneiros na Bastilha, já que o local é mais usado como depósito de armas e pólvora. No dia 14 de julho, uma multidão marcha em direção à Fortaleza para se apoderar desses armamentos, sem imaginar que
suas ações vão mudar a história do mundo. A Bastilha não é muito bem guardada. Tem alguns mercenários suíços, um soldados franceses feridos em batalha e canhões quebrados. Então o nobre que comanda a fortaleza não tem muita opção a não ser tentar negociar com a multidão. O problema é que, no meio das conversas, alguns guardas da Bastilha atiram no povo. Aí começa a confusão. São horas e horas de brigas e tiroteio até que essa galera invade a fortaleza, pega tudo o que tem lá dentro e ainda solta os prisioneiros. Depois eles desfilam em Paris com a
cabeça do comandante da Bastilha presa em uma estaca. É, os caras não estavam de brincadeira. A Queda da Bastilha é um dos momentos mais importantes da história. Nunca, eu disse nunca um povo da Europa tinha desafiado o poder de um rei dessa maneira. Não é à toa que esse evento marca o fim da Idade Moderna e começo da Idade Contemporânea. Ela muda o mundo! E a Queda da Bastilha faz a revolução explodir de vez em Paris. Os deputados da cidade criam a Comuna de Paris, um governo revolucionário, para comandar a capital. Aí, aquela milícia burguesa
criada para suprimir as manifestações, agora passa a ser chamada de Guarda Nacional e fica sob a ordem da Comuna de Paris. A notícia vai se espalhando pelo interior da França, causando vários tumultos. Isso dá início a um período chamado Grande Medo, com a população mais pobre saqueando e incendiando propriedades de nobres. Vários desses nobres são obrigados a fugir do país, mas mesmo fora da França, começam a se organizar, criando exércitos para tentar combater a revolução. A briga está só começando. Com essa confusão toda na França, os deputados baixam os Decretos de Agosto, uma série de
leis que confisca as terras da nobreza. Com isso, os nobres perdem o domínio sobre suas terras e também o poder sobre as pessoas que moram nessas terras. Os Decretos de Agosto eventualmente acabam com qualquer vestígio daquele feudalismo medieval que ainda existia na França. E os nobres também perdem seus privilégios. Acabou a mamata da nobreza. Vai pagar imposto e obedecer as leis como quase todo mundo! Alguns dias depois a Assembleia manda um recado para o resto do planeta. E esse recado começa assim: "Todos os homens nascem e permanecem livres e com direitos iguais." Esse é o
começo da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. São 17 artigos que limitam o poder do Estado sobre a vida das pessoas e garantem liberdade de expressão e religiosa. A declaração também aponta que todo cidadão rico ou pobre é igual perante a lei. Os artigos dessa declaração não são leis, mas sim uma reunião dos princípios revolucionários e formam um dos documentos mais importantes da história moderna. Mas, ainda assim, eles são cheios de problemas e falhas. Ela chama "direitos do homem e do cidadão". As mulheres não são levadas em conta porque o texto considera apenas
homens como cidadãos. Isso causou uma revolta muito grande entre as mulheres francesas. E nenhum artigo dessa Constituição fala também sobre o gigantesco problema da escravidão nas colônias francesas. E sabe por quê? Porque os negócios de parte da burguesia dependiam desses escravizados. Então essa Declaração dos Direitos do Cidadão é muito importante, mas é preciso levar em conta que esse cidadão, em um primeiro momento, é homem e branco, tá? E é bom lembrar que ainda estamos em uma monarquia. Mas vamos deixar a Assembleia um pouco de lado. Afinal, a Bastilha caiu, mas o preço do pão não.
E aí sabe quem é que coloca a mão na massa? As mulheres que ficaram de fora da Declaração dos Direitos e decidem que é hora de fazer alguma coisa. No dia 5 de outubro, um grupo de mulheres começa a protestar no mercado de Paris contra o preço dos alimentos. Logo, mulheres de outros mercados se juntam ao protesto. Algumas horas depois, uma multidão de parisienses, tanto homens como mulheres, sai da cidade em direção a Versalhes. Ao chegar ao palácio, as mulheres que lideram a marcha conseguem uma audiência com Luís XVI. O rei se compromete a distribuir
alimentos para a população e a aceitar tanto a Declaração dos Direitos como as leis que eliminam os privilégios da nobreza. Mas o povo também quer que Luís XVI se mude para Paris. Afinal, a capital é o centro da revolução. E lá o rei não vai conseguir vetar as decisões da Assembleia com facilidade. Mas Luís XVI sequer toca nesse assunto. Por isso, a multidão passa a noite cercando o Palácio. Na manhã do dia seguinte, os manifestantes descobrem uma entrada desprotegida e invadem Versalhes à força. Vários soldados são mortos e a rainha, que é detestada pelo povo,
só escapa das mãos da multidão ao se esconder no quarto de Luís XVI. Assim, o rei é obrigado a ceder. No mesmo dia, a corte real e os deputados da Assembleia viajam para Paris escoltados por milhares de manifestantes. Tudo graças às mulheres francesas. Depois da mudança para Paris, a Assembleia decide que é hora de cortar de vez os privilégios do clero e confisca as terras da Igreja. Bom, a partir daí o rei está em Paris e a Assembleia trabalha para criar uma Constituição. O ano é 1791 e parece que as coisas estão começando a se
acalmar. Isso na França, porque na colônia francesa do Haiti a revolução acontecia. Inspirados pela revolução na França, os escravizados se rebelam e passam a lutar primeiro pela liberdade e depois pela igualdade de direitos entre negros e brancos. Junto com a Revolução Americana e, claro, a Revolução Francesa, a Revolução Haitiana é uma das mais importantes desse período. Mas na França, aquela calmaria não duraria nem um ano, porque em junho de 1791, o rei simplesmente desaparece. Manhã de 21 de junho de 1791, no Palácio das Tulherias, em Paris, os criados de Luís XVI preparam-se para despertá lo,
como fazem todos os dias. Ao entrarem no quarto do monarca, descobrem que o aposento está vazio. Minutos depois, os criados de Maria Antonieta percebem que a rainha também sumiu. Ao longo da manhã, gritos de "eles se foram!" "Eles se foram!" correm pelas ruas de Paris. Em um primeiro momento, cogita-se que a família real foi sequestrada por inimigos da revolução. Mas uma carta deixada por Luís XVI logo revela a verdade. A família real fugiu secretamente da cidade durante a madrugada. Às onze horas da manhã, a multidão que cerca o Palácio das Tulherias grita insultos ao rei
e à sua família. Todos em Paris exigem a volta do monarca. Enquanto isso, bem longe dali, uma carruagem segue viagem tranquilamente pelo nordeste da França. O que aconteceu é que, depois que foi obrigado a se mudar para Paris, a família real passou a morar no Palácio das Tulherias. Mas Luís XVI percebe que, na verdade, ele e sua família são praticamente prisioneiros do palácio e mal podem colocar o nariz para fora. Então, ele e a rainha concluem que só vão recuperar seu poder saindo de Paris e decidem fugir da capital. A ideia é se juntar às
tropas comandadas por um general leal à monarquia, depois fugir para a Áustria, que é governada pelo Leopoldo II, irmão da Maria Antonieta. Na noite de 20 de junho, o rei, a rainha e seus filhos se vestem com roupas comuns, driblam a guarda do palácio e entram em uma carruagem. No dia seguinte, quando o povo descobre tudo, eles já estão longe de Paris. Mas... Noite de 21 de junho de 1791, um dia após a fuga da família real. Uma carruagem registrada no nome de uma nobre russa, a Baronesa de Korff chega à Aldeia de Varennes. Dentro
dela estão a baronesa, seus filhos e alguns criados. Um dos passageiros mostra os documentos da baronesa para uma autoridade local. Os papéis estão em ordem e eles podem seguir viagem. Nesse momento, um soldado chega à aldeia. Horas antes, ele havia cruzado com o veículo e reparado que um dos passageiros se parecia muito com Luís XVI. Ao saber do desaparecimento da família real, montou em seu cavalo e partiu atrás da carruagem. Ao se aproximar dela, gritou: "Esta carruagem transporta o rei!" "E se ela deixar a França, todos serão acusados de traição!" Os passageiros são obrigados a
descer. Entre eles estão Luís XVI e Maria Antonieta, disfarçados de criados da tal baronesa. Já os filhos da baronesa são ninguém menos que os filhos do casal real. Assim, a família real é levada de volta para Paris e a cidade recebe o rei em completo silêncio. Até este momento tinha gente em Paris que ainda gostava do Luís XVI. Mas com essa tentativa de fuga, o rei mostra que só tolera essa história de revolução porque não tem escolha. No que dependesse dele, nada disso estaria acontecendo. Mas a maioria da Assembleia ainda é a favor de manter
a monarquia. E é com esse pensamento que nasce a Constituição, em setembro de 1791. ela oficializa o fim dos privilégios da nobreza e do clero e garante os direitos do povo francês. E decreta também que a França é oficialmente uma monarquia constitucional e o Luís XVI precisa obedecer à Constituição. É nessa época em que as palavras "Liberté, Égalité, Fraternité", que eram muito usadas pelos iluministas começam a aparecer em discursos e se tornam o lema da revolução. Porém, em alguns aspectos, essas palavras ainda são apenas palavras. A Constituição passa bem longe de resolver os problemas da
França, mesmo porque ela não vale para todo mundo. As mulheres, por exemplo, continuam sem direito de estudar nem liberdade de expressão resguardada. Então, começa a crescer a ideia de que a revolução nunca será completa enquanto o rei estiver no trono. Nas ruas de Paris, cada vez mais pessoas começam a achar que Luís XVI não é só um símbolo do passado. Ele é um obstáculo para o futuro da França. É importante a gente entender o que os outros reis da Europa pensavam sobre a Revolução Francesa nessa época. Esses caras enxergavam o começo da revolução como uma
forma de oportunidade. A França era poderosa, então quanto mais ela perdesse força, melhor. Só que, conforme a revolução foi se radicalizando, o que aconteceu? Esses caras começaram a ficar com medo disso se espalhar pela Europa. E lembrando que essas cortes eram cheias daqueles nobres que tinham fugido da França e ficava ali na orelha dos reis, falando contra a revolução. Tudo isso fez o imperador da Áustria e o rei da Prússia declararem apoio à família real francesa e deslocarem seus exércitos em direção à França. Com isso, começa uma campanha dentro da Assembleia para a França comprar
essa briga. Isso acontece em abril de 1792, quando a França declara guerra contra a Áustria. O plano inicial é invadir uma região dos Países Baixos, onde ficam Holanda e Bélgica, e que é controlada pela Áustria, para fazer a população desse local começar sua própria revolução. Então a França parte para cima dos inimigos que estão na fronteira e leva uma surra. E não podia ser diferente já que o exército francês está uma bagunça. Antes da revolução, os oficiais eram nobres. Só que com a revolução, a maior parte deles fugiu da França. E os que ficaram não
são soldados treinados. Por isso, a Assembleia cria um plano de recrutamento, fazendo com que franceses do país inteiro se apresentem como voluntários no Exército. Esses caras estão na pilha para defender a revolução, mas também não têm muito treinamento e nem armas suficientes. A situação não é das melhores e piora quando um exército da Prússia chega na fronteira e avisa que vai restaurar o poder do Luís XVI. E é bom o povo francês não tentar impedir! Os franceses já estão no limite com Luís XVI e ainda descobrem que vão ser atacados pela Prússia por causa do
Luís XVI! Aí já é a gota d'água, chega! Cada vez mais pessoas queriam o fim da monarquia. Aos poucos, mais e mais franceses achavam que a França deveria esquecer essa ideia de rei e se tornar uma república. Pois é isso que essa ameaça da Prússia faz. Ela faz essa ideia explodir de vez nas ruas de Paris e isso muda a Revolução Francesa. Até esse momento, a revolução está na mão da alta burguesia, que apoiava o Luís XVI. Já a baixa burguesia quer se livrar do rei, mas ela é minoria. Quer dizer, minoria burguesa, porque quem
também não quer mais o rei é o povo de Paris, que forma um dos grupos mais famosos da revolução, os sans-culottes! Esses caras são a grande massa popular da França, como trabalhadores, camponeses e até mendigos. O nome deles, que significa "sem culote", vem do fato de que eles não usavam aquelas calças com culotes largos e pernas apertadas que iam até o joelho e que eram usadas pelos nobres e pela burguesia. Os sans-culottes estavam sempre com calças compridas, parecidas com as que a gente usa hoje. Essa galera não tem poder político nenhum, mas muda a maré
da revolução. Lembra que eu diz que às vezes parte da burguesia e o povo querem a mesma coisa? Só às vezes, tá? Então, é isso que rola nesse momento. O povo de Paris decide que não quer mais rei. E a pequena burguesia que também pensa assim começa a surfar em cima disso. Liderando essa galera e ganhando poder com isso. E isso faz Paris mudar de mãos. Lembra da Comuna de Paris? Aquele governo revolucionário que manda cidade? Pois é. Com o apoio dos sans-culottes os deputados mais radicais tomam o controle da Comuna. A cidade de Paris,
agora está na mão dos jacobinos. Isso acontece em 9 de agosto de 1792 e começa a colocar um ponto final na monarquia francesa. Isso porque, logo no dia seguinte, uma multidão de parisienses, apoiada pela Comuna de Paris, invade o Palácio da Tulherias. Os soldados revolucionários partem para cima dos guardas suíços, que fazem a segurança da família real, em uma briga que termina com centenas de mortos. E o rei e sua família precisam se esconder dentro da Assembleia. Depois disso, não existe mais rei na França. A Assembleia tira Luís XVI do trono e os jacobinos que
comandam a nova Comuna de Paris, exigem e conseguem que a família real seja colocada na prisão. Mas vem cá... E o que aconteceu com aquele exército da Prússia? Os exércitos da Prússia invadem a França e começam a ganhar terreno. Isso gera um banho de sangue em Paris. As prisões da cidade estão cheias de mercenários suíços presos depois da queda de Luís XVI. E os franceses têm certeza de que se os prussianos chegarem a Paris, vão soltar esses mercenários para que eles se juntem ao ataque. Por isso, os soldados revolucionários invadem as prisões e matam esses
suíços, em algo que ficou conhecido como os Massacres de Setembro. Essa insanidade dura quatro dias e deixa 1500 mortos, incluindo centenas de criminosos comuns. E a Comuna de Paris, já radicalizada, fecha os olhos para o massacre. A verdade é que o exército da Prússia nunca chegou nem perto de Paris. Em uma batalha em 20 de setembro, os franceses conseguem barrar o avanço da Prússia, que percebe que a campanha na França não vai ser tão fácil assim e começa a recuar. É uma vitória francesa enorme, tão grande que uma de suas consequencias é que o Reino
da França vira República Francesa. Olha o que aconteceu: depois da prisão do Luís XVI, os franceses convocaram uma convenção nacional para criar a Constituição de uma França sem rei. Os membros dessa convenção foram eleitos por franceses de todas as classes sociais. Foi a primeira vez na história que aconteceu esse voto universal, mas universal, entre muitas aspas! Porque mais uma vez as mulheres não puderam votar. Com a derrota dos invasores que atacaram a França para defender Luís XVI, a convenção decide que sua primeira medida é abolir oficialmente a monarquia. Então, a partir de agora, a Convenção
é o novo Poder Legislativo e o deputado que atua como presidente da convenção é o chefe de Estado francês. Surge assim a Primeira República Francesa. E qual a primeira tarefa da República? Julgar o rei, claro! Afinal, ele é inimigo da revolução. Na verdade, não é Luís XVI que é julgado, e sim um cidadão chamado Luís Capeto. Como Luís XVI não é mais rei, não tem nome real. Então passa a ser chamado de Luís Capeto, por ser descendente da dinastia dos Capeto, que governou a França desde a Idade Média. Ele é levado até a Convenção Nacional
e acusado de alta traição. Luís Capeto nega as acusações, mas seu destino já está traçado. Sua situação piora ainda mais quando provam que ele se correspondia com pessoas fora da França para conspirar contra a revolução. O veredicto: Luís Capeto é considerado culpado e condenado à morte na guilhotina. A execução de Luís XVI acontece em janeiro de 1793, como vocês viram no começo do vídeo, e tem repercussões na Europa inteira, Todos os reis percebem que suas cabeças também estavam ameaçadas e começam a juntar seus exércitos para acabar com a revolução. Só que os franceses se antecipam
e já declaram guerra contra a Inglaterra e Holanda. Logo depois, outros reinos, como Portugal e Espanha, entram na guerra contra a França, formando uma aliança conhecida como Primeira Coalizão. Só que a França deu o passo que a perna. Anos antes, em 1792, a França precisou se defender de ataques da Áustria e principalmente, da Prússia. Esses novos soldados conseguiram parar a Prússia e ainda invadir algumas regiões dos Países Baixos, mas o serviço militar deles é de um ano. Então, eles começaram a voltar para casa e os franceses são expulsos dessas regiões que tinham conquistado. Agora, se
o recrutamento funcionou uma vez, pode funcionar de novo, correto? Aproveitando que o patriotismo está em alta, o governo faz uma nova campanha de alistamento. O resultado é que, em alguns meses, a França monta um exército gigantesco, com cerca de 800 mil soldados. Então a França está pronta para a guerra. O problema é que o governo não está nada bem. O preço do pão não para de subir e novas revoltas começam a pipocar em todo o país. Não vamos esquecer que existe um grupo nada feliz com o fim da monarquia. Por isso, essas revoltas são lideradas
principalmente por religiosos e monarquistas. Sem conseguir acalmar o povo, o governo cria o Comitê de Segurança Pública para lidar com ameaças externas e internas. Ou seja, esse comitê vai cuidar da guerra e das revoltas. Agora, a França ter se tornado uma república não acaba com a divisão política. O governo está na mão dos girondinos, mas os jacobinos, que controlam a cidade de Paris, querem mudar essa história. E o povo estar enfurecido com o governo é tudo que os jacobinos precisam. Em 2 de junho de 1793, o prédio da Convenção Nacional é cercado por 80 mil
pessoas que não aguentam mais passar fome e vão protestar contra o governo. Claro que esse protesto não acaba bem e vários deputados girondinos são presos pela Guarda Nacional, que é controlada pela Comuna de Paris. Os jacobinos aproveitam toda essa confusão política e tomam o controle do recém criado Comitê de Segurança Pública. E aí, poucos dias depois, os jacobinos dão um passo maior ainda e fazem com que este comitê assuma o controle da França. Então, agora são os jacobinos que mandam na França. E aí começa o período mais violento da revolução. Cortesia de um sujeito chamado
Robespierre. Nascido no norte da França em 1758, Maximilien Robespierre foi eleito deputado do Terceiro Estado na Assembleia dos Estados Gerais em 1789. Sua atuação na Assembleia Constituinte e depois na Convenção Nacional fazem com que ele se torne um dos líderes jacobinos, a ala mais radical da burguesia francesa. Ao se tornar membro do Comitê de Segurança Pública, já na República, Robespierre ganha um capital político enorme. Quando o comitê começa a mandar na França, Robespierre se torna o homem mais poderoso da República e está disposto a eliminar os inimigos da revolução. Em 1793, ano em que os
jacobinos assumem o governo, os exércitos são usados principalmente para acabar com as revoltas no país. Isso rola de uma forma bem sangrenta. Uma dessas revoltas aconteceu na cidade de Toulon. E essa revolta marca um momento muito importante na história do mundo. Como a cidade tem saída para o Mediterrâneo, soldados ingleses e espanhóis, que faziam parte daquela coalizão contra a França, começaram a desembarcar na cidade. Os soldados franceses cercam Toulon, mas não conseguem derrotar os rebeldes. Esse impasse durou até a chegada de um capitão de artilharia. Vendo que as tropas francesas não tinham condições de atacar
a cidade, ele conquistou uma colina ao lado de Toulon. Nesse local, sua artilharia conseguia controlar o porto e atacar qualquer navio que se aproximasse da cidade. Assim, a cidade ficou completamente isolada dos navios ingleses e espanhóis e a rebelião foi reprimida. Tudo graças a esse oficial, que foi tão aplaudido por sua estratégia e que, mesmo tendo só 24 anos, foi promovido a general. Esse oficial é ninguém menos que Napoleão Bonaparte, uma das figuras mais importantes da história do mundo. O cerco a Toulon é sua primeira grande vitória militar. A partir daí, o Napoleão vai aparecer
cada vez mais no vídeo, porque ele se torna cada vez mais decisivo dentro da Revolução Francesa. Mas como Napoleão foi ferido na perna durante os ataques a Toulon, vamos deixar ele se recuperando e voltar para Paris. Logo depois que os jacobinos assumem o Comitê de Segurança, esse comitê é transformado no novo governo revolucionário e aí, Robespierre literalmente passa a mandar na França. Um de seus braços é o Tribunal Revolucionário, que começa a mandar todo mundo para a guilhotina. Como a Maria Antonieta, executada em 16 de outubro. Depois, são os girondinos que tinham sido presos no
dia em que a multidão cercou o prédio da Convenção. O governo jacobino cria políticas públicas importantes, dando assistência aos mais pobres e camponeses e abolindo a escravidão nas colônias. O problema é que o preço disso é alto demais. Primeiro por conta da repressão, já que qualquer pessoa suspeita de ser contra a revolução, ia para o tribunal. Por exemplo, o governo congelou o preço dos alimentos para combater a fome. Se um comerciante cobrar mais caro ou estocar alimentos, ele é preso e julgado. Segundo, porque o tribunal não alivia a situação de ninguém. Essa fase da revolução
é conhecida como Período do Terror e dura mais ou menos um ano. Nesse ano, quase 17 mil pessoas são executadas na França e até 40 mil são assassinadas ou morrem nas prisões. Não podemos esquecer que nessa época a França ainda estava em guerra com vários países. Em 1794, os franceses lutam em várias frentes, como Países Baixos e Espanha, e são vitoriosos em todas. Mas olha só que curioso... Esses exércitos lutam para defender os ideais da revolução. Mas o que está rolando na França é uma revolução ou uma ditadura do Robespierre? Basta olhar para a cidade
de Nantes, onde tinham explodido uma rebelião, para saber essa resposta. As pessoas dessa cidade, suspeitas de não apoiarem a revolução são executadas durante afogamentos em massa no Rio. Em apenas quatro meses, quatro mil civis, incluindo famílias com mulheres e crianças, morrem desse jeito. E isso começa a mudar quando duas facções ganham espaço entre os próprios jacobinos. Uma quer que o terror aumente. A outra defende mais moderação. Para Robespierre, essa divisão pode desestabilizar a República. E ele manda prender os líderes dos dois grupos. O líder da facção moderada é um revolucionário famoso em Paris chamado George
Danton, que inclusive havia sido amigo de Robespierre. Isso não impede que Danton seja condenado em um julgamento fajuto. A execução de Danton mostra que a sede de sangue de Robespierre não tem limites. e seus próximos alvos são os outros membros do Comitê de Segurança Antes de serem presos e executados os membros do comitê conseguem fazer com que Robespierre seja preso, Agora é ele está no tribunal, acusado de ser inimigo da revolução. Assim, em 28 de julho de 1794, o homem que mandou milhares de franceses para a guilhotina é guilhotinado junto com cerca de 20 apoiadores.
O povo que assiste à execução em Paris comemora a morte de Robespierre gritando e aplaudindo por nada menos que 15 minutos. Mas uma coisa é importante: Existem historiadores que apontam que o Robespierre ser visto como o único responsável por todas essas mortes é resultado de uma história criada por deputados traidores que precisavam de um bode expiatório para o sangue derramado durante o terror. Robespierre realmente esteve à frente de um período violento da revolução, mas ainda estamos descobrindo coisas novas sobre ele. A prisão do Robespierre encerra o domínio dos jacobinos na França e os girondinos não
perdem tempo. Antes mesmo do Robespierre ser guilhotinado, eles dão um golpe e recuperam o governo e a Comuna de Paris. E aí, essa alta burguesia se radicaliza de vez, mas do seu modo. Ela se distancia totalmente da baixa burguesia e do povo, anulando várias políticas populares criadas pelos jacobinos. A França se torna literalmente uma república da alta burguesia, mas isso não quer dizer que o país se torna estável. Primeiro, porque a França continua em guerra com todo o mundo. Segundo, as colheitas desse período não são boas e a maior parte dos alimentos é usada para
alimentar os exércitos. A boa notícia para o governo é que ao menos a guerra continua indo bem. Em 1795, o povo holandês se une ao exército francês e começa sua própria revolução. Aí eles criam um novo país chamado República Batávia, que, claro, é aliado da França. A Prússia, assim que fica sabendo disso, decide que deu pra ela e assina a paz com os franceses. E a Espanha, depois de levar uma surra dos exércitos da França, também sai da guerra. Com menos inimigos externos, os franceses decidem criar um governo mais organizado. Então, a França ganha duas
assembleias legislativas. Uma é o Conselho dos 500, que reúne 500 deputados. A outra é chamada de Conselho dos Anciões, que tem 250 pessoas. Uma das tarefas dessas assembléias é escolher as cinco pessoas que governam a República. Sim, agora o poder não está na mão de uma pessoa, mas de cinco governantes chamados diretores. Por isso, esse governo é chamado de diretório. Agora vocês se lembram daquela rebelião na região da Vendeia que foi reprimida com os jacobinos afogando todo mundo em um rio? Essa rebelião não foi totalmente derrotada e começou a receber reforços de exércitos formados por
nobres que tinham fugido da França e de soldados ingleses. Aí esses caras começaram a ganhar terreno até chegarem em Paris. O objetivo era acabar com essa história de República. E quem é a única pessoa que pode resolver isso? Napoleão, claro. Só que tem um problema. Napoleão está preso. Quando Robespierre é executado e girondinos retomam o governo, os Jacobinos passam a ser perseguidos na França. Por causa disso, o Napoleão, que era bem próximo dos líderes jacobinos, é jogado na cadeia, mas com o diretório correndo perigo, ele é tirado da cela e convocado para defender o governo
francês. O problema é que os exércitos rebeldes são maiores que as tropas que defendem Paris. Mas não podemos esquecer que Napoleão é um estrategista brilhante. Ele começa seu ataque usando artilharia, o que pega as tropas rebeldes de surpresa. Aí ele aproveita esse momento de indecisão dos rebeldes e manda as tropas atacarem. O saldo do dia é que as ruas de Paris ficam manchadas de sangue, com centenas de rebeldes mortos. E o Napoleão começa aos poucos a se tornar uma espécie de herói nacional. O problema é que o novo governo não funciona. por causa da guerra
o preço dos alimentos volta a subir e o diretório começa a ter que lidar com revoltas e insatisfação popular. A sorte do governo é que mais uma vez o Napoleão entra em cena. Em 1796, ele é mandado para comandar a invasão francesa no território italiano. Nessa época, a Itália não é um país, e sim um punhado de pequenos reinos independentes. E Napoleão não perde tempo. Usando táticas inovadoras, ele conquista um território atrás do outro e esmaga as tropas austríacas na região. Com isso, ele chega em 1797 com o corredor aberto para atacar a Áustria, que
não é boba e entra em paz com a França. Lembra daquela primeira coalizão com um monte de países em guerra com a França? Sobraram só os ingleses. Parece que o jogo virou, não é verdade? Isso muda a história dessa guerra, porque nesse momento a França decide que é hora de expandir as suas fronteiras. E é aí que o Napoleão começa a deixar de ser só um general para se tornar um dos maiores conquistadores da história. Em 1798, a França invade a Suíça e funda a República Helvética. Eles fazem a mesma coisa na região da Itália,
transformando Roma em uma república. E ninguém segura o Napoleão que cruza o Mediterrâneo e invade o Egito. Essa invasão faz parte do seu plano de ameaçar os interesses britânicos na Índia e tem uma das maiores vitórias da carreira do Napoleão. Em 21 de julho de 1798 acontece a Batalha das Pirâmides. Ela tem esse nome porque acontece a poucos quilômetros da Grande Pirâmide de Gizé. De um lado, 25 mil soldados franceses. Do outro lado, um exército do Império Otomano que controla o Egito, do mesmo tamanho. O Napoleão organiza suas tropas em quadrados compactos, praticamente imunes aos
ataques da cavalaria inimiga. Resultado dez mil otomanos foram mortos ou feridos, enquanto o exército francês perdeu menos de 300 homens. Mas os planos do Napoleão no Egito não dão certo, porque os ingleses conseguiram destruir a frota de navios franceses. Então ele fica preso no Egito sem conseguir voltar para a França. Enquanto isso acontece, a Inglaterra cria uma segunda coalizão contra a França, contando novamente com o apoio dos austríacos e, aliás, um novo aliado também... O Império Ruso. O Napoleão só consegue voltar para a Europa em 1799, quando os navios ingleses precisam se afastar da costa
do Egito. Aí ele volta para a França e é chamado de desertor pelo governo. Acontece que o diretório tinha ordenado que ele voltasse a França para defender a República de uma possível invasão. Só que Napoleão nunca recebeu essas mensagens e ficou no Egito. Então o mesmo governo que Napoleão salvou várias vezes, agora acha que Napoleão é um traidor que não cumpre ordens. Só que o governo é tão fraco que não consegue nem punir o Napoleão e não ajuda nada o fato de que ele é recebido com festa em Paris, porque os franceses enxergam o cara
como o grande herói República. Então fica claro que o Napoleão se tornou maior que o diretório. Na verdade, o diretório não é apenas um governo fraco, mas um governo que está implodindo. Em 1799 acontecem eleições e o Conselho dos 500 e o Conselho dos Anciões são dominados por deputados jacobinos, que começam a tentar dominar o diretório que ainda é girondino. Ou seja, o governo está rachado. Entra em cena um dos diretores, chamado Emmanuel Sieyès. Vendo que o diretório não tem futuro, Sieyès arquiteta um golpe para acabar com o governo. Tudo o que ele precisa para
executar seu plano é um general. E quem melhor que o Napoleão para isso? Assim, ele e Napoleão se tornam aliados. Em 9 de novembro, o irmão de Napoleão, que é deputado, convence os membros dos dois conselhos que os jacobinos vão dar um golpe. Assim, os integrantes das duas assembleias saem de Paris e entregam as tropas da cidade para o Napoleão para que ele possa defender a República. Mas não existe golpe jacobino nenhum. Isso é tudo um plano para que o Napoleão assuma o comando das tropas francesas em Paris. Controlando os exércitos da cidade, Napoleão acaba
com o diretório e com os dois conselhos. Quem tenta ficar contra ele é preso. Assim, uma nova constituição é feita criando o consulado francês com três pessoas que ocupam o cargo de cônsul e administram o país. Então, o golpe marca uma vitória do Sieyès, aquele diretor que planejou tudo. Ou será que não? Napoleão não é apenas um estrategista militar. Ele também é um estrategista político brilhante e, desde o início, planejou dar um golpe dentro do golpe, contando com o apoio popular e do exército, Napoleão assume o cargo de primeiro cônsul, que é a pessoa que
manda no consulado e consequentemente manda na França. Assim, o general que ficou famoso por usar sua estratégia para defender o governo, usa a estratégia para assumir o governo. Para muitos historiadores, este evento encerra a Revolução Francesa, que termina de uma forma no mínimo inesperada. Depois de uma década repleta de revoltas, golpes de Estado e batalhas sangrentas, a França troca um rei com poder absoluto por um cônsul cujo aumenta cada vez mais. Então, a sensação é que, para o povo, a Revolução Francesa não deu certo. Mas para Napoleão Bonaparte... Ah! Para ele deu muito certo! Cinco
anos depois do final da Revolução Francesa, em 1804, ele se autoproclama imperador da França e muda completamente a história da Europa, criando um dos maiores impérios do mundo moderno. Isso tem repercussões, galera, até mesmo na história do Brasil. Afinal, é só por causa de Napoleão que a família imperial foge de Portugal para o Rio de Janeiro. Mas a era Napoleônica, que com todas as suas guerras e batalhas, é uma história para outro vídeo. A Revolução Francesa foi o pontapé inicial de várias democracias, incluindo o Brasil. E não só isso! As lutas populares e noção de
direitos humanos que temos hoje foram diretamente influenciadas por tudo o que aconteceu na França entre os anos de 1789 e 1799. E agora, você sabe o que foi a Revolução Francesa. E se você gostou desse documentário, deixe o seu gostei e se inscreva aqui no canal para não perder nenhum vídeo. E me segue lá no Instagram para a gente conversar, é @fecastanhari. E se você acha que esse vídeo sobre a Revolução Francesa valeu a pena, você pode fazer uma única contribuição direta para o canal clicando no botão Valeu, que fica do lado do Compartilhar. Sua
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